Corrado: “Tu dici: cosa devo guardare? Io dico: come devo vivere? E la stessa cosa”

“Se queres Viver vai ao Cinema”
François Truffaut
E pegando na frase inspirada em Antonioni, foi isso mesmo que a geração do pós-guerra fez. Foi ao Cinema (“as Luzes da Cidade”, Chaplin). Foi no cinema (“A Grande Ilusão”, Renoir) que apreendemos o mundo (“Hamlet”, Olivier) – em sucessivas colagens maravilhosas de matinées fumarentas, nevoeiro através do qual (“To Be or Not To Be”, Lubistch) víamos principalmente, em lugar de destaque, o desfilar de estórias sobre formidáveis ladrões e justiceiros, todos eles, gangs foragidos em busca de liberdade, irmanados no objectivo comum de construirem um novo mundo ("Birth of a Nation", D.W.Griffith) ou de abjectos facínoras aristocratas tisnados pelo sol, e de cruz às costas, no caso dos hispânicos (“Aguirre”, Herzog). Vimos o herói solitário que cavalga na vanguarda da tribo de exploradores (Cavalgada Heróica, Ford), sobre cuja sombra se fecha a porta após a conquista da estabilidade (The Searchers) o grito de criança pelo medo de abandono do conhecimento sobre o mundo imenso ("Shane", Stevens), a gota de sangue que cai dentro do copo do borrachon incapaz de servir uma justiça impossivel ("Rio Bravo"), a sofisticação da sêde do mal ("Touch of Evil", Welles), a pirataria comandada a partir dos off-shores ("Captain Blood", Curtiz) aceitando como única a parte que os grandes impérios empresariais da comunicação profissional lhe contam ("Citizen Kane"). As bandeiras vermelhas censuradas na exibição nos EUA (“1900”,Bertolucci); enfim, a perda generalizada da vergonha (“o Auto do Vigário”, Fellini)
E quem não lhe deu ("Singing in the Rain", Donen) para pesquisar a vida entre este tipo de exemplos seleccionados, vegetou por entre uma mundividência fantástica, ("Dogville", Lars von Triers) mormente pensando, quando cavalgando ao longe vislumbrava o Gary Cooper ou o John Wayne montados como se fossem um só nos seus cavalos, que os minotauros de facto existiam. ("Paths of Glory", Kubrick)

(mosaicos na Villa Adriana, Tivoli, Roma - em luta contra a selvajeria da Natureza: nenhuma concessão a Rousseau)
Exacto, esse mesmo Wayne, cavalgadura ("Apocalypse Now", Coppola) que se notabilizou por uma tirada famosa: “que o extermínio dos “índios” nativos americanos foi um “mal necessário” face à imperiosa necessidade de conquista de espaço vital para a civilização”.

Ingmar Bergman, "O Sétimo Selo" – derrotar a morte num jogo de xadrez - nenhuma contemplação, guerra sem quartel contra os penitentes da ignorância mística
Roland Barthes, "The Death of the Author & From Work to Text". O fim do Autor como fundamento da evolução do mundo
.
Sem comentários:
Enviar um comentário