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quinta-feira, abril 04, 2013

o pró-Sionismo alemão relaciona Wagner com o Nazismo

No filme Lisztmania é um vampiro que suga o sangue aos melómanos. Com o titulo "O Génio Louco" o semanário Der Spiegel desta semana faz capa com Richard Wagner, debitando, mais ou menos traduzida a frase-chave:

"Celebram-se agora os 200 anos do nascimento do mais controverso Compositor alemão. A sua música continua a intoxicar as pessoas, e elas ainda acham difícil adoptá-la, porque os Nazis se intoxicaram com ela. Quem se sente pertença de Richard Wagner?"

Que justifica o estigma? A Alemanha derrotada em 1945 converteu-se no pós guerra numa colónia do imperialismo norte-americano, ocupada imagine-se por que lobye. Basta relembrar a Acta do Chanceler assinada secretamente em 1949. Como aliás ainda admite o nosso ex-ministro Luis Amado (convidado Bilderberg 2012 e actual gestor de Banco) num livro de entrevistas por Teresa de Sousa que anda por aí: "Por razões de segurança persiste na Alemanha o estacionamento de forças militares aliadas ocidentais" (pp). Segurança contra o quê? medo que algo desagradável aconteça a mais de metade do imobiliário e do capital constante na Alemanha hoje propriedade de judeus norte-americanos e israelitas? que o motor capitalista da economia europeia deixe de pagar as chorudas indemnizações de guerra que vão direitinhas para financiar a politica religiosa, racista e sionista do Estado de Israel?

"Para se saber quem governa, basta saber quem é que não se pode criticar” (Voltaire)

Richard Wagner escreveu ensaios literários em maior número que propriamente obras musicais. "Arte e Revolução" e "A Obra de Arte no Futuro" (1849), "O Judaísmo na Música" (1850), "Ópera e Drama" (1851, “O que é Ser Alemão?" (1865) e "Arte e Religião" (1880) entre outras. Wagner foi um revolucionário! Contudo 130 anos após a sua morte persiste um estigma contemporâneo que invalida tudo o resto. A obra quase desvanecida num cinzento clarinho foi assim descrita numa recente série de conferências na Culturgest: "foi uma coisa tão infeliz que mais valia que Wagner nunca a tivesse escrito, passemos adiante"...  De que se trata então olhando retrospectivamente? no artigo publicado sob pseudónimo (para evitar ser arrastado para questões pessoais) na revista Neue Zeitschrifft für Musik, Wagner descrevia os judeus como: "ex-canibais, agora treinados para ser agentes de negócios da sociedade (...) judeus que corromperam a língua do país onde vivem desde há gerações. A sua natureza torna-os incapazes de penetrar na essência das coisas. Os judeus que vivem na Alemanha devem abandonar a prática do judaísmo e integrar-se totalmente na cultura alemã". Apesar de, por esta opinião, Wagner ser geralmente acusado de "anti-semitismo" ( uma expressão criada por William Marr só 30 anos depois, em 1881) , Wagner sempre teve amigos e colaboradores judeus durante a sua vida inteira, como o judeu e amigo de longa data Hermann Levi que foi o maestro na estreia do teatro de Bayreuth. Nem havendo uma única referência explícita aos judeus em nenhuma das óperas de Wagner, que é o que mais importa (1).

Estamos na época inicial da explosão dos nacionalismos. A Europa central está ainda pulverizada numa infinidade de pequenas Monarquias, Ducados, Principados e Estados onde cada familia de oligarcas reina incondicional- mente sobre os súbditos invocando como autoridade o nome de Deus pelo qual tinham sido empossados - "o liberalismo encontra porém expressão nos regimes saídos da revolução francesa e belga (depois de 1832) no entanto evitava o problema da participação politica dos cidadãos ao limitar esses direitos apenas aos homens que possuiam propriedades, bens e educação adquirida (um bem caro, logo escasso, de descendência aristocrática, ou seja, a cultura está no sangue)" (2). Quando o povo de Dresden se levanta em armas contra a repressão Wagner era um desses aristocratas liberais que nas revoluções europeias de 1848 milita com o anarquista russo Mikhail Bakunin, o lider revolucionário August Róckel, integra o movimento "Jovem Alemanha" onde pontifica o judeu-alemão Heinrich Heine, enfim com o seu grande mentor na filosofia da "vontade de um povo" Arthur Schopenhauer, igualmente amicissimo de uma vida de Friedrich Nietzsche, o filósofo que tinha declarado a morte de Deus (logo do Poder dos tronos terrenos).

