... por uma saída operária para a crise
informação sobre a Greve Geral em Espanha, momento a momento, aqui
Num tempo de proximidade, (40 anos), que é aquele que mais nos afecta e coincide com a eclosão do Neoliberalismo, um acontecimento chave é fulcral: em 1971 os Estados Unidos, a potência hegemónica que gere a moeda de referência fiduciária global, declarou unilateralmente o fim da convertibilidade do Dólar em Ouro.
Quer isto dizer que as famosas reservas de ouro guardadas em Fort Knox já não existiam em quantidade suficiente que pudessem garantir aos fornecedores estrangeiros a troca de promissórias de pagamento por metal precioso. Quer isto dizer que os Estados Unidos passaram literalmente a pagar a sua dívida externa com a emissão de papel verde impresso à medida do necessário, quanto baste. Quem não gostaria de ter uma máquina destas? Assim, para além do papel e tinta, o valor fiduciário do Dólar assenta no factor “Confiança”, que permite a compra de títulos do Tesouro por investidores estrangeiros que, deste modo, financiam a dívida dos Estados Unidos. Esta dívida, em finais de 2011 ultrapassava a astronómica quantia de 15 triliões de dólares. E a “Confiança” assenta numa rede de mais de 1000 Bases Militares espalhadas pelo mundo inteiro. De que meios operacionais dispõem os Povos para tomar o poder em Washington e destruir este paradigma?
Os meios de manifestação usados, tanto pelos sindicatos como pelos movimentos sociais, continuam a ser os mesmos – protestos que ocupam fugazmente o espaço público e greves reivindincando melhores salários sobre uma ilusão de “crescimento”. Mas o paradigma neoliberal assenta já sobre uma sustentação social mínima extraída sobre o valor dos impostos, que incidem principalmente sobre o consumo… O sector produtivo no Ocidente tornou-se irrisório. Pelo acordo do Instituto Smithsonian decidido e imposto pela administração Nixon em finais de 1971, que destronou o paradigma anterior obtido em Bretton Woods, alterou-se irreversivelmente o modelo de acumulação que tinha funcionado assente no Sector Empresarial do Estado, como motor do desenvolvimento (capitalista).
Reivindicar sobre a Produção e não reivindicar sobre o Consumo?
A decisão unilateral dos Estados Unidos de poderem livremente emitir dinheiro sem qualquer relação com os valores atendíveis na produção de economia real - sendo evidente que essas emissões de dólares são investidas em projectos que lhes trazem vantagens no domínio estratégico dos mercados globais – significou que os EUA passaram a investir na criação de bolhas ao Consumo em beneficio das suas próprias corporações multinacionais. Em vez de investir no sector produtivo, a braços com uma crise de sobreprodução instalada, hoje em dia só uma única produção é rentável: a de material de guerra. Como pensou Saramago inquirir no livro que não chegou a acabar: “porque é que nunca houve uma Greve numa fábrica de armamento?”
Assim, as reivindicações operárias apenas sobre a produção tornaram-se só por si rituais ineficazes. É necessário igualmente a Greve Geral ao Consumo criado artificialmente (com dinheiro fictício). É preciso boicotar as grandes superfícies comerciais, principais responsáveis pela sangria de capitais exportados para pagar negócios em beneficio de estrangeiros, em detrimento dos produtores locais
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