Se bem que a generalidade dos comentadores internacionais atribua à guerra do Iraque a causa de todos os males que vão estando na origem da desgraça americana – todos os candidatos inscritos no espectáculo eleiçoeiro do próximo ano concordam em que a política de continuidade da estabilização da invasão daquele importante país produtor de petróleo do Médio Oriente é para manter.
Todos concordam?, Não. Há um, pouco ou mesmo nada conhecido no exterior dos Estados Unidos, que vem afirmando frontalmente estar contra a impopularíssima politica de intervenção externa da que tem sido até aqui a única superpotência. Política essa que tem sido igualmente a causa da queda em desgraça de Bush e seus sequazes na opinião pública interna. Como se calcula e vai vendo, uma coisa é o imperialismo e as máscaras diplomáticas que lhe escondem os crimes a nível externo, outra coisa é o discurso mediático populista a nivel interno, que tenta dar resposta às aspirações mais profundas do americano médio que desespera por não ver voltar o país (melhor dito, seria conglomerado de Estados) à normalidade (que, de facto, nunca existiu, embora essa ideia de prosperidade lhes tenha sido induzida, à força e por via das desgraças alheias, enquanto o poderio militar deu boa conta da empresa). É no discurso declaradamente anti-guerra, para consumo das massas ignaras, que joga o candidato republicano Ron Paul – que aqui fica desde já apresentado como sendo a lebre do Sionismo na grande corrida de 2008.
Ron apoia uma política externa não-intervencionista para os EUA e defende o retorno imediato das tropas americanas que se encontram no Iraque. Até Julho de 2007, a sua campanha recebeu mais doações de empregados das forças armadas do que as de todos os outros candidatos juntos
Sabendo como os Sionistas são mestres em criar antagonismos fictícios, especializados em armar dois campos opostos (simples maniqueismo, para que toda a gente compreenda), enquanto subtraem lucros de ambos os lados, Ron Paul é a lebre ideal: apanha mais adeptos entre gente bem intencionada que os electrocutores de insectos dos pseudos democratas apanham moscas. A maior percentagem de potenciais eleitores, todos eles com doações individuais até 200 dólares são neste momento captadas por este “candidato”. Mas afinal quem é o bicho? - Ron Paul é versado em filosofia económica, ferrenho adepto da Escola Austríaca de Economia, sendo autor de vários livros sobre o assunto. Tem retratos de Friedrich von Hayek, Ludwig von Mises e Murray Rothbard pendurados na parede de seu escritório. Eis portanto um neoliberal puro – a politica do balão de ar sempre a encher seguida desde a década de 70, responsável pelo beco sem saída onde se encurralou o sonho americano.
Para se aquilatar das patranhas Sionistas dificeis de engolir por qualquer inteligência mediana, aqui fica uma resenha do momento de glória do candidato: um debate televisivo com outro republicano, o ex-chefe-dos-bombeiros-novaiorquinos-herói-do-11-de-Setembro-Giuliani
PAUL: Você já tentou discernir sobre os motivos pelos quais nos atacaram? Eles atacaram-nos porque nós estivemos lá. Bombardeámos o Iraque durante 10 anos. Estivemos no Oriente Médio durante muitos mais anos. Eu acho que [Ronald] Reagan estava certo. Nós não entendemos a irracionalidade da política do Oriente Médio. Agora mesmo, estamos a construir uma embaixada no Iraque que é maior que o Vaticano. Estamos construindo aí 14 bases permanentes. O que diríamos se a China estivesse a fazer isso no nosso país ou no Golfo do México? Nós estaríamos a protestar. Precisamos olhar para o que fazemos sob a perspectiva do que aconteceria se alguém fizesse isso connosco.
MODERADOR: O Sr. está sugerindo que os convidámos a fazer os ataques de 11 de Setembro?
PAUL: Estou sugerindo ouvirmos as pessoas que nos atacaram e as razões que os motivaram, e eles estão felizes por estarmos lá pois Osama bin Laden disse, "Estou contente por vocês estarem na nossa areia porque podemos atingí-los muito mais facilmente." Eles desde então já mataram mais de 4 mil dos nossos homens, e eu acho que isso foi desnecessário.
GIULIANI: Essa é uma afirmação extraordinária. Essa é uma afirmação extraordinária, para alguém que sobreviveu ao ataque de 11 de setembro, que nós os convidámos a atacar porque atacámos o Iraque.
PAUL: Eu acredito muito sinceramente que a CIA está correcta quando ensinam e falam sobre blowback. Quando fomos ao Irão em 1953 e instauramos o regime do Xá, sim, houve blowback. A reacção foi o sequestro dos reféns, e essa é uma sequela que persiste. E se nós ignorarmos isso, fazemo-lo sob nosso próprio risco. Se acharmos que podemos fazer o que quisermos pelo mundo fora sem incitar ao ódio, então temos um problema. Eles não vêm aqui atacar-nos porque somos ricos e livres, eles vêm e atacam-nos porque estivemos lá
.
Uma simples mistificação dos economistas da escola neoliberal norte-americana, fazendo tábua rasa da distinção entre o Valor de Uso e o Valor de Troca das mercadorias de Karl Marx em “O Capital” moldou o mundo do pós-guerra tal e qual o conhecemos. Neste sentido, só o Presente é nosso, não o momento passado nem aquele que aguardamos, porque um está destruido, e do outro, se não lutarmos, não sabemos se existirá.
