“Há uma crise profunda da democracia representativa. O sentimento de uma ausência de verdadeira escolha política”
(Le Monde, sobre as eleições portuguesas)
A re-estruturação da dívida, já está decidida há algum tempo, porque não é possivel pagar taxas de juro a 6% existindo um “crescimento negativo” para citar o grotesco jargão dos economistas do sistema. Porque de algum modo negociar a dívida é a única hipótese que nas presentes circunstâncias pode interessar também aos credores (vale mais receber alguma coisa do que ver o devedor falido). O Conselho Europeu e Ângela Merkel na reunião de 24 de Março passado assumiu essa possibilidade de re-estruturação das dívidas soberanas a partir de 2013. É um prazo concertado para dar tempo a uma limpeza do lixo nos balanços dos Bancos detentores de dívida dos paises periféricos como Portugal.
Logo, a assumpção do pagamento da dívida já, concertada pelo governo Sócrates e assumida pelo governo do PSD pouco mais foi que uma jogada para levar ao Poder o partido do Presidente. As agências de rating inflaccionaram os juros a mais de 10%, o que acabou de vez com o governo PS e, eleito sem grande surpresas, cabe agora ao PSD implementar o verdadeiro negócio e objectivo da gigantesca acção de especulação, que são as privatizações de tudo o que resta no sector público de Portugal – vai tudo (escolas, hospitais, transportadoras, redes de abastecimento, etc) parar às mãos dos capitais estrangeiros, e ao preço de pexincha que esses mesmos especuladores determinarem. É esta a visão estratégica a curto prazo de Cavaco Silva para Portugal. No longo prazo “a visão” dos especuladores é pensada para a próxima meia-hora. Somando cada cêntimo sacado fazem-se dólares.
“(...) Em cada país, a solução da crise para uns pode significar o seu agravamento para outros. Sempre que uma crise é causada pelo capital financeiro, a transparência da distribuição dos custos e dos benefícios de uma dada solução é particularmente evidente. Por exemplo, no dia seguinte ao pedido de “ajuda” financeira externa por parte do governo português, as cotações bolsistas dos bancos portugueses subiram e, com elas, as expectativas de lucros do sector bancário. Isto ocorreu no exacto momento em que se decretou o empobrecimento da grande maioria dos portugueses”
(...) À medida que as crises financeiras alastrarem a mais países europeus tornar-se-á claro que a crise é europeia e que decorre em boa parte de um sistema desregulado, controlado pelos interesses do capital financeiro norte-americano”
(Boaventura Sousa Santos, “Ensaio Contra a Autoflagelação, pag. 12 e 13)
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4 comentários:
Guerra Financeira Mundial. Aqui diz que os predadores económicos, se deslocaram da América do Sul, para o Sul da Europa:
«No fim as dívidas não podem ser pagas. Para os administradores da alta finança o problema é como adiar incumprimentos por tanto tempo quanto possível – e então salvarem-se, deixando governos ("contribuintes") a segurar o saco, assumindo as obrigações de devedores insolventes (tais como a AIG nos Estados Unidos). Mas para fazer isso em face da oposição popular é necessário suprimir a política democrática. Assim o desinvestimento pelos que eram antes perdedores financeiros exige que a política económica seja retirada das mãos de corpos governamentais eleitos e transferida para as dos planeadores financeiros. É assim que a oligarquia financeira substitui a democracia.»
Em primeiro lugar, quero felicitá-lo pelo conteúdo do seu blog, que leio assiduamente.
