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segunda-feira, abril 29, 2013

Vão trabalhar malandros!

O conselheiro de Estado do regime Vitor Bento escreveu um livro intitulado “Euro Forte, Euro Fraco”. Lida e relida  a coisa, o conselheiro da opinião pública para os intelectuais do regime, Pulido Valente, achou por bem, face às razões apresentadas para o descalabro das economias dos países do Sul de Europa (o Euro fraco) e da pujança das economias do norte da Europa (o Euro forte) , de acusar o outro de “vasta ignorância histórica do passado”. As causas do atraso económico português, diz este, deve-se ao facto “do país não possuir reservas de carvão e ferro o que teria possibilitado uma industrialização a sério (1) e de Portugal estar longe das grandes rotas comerciais da Europa (…) e estas rotas não mudaram” desde os primórdios do capitalismo mercantil, ou seja, desde o século XV, considerado como o século de ouro português com os Descobrimentos. Nessa época a Lisboa do estabelecimento da via marítima com a Carreira das Índias, tornou-se efectivamente o centro do comércio da Europa, destronando Veneza e Génova como terminais das vias tradicionais de importação pelas caravanas terrestres de produtos do Oriente.

Replica o outro que não, que as fontes do nosso atraso seriam a “falta de valorização da cultura, a intolerância religiosa, instabilidade politica e uma persistência crónica do analfabetismo”. Um, que o “ler, escrever e contar” não servia rigorosamente para nada num mundo essencialmente rural, e por outro lado instruir os pobres teria fatalmente como resultado a Revolução, como a francesa de 1789, outro manda ler o “Why Nations Fail” e a “The Wealth and Poverty of Nations” (2) – advertindo que “de qualquer modo o meu livro apenas invoca comportamentos inconsistentes para um único sistema monetário”, sendo recomendáveis dois únicos sistemas monetários: um Euro para ricos, outro para Pobres. Despacha-o o outro: “lamento se o ofendi e confesso a minha vasta ignorância financeira”

No conflito entre estas duas partes da mesma coisa conclui-se rapidamente que “isto” (o conflito entre duas abstrações) nem estatuto para debate alcança.
Industria naval em Amsterdam, finais sec. XV
Portugal não tem ferro mas tinha madeira e tem uma das maiores reservas de cobre da Europa. Foi aliás essa a principal razão que trouxe os Romanos ao sul da península ibérica, de onde a sua importância deu a Roma dois imperadores, Adriano e Trajano (e a situação não se alterou se atendermos ao cobre das minas de Neves-Corvo, Aljustrel e S.Domingos, todas aliás exploradas por multinacionais estrangeiras). O cobre troca-se por ferro e carvão, ou o que seja, como sabemos desde a teoria desenvolvida pelo economista David Ricardo. A importância que a Lisboa quinhentista adquiriu foi rapidamente perdida a favor da carreira comercial para Antuérpia operada por companhias estrangeiras. Todos os produtos chegados a Lisboa eram de imediato re-exportados para o norte da Europa, pela simples razão que eram os comerciantes e banqueiros alemães e outros (p/e a casa dos Fuggers) que financiavam à cabeça as expedições dos descobrimentos, desde o ouro da Guiné até às especiarias da Índia. Meros comissionistas, por via dos “empresários” portugueses quase nada lucrou o país pela chamada “epopeia das descobertas” (3). A não ser os hábitos parasitários. Na transição para o século XVI as frotas marítimas de Holandeses e Ingleses já suplantavam em número entre três a quatro vezes as já obsoletas naus ibéricas.

A diferença entre o volume de trabalho no norte assente na ética capitalista protestante é abissal em relação à indolente crendice católica retrógada das elites a sul (4). Supremacia tecnológica instalada, a maior parte do mundo descoberta pelos latinos, a Holanda não tinha nem ferro nem carvão e em Inglaterra este último minério só viria a ganhar importância dois séculos depois. A desvantagem económica foi corrigida pela pirataria. Não tendo descoberto nada, roubar os espanhóis e os portugueses tornou-se uma questão estratégica (4). Francis Drake, o mais famoso dos piratas seria erigido em Cavaleiro da Rainha Elizabeth I em 1581. Atacado por holandeses e ingleses Portugal ia perdendo possessões ultramarinas, a Bahia, Pernambuco e o Maranhão no Brasil, Ormuz e Macao no Oriente, a feitoria da Mina na Guiné, Luanda que garantia o fornecimento de escravos. Um ano depois da derrota da Invencivel Armada a expedição Drake-Norris aportou a Lisboa, atacando depois os Açores onde Hawkins estabeleceu uma primeira base paramilitar que lhes viria a assegurar o monopólio das rotas comerciais para o Novo Mundo e algumas décadas depois a nossa “independência”. O declínio dos portugueses consumou-se aqui; na expressão de Adam Smith: “o trabalho dos homens livres acaba sempre por sair mais barato do que o dos escravos”.