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sexta-feira, agosto 31, 2007
quinta-feira, agosto 30, 2007
o caso Somague
depois deste blogue ter passado dois anos e picos a tentar passar a ideia de que nenhum dos partidos com assento parlamentar (onde só tem lugar quem assumir o jogo do neoliberalismo) poderá resolver a crise do capitalismo, eis que, em tudo o que é orgão de comunicação corporativa, os recados que vão sendo dados já vão coincidindo com as ideias aqui expressas,,,
"o Caso Somague mostra como o poder económico domina quase totalmente os centros de decisão em Portugal"
Honório Novo, Jornal de Notícias, 27 Agosto 2007
“Esperemos que, quando Durão Barroso der as explicações que tem a dar sobre este assunto, elas venham num português claro e incorrupto”
Riu Tavares, Público
“Os raquíricos 233 mil euros pagos ao PSD são obviamente a ponta do icebergue, de um sistema que vive há muitos anos de financiamentos e empresas que precisam do Estado e dos partidos para serem beneficiadas em negócios e protegidas da concorrência interna e externa”(...) o complexo empresarial salazarento nasceu e cresceu na ditadura, sobreviveu à revolução e está como peixe na água nesta democracia”
António Ribeiro Ferreira, Correio da Manhã, idem
“Ainda há muito a fazer pela liberdade em Portugal”
João Marques, C.M., ibidem
“Com a vitória de Cavaco Silva formou-se, entre o lobie de interesses que apoiam esta Presidência da República e o Governo do PS, uma espécie de Bloco Central ao mais alto nivel do Estado – cujo espaço de consonância e “cooperação institucional” é a radicalização das politicas anti-sociais decorrentes do Pacto de Estabilidade e Crescimento”
Fernando Rosas, 2006
"As “reformas” são impostas or Bruxelas – a direita, leia-se Cavaco, está encantada com este PS, que faz por ela o trabalho sujo. “A Direita tem no Governo “o veiculo ideal para satisfação dos seus objectivos. (...) O regime é hoje praticamente apolitico e tende a rejeitar tudo o que perturba a paz da rotina”
João Cravinho
“É estranho que o binómio PS/PSD que tem governado o país nos últimos 25 anos não queira assumir as despesas do novo debate de ideias”
Miguel Pacheco, Diário Económico, Agosto 2007
“Quem é politico e domesticável deve ser remetido para o escalão dos animais domésticos”
João Cravinho
“A falta de normas concretizadoras de normas pragmáticas (...) determina inscontitucionalidade por omissão. A violação por formas contrárias, directamente ou por revogação das normas concretizadoras, equivale a inconstitucionalidade por acção”
Prof. Jorge Miranda, in “Escritos Vários sobre Direitos Fundamentais” Edit. Princípia
“Alguns aspectos da turbulência politica a que temos vindo a assistir lembram irresistivelmente o PREC, agora engravatado, constitucional, e de sinal contrário”
Teodora Cardoso
"Se nada nos incomoda é porque estamos mortos"
Movimentos no Escuro, José Miguel Silva
“Temos de nos questionar quando o crescimento económico em Portugal ronda 1 por cento, o crescimento da Bolsa ronda os 20 por cento e os lucros dos Bancos aumentam 80 por cento (...) a Europa transformou-se no estopim de um barril de cólera (...) a crise do capitalismo é uma evidência, que nem os seus turiferários já ocultam”
Baptista Bastos, JN 25/11/2005
“Pedimos desculpa por esta democracia. A ditadura segue dentro de momentos”
frase anarquista grafitada nos muros de Lisboa em 1975
"o Caso Somague mostra como o poder económico domina quase totalmente os centros de decisão em Portugal"
Honório Novo, Jornal de Notícias, 27 Agosto 2007
“Esperemos que, quando Durão Barroso der as explicações que tem a dar sobre este assunto, elas venham num português claro e incorrupto”
Riu Tavares, Público
“Os raquíricos 233 mil euros pagos ao PSD são obviamente a ponta do icebergue, de um sistema que vive há muitos anos de financiamentos e empresas que precisam do Estado e dos partidos para serem beneficiadas em negócios e protegidas da concorrência interna e externa”(...) o complexo empresarial salazarento nasceu e cresceu na ditadura, sobreviveu à revolução e está como peixe na água nesta democracia”
António Ribeiro Ferreira, Correio da Manhã, idem
“Ainda há muito a fazer pela liberdade em Portugal”
João Marques, C.M., ibidem
“Com a vitória de Cavaco Silva formou-se, entre o lobie de interesses que apoiam esta Presidência da República e o Governo do PS, uma espécie de Bloco Central ao mais alto nivel do Estado – cujo espaço de consonância e “cooperação institucional” é a radicalização das politicas anti-sociais decorrentes do Pacto de Estabilidade e Crescimento”
Fernando Rosas, 2006
"As “reformas” são impostas or Bruxelas – a direita, leia-se Cavaco, está encantada com este PS, que faz por ela o trabalho sujo. “A Direita tem no Governo “o veiculo ideal para satisfação dos seus objectivos. (...) O regime é hoje praticamente apolitico e tende a rejeitar tudo o que perturba a paz da rotina”
João Cravinho
“É estranho que o binómio PS/PSD que tem governado o país nos últimos 25 anos não queira assumir as despesas do novo debate de ideias”
Miguel Pacheco, Diário Económico, Agosto 2007
“Quem é politico e domesticável deve ser remetido para o escalão dos animais domésticos”
João Cravinho
“A falta de normas concretizadoras de normas pragmáticas (...) determina inscontitucionalidade por omissão. A violação por formas contrárias, directamente ou por revogação das normas concretizadoras, equivale a inconstitucionalidade por acção”
Prof. Jorge Miranda, in “Escritos Vários sobre Direitos Fundamentais” Edit. Princípia
“Alguns aspectos da turbulência politica a que temos vindo a assistir lembram irresistivelmente o PREC, agora engravatado, constitucional, e de sinal contrário”
Teodora Cardoso
"Se nada nos incomoda é porque estamos mortos"
Movimentos no Escuro, José Miguel Silva
“Temos de nos questionar quando o crescimento económico em Portugal ronda 1 por cento, o crescimento da Bolsa ronda os 20 por cento e os lucros dos Bancos aumentam 80 por cento (...) a Europa transformou-se no estopim de um barril de cólera (...) a crise do capitalismo é uma evidência, que nem os seus turiferários já ocultam”
Baptista Bastos, JN 25/11/2005
“Pedimos desculpa por esta democracia. A ditadura segue dentro de momentos”
frase anarquista grafitada nos muros de Lisboa em 1975
quarta-feira, agosto 29, 2007
Carta Aberta a Charles Darwin
foto: Sebastião Salgado
Hélder Costa, dramaturgo e encenador de “A Barraca”
“Hesitei imenso em lhe escrever pois receio que lhe vá causar preocupações que possam agravar as suas enxaquecas e outro males físicos. Mas recordando a tenacidade intelectual com que defendeu as suas descobertas contra a ignorância reinante, achei que não merecia o silêncio com que se ocultam notícias desagradáveis a fraca gente.