Em segundo lugar, venho propor-lhe a publicação do conteúdo de um e-mail no seu blog, por me parecer ser interessante para si e para os seus leitores. Como o conteúdo do e-mail é superior a 4096 caracteres, vou fragmentá-lo e enviá-lo através de 3 comentários sucessivos:
A pilhagem da riqueza dos países pelos grandes bancos e corporações internacionais, o Banco Mundial e o FMI (1ª parte)
A estratégia dos grandes bancos e corporações internacionais, do Banco Mundial e do FMI de pilhagem da riqueza dos países é concretizada, principalmente, através da criação de dívidas soberanas (dívidas dos estados) impagáveis, as quais acabam por obrigar os estados a realizar dinheiro, para o pagamento das suas dívidas, através da privatização (venda aos "investidores do mercado") de todo o património público dos países que possa gerar lucros. Por exemplo:
a) Os transportes aéreos (TAP - Transportes Aéreos Portugueses e ANA - Aeroportos de Portugal);
b) Os transportes ferroviários (CP - Comboios de Portugal e em estudo a REFER - Rede Ferroviária Nacional);
c) Os transportes rodoviários (Carris e STCP);
d) Os metropolitanos (Metro de Lisboa);
e) A electricidade (EDP - Electricidade de Portugal e REN - Redes Energéticas Nacionais);
f) A água (Águas de Portugal);
g) O gás e outros combustíveis (GALP);
h) As comunicações e telecomunicações (Portugal Telecom e CTT - Correios de Portugal);
i) A comunicação social (RTP - Rádio e Televisão de Portugal (Televisão Pública, Antena 1, 2 e 3) e LUSA - Agência de Notícias de Portugal);
j) Campos petrolíferos (não há no caso português, ou melhor, os campos existentes ainda não foram considerados economicamente viáveis para serem explorados);
k) Minérios (já foram concessionadas ao "capital estrangeiro", anteriormente, todas as minas rentáveis portuguesas)
As cerejas em cima deste grande bolo são as seguintes:
a) As privatizações são feitas a preços inferiores ao valor real das empresas devido ao facto destas vendas serem forçadas. Além disso, para ajudar a baixar ainda mais o preço de venda das empresas, as agências de notação financeira Moody's, Standard & Poor's e Fitch (controladas pelos grandes bancos e corporações internacionais) têm piorado sucessivamente a notação destas empresas. Este negócio de privatização é obviamente prejudicial para o interesse público;
b) O aumento exigido do preço ao consumidor dos serviços a privatizar (electricidade, gás, água, transportes, etc.) serve para garantir que as empresas a privatizar possam vir a dar lucros;
c) A diminuição generalizada dos salários em resultado do aumento brutal do desemprego e das medidas administrativas de contenção das actualizações salariais face à inflação, garante maiores lucros em resultado da diminuição dos custos de produção;
d) O controlo total da comunicação social dos países nas mãos dos privados (grandes corporações internacionais) facilitará futuras pilhagens sem que os cidadãos se apercebam da situação;
e) O controlo total das comunicações dos países (em especial a Internet) nas mãos dos privados (grandes corporações internacionais) juntamente com controlo total da comunicação social permitirá às grandes corporações internacionais o controlo total da informação a que os cidadãos terão acesso. A título de exemplo, veja-se o caso de França, onde Sarkosy conseguiu a aprovação de uma lei que permite às empresas fornecedoras de acesso à Internet a capacidade de cortar o acesso à Internet a qualquer cidadão ou entidade colectiva com base em denúncias de "downloads ilegais", sem ser necessária uma ordem judicial para o efeito (ver nota 2).
A pilhagem da riqueza dos países pelos grandes bancos e corporações internacionais, o Banco Mundial e o FMI (2ª parte)
Nota 1 - Convém chamar a atenção para o facto de que, desde há vários anos, as empresas privadas "portuguesas", que operam nestas áreas, têm vindo a ser compradas pelo chamado investimento estrangeiro (grandes bancos e corporações internacionais), graças à globalização e, em particular, à livre circulação de capitais imposta a todos os países.
Nota 2 - A lei de Sarkosy é justificada oficialmente pela necessidade de defender os direitos de autor e impedir as cópias piratas via Internet. Porém, em termos práticos, quando o utilizador da Internet transfere um ficheiro digital (contendo uma música, uma fotografia, um livro, uma apresentação de PowerPoint , um vídeo do YouTube, etc. ) por qualquer via (downloads, messenger, e-mail, aplicações específicas, etc.), a maior parte das vezes, não sabe nem pode saber se o conteúdo está protegido por direitos de autor, ou se o pagamento do download cobre os direitos de autor. Quem disponibiliza na Internet ficheiros digitais para venda ou para partilha é que sabe se os seus conteúdos estão sujeitos ou não a direitos de autores. Portanto, não é o consumidor final dos ficheiros digitais que é responsável pela pirataria. Assim, torna-se claro, que o objectivo final e encoberto da lei de Sarkosy é o de permitir o corte discricionário do acesso à Internet aos cidadãos ou entidades colectivas "perigosos" para o sistema.
