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Mas não. Escolheu a bandeira do Ambiente como tarefa central do partido. (Um género de consultores de AlGore de trazer cá por casa*). Esta opção, todos o entendem, tem um valor simbólico. É uma mensagem enviada à “sociedade”. Já vimos como, por esse mundo fora, a atracção pelo “ambientalismo” cresce à medida que um partido se afasta dos choques agudos da luta de classes. Compreende-se. Com um respeitável grupo parlamentar, com mais uma batalha autárquica em perspectiva, com um lugar a defender no “Partido da Esquerda Europeia”, o BE não se pode dar ao luxo de apelos à transformação da sociedade. Assume-se como partidos de “causas”, isto é, especializado em propor remendos decorativos sobre as chagas da sociedade. (…) Queremos desde já assinalar que esta convenção marca, provavelmente, a entrada do BE na idade adulta, como partido do sistema, perna esquerda da social-democracia. É bom que o PS comece a olhar com mais atenção para este “irmão mais novo”, com vista a futuros arranjos de governo”.
Escrito em Junho, 2007.Antes das eleições em Lisboa. Premonitório.
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Compreende-se. O regime, principalmente depois de Cavaco, precisa de tentar extirpar a imagem neoconservadora agindo activamente sobre o “imbecil colectivo”. Nada como as agências de comunicação, numa politica bem consertada, começarem a dar voz a opiniões de “extrema esquerda” – com o objectivo bem determinado da extrema direita no Poder parecer que se situa ao Centro. E pelo caminho, a pequena burguesia urbana arranja uns tachos governativos. No final, estamos cada vez mais lixados, porque o espectro alastra.
Cavaco actua a nível da macro-politica global. Essa é a politica que lhe interessa, o big-game dos falcões do Pentágono. Para a politica interna ele olha para as câmaras com aquele ar engasgado de totó que não sabe de nada (mas comprometido QB porque sabe que este PS é a sua melhor arma para a execução das reformas neoliberais – afinal os homens até são socialistas, pensou-se à boca calada enquanto não se descobriu o logro). A esse nível ouça-se outra das vozes de Esquerda, Danielle Bleitrach, dissidente do PCF:
“Em vez de se enfrentar o capital e a direita, espalha-se a ideia de que pudemos preservar o nosso nicho continuando a pilhar o terceiro mundo e a odiar os imigrantes porque nos “vêm roubar o pão”. A deriva para a direita continua e corremos o risco de que aumente. A busca de um homem forte capaz de nos defender poderá levar-nos amanhã a descobrir que ele nos mergulha mais ainda na tempestade da mundialização capitalista, a reboque da loucura assassina dos Estados Unidos. Não podemos ser só anti-liberais, temos de ser anti-capitalistas e anti-imperialistas. Temos que lhes responder ao mesmo nível, saber como responder às deslocalizações, à imigração, à guerra”
(* parentesis da responsabilidade do autor do post)
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