Meu caro Darwin, o seu nome está na moda! Hoje, a paz no mundo está ameaçada pela agressão belicista à escala mundial por parte dos Estados Unidos da América. É verdade, meu caro Darwin, são os descendentes do Mayflower... quem diria? Mas há um dado novo: as armas, os satélites espiões, o napalm, a corrupção de Estados lacaios, a tortura, a droga, o gaz mortífero, tudo isso se revela insuficiente como provam as derrotas do Exército USA um pouco por toda a parte.
Então o que é necessário? Atacar as ideias, destruir os avanços da civilização, restaurar a boçalidade e o primitivismo, apostar na ignorância, no misticismo, no esoterismo. Para, mais facilmente, se manipular o povo-marionete. E é aqui que a sua teoria da evolução das espécies é combatida com o renascer da teoria do criacionismo. É verdade, meu caro Darwin! No seu tempo teve de se demitir da Sociedade Britânica de Geologia porque os seus colegas cientistas eram da Igreja Angelicana e acreditavam piamente na Bíblia e a Sociedade Linneana considerou o seu estudo e também o de Wallace sem algum interesse científico, mas a sua ideia fez o seu caminho e triunfou.
<Francisco Goya y Lucientes: o Macaco pinta o retrato ao Burro dando-lhe ares de Leão
No fim do século XIX Engels escreveu um pequeno texto fascinante – “O papel do trabalho na transformação do macaco em homem” – onde provava que o esforço de procurar alimentação ou a necessidade de defesa iam criando adaptações à mão, o que demonstrava que o trabalho era o verdadeiro motor do desenvolvimento. E foi com trabalho, com a observação, o empirismo, que os nossos antepassados primitivos descobriram a arte de semear e cultivar, o movimento das marés, da lua, inventaram o calendário, o dia, o mês, o ano, e mais investigação e mais estudo desenvolveram a Ciência, e assim reinventaram a vida. Os milhares de estudos que acabaram por provar que os seres vivos existiam devido a mudanças, transmutações, evoluções, e tudo tinha sido criado por fenómenos físicos, materiais, foram miraculosamente enterrados na poeira do tempo e substituidos por um acto misterioso, inacessivel, não comprovável, de um Deus desconhecido.
A ofensiva é grave, caricatural, disparatada, mas faz o seu caminho: nos EUA o criacionismo tem a sua praça forte em terras da Ku-Klux-Klan, é estudado nas Universidades, em vários Estados Darwin é proibido – assim como na Polónia e outras tentativas na Alemanha – abriram um “Museu” (um sítio onde se assiste ao vivo a aparições) em que Adão e Eva vivem com dinossauros (!), e defendem que a criação do mundo é ipsis verbis a narração do Génesis!
Para perceber a importância desta ofensiva contra o conhecimento e esclarecimento, talvez seja bom recordar o incêndio da biblioteca de Alexandria que provocou o retrocesso científico e cultural talvez de milhares de anos, o novo ataque, na Idade Média, da Inquisição e do radicalismo islâmico contra os ventos do progresso e do Iluminismo, e etc. etc. Hoje, com a descoberta do ADN e viagens interplanetárias surge – dir-se-ia oportunamente – o Criacionismo mais boçal!
Meu caro Darwin, deixe-me dedicar umas palavras a Emma, a sua querida mulher e companheira de luta que sempre defendeu o direito a ser religiosa, ao contrário do seu agnosticismo. Emma, note que este ataque da Religião contra a Ciência está a ser sublinhado com uma nova linha radical da Igreja Católica. O bispo Ratzinger, tristemente célebre por ter interrogado Leonardo Boff, da Teologia da Libertação, sentando-o na mesma cadeira onde Galileu tinha sido interrogado, é hoje o Papa Bento16. Criticou o criacionismo ipsi verbis, mas defendeu a existência de outras teorias além da de Darwin porque não era verificável, o latim volta a ser utilizado nas missas, e acabou de declarar que o catolicismo é a única religião verdadeira combatendo o ecumenismo religioso!
Felizmente, queridos Emma e Darwin, estas ofensivas contra a inteligência não estão a triunfar. Na esteira de Darwin e milhares de outros, muitos foram alertados e compreenderam que o TRABALHO actual é, mais do que nunca, esclarecer, discutir, polemizar, impedir o renascimento do obscurantismo. Para prevenir a Paz, ao contrário de prevenir a Guerra, basta saber que a IDEIA é mais importante que qualquer Arma.
Beijo-vos afectivamente”.
(texto publicado no Jornal de Letras, nº960 de 18 Julho/07)
terça-feira, agosto 28, 2007
a Preto e Branco
O pai de Barrack Obama nasceu no Quénia e, em boa hora emigrou para os States onde casou com uma americana branca. Conseguido o gene providencial, Obama, branco quanto baste, é agora uma história de sucesso: o mais sério candidato a nº 2 da presidenta Hilária – o politycal star system yankee, consoante a gravidade da crise de credibilidade, precisa sempre de um híbrido para lhe dar côr (e já agora a esperança de que vive a grande mole dos oprimidos, enquanto não morrem de desistência). Ontem tinha sido Colin Powell, anteontem Sidney Poitier, talvez mesmo o sargento Rutledge.
Longe destes filmes de orçamentos astronómicos, na distante terra-do-nunca da Mãe-África, o supracitado Quénia, vai entretanto grande alvoroço, a "Obamania"! – por via do êxito do chavalo Obama, não há cão nem gato, de entre algumas centenas ou mesmo milhares, que não ande a escavar fundo na árvore geneológica em busca da inesquecivel honra de pertencer à tribo dos Obamas, e talvez por essa via reinvindicar um qualquer prato de lentinhas servido a crédito por uma qualquer Fundação imaginária, talvez com o nome do avô Obama, prolixo marido de muitas mulheres boas parideiras como manda a tradição e a tusa africana. Nos antípodas do pai preto Obama, por aqui, pelo protectorado Portugal, reina quase igual euforia entre os bastardos, mas em branco: não há gato liberal nem cão neoliberal que não ambicione ser filho da mãe americana.
