Em má memória na a Censura como Educação a Livraria Ler, ali ao Jardim da Parada, todos os anos faz uma montra em homenagem ao livreiro Luis Alves Dias, que viu edições de milhares de exemplares apreendidos. Antes do 25 de Abril era a Policia de Vigilância e Segurança do Estado que zelava pela Cultura. Hoje isso acabou. Publica-se agora tanta inoquidade numa tal quantidade que é dificil encontrar algo de salutar que tivesse honras de ser censurado. As autoridades da "democracia" zelam para que não falte lixo à kultura.
Para além do indispensável José Vilhena e dos clássicos Marxistas, entre os titulos com autos de apreensão pela Policia de Vigilância do Estado (PIDE) constavam à data de 1974: "Luuanda", com os caracteres a escorrer o sangue da guerra colonial; "O Canto e as Armas", de Manuel Alegre (e também o "Praça da Canção"); "Fátima Desmascarada" de João Ilharco, a "Condição do Padre" face ao celibato, de Pierre Hermand, "Não te admires que eu diga "É Preciso Nascer de Novo", um ensaio sobre uma citação da Biblia do padre José da Felicidade Alves; "Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica", da Natália Correia, os "Sermões da Montanha", de Tomás da Fonseca; a "Questão Judaica" de Karl Marx; a "Inquisição e Cristãos-Novos", do historiador António José Saraiva; a "Guerra Civil na Espanha", de Andrés Nin; a "Resistência em Portugal", de José Dias Coelho; o "Dilema da Politica Portuguesa" de Sottomayor Cardia; "Portugal, uma Perspectiva da Sua História", de Flausino Torres; "Horizontes Fechados", de Raul Rego. Na ficção, metendo sexo, sindicatos, greves, mortes pela policia de choque e outras pequenas imoralidades, um dos livros que causaram maiores ejaculações precoces nos lápis azuis foi "Beau Masque" do Roger Vaillant, com uma trama mesmo ao jeito de tirar a máscara à inoperacionalidade do capitalismo já por demais evidente.
Numa pequena povoação do leste da França, Pierrette, uma jovem de 25 anos operária da fábrica local dedica-se inteiramente à atividade sindical em detrimento da sua vida privada, muito reduzida desde que ela vive separada do marido e confiou os filhos aos cuidados de um familiar. Pierrette conhece dois homens que irão mudar a sua vida. Relaciona-se primeiro com um camionista imigrante italiano que dá pela alcunha de "Beau Masque"). De seguida, no baile organizado pelo Partido Comunista, ela conhece Philippe Letourneau, um jovem filho-família empurrado pelos pais para director da fábrica, que são os accionistas maioritários da empresa. Embora atraída por Philippe, Pierrette retrai-se, não querendo pôr em risco a sua participação como delegada sindical. Não por fidelidade ao camionista Mario ("Cara Linda") com quem acaba de casar. Mas o despedimento de 300 trabalhadores e uma onda de demissões que o administrador da fábrica não controla, precipita os protagonistas no drama final ... Mario ressente-se as atividades políticas da sua esposa. No entanto vai participar numa manifestação de grevistas. Há tumulto, ela corre e é apanhada e espancada até à
morte pela polícia de choque.
Uma simples mistificação dos economistas da escola neoliberal norte-americana, fazendo tábua rasa da distinção entre o Valor de Uso e o Valor de Troca das mercadorias de Karl Marx em “O Capital” moldou o mundo do pós-guerra tal e qual o conhecemos. Neste sentido, só o Presente é nosso, não o momento passado nem aquele que aguardamos, porque um está destruido, e do outro, se não lutarmos, não sabemos se existirá.
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