As "ajudas" do FMI (os chamados resgates) para que os países possam honrar o pagamento das suas dívidas são, na prática, uma forma de endividar ainda mais os países que se encontram já muito endividados, pelas seguintes razões:
a) As "ajudas" são, nada mais nada menos, que novos empréstimos com juros, que serão utilizados para pagar os empréstimos já existentes. Ou seja, os países endividados, além de manterem as dívidas anteriores impagáveis, acumulam, com estas "ajudas" mais dívidas!
b) As exigências do FMI de privatização da maior parte da riqueza pública, tornam os países endividados em países mais pobres!
c) As medidas impostas de austeridade sufocam a economia dos países endividados, o que implica a redução da produção de riqueza e consequentemente tornam esses países ainda mais pobres!
d) As exigências do FMI em reduzir os direitos dos trabalhadores, quer ao nível do código do trabalho, quer ao nível dos apoios sociais, mais o aumento do desemprego decorrente das medidas de austeridade, implicam o empobrecimento geral da maioria da população, o qual, por sua vez implica um menor consumo, logo, acaba por se produzir menos riqueza nos países "ajudados"!
Em suma, as "ajudas" do FMI "enterram" ainda mais os países endividados!
A pilhagem dos recursos (materiais, financeiros e laborais) dos países não é feita, desta vez, através de uma guerra militar, mas sim é feita, subtilmente, através de uma guerra financeira, com o conluio de muitos governantes e "peritos" (políticos, economistas, e jornalistas) e com a colaboração inconsciente dos restantes governantes e de quase todos os restantes peritos, nos países saqueados.
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Documentários
A pilhagem da riqueza dos países pelos grandes bancos e corporações internacionais, o Banco Mundial e o FMI (3ª parte)
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Documentários
Confissões de um "assassino económico":
http://aeiou.expresso.pt/assassino-economico-como-se-destroi-um-pais-video=f659998
http://www.youtube.com/watch?v=rcxRfs0ozF0 e http://www.youtube.com/watch?v=AyBS88nRhDM
(Há mais vídeos no YouTube sobre este tema)
Citação
Toda verdade atravessa 3 fases:
Na 1ª fase - É ridicularizada;
Na 2ª fase - É violentamente contrariada;
Na 3ª fase - É aceite como a própria prova.
Arthur Schopenhauer (1788-1860), filósofo alemão
Informação complementar
O plano de privatizações dos sectores estratégicos da Argentina:
http://www.youtube.com/watch?v=mHKWoE8qyu0&feature=email
Os banqueiros aceleram a marcha para o saqueio da Grécia e os sociais-democratas votam pelo suicídio nacional
http://resistir.info/crise/hudson_24jun11_p.html
The Essence Of Banking...
http://dailybail.com/home/the-essence-of-banking.html
Portugal não precisava de ajuda externa e agências de "rating" têm de ser travadas
http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=479179
Privatizações agravam défice externo e endividamento do país
http://resistir.info/e_rosa/privatizacoes_divida_02jul11.html
Privatização da água fracassa na América Latina e na Europa
http://luizromanelli.com.br/modules/news/article.php?storyid=328
Impedir a privatização da água
http://www.aguadetodos.com/index2.php?option=com_content&do_pdf=1&id=62
Big Banks Waging Warfare Against the People of the World
http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=25586
Demolição controlada da economia mundial?
http://octopedia.blogspot.com/2011/05/demolicao-controlada-da-economia.html
The Rampant Criminality of the Corporate and Political Elite - Murdoch and the rule of the oligarchy
http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=25615
Informação adicional
John Perkins
http://pt.wikipedia.org/wiki/John_Perkins
http://en.wikipedia.org/wiki/John_Perkins_(author)
http://en.wikipedia.org/wiki/A_Game_as_Old_as_Empire
Economic Meltdown -- A Call for Systemic Change
http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=16236
Vamos Fazer Dinheiro / Let's Make Money
http://www.youtube.com/watch?v=m146POWBDaA (1/8)
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