Espólio: utensilios em metais preciosos, joias em ouro e diamantes, recipientes emprenhadores - o guerreiro Bárbaro, ao abrigo da lei que vai conseguindo impôr, toma posse dos despojos obtidos na guerra
.
Longe destes filmes de orçamentos astronómicos, na distante terra-do-nunca da Mãe-África, o supracitado Quénia, vai entretanto grande alvoroço, a "Obamania"! – por via do êxito do chavalo Obama, não há cão nem gato, de entre algumas centenas ou mesmo milhares, que não ande a escavar fundo na árvore geneológica em busca da inesquecivel honra de pertencer à tribo dos Obamas, e talvez por essa via reinvindicar um qualquer prato de lentinhas servido a crédito por uma qualquer Fundação imaginária, talvez com o nome do avô Obama, prolixo marido de muitas mulheres boas parideiras como manda a tradição e a tusa africana. Nos antípodas do pai preto Obama, por aqui, pelo protectorado Portugal, reina quase igual euforia entre os bastardos, mas em branco: não há gato liberal nem cão neoliberal que não ambicione ser filho da mãe americana.
Espólio: utensilios em metais preciosos, joias em ouro e diamantes, recipientes emprenhadores - o guerreiro Bárbaro, ao abrigo da lei que vai conseguindo impôr, toma posse dos despojos obtidos na guerra
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segunda-feira, agosto 27, 2007
Expulso por um bom motivo!
Bertolt Brecht
Eu cresci como filho de gente abastada.
Meus pais puseram-me a usar colarinho branco,
e educaram-me no hábito de ser servido.
Ensinaram-me a dar ordens.
Mas quando já crescido, olhei à minha volta
Não me agradaram as pessoas da minha classe
e juntei-me à gente mais humilde.
Assim eles criaram um traidor,
ensinaram-lhe a sua arte,
e ele denunciou-os ao inimigo.
Sim, eu conto-lhes os seus segredos.
Fico entre o povo e explico
Como eles trapaceiam, e digo o que virá,
pois estou a par dos seus planos.
E o latim dos seus clérigos corruptos
Traduzo palavra por palavra em linguagem comum,
Então Deus revela-se uma farsa.
Tomo a balança da sua justiça
e mostro os pesos falsos.
Os seus informadores relatam
que me encontro entre os despossuídos,
quando tramam a revolta.
Eles me advertiram e apropriaram-se do
Que ganhei com meu trabalho.
E quando me corrigi eles tentaram caçar-me, mas
Em minha casa encontraram apenas escritos
que expunham as suas tramóias contra o povo.
Então enviaram-me uma ordem de prisão
Acusando-me de ter idéias baixas, isto é
As idéias da gente baixa.
Aonde vou sou marcado
Aos olhos dos proprietários.
Mas os espoliados lêem a ordem de prisão
E me oferecem abrigo. Você, dizem
Foi expulso por um bom motivo.
Eu cresci como filho de gente abastada.
Meus pais puseram-me a usar colarinho branco,
e educaram-me no hábito de ser servido.
Ensinaram-me a dar ordens.
Mas quando já crescido, olhei à minha volta
Não me agradaram as pessoas da minha classe
e juntei-me à gente mais humilde.
Assim eles criaram um traidor,
ensinaram-lhe a sua arte,
e ele denunciou-os ao inimigo.
Sim, eu conto-lhes os seus segredos.
Fico entre o povo e explico
Como eles trapaceiam, e digo o que virá,
pois estou a par dos seus planos.
E o latim dos seus clérigos corruptos
Traduzo palavra por palavra em linguagem comum,
Então Deus revela-se uma farsa.
Tomo a balança da sua justiça
e mostro os pesos falsos.
Os seus informadores relatam
que me encontro entre os despossuídos,
quando tramam a revolta.
Eles me advertiram e apropriaram-se do
Que ganhei com meu trabalho.
E quando me corrigi eles tentaram caçar-me, mas
Em minha casa encontraram apenas escritos
que expunham as suas tramóias contra o povo.
Então enviaram-me uma ordem de prisão
Acusando-me de ter idéias baixas, isto é
As idéias da gente baixa.
Aonde vou sou marcado
Aos olhos dos proprietários.
Mas os espoliados lêem a ordem de prisão
E me oferecem abrigo. Você, dizem
Foi expulso por um bom motivo.
sábado, agosto 25, 2007
sexta-feira, agosto 24, 2007
As causas da Crise Crónica - a Desproporção entre Produção e Consumo
Tom Thomas
A produção pode dividir-se arbritariamente em dois grandes ramos: a produção dos meios de produção (sector I) e a produção de bens de consumo (sector II). Mas é, evidentemente, este consumo final, essencialmente o das massas populares, que determina em última instância o equilibrio do conjunto, uma vez que a produção do sector I não pode encontrar a sua finalidade em si própria.
Ora o capital, necessariamente, desenvolve mais a produção geral do que o consumo final. Adiante diremos porquê, mas os lamentos dos capitalistas sobre a dificuldade de escoarem os seus produtos, as fábricas fechadas apesar de estarem em perfeito estado de funcionamento, ou os stocks de mercadorias não vendidas, destruídas ou vendidas ao desbarato, mostram-no com toda a evidência. O subconsumo é invocado com frequência como explicação para a crise. Nomeadamente pelos mistificadores keynesianos, que daí deduzem que bastaria aumentar as despesas públicas e a massa assalariada, ou mesmo só a massa salarial, para o consumo crescer e a produção também. Assim convergiriam harmoniosamente os reais interesses do capital e do trabalho, graças ao crescimento da dívida e da massa monetária em circulação!
