Uma simples mistificação dos economistas da escola neoliberal norte-americana, fazendo tábua rasa da distinção entre o Valor de Uso e o Valor de Troca das mercadorias de Karl Marx em “O Capital” moldou o mundo do pós-guerra tal e qual o conhecemos. Neste sentido, só o Presente é nosso, não o momento passado nem aquele que aguardamos, porque um está destruido, e do outro, se não lutarmos, não sabemos se existirá.
Pesquisar neste blogue
terça-feira, setembro 06, 2005
Israel – A Terra Prometida, no meio de uma montanha de destroços
Dov Weisglass, considerado o arquitecto da operação unilateral de abandono da Faixa de Gaza, conselheiro do governo do General Ariel Sharon, 1º ministro de Israel, em entrevista ao jornal “Haaretz” em 6 de Outubro de 2004, tinha explicado a situação – “Em fins de 2003 compreendemos que estava tudo bloqueado (…) Estávamos perante uma erosão internacional e perante uma erosão interna, tudo se desmoronava, a economia encontrava-se numa situação infernal.O Tribunal Internacional de Haia tinha solicitado o desmantelamento do Muro que estava (está!) a ser construído no interior profundo da Cisjordânia. Quando surgiu o acordo de Genebra, este obteve um amplo apoio. Depois vieram as cartas dos oficiais e dos pilotos (recusando-se a prestar serviço nos territórios ocupados.Sharon decidiu então entregar Gaza, que ele nunca tinha considerado de interesse nacional, para salvar os colonatos da Cisjordânia e, mais importante ainda, para impedir qualquer acordo negociado com os Palestinianos e a discussão sobre a questão dos refugiados.. Ao congelarmos o processo de negociação previsto no Roteiro para a Paz, impedimos a criação de um Estado Palestiniano”
Efectivamente, depois de Gaza, já ninguém se lembrará do “Road Map” do padrinho americano?. A operação enganosa engendrada por Israel, de retirar 7000 colonos da destruída Faixa de Gaza, um dos territórios mais sobre-populosos do mundo, encobre a vertiginosa construção de colonatos visando a apropriação ilegal de mais de metade dos territórios da Cisjordânia, onde vivem já 240.000 colonos, entre o Muro e a linha verde de 1967. A sociedade palestiniana está a ser desmantelada.
Segundo o GCE a construção aí aumentou 83% (564 casas em 2005 contra 308 em 2004, enquanto em Israel a indústria da construção civil baixou 25%. Os licenciamentos para os Colonatos e ordens de demolição, normalmente para casas Palestinianas, neste processo de Ocupação, é supervisionado pelo sector Nacional-Religioso (Partido sionista Nacional Religioso com 15 deputados no total dos 120 da Assembleia israelita) fortemente implantado nos organismos da Administração Civil municipais e do Estado que são um Departamento do Exército(!) que por sua vez controla a Ocupação. Por exemplo desde 1998 não foram efectivadas 2500 ordens de demolição de construções ilegais nos colonatos, facilitando, segundo o relatório de Talia Sasson, a construção de mais de 110 “postos avançados” enquanto o mesmo Organismo manda destruir todos os anos cerca de 300 casas de palestinianos.
Concluindo. Gaza, um campo degradado de ruínas e grande centro de recrutamento de revoltosos, (vidé “Um território em ruínas” – por Nader Abou Dagga – Le Monde Diplomatique Agosto 2005 – traduzido no "post" em baixo) estava a custar mais a Israel do que valia. Resta todo o conflito para resolver, sem fim à vista.
Os colonos israelitas extremistas infiltrados no Exército, ameaçam com uma guerra civil, caso a desocupação venha a prosseguir. Tal ameaça levou ao afastamento nas recentes operações (que empregaram 10 soldados por cada um dos 7 mil colonos deslocados), de dois importantes regimentos – o Golani e o Givati, com comandantes militares de extrema-direita – alem de que em Israel não há sequer uma sociedade civil capaz de discutir com o exército.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário