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sexta-feira, setembro 02, 2005

“De nada serve partir das coisas boas de sempre, mas sim das coisas novas e más”
Bertolt Brecht

Há mais de 50 anos que a economia Liberal livre é uma mentira. Depois da grande Depressão (o crash dos Monopólios de Estado em 1929/1936), o keynesianismo constituiu o Fundo Público do Estado como motor e regulador do desenvolvimento. (leia-se modo de acumulação capitalista – o New Deal de Truman)
Para se construir o pretenso Mercado auto-regulado, que dispensaria tudo o mais a não ser os próprios critérios de lucratividade, tornou-se necessário, contraditóriamente, cada vez mais Estado e muitos recursos Públicos.

No dizer de François Ewald em “L`État-Providence” tratou-se de um trânsito de paradigma do Contrato Mercantil estruturado nos códigos napoleónicos, para o paradigma da Segurança, estruturado pelo “Welfare State”. Segundo esta interpretação, verificou-se um trânsito da produção de mercadorias regulada sobretudo pelo Mercado para uma regulação que dependeu básicamente dos Direitos de Cidadania, alicerçados nos novos direitos sociais e do trabalho.
Adivinha-se agora um novo paradigma em gestação, onde as Mercadorias supostamente teriam deixado de ser o meio fundamental de medida económica, muito por via da subversão feita pela teoria de Milton Friedman de considerar a Moeda ela própria uma mercadoria. O prazo de validade deste modelo insustentável está no entanto, como sempre foi evidente, a chegar ao fim.
No centro do conflito a actual luta ideológica é clara neste tempo de Neoliberalismo conjugado com Globalização – trata-se da tentativa de destruição do Fundo Público como mecanismo regulador. O processo de destruição dos direitos sociais e de emprego em curso, nada tem já a ver com hegemonia na prossecução da acumulação capitalista, mas sim com Exclusão. Esta tem um sentido forte, e não apenas economicista – o de inclusão ou exclusão no Mercado. A construção desta espécie de Sociedade de castas será mais letal do que o foi a escravatura. Os novos “intocáveis” se-lo-ão pelos Direitos e jamais se poderão emancipar – (para o aprofundamento deste tema leia-se Emir Sader, ou – “A Vanguarda do atraso e o Atraso da vanguarda” e o conceito de Rigidez-Exludente do brasileiro Francisco de Oliveira – “na Europa a barreira estabeleceu-se nos 2/3 de incluídos e 1/3 de excluídos, invertendo-se porém a fórmula quando se trata dos países periféricos do chamado Terceiro Mundo”)
O que está em jogo é o próprio sentido da Civilização, tal como nos foi legado, apesar de tudo, pelo Iluminismo.
Proclama-se a inexistência das classes no Capitalismo contemporâneo, e decreta-se a predominância exclusiva do “sujeito autónomo” de Hegel. Como se depois dele, Marx nunca tivesse existido!
Ora um Estado completamente subordinado ao Capital, defendido pelos seus mais ferrenhos adversários e detractores, é a maior homenagem que pode ser prestada a Karl Marx.
(continua)

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