Se quisermos ser sérios, no mínimo, não podemos falar de subconsumo sem falar de capital. Em absoluto, aquele não é um fenómeno específico deste. Mas o facto é que, antes dele, não havia destruições maciças de meios de trabalho e de mercadorias, a não ser nas guerras. Os meios de produção eram demasiado rudimentares, a produção era demasiado fraca e sensível ao mínimo imprevisto climático: donde a pobreza e as frequentes fomes. Esta penúria não era criada pelo sistema social; este apenas a agravava com os gastos sumptuários das camadas ociosas e parasitárias. No capitalismo dá-se o inverso. O subconsumo não é devido à insuficiência da capacidade produtiva; há, bem pelo contrário, consideráveis capacidades produtivas não utilizadas. Não é tanto o consumo excessivo das camadas superiores nem mesmo as despesas estatais monstruosas que reduzem o consumo das massas, mas sim o próprio modo de desenvolvimento do sistema, que induz uma contradição entre a produção e o consumo em geral, abrangendo todas as classes. O paradoxo monstruoso é tratar-se de um subconsumo puramente derivado da sua capacidade poara produzir cada vez mais mercadorias, cada vez mais variadas, com cada vez menos trabalho por unidade produzida. O paradoxo está em que, quanto mais ele produz assim, em massa e mais barato, maiores dificuldades tem para vender tudo, apesar de estarem longe de satisfeitas as necessidades de milhares de milhões de individuos, mesmo as mais elementares.
Como se vê, já não se trata aqui, de desproporções quantitativas entre ramos de profissões diferentes, provocadas pela cegueira anárquica dos produtores privados. E também não se trata do facto de se produzirem demasiados valores de uso, já que, no seu conjunto, as necessidades não estão satisfeitas. O problema é que se produzem demasiados valores de uso num sistema social que só os reconhece como valores de troca. Produzem-se demasiadas mercadorias sob forma de valores de troca, ou seja, mercadorias que se pretende vender a um preço que realize uma mais-valia, isto é, trabalho não pago. É essa mais valia que, ao apresentar-se como capital adicional, constitui o nó da relação sobreprodução- subconsumo, própria do capitalismo.
Aqui vamos introduzir na análise das crises uma determinação concreta, que é suplementar e fundamental em relação ao esquema mais abstracto da troca mercantil, M-D-M (mercadoria-dinheiro-mercadoria). É a determinação da troca por dinheiro, D-M-D, a qual se torna necessariamente uma troca para obter mais dinheiro, D-M-D2 (se não , não valeria a pena arriscar o D inicial), primeiro no comércio mercantil, depois no modo de produção capitalista por meio da extorção do trabalho não pago (a mais-valia), que é a diferença entre a quantidade de trabalho social fornecido pelo operário e a quantidade cujo equivalente ele recebe sob a forma de salário. Esta mais-valia aparece concretamente, como sabemos, sob a forma de lucro. E a taxa de lucro, que é a relação entre a mais valia e o capital investido (que se designa Mv/C), torna-se “a força motriz da produção capitalista e, nesta, só se produz o que pode ser produzido com lucro”. Isto toda a gente o sabe, e tem como resultado que, se o lucro cair, a produção cai também. A crise manifesta-se, portanto, sempre como a queda da produção e do lucro, o que é a mesma coisa, pois se trata de uma produção destinada a obter lucro.
Assim, no fenómeno que nos interessa (sub-consumo ou sobre-produção), a mistificação consiste em isolá-lo daquilo que é a finalidade mesma da produção capitalista: o lucro. Assim se oculta o facto de a sobreprodução ser, apenas, uma sobreprodução de mercadorias que não podem ser vendidas com lucro, com a realização de mais-valia, ou seja, da quantidade de trabalho gratuito que elas contêm. Marx resumiu muito bem a natureza relativa do fenómeno: “Não se produzem demasiadas subsistências proporcionalmente à população existente. Pelo contrário. Produzem-se demasiado poucas para satisfazer decente e humanamente a massa da população. Mas produzem-se periodicamente demasiados meios de trabalho e subsistências para os poder fazer funcionar como meios de exploração dos operários com uma certa taxa de lucro”
Na realidade, o problema que se apresenta como uma desproporção entre produção e consumo é, no fundo, o seguinte: ele manifesta que a unidade inevitável produção-consumo só pode realizar-se, no capitalismo, quando sujeita à determinação fundamental deste sistema, o lucro. Produção e consumo são as duas faces da mesma moeda que, por simplificação, se chama processo de produção. Mas se considerarmos que se trata, não de produção em geral, mas de produção de mais valia, a qual é apropriada pelo capital e vai juntar-se ao capital inicial reproduzido para se integrar num novo ciclo de valorização, então percebe-se que este processo não diz respeito ao consumo em si mesmo, às necessidades das pessoas, mas é um processo de acumulação. A acumulação constitui o princípio de reprodução do capital, do seu desenvolvimento, o qual é necessariamente um crescimento conjunto da produção e do consumo. Mas não ao mesmo ritmo. Porque este movimento inexorável da acumulação capitalista é o alicerce dos mecanismos gerais que conduzem, efectivamente, a uma sobreprodução de mercadorias, de meios de produção, numa palavra, de capital sob as suas diversas formas, e, ao mesmo tempo, a um subconsumo relativo, a uma pauperização relativa (que se pode tranformar em miséria absoluta) das massas populares.
Neste ponto da explicação, podemos já perceber que a possibilidade concreta da crise de sobreprodução é induzida pela necessidade que todo o capitalista tem, não apenas de limitar o mais possivel a massa salarial, e portanto o consumo operário, a fim de produzir o máximo de mais-valia, mas, além disso, de reconverter essa mais-valia em meios de produção suplementares, em vez de a consumir ele próprio (supondo que poderia gastá-la toda, mesmo se quisesse). Se o capitalista não trabalhar pela existência do capital, acumulando-o, a concorrência virá lembrar-lhe que tem de o fazer. Pois, se não aumentasse incessantemente a produção, se não conseguisse aumentos de produtividade investindo nas tecnologias com maior desempenho, se não mantivesse a maior taxa de lucro possivel, desapareceria. O capital que ele representa iria investir-se noutro sítio em melhores condições de rentabilidade. Ou então seria desvalorizado e comprado a baixo preço por concorrentes mais poderosos. Ou, ainda, seria simplesmente eliminado, destruído. É por isso aliás, qua a análise das relações concretas entre produção e consumo tem de levar em conta a concorrência, que obriga todo o capitalista, ao mesmo tempo, a desenvolver ao máximo as forças produtivas e a diminuir o mais possivel a massa salarial.
