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sexta-feira, outubro 05, 2007

3 respostas ao Professor Vital Moreira àcerca da “democracia partidária” nos dois partidos únicos

Citando: “sem apoios à partida no aparelho partidário ou nas estruturas do poder, será dificil um candidato ter êxito” (...) há uma questão sistémica. Se, entre nós, os partidos politicos operam num sistema de governo de natureza essencialmente parlamentar, em que a escolha do chefe do governo resulta indirectamente das eleições parlamentares, por que é que os partidos politicos hão-de reger-se por um sistema de governo tipo presidencialista, baseado na eleição directa do lider e na sua proeminência absoluta no sistema de poder partidário?”
1. Pelo meio de tanta tinta que se gasta com tão ruins defuntos, acaba por se nos escapar o essencial: o processo de nomeação dos lideres partidários neoliberais foi sequestrado pelo modelo americano que constrói ilusões de liderança à revelia da vontade das bases – cerca de metade dos militantes do PSD escolheu ficar de fora desta “eleição”. Já tinha acontecido antes com o PS, no famoso caso de destituição da anterior liderança, aparecendo nomeado de seguida José Sócrates também por processos não transparentes. Na opção pelas directas, houve uma intenção deliberada anterior em captar o PS para um pré-determinado cumprimento de programa. Afinal, neste processo, para que é que servem os Congressos? apenas para espectáculo? Quem acha que o PS de Ferro Rodrigues e Ana Gomes servia às intenções de alinhamento incondicional com os ultra neocons de Washington e a Nato de Cavaco Silva?

não se esqueçam de nós!
2. Como diz VM, “as eleições directas constituem uma expressão de um movimento favorável à personificação do lider” e, no actual caso do PSD, forças exteriores ao partido determinaram que a opção mais conveniente fosse “a escolha” do populismo contra o governo, apresentando-o, ao lado das reinvindicações populares, demagogicamente pela esquerda. A esperança deles é esta: num país de maioria grunha, haverá sempre quem enfie a carapuça e faça retornar ao poder, para novas aventuras, o partido do Barroso amigo de criminosos de guerra, do Portas da medalha do Pentágono, da Manuela do défice e do apêndice Bagão que mandou às urtigas o código de trabalho.
3. Continua VM: “Nem se diga que, a nivel do sistema politico, também há a eleição directa do Presidente da República; as situações não são equiparáveis, visto que o Presidente não é titular do poder governativo, mas sim de um “poder moderador, de supervisão do funcionamento do sistema politico” – isto é mais ou menos verdade para consumo da opinião pública interna. Porém, como comandante-chefe das Forças Armadas é o Presidente que define a politica externa, de cujos alinhamentos a nivel internacional depende tudo o resto, ou seja, que condiciona de facto toda a politica interna. Para a tribo de Belém que trabalha activamente no essencial, Sócrates no governo é um grilo falante.

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