A fúria privatizadora de tudo o que é bem público de uso social em Portugal decidida pelo Bloco Central de interesses nos últimos anos consiste na sub-orçamentação das empresas-alvo e tem como único objectivo furtar ao Estado e entregar ao Capital financeiro tudo o que é lucrativo.
As indemnizações compensatórias aprovadas pelo Governo, no segundo “orçamento rectificativo” no espaço de um ano (!), relativas aos serviços prestados por empresas públicas, privadas ou municipais correspondem a um montante global de 229 milhões de euros. Em comunicado o conselho de ministros refere que este valor “representa uma redução global de 95 milhões de euros comparativamente ao ano anterior” (portanto, de sub-orçamentação). Uma redução que é válida apenas para as empresas públicas e que eventualmente terá de ser compensada com novo aumento no preço dos transportes públicos em 2015. A CP foi contemplada com uma indemnização compensatória de 18.857 milhões, ou seja, menos 17.031 milhões de euros que em 2013. Por sua vez o Metropolitano de Lisboa vai receber directamente 29.627 milhões contra os 46.640 milhões de euros recebidos em 2013 (menos 17.031 milhões). O Metro do Porto fica com menos 8.520 milhões e o Metro Sul do Tejo com menos 3.384 milhões de euros.
À Carris o governo PSD/CDS atribuiu 5 milhões de euros; em 2013 havia atribuído 19,682 milhões A congénere do Porto, a STCP recebe igualmente 5 milhões, contra os 10,820 milhões recebidos o ano passado. Esta devrá ser a última vez que o Metro de Lisboa e o do Porto, Carris e STCP recebem indemnizações compensatórias do Orçamento do Estado, dado que o fim do pagamento de indemnizações compensatórias a essas empresas é uma das medidas que constam do caderno de encargos do processo com vista à sua privatização. Na Área Metropolitana de Lisboa as duas empresas de transporte fluvial de passageiros, Soflusa e Transtejo, não vêem os montantes das indemnizadas directas sofrer grande variação. Por sua vez, as empresas privadas do sector rodoviário de transportes vão receber no seu conjunto cerca de 18,4 milhões de euros de indemnizações compensatórias em 2014. Ou seja, um aumento de mais de 100% atendendo aos 9,175 milhões de euros recebidos em 2013.
Com menos financiamento directo do Estado e a braços com a perda acentuada de passageiros, empresas como a CP, Carris e Metro vão ter de rever os preços actualmente em vigor. Será o sexto aumento no espaço de quatro anos, período em que o custo das famílias com transportes públicos cresceu em média 25%. No inicio de 2014 o preço dos transportes subiu 1%, mas recuando um pouco, há que recordar que em 2011 (com o governo “socialista” de Sócrates) os preços foram aumentados em 4,5%. Já com o governo de vigaristas Passos/Portas agravaram-se em 5% (em Agosto de 2011), mais 5% em 2012 e 0,9% em 2013. Pelo meio desapareceram os descontos em passes sociais para estudantes e reformados, o que levou no casos dos primeiros a um aumento de 100% no passe social. A estes aumentos há que juntar a degradação dos serviços, com a redução de carreiras, do número de carruagens e com o aumento dos tempos de espera. (texto decalcado do jornal da Voz do Operário)
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