Ao fazê-lo, cada capitalista contribui activamente para o drama do capital social, geral, porque se empenha em diminuir continuamente a parte do trabalho vivo relativamente à das máquinas, no processo de produção que dirige. Bem gostaria ele que os outros o não imitassem, para que os operários deles consumissem mais os seus produtos. Mas não há volta a dar-lhe: todos eles têm de agir assim e o policiamento da concorrência encarrega-se de lho lembrar. A diminuição da parte do produto social que reverte para os salários, relativamente à que reverte para o capital (reprodução, ou amortização, do capital fixo acrescentada com a mais-valia) é uma observação de que os economistas de esquerda usam e abusam para criticar o “liberalismo” (expressão muitissimo vaga, que está na moda para eles condenarem, não o capitalismo, mas tão só a sua má gestão pelo Estado). Todavia, é evidente que, com ou sem liberalismo, quanto mais crescer a parte do capital constante no valor produzido, mais tem de aumentar a parte do produto que lhe caberá, seja para o reconstituir, seja para manter a taxa de lucro. O que foi perfeitamente descrito por Marx: “Com a progressão da produtividade do trabalho social, e uma vez que esta é acompanhada pelo crescimento do capital constante, uma parte relativamente crescente do produto anual do trabalho caberá também ao capital enquanto tal; daí resulta que a propriedade do capital (independentemente do seu rendimento) aumentará constantemente, e que a prporção de valor criada pelo operário individual (e mesmo pela classe operária) diminuirá cada vez mais em relação ao produto do seu trabalho passado, que agora se lhes apresenta sob a forma de capital”
Esta tendência manifesta-se de forma constante, uma vez que a busca permanente de ganhos de produtividade é evidentemente acompanhada por um crescimento mais rápido do capital fixo (as máquinas) e do consumo de matérias-primas do que o do capital variável, o trabalho vivo. Não há, portanto, nada que se possa considerar anormal, pelo menos no sistema capitalista, em factos tais como “a parte dos salários na riqueza nacional caiu de 76,6% em 1980, para 68% nos dias de hoje”. O contrário é que seria anormal – e podemos estar certos de que não acontecerá, sejam quais forem os votos dos nossos críticos de salão pela melhoria da parte que cabe aos salários.
Mas esta constatação é apenas a manifestação de um crescimento das forças produtivas mais rápido do que a massa salarial. Devido à corrida de cada capitalista atrás dos ganhos de produtividade e do aumento de produção na mira de maximizar os seus lucros, o capitalismo induz uma tendência para o desenvolvimento ilimitado da produção mas, ao mesmo tempo, para um crescimento menor (senão mesmo uma possivel diminuição, a partir de certo nivel de mecanização) do consumo final – e também, por isso mesmo, como reflexo, do consumo de meios de produção. Estes últimos ficam periodicamente parados, sem uso, ou então em excesso, e desvalorizados enquanto capital, ou são até enviados maciçamente para a sucata quando das crises (em que se dá uma destruição brutal de meios em bom estado de funcionar, o que é diferente da renovação progressiva devida ao desgaste ou aos progressos técnicos). Donde esta observação de Marx: “A razão última de toda a verdadeira crise é sempre a pobreza e a limitação do consumo das massas, perante a tendência da produção capitalista para desenvolver as forças produtivas como se o seu único limite fosse a capacidade de consumo absoluta da sociedade”.
Esta citação foi usada mil vezes por todos aqueles que pretendem servir-se de Marx para explicar a crise apenas como consequência da avidez dos capitalistas que se recusam a aumentar os salários, impedindo assim a reactivação do consumo, do investimento e do emprego. Mas esta é a estupidez de sempre, que pretende separar o subconsumo da relação causal que o liga ao modo de produção. De resto, Marx já respondera a este género de “marxistas” que é pura tautologia (1) dizer-se que as mercadorias se venderiam melhor se houvesse mais compradores que as pudessem pagar. E acrescentava que é tanto mais estúpido pretender que “este inconveniente (a falta de compradores) se ultrapassaria com o crescimento do seu salário (da classe operária)”, quando “basta reparar que as crises são sempre preparadas precisamente por um periodo de subida geral dos salários... Do ponto de vista destes cavaleiros que terçam lanças em favor do “simples” (!) bom senso, este periodo deveria, pelo contrário, afastar a crise... A produção capitalista implica condições que nada têm a ver com a boa ou má vontade”.
Acentuemos, portanto, uma vez mais, que, inclusivé para Marx, “a limitação do consumo das massas” só pode ser considerada “a causa última” da crise à luz da (ou relativamente à) tendência ilimitada do capitalismo para o desenvolvimento das forças produtivas. Que essa causa última decorre do desenvolvimento paradoxal das forças produtivas, o qual, fundado na produção de mais valia, choca de modo contraditório com o próprio meio que utiliza para aumentá-la: os ganhos de produtividade obtidos pela substituição de trabalho vivo por trabalho morto, as máquinas cada vez mais automatizadas.
Em suma, o termo “causa última” remete-nos ao mesmo tempo para a sobreprodução de meios de produção e para o subconsumo final que inevitavelmente o acompanha. Remete-nos, pois, para a relação de apropriação de mais-valia, para o modo de existência do capital, de cada capital em particular, como sendo a corrida para a acumulação que tal relação implica. O escândalo reside nesse subconsumo porque, contrariamente aos periodos precedentes, ele não tem estritamente nada de natural; ao contrário, cresce ao mesmo tempo que a produção de riquezas e a facilidade em as produzir. Assim, a crise deve suscitar, não a codenação do desenvolvimento da produção resultante do rogresso cientifico e tecnológico, mas sim a do subconsumo, porque este é uma criação puramente artificial. Por isso Marx lhe dá o relevo que dá. Porque, embora relacionado com a sobreprodução, é o subconsumo que condena o capitalismo no plano moral – e sobretudo, na prática, ao alimentar a luta do proletariado. Ao passo que, pelo contrário, o desenvolvimento das forças produtivas, da ciência e das suas aplicações tecnológicas é o seu lado positivo (2) – uma condição potencialmente realizada para abolir o subconsumo, ou seja, para abolir a relação de apropriação privada que está na origem de tudo isto, e desta contradição produção-consumo em particular.
Notas:
(1) “Tautologia” – Redundância, ou pleonasmo, ou a mesma ideia expressa por palavras diferentes.
