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quarta-feira, maio 20, 2015

o fim do significado do Trabalho

A maioria dos activistas do mundo do trabalho reclamam um salário mínimo mais elevado. Esse é um objectivo muito louvável, mas será aí que reside o maior problema? Nos Estados Unidos, que é de onde provêm os modelos com aplicação global, mesmo com os salários abissalmente baixos no momento presente, a McDonalds acaba de despedir 938.000 pessoas para readmitir outras com condições mais precárias e salários mais baixos, porque ainda não há suficientes McEmpregos.

Na generalidade, na terceirização da economia simbolizada pelos call-centers e outsourcings, o verdadeiro problema é a falta de Trabalho significativo nos meios de produção que criam valor mais pela tecnologia que pelo homem. Num mundo de Máquinas (que "desqualificam o trabalhador reduzindo-o a um acessório da máquina") de Alienação social e ausência de propriedade colectiva encontrar um trabalho decente é de uma escassez igual às áreas devastadas pela seca. Uma das causas da crise do emprego é a implacável deslocalização da produção para países estrangeiros, fora da jurisdição da soberania dos paises onde os trabalhadores reclamam por um salário mínimo decente. No entanto, ainda mais insidiosa tem sido a substituição dos trabalhadores humanos por maquinaria robotizada com a exclusiva finalidade de obter maiores lucros para os capitalistas. Durante centenas de anos, a famosa ética protestante do capitalismo elogiou o trabalho duro e a competência na sua execução como ideais pelos quais valia a pena lutar. Não é fácil repudiar esses princípios. Mas que acontece quando a eficiência e a produtividade significa eliminar os seres humanos? É duvidoso os capitalistas primordiais cujo slogan era "vencer na vida por mérito no nosso trabalho" jamais imaginassem que impedir a maioria das pessoas de trabalhar poderia ser uma possibilidade. Mesmo aos dias de hoje, muitos teóricos do capitalismo consideram que a inovação nos meios tecnológicos e a eficiência que proporcionam são os principais motores do progresso humano. Por algum tempo, pareceu que este principio era indiscutível. No livro "The Rise of the Robots", o autor Martin Ford descreve o primeiro quarto de século após a Segunda Guerra Mundial como a "idade de ouro" da economia. (norte-americana, está claro). Produtividade, emprego e salários avançavam em sincronia. Sem atender à lei da queda tendencial do lucro, os economistas formados para iludir a economia-politica assumiram que o tal "crescimento" iria continuar indefinidamente. Foi o glorioso mercado livre do pleno emprego, da promessa de salário digno para todos. Então, na viragem do século tudo desabou.

Para se concluir que o povo trabalhador que vive da venda da sua força de trabalho está doravante a enfrentar outra coisa qualquer que não já o "capitalismo", relembre-se que até mesmo Adam Smith, o autor da famosa obra "A Riqueza das Nações", o teórico que popularizou a Mão Invisível, afirmava: "quando a regulação é, portanto, de apoio ao trabalhador, é sempre justa e equitativa; mas às vezes é o contrário, quando a regulação é feita em beneficio dos mestres... Nenhuma sociedade pode ser florescente e feliz na qual a maior parte dos membros são pobres e miseráveis" - o economista Joseph Stiglitz acrescentou sobre os ilusórios mecanismos de auto-regulação no capitalismo: "a razão pela qual a mão invisível muitas vezes parecia invisível foi porque ela não estava lá"  

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