Trabalho é a palavra chave que não é grafada uma única vez por Vitor Bento ou Pulido Valente. Diferentes regimes de encarar o Capital podem produzir diferentes soluções para os mesmos problemas (5), mas Bento e Valente representam apenas a mesma cara filha uma da outra, de duas correntes: o Conservadorismo que se apoia na ideia de monarquia sinárquica e o Liberalismo cujo êxito depende da exploração imperialista das trocas desiguais, subjugando outros povos, desde Hobson com o colonialismo até à sua liquidação com o Lenine do internacionalismo proletário. Esta última é a verdadeira alternativa às outras duas forças em confronto na organização económica e social - o Marxismo, a filosofia assente no Trabalho no qual em última instância radica a única criação de Valor em economia.
notas:
(1) Não é certo, desde Spengler, passando por Ilitch e Habermas até Boaventura Sousa Santos, que a industrialização só por si seja um factor de desenvolvimento social. Uma vez que as máquinas (capital fixo) nada determinam, mas sim a questão da sua propriedade por esta ou por aquela classe social
(2) “A Riqueza e a Pobreza das Nações”, David S. Landes, Ed. Gradiva, 2001
(3) “Relações Internacionais”, (as três teorias em confronto) de James E. Dougherty e Robert L. Pfaltzgraff Jr. Ed. Gradiva, 2003
(4) "Império", de Niall Ferguson,
(5) Ironicamente, as nações que tinham começado tudo, Espanha e Portugal, acabaram perdedoras. Aí reside um dos grandes temas da história da teoria económica. Todos os modelos de crescimento, no fim de contas, sublinharam a necessidade e o poder do capital – o capital como substituto do trabalho, possibilitador de crédito, bálsamo de projectos frustrados, redentor de erros: “Se a Espanha (que abastecia de ouro e prata toda a Europa com os famosos reales a ocho) não tem dinheiro, nem ouro nem prata, é porque tem essas coisas, e se é pobre, é porque é rica. (…) Podia pensar-se que alguém quis fazer desta república uma república de gente enfeitiçada, vivendo fora da ordem natural. – Martin Gonzalez de Cellorigo, 1600” (citado em “O Declinio das Potências Peninsulares”, de David S. Landes)
(6) Não havia comparação possivel entre a nossa Ribeira das Naus e os estaleiros de construção naval de Amsterdão (na gravura) e Greenwich, em volume de negócios, trabalho empregue e capital investido.
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4 comentários:

Anónimo disse...

Muito interessante. Obrigado.

Vale a pena ir ver a exposição da Gulbenkian sobre a nossa época de "ouro" - embora tenha ficado áquem das minhas expectativas.

A nossa moral católica, poderá ter-nos feito mais medrosos, do que os luteranos por exemplo para quem dinheiro é fundamental. A grande diferença entre os Portugueses e os anglo-saxónios e até os Espanhóis é que eles sempre foram predadores impiedáveis sem culpas, nós pelo contrário tinhamos mais medo, mais culpa, mais pretensão de evangelizar...ainda hoje o mundo está a ser bárbarmente saqueado por estes tarados que consideram esse tipo de atitude uma vitória sobre os fracos, um sucesso estrondoso do final domínio do mundo. Considero-os uns psicopatas mediocres e maus, mas reconheço que têm sido brilhantes na manipulação da população mundial, que se for preciso os idolatra e quer copiar. Nojento mas interessante.

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Jama Libya disse...