(2) Em toda esta passagem, o desenvolvimento das forças produtivas só é examinado na generalidade. Escusado será dizer que o desenvolvimento tem de ser posto em causa, tanto nas suas orientações e aplicações, muitas vezes nefastas, como nas suas modalidades sociais – a alienação do trabalho de execução perante, em particular, os poderes intelectuais
.
A produção pode dividir-se arbritariamente em dois grandes ramos: a produção dos meios de produção (sector I) e a produção de bens de consumo (sector II). Mas é, evidentemente, este consumo final, essencialmente o das massas populares, que determina em última instância o equilibrio do conjunto, uma vez que a produção do sector I não pode encontrar a sua finalidade em si própria.
Ora o capital, necessariamente, desenvolve mais a produção geral do que o consumo final. Adiante diremos porquê, mas os lamentos dos capitalistas sobre a dificuldade de escoarem os seus produtos, as fábricas fechadas apesar de estarem em perfeito estado de funcionamento, ou os stocks de mercadorias não vendidas, destruídas ou vendidas ao desbarato, mostram-no com toda a evidência. O subconsumo é invocado com frequência como explicação para a crise. Nomeadamente pelos mistificadores keynesianos, que daí deduzem que bastaria aumentar as despesas públicas e a massa assalariada, ou mesmo só a massa salarial, para o consumo crescer e a produção também. Assim convergiriam harmoniosamente os reais interesses do capital e do trabalho, graças ao crescimento da dívida e da massa monetária em circulação!
Se quisermos ser sérios, no mínimo, não podemos falar de subconsumo sem falar de capital. Em absoluto, aquele não é um fenómeno específico deste. Mas o facto é que, antes dele, não havia destruições maciças de meios de trabalho e de mercadorias, a não ser nas guerras. Os meios de produção eram demasiado rudimentares, a produção era demasiado fraca e sensível ao mínimo imprevisto climático: donde a pobreza e as frequentes fomes. Esta penúria não era criada pelo sistema social; este apenas a agravava com os gastos sumptuários das camadas ociosas e parasitárias. No capitalismo dá-se o inverso. O subconsumo não é devido à insuficiência da capacidade produtiva; há, bem pelo contrário, consideráveis capacidades produtivas não utilizadas. Não é tanto o consumo excessivo das camadas superiores nem mesmo as despesas estatais monstruosas que reduzem o consumo das massas, mas sim o próprio modo de desenvolvimento do sistema, que induz uma contradição entre a produção e o consumo em geral, abrangendo todas as classes. O paradoxo monstruoso é tratar-se de um subconsumo puramente derivado da sua capacidade poara produzir cada vez mais mercadorias, cada vez mais variadas, com cada vez menos trabalho por unidade produzida. O paradoxo está em que, quanto mais ele produz assim, em massa e mais barato, maiores dificuldades tem para vender tudo, apesar de estarem longe de satisfeitas as necessidades de milhares de milhões de individuos, mesmo as mais elementares.
Como se vê, já não se trata aqui, de desproporções quantitativas entre ramos de profissões diferentes, provocadas pela cegueira anárquica dos produtores privados. E também não se trata do facto de se produzirem demasiados valores de uso, já que, no seu conjunto, as necessidades não estão satisfeitas. O problema é que se produzem demasiados valores de uso num sistema social que só os reconhece como valores de troca. Produzem-se demasiadas mercadorias sob forma de valores de troca, ou seja, mercadorias que se pretende vender a um preço que realize uma mais-valia, isto é, trabalho não pago. É essa mais valia que, ao apresentar-se como capital adicional, constitui o nó da relação sobreprodução- subconsumo, própria do capitalismo.
Aqui vamos introduzir na análise das crises uma determinação concreta, que é suplementar e fundamental em relação ao esquema mais abstracto da troca mercantil, M-D-M (mercadoria-dinheiro-mercadoria). É a determinação da troca por dinheiro, D-M-D, a qual se torna necessariamente uma troca para obter mais dinheiro, D-M-D2 (se não , não valeria a pena arriscar o D inicial), primeiro no comércio mercantil, depois no modo de produção capitalista por meio da extorção do trabalho não pago (a mais-valia), que é a diferença entre a quantidade de trabalho social fornecido pelo operário e a quantidade cujo equivalente ele recebe sob a forma de salário. Esta mais-valia aparece concretamente, como sabemos, sob a forma de lucro. E a taxa de lucro, que é a relação entre a mais valia e o capital investido (que se designa Mv/C), torna-se “a força motriz da produção capitalista e, nesta, só se produz o que pode ser produzido com lucro”. Isto toda a gente o sabe, e tem como resultado que, se o lucro cair, a produção cai também. A crise manifesta-se, portanto, sempre como a queda da produção e do lucro, o que é a mesma coisa, pois se trata de uma produção destinada a obter lucro.
Assim, no fenómeno que nos interessa (sub-consumo ou sobre-produção), a mistificação consiste em isolá-lo daquilo que é a finalidade mesma da produção capitalista: o lucro. Assim se oculta o facto de a sobreprodução ser, apenas, uma sobreprodução de mercadorias que não podem ser vendidas com lucro, com a realização de mais-valia, ou seja, da quantidade de trabalho gratuito que elas contêm. Marx resumiu muito bem a natureza relativa do fenómeno: “Não se produzem demasiadas subsistências proporcionalmente à população existente. Pelo contrário. Produzem-se demasiado poucas para satisfazer decente e humanamente a massa da população. Mas produzem-se periodicamente demasiados meios de trabalho e subsistências para os poder fazer funcionar como meios de exploração dos operários com uma certa taxa de lucro”
Na realidade, o problema que se apresenta como uma desproporção entre produção e consumo é, no fundo, o seguinte: ele manifesta que a unidade inevitável produção-consumo só pode realizar-se, no capitalismo, quando sujeita à determinação fundamental deste sistema, o lucro. Produção e consumo são as duas faces da mesma moeda que, por simplificação, se chama processo de produção. Mas se considerarmos que se trata, não de produção em geral, mas de produção de mais valia, a qual é apropriada pelo capital e vai juntar-se ao capital inicial reproduzido para se integrar num novo ciclo de valorização, então percebe-se que este processo não diz respeito ao consumo em si mesmo, às necessidades das pessoas, mas é um processo de acumulação. A acumulação constitui o princípio de reprodução do capital, do seu desenvolvimento, o qual é necessariamente um crescimento conjunto da produção e do consumo. Mas não ao mesmo ritmo. Porque este movimento inexorável da acumulação capitalista é o alicerce dos mecanismos gerais que conduzem, efectivamente, a uma sobreprodução de mercadorias, de meios de produção, numa palavra, de capital sob as suas diversas formas, e, ao mesmo tempo, a um subconsumo relativo, a uma pauperização relativa (que se pode tranformar em miséria absoluta) das massas populares.
