Ao contrário da imagem mitológica que faz passar Napoleão Bonaparte (1769-1821) por um esforçado guerreiro enlameado nas batalhas de conquista, a personagem foi primeiro que tudo a personificação de um aristocrata emplumado. Que percebeu de forma exemplar os meios necessários para arrastar as opiniões públicas a apoiar fins inconfessáveis. A entrada das tropas francesas para ocupar o Egipto foi aclamada entusiasticamente pelas multidões que ficariam sujeitas à ocupação.
Dentro desse paradigma do controlo de multidões é atribuída a Napoleão as duas frases seguintes: "Como se pode preservar a ordem num Estado sem religião? - a religião é um meio formidável para controlar e manter as pessoas sossegadas (...) a religião é aquilo que impede os pobres de matarem os ricos, os mesmos que os roubam e escravizam"
Breve resenha dos antecedentes históricos
A (nossa) Senhora de Brassempouy é uma estatueta com 20 mil anos encontrada nas ruinas arqueológicas da aldeia primitiva de pescadores na ilha do Sena, habitada pela tribo Parisii (cuja história pode ser vista no Musée de Cluny). Tomada pelos Romanos em 55 a.n.e, a aldeia expandiu-se até à margem esquerda do rio (a ver no Musée Carnavalet, que trata da História da Cidade). Tomada pela tribo dos Francos (oriundos das tribos germânicas), estes fazem do local a capital do Reino em finais do século V. Na Idade Média a cidade de Paris torna-se um centro religioso; Notre Dame foi concluída em 1163.
A capela gótica de Sainte-Chapelle situada na Ilha de la Cité em Paris, foi mandada construir no século XIII pelo Rei Louís IX; Projectada em 1241, iniciada em 1246 e concluída muito rapidamente para servir de capela do palácio real, foi consagrada em Abril de 1248 ao seu devoto patrono, evento após o qual o rei ficou a ser conhecido por “São Luis” (1). Depois de terminada, a Sainte-Chapelle precisava de objectos que dessem um ar de santificação à construção, o que foi conseguido pela importação de relíquias apropriadas e, com essa finalidade, as finanças do reino obtiveram a coroa de espinhos de Cristo, enviadas pelo imperador latino de Constantinopla, Balduíno II, pela exorbitante soma de 135.000 libras de ouro. Para se ter uma ideia de relatividade, a construção de toda a capela custou 45.000 libras. Além de outras relíquias, acrescentou-se ainda um fragmento da “Vera Cruz” (dois barrotes de madeira sacados pelos Cruzados, pretensamente os verdadeiros originais onde o Cristo tinha sido pregado) e, desta forma, o edifício tornou-se um precioso relicário, onde toda a gente ainda hoje (2) vai exercitar os joelhos.
(1) O "Santo" viria a dar o nome à cidade de origem colonial francesa de Saint-Louis no Estado do Missouri, depois que a França vendeu os vastos territórios do Estado de Louisiana aos EUA
(2) Ultrapassada pelo erosão dos tempos da revolução, a Capela permanece no local como fonte de rendimento para a Igreja, mas o restante do palácio real desapareceu completamente, sendo substituído pelo actual Palácio da Justiça.
Uma simples mistificação dos economistas da escola neoliberal norte-americana, fazendo tábua rasa da distinção entre o Valor de Uso e o Valor de Troca das mercadorias de Karl Marx em “O Capital” moldou o mundo do pós-guerra tal e qual o conhecemos. Neste sentido, só o Presente é nosso, não o momento passado nem aquele que aguardamos, porque um está destruido, e do outro, se não lutarmos, não sabemos se existirá.
Pesquisar neste blogue
quarta-feira, dezembro 18, 2013
a Revolução francesa, a Igreja e a contra-Revolução burguesa
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário