A União Europeia legislou no sentido de servir os interesses das empresas multinacionais, (a maioria das quais, como a Monsanto, são de origem norte- americana, país que produz metade do milho mundial), admitindo a plantação de OGM`s, limpando-os com um parecer comprado à Organização Mundial de Saúde. O Estado Português adoptou essa legislação ao arrepio de qualquer debate sonegando informação à população. Actualmente já existem 4 mil hectares dessas culturas, pese que “a lei” de 2005 que autoriza o cultivo de cereais transgénicos em Portugal não delimita regras de segurança efectivas para evitar contaminações pela separação clara de outras culturas. Existe toda a legitimidade para pensar que o processo de implementação deste tipo de culturas é ilegal porque foi levado a cabo à revelia da vontade dos cidadãos nacionais, que para todos os efeitos não foram ouvidos nem achados para nada. Estávamos nisto, quando um pacóvio de Silves concluiu abruptamente que tinha sido enganado pelo fornecedor quando o aliciou a plantar aquele tipo de porcaria. A destruição de milho transgénico levada a cabo pelos voluntariosos jovens da Ecotopia, (Gaia, Acção e Intervenção Ambiental) um grupo oriundo da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa – com o apoio do IPJ, Instituto Português da Juventude, desperta a sociedade para o problema.
Uma das mais antigas organizações que contestam a cultura de OGM em Portugal, a “Plataforma Transgénicos Fora do Prato” disse a propósito: “não nos revemos nos métodos mas compreendemos os motivos. Há anos que nós contestamos os OGM com razoabilidade e nunca conseguimos nada parecido com este mediatismo”. E por a´abaixo. A zelosa Quercus demarcou-se do grupo que atacou o campo de milho marado considerando que foi uma “acção excessiva”; e o côro dos coiotes do regime, com o eurodeputado VGMoura à cabeça, invectivaram o movimento “Verde Eufêmia” de abutres para cima. Afinal parece que o grande problema é a propriedade privada – nem mais, Portugal inteirinho transformou-se numa imensa propriedade privada daqueles poucos que decidem quais são as leis e a favor de quem elas se aplicam. Aliás, segundo um dito popular que por aí corre, “se as eleições resolvessem alguma coisa já tinham de há muito sido proibidas”. Instado pelo sururu das bases o Presidente da República mandou, pessoalmente, o recado ao Governo: “A violação da propriedade privada é uma violação da lei (...) e não podem restar quaisquer dúvidas de que a lei é para ser cumprida (...) quem tem o poder para a fazer cumprir não pode deixar de utilizá-lo”
Só para que se entenda aquilo a que se faz referência quando se fala dos governos dos politicos ao serviço dos interesses económicos das multinacionais, saiba-se que Sua Excelência é, ele próprio, um dos primeiros produtos transgénicos nacionais, um hibrido com origens paternas no homem da bomba de gasolina, alma mater do nóvel austrolopiteco automobilis, cruzado com a revolução cinzenta do betão dos anos 60 que destruiu de vez a cultura algarvia como algo identificável na paisagem. Parece-nos relevante que o tipo de funcionários do capitalismo internacional, como “o nosso” Presidente, quando homenageia os Autarcas de Albufeira – mostrem claramente a predisposição generalizada para se aceitar todos os investimentos que surgem sem olhar a custos ambientais desde que lhes deixe algum. Azar dos portugueses, que residem na coutada
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