Karl Marx não escreveu nada de muito diferente n`"A Questão Judaica": "os Judeus, esses alienigenas do Lucro só poderiam ser redimidos renunciando ao Judaismo (como prática que mistura religião e especulação com dinheiro) e integrando-se nas comunidades para onde, por séculos, tinham escolhido emigrar, ou seja, como judeus de nacionalidade alemã, praticantes religiosos ou não, como quaisquer outros cidadãos livres - assim, "atingida a idade da Razão, tarefa da história, depois do desaparecimento do Além da verdade, a Verdade deste mundo. Isto é principalmente a tarefa da filosofia, que está ao serviço da história, uma vez desmascarada a forma sagrada da auto-alienação do homem, para desmascarar a auto alienação nas suas formas não sagradas . A crítica do céu transforma-se, assim, na crítica da terra, a crítica da religião na crítica do direito, a crítica da teologia na crítica da política" (3).

Embora contemporâneos e ambos alemães Marx e Wagner nunca se conheceram. Percebe-se porquê. Nesses anos de revolução enquanto Marx (com Engels) publica o "Manifesto do Partido Comunista" (1848) em nome da classe operária, Wagner pertence a outra classe social, a grande paixão da sua vida é Mathilde Wesendonck casada com um negociante rico de Zurique e um segundo casamento é com a Condessa Francesca Gaetana Cosima Listz von Bülow (que desabafa "essa coisa do Socialismo é uma moda passageira" (4) por fim, depois da revolução falhada, delfim do Rei Ludwig II da Baviera que, apaixonado pela sua música, lhe passa a conceder os patrocinios financeiros.

Richard Wagner é um revolucionário, mas da revolução burguesa em ascenção, pensa mudar o mundo com a verdade e as lições da sua grande música, mas na perspectiva da sua classe social. Insurge-se contra os vendedores de música em espectáculos de divertimento como os da Ópera de Paris, então o centro europeu das Artes onde a burguesia se aperaltava de luxo mais para se verem uns aos outros nos seus privilegiados camarotes do que propriamente para adquirir cultura. E quem são os maiores mestres neste tipo de espectáculo de opereta na Europa? - para além dos clássicos italianos, precisamente dois compositores judeus-alemães: Meyerbeer, nascido Jacob Liebmann Beer (adoptando depois o nome italianizado de "Giacomo" Meyerbeer..."

...e Jakob Ludwig Felix Mendelssohn-Bartholdy, filho do Banqueiro Abraham Mendelssohn, e sobrinho de Jakob Ludwig Salomon que tinha adquirido o apelido cristão-luterano "Bartholdy" pelo casamento com a irmã de Abraham, e era diplomata, proprietário de latifúndios e grande patrono das Artes... e ainda, neto do filósofo judeu-alemão Moses Mendelssohn, precisamente quem se tinha encarregado de transcrever e adaptar a filosofia das Luzes da revolução francesa para a lenga-lenga religiosa judaica. Esta foi a crítica contra a perniciosa influência do judaismo na Música (5).
Por isso Wagner associou o teatro comercial aos interesses dos judeus, e nos seus ensaios teóricos em que inclui todas as disciplinas e Artes advoga para si a plena liberdade face aos condicionalismos do lucro, afirmando que o artista deve levar a cabo as suas criações livre do regime de salariato artístico. A Arte só pode ser colectiva, produzida em nome do Povo, aqueles que sofrem as privações em comum, e não na forma de espectáculo de alienação cultural e religiosa.



notas:
(1) Óperas que não são simples óperas – são Dramas sobre as mais variadas áreas da vida, Dramas do Amor (Tristão e Isolda), Dramas da Morte (Parsifal), Dramas sobre o Heroismo (Rienzi) Dramas sobre as Origens (o Mito dos Nibelungos) e o Destino dos Homens (Götterdämmerung), os Dramas da Religião, etc.
(2) Eric Hobsbawm, "A Questão do Nacionalismo"
(3) Karl Marx, "Contribuição à Crítica da Filosofia do Direito de Hegel" (1844)
(4) "Autobiografia de Wagner", publicada apenas em 1911. 
(5) Ao contrário do panorama de sucesso dos autores judeus nas "artes" românticas na Europa, a representação do "Tannhauser" de Wagner em Paris foi boicotada, mesmo depois das alterações exigidas pelos empresários do gosto burguês dominante, às quais Wagner respondeu com uma provocação, introduzindo-lhe uma cena de bacanal.  
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1 comentário:

Anónimo disse...

o judaísmo na música......isaac albéniz?