Uma simples mistificação dos economistas da escola neoliberal norte-americana, fazendo tábua rasa da distinção entre o Valor de Uso e o Valor de Troca das mercadorias de Karl Marx em “O Capital” moldou o mundo do pós-guerra tal e qual o conhecemos. Neste sentido, só o Presente é nosso, não o momento passado nem aquele que aguardamos, porque um está destruido, e do outro, se não lutarmos, não sabemos se existirá.
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terça-feira, setembro 13, 2005
o Antivalor (II)
Vimos antes (2/9/05), que o “Welfare State” de teorização keynesiana se constituiu no padrão de financiamento público da economia capitalista, perdida que tinha sido a sua capacidade auto-reguladora
"Quais são os serviços que o capitalista necessita do Estado? O primeiro e maior serviço que exigem é protecção contra o mercado livre. O mercado livre é o inimigo mortal da acumulação de capital. O mercado livre hipotético, tão caro às elucubrações de economistas, constituído de múltiplos vendedores e compradores, todos compartilhando perfeita informação, seria com certeza um desastre capitalista. Quem conseguiria ganhar algum dinheiro num mercado assim? O capitalista seria reduzido à renda do proletário hipotético do século XIX, vivendo do que se poderia chamar de ‘a lei de ferro dos lucros num mercado livre’, apenas o suficiente para sobreviver, e mal. Nós sabemos que não é assim que funciona, pois o mercado real nada tem de livre". Immanuel Wallerstein. (in "Após o Liberalismo")
Até aí, tinha prevalecido a teorização marxista de que a reprodução da força de trabalho era uma tendência histórica de longo prazo no sistema capitalista. A mutação americana, ao introduzir o Fundo Público como estrutural (e insusbstituivel até hoje), no capitalismo contemporâneo – alem de expulsar parte substancial dos custos da produção transferindo-os para a responsabilidade social do Estado-Previdência, estando este padrão na origem do continuado défice público nos orçamentos dos paises desenvolvidos – implodiu o Valor (de Marx) como único presssuposto da reprodução do Capital, enquanto em simultâneo alastra do Trabalho a montante (Fordismo), à exploração ao Consumo a jusante, nascendo assim aquilo a que F.Oliveira ou Robert Kurz denominam por Anti-Valor. O sistema continua sendo capitalista, enquanto explorador de Mais-Valia (trabalho não pago) e modo de produção a partir da Mercadoria fetichizada pela magia ilimitada do valor de uso. Permite ao mesmo tempo a ampliação da especulação financeira pela promoção publicitária do consumo, para valores astronómicos, ao mesmo tempo que subalterniza a Mercadoria para valores cada vez mais ínfimos, pela via da incorporação de cada vez mais Serviços nas cadeias de produção (Toyotismo)
A formação desta nova sustentação da produção e da reprodução do Valor supera temporáriamente o problema da Taxa Média de Lucro que é central para a dinâmica expansiva do Capitalismo.
A metáfora que se pode usar para explicar isto, vem da Física: o AntiValor é uma partícula de carga oposta que, no momento de colisão com a outra partícula, o Valor, produz o átomo, isto é, o novo excedente social.
Este modelo está no entanto condenado a perecer – a excessiva Produção instalada não tem correspondência no aumento sustentado do Consumo, limitando-se este a bolsas cada vez menores cercadas por campos de insolvência e miséria cada vez maiores.
(continua)
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