Nas águas ao largo sudeste da Espanha, o resgate de um barco escavado recentemente rendeu presas de elefantes africanos inscritos com os nomes dos deuses fenícios. Estas presas, a juntar ao tesouro de 1958, provavelmente são provenientes duma colónia fenícia perto de Sevilha ou Cádiz, a cerca de 4.000 quilómetros do coração do território dos fenícios, no extremo leste do Mediterrâneo. E a esses mesmos comerciantes marítimos se podem também agradecer a própria existência da Ilíada de Homero e a Odisseia, que foram escritas a partir da sua tradição oral entre o oitavo e sexto séculos a.e.c, depois que os gregos adoptaram igualmente a ideia inteligente de escrever usando um alfabeto similar ao inventado pelos Fenicios.
Foi no início da Idade do Ferro, na primeira metade do primeiro milénio a.e.c, ainda não havia a "globalização" e a internet que vieram definir a nossa própria era de hiperconectados, existindo já as rotas de comércio tecidas entre o Próximo Oriente, Norte de África e Mediterrâneo, numa teia altamente complexa, numa profunda simbiose de culturas. Na época de Homero, por volta do início do milénio, havia um comércio intercontinental florescente de requintados artefactos em ouro, jóias e marfim, objectos de culto exóticos, mobiliário primorosamente trabalhado e malgas de prata polida magistralmente gravadas com elaboradas cenas de caça e heróicas batalhas, bem como os muitos comuns biscoitos.
Cerca de 700 a.e.c, o assentamento fenício de Spal, um predecessor de Sevilha, Espanha, já era suficientemente grande e estabelecido para que os seus sacerdotes usassem este sumptuoso, intrincado e pesado colar de ouro para os rituais. A peça faz parte do comjunto conhecido por Tesouro de Carambolo (exposto esporadicamente no Museu Arqueológico de Sevilha, mas guardado num cofre-forte de uma entidade bancária), uma mostra da grande arte que os Fenicios espalharam por todo o Mediterrâneo, desde a Assiria até à Ibéria. (Saudi Aramco World)
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