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segunda-feira, setembro 19, 2005

Como combater a Ignorância: porquê falar de Darwin?


um texto do
biólogo Miguel Monteiro na revista “Ideias à Esquerda”

“Em 1999, o massacre de Columbine provocou uma onda de consternação, principalmente nos EUA. Evitar que tal tragédia se repetisse passava, inevitávelmente, por encontrar uma explicação. Neste contexto, o congressista texano Tom DeLay explicou o massacre relacionando-o com o “declínio moral” provocado pelo “ensino da Evolução”, já que “ensinamos às nossas crianças que elas não são senão macacos que evoluiram de uma espécie de sopa primordial”.
No mesmo ano, o Texas retirou o ensino da Evolução dos curriculos escolares – uma decisão que não deve contribuir para melhorar o panorama revelado por uma sondagem de 1993, onde se constatava que 47 por cento dos norte-americanos adultos pensavam que a espécie Homo Sapiens nascera há dez mil anos, criada por Deus.
Na verdade, ao longo do século XX, a Evolução tem sido banida de diferentes escolas americanas e foi uma presença assidua na barra de diferentes tribunais.
Pelo meio, convém lembrar as declarações do Papa Pio XII, que, em 1950, considerou o evolucionismo uma “hipótese séria”, desde que se distinga, no caso humano, a evolução do corpo da evolução da alma, e as do Papa João Paulo II, que, em 1996, classificou a Evolução como uma verdade cientifica.
No ensino e na formação de cientistas, ignorantes como DeLay representam um verdadeiro atraso. Um estudante que chega à universidade sem nunca ter ouvido falar de selecção natural tem um handicap, um raciocínio coxo, que lhe atrasará a compreensão em diversas áreas do conhecimento abrangidas pela teoria de Darwin: biologia, ecologia, geologia, medicina, química, etc.
Os EUA são uma das faces desta ignorância. Mas a Evolução ainda luta, em muitos locais, por um lugar ao sol. Até parece que a “Origem das Espécies” não foi publicada em 1859, que as Leis de Mendel não foram redescobertas em 1900 e que a estrutura de dupla-hélice do ADN não foi desvendada em 1953 por Watson e Crick”.

Este texto serve de preâmbulo a um artigo dos biólogos Eduardo Crespo e Luis Vicente: “Darwin, a Evolução e os seus Críticos” – uma viagem pelo admirável mundo da Evolução, com paragem num dos temas que ainda divide muitos evolucionistas: o papel do acaso.

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