1 Conspiração judaica tupiniquim contra os negros afro-brasileiros O GLOBO ditadura vandalista da comunicação, leviana ardilosa e racista inimiga do povo brasileiro. No Brasil os judeus monopolizam a TV discriminam e humilham as mulheres negras? A MEGALOBO RACISMO? A violência do preconceito racial no Brasil personagem (Uma negra boçal degradada pedinte com imagem horrenda destorcida é a Adelaide http://globotv.zorra-total/v/adelaide-e-briti-pedem-dinheiro-no-metro/, do Programa Zorra Total, TV Globo do ator Rodrigo Sant’Anna? Ele para a Globo e aos judeus é engraçado, mas é desgraça para nós negros afros indígenas descendentes, se nossas crianças não tivessem sendo chamadas de Adelaidinha ou filha, neta e sobrinha da ADELAIDE no pior dos sentidos, é BULLIYING infeliz e cruel criado nos laboratórios racistas do PROJAC (abrev. de Projeto Jacarepaguá da Central Globo de Produção) da Rede Globo é dominado por judeus diretores, produtores e apresentadores ( OBS. além destes judeus e judias citados existem centenas de outros e mais de 200 atores, atrizes, comediantes, artistas e apresentadores judeus e judias e milhares de empregados e colaboradores da " Rede Globo Judaica Midiática Brasileira" )como Arnaldo Jabor, Carlos Sanderberg, Luciano Huck, Jairo Bauer, Alan Fiterman, Luis Erlanger, Marcos Losekann, Marcius Melhem e Leandro Hassum, Vladimir Brichta, Tiago Leifert, Pedro Bassan, Pedro Bial, Jitman Vibranovski, William Waack, William Bonner & Fátima Bernardes, Ernesto Paglial & Sandra Annenberg, Pedro Doria & Leila Sterenberg, Mateus Solano & Paula Braun, Yvonne Maggie, Mônica Waldvogel, Renata Malkes, Sandra Passarinho, Amora Mautner, Lillian W. Fibe, Esther Jablonski, Patrícia Taufer, Glenda Kozlowski Fernanda Grael, Leila Neubarth,Beatriz Thielmann,Gilberto Braga,Wolf Maya, Mauro Halfeld, Mário Cohen, Ricardo Waddington, Max Gehringer, Maurício Kubrusly, Mauro Molchansky, Maurício Sirotsky, Marcelo Rosenbaum, Michel Bercovitch, Luiz Gleiser, Fábio Steinberg, Carlos de Lannoy, Roberto Kovalick, Guilherme Weber, Régis Rösing, Caio Blinder, Daniel Filho, Gilberto Braga, Gilberto Leifert, Gilberto Dimenstein , Walcyr Carrasco, Carlos H. Schroder e o poderoso Ali Kamel diretor chefe responsável e autor do livro Best seller o manual segregador (A Bíblia do racismo,que irônico tem por titulo NÃO SOMOS RACISTA baseado e num monte de inverdades e teses racistas contra os negros afrodescendentes brasileiros) E por Maurício Sherman Nisenbaum (que Grande Otelo, Jamelão , Luis Carlos da Vila e Geraldo Filme chamavam o de racista porque este e o Judeu sionista racista Adolfo Bloch dono da Manchete discriminavam os negros)responsável dirige o humorístico Zorra Total. Foi dono da criação de programas e dos programas infantis apresentados por Xuxa(Luciano Szafir)e Angélica(Luciano Hulk) ambas tendo seus filhos com judeus,apresentadoras descobertas e lançadas por ele no seu pré-conceitos de padrão de beleza e qualidade da Manchete TV dominada por judeus sionistas,este BULLYING NEGLIGENTE PERVERSO da Globo.

Jama Libya disse...

2 BULLYING NEGLIGENTE PERVERSO da Globo. Humilhante absurdo e desumano que nem ADOLF HITLER fez aos judeus, mas os judeus sionistas da TV GLOBO faz para a população negra afro-descendente brasileira isto ocorre em todo lugar do Brasil para nós não tem graça, esta desgraça de humor racista criminoso, que humilha crianças é desumano para qualquer sexo, cor, raça, religião, nacionalidade etc. o pior de tudo esta degradação racista constrangedora cruel é patrocinada e apoiada por o S.R. Ali KAMEL fascista sionista (marido da judia Patrícia Kogut jornalista do GLOBO que liderou dezenas de judeus artistas intelectuais e empresários dos 113 nomes (Manifesto Contra as contra raciais) defendida pela radical advogada Procuradora judia Roberta Kaufmann do DEM e PSDB e o Senador Demóstenes Torres que foi cassado por corrupção) TV Globo esta mesma que fez anúncios constantes do programa (27ª C.E. arrecada mais de R$ 10, milhões reais de CENTARROS para esmola da farsa e iludir enganando escondendo a divida ao BNDES de mais de três bilhões dólares dinheiro publico do Brasil) que tem com o título ‘A Esperança é o que nos Move’, show da “Criança Esperança” de 2012 celebrará a formação da identidade brasileira a partir da mistura de diferentes etnias) e comete o genocídio racista imoral contra a maior parte do povo brasileiro é lamentável que os judeus se divirtam com humor e debochem do verdadeiro holocausto afro-indigenas brasileiro o Judeu Sergio Groisman em seu Programa Altas Horas e assim no Programa Encontro com a judia Fátima Bernardes riem e se divertem. (A atriz judia Samantha Schmütz em papel de criança um estereótipo desleal e cruel se amedronta diante aquela mulher extremamente feia) para nós negros afros brasileiros a Rede GLOBO promove incentiva patrocínio (O soció,olopata Demétrio Magnoli e os jornalopata$$$tas Luiz Carlos Azenha, Diogo Mainardi, Reinaldo Azevedo arautos das elites conservadores patrocinados da Casa Grande contrários a empenhos positivos a favor da sociedade dos afrodescendentes. ) preconceitos raciais que humilha e choca o povo brasileiro. Organização Negra Nacional Quilombo ONNQ 20/11/1970 – REQBRA Revolução Quilombolivariana do Brasil - quilombonnq@bol.com.br