Neste ponto da explicação, podemos já perceber que a possibilidade concreta da crise de sobreprodução é induzida pela necessidade que todo o capitalista tem, não apenas de limitar o mais possivel a massa salarial, e portanto o consumo operário, a fim de produzir o máximo de mais-valia, mas, além disso, de reconverter essa mais-valia em meios de produção suplementares, em vez de a consumir ele próprio (supondo que poderia gastá-la toda, mesmo se quisesse). Se o capitalista não trabalhar pela existência do capital, acumulando-o, a concorrência virá lembrar-lhe que tem de o fazer. Pois, se não aumentasse incessantemente a produção, se não conseguisse aumentos de produtividade investindo nas tecnologias com maior desempenho, se não mantivesse a maior taxa de lucro possivel, desapareceria. O capital que ele representa iria investir-se noutro sítio em melhores condições de rentabilidade. Ou então seria desvalorizado e comprado a baixo preço por concorrentes mais poderosos. Ou, ainda, seria simplesmente eliminado, destruído. É por isso aliás, qua a análise das relações concretas entre produção e consumo tem de levar em conta a concorrência, que obriga todo o capitalista, ao mesmo tempo, a desenvolver ao máximo as forças produtivas e a diminuir o mais possivel a massa salarial.
Ao fazê-lo, cada capitalista contribui activamente para o drama do capital social, geral, porque se empenha em diminuir continuamente a parte do trabalho vivo relativamente à das máquinas, no processo de produção que dirige. Bem gostaria ele que os outros o não imitassem, para que os operários deles consumissem mais os seus produtos. Mas não há volta a dar-lhe: todos eles têm de agir assim e o policiamento da concorrência encarrega-se de lho lembrar. A diminuição da parte do produto social que reverte para os salários, relativamente à que reverte para o capital (reprodução, ou amortização, do capital fixo acrescentada com a mais-valia) é uma observação de que os economistas de esquerda usam e abusam para criticar o “liberalismo” (expressão muitissimo vaga, que está na moda para eles condenarem, não o capitalismo, mas tão só a sua má gestão pelo Estado). Todavia, é evidente que, com ou sem liberalismo, quanto mais crescer a parte do capital constante no valor produzido, mais tem de aumentar a parte do produto que lhe caberá, seja para o reconstituir, seja para manter a taxa de lucro. O que foi perfeitamente descrito por Marx: “Com a progressão da produtividade do trabalho social, e uma vez que esta é acompanhada pelo crescimento do capital constante, uma parte relativamente crescente do produto anual do trabalho caberá também ao capital enquanto tal; daí resulta que a propriedade do capital (independentemente do seu rendimento) aumentará constantemente, e que a prporção de valor criada pelo operário individual (e mesmo pela classe operária) diminuirá cada vez mais em relação ao produto do seu trabalho passado, que agora se lhes apresenta sob a forma de capital”
Esta tendência manifesta-se de forma constante, uma vez que a busca permanente de ganhos de produtividade é evidentemente acompanhada por um crescimento mais rápido do capital fixo (as máquinas) e do consumo de matérias-primas do que o do capital variável, o trabalho vivo. Não há, portanto, nada que se possa considerar anormal, pelo menos no sistema capitalista, em factos tais como “a parte dos salários na riqueza nacional caiu de 76,6% em 1980, para 68% nos dias de hoje”. O contrário é que seria anormal – e podemos estar certos de que não acontecerá, sejam quais forem os votos dos nossos críticos de salão pela melhoria da parte que cabe aos salários.
Mas esta constatação é apenas a manifestação de um crescimento das forças produtivas mais rápido do que a massa salarial. Devido à corrida de cada capitalista atrás dos ganhos de produtividade e do aumento de produção na mira de maximizar os seus lucros, o capitalismo induz uma tendência para o desenvolvimento ilimitado da produção mas, ao mesmo tempo, para um crescimento menor (senão mesmo uma possivel diminuição, a partir de certo nivel de mecanização) do consumo final – e também, por isso mesmo, como reflexo, do consumo de meios de produção. Estes últimos ficam periodicamente parados, sem uso, ou então em excesso, e desvalorizados enquanto capital, ou são até enviados maciçamente para a sucata quando das crises (em que se dá uma destruição brutal de meios em bom estado de funcionar, o que é diferente da renovação progressiva devida ao desgaste ou aos progressos técnicos). Donde esta observação de Marx: “A razão última de toda a verdadeira crise é sempre a pobreza e a limitação do consumo das massas, perante a tendência da produção capitalista para desenvolver as forças produtivas como se o seu único limite fosse a capacidade de consumo absoluta da sociedade”.
Esta citação foi usada mil vezes por todos aqueles que pretendem servir-se de Marx para explicar a crise apenas como consequência da avidez dos capitalistas que se recusam a aumentar os salários, impedindo assim a reactivação do consumo, do investimento e do emprego. Mas esta é a estupidez de sempre, que pretende separar o subconsumo da relação causal que o liga ao modo de produção. De resto, Marx já respondera a este género de “marxistas” que é pura tautologia (1) dizer-se que as mercadorias se venderiam melhor se houvesse mais compradores que as pudessem pagar. E acrescentava que é tanto mais estúpido pretender que “este inconveniente (a falta de compradores) se ultrapassaria com o crescimento do seu salário (da classe operária)”, quando “basta reparar que as crises são sempre preparadas precisamente por um periodo de subida geral dos salários... Do ponto de vista destes cavaleiros que terçam lanças em favor do “simples” (!) bom senso, este periodo deveria, pelo contrário, afastar a crise... A produção capitalista implica condições que nada têm a ver com a boa ou má vontade”.
Acentuemos, portanto, uma vez mais, que, inclusivé para Marx, “a limitação do consumo das massas” só pode ser considerada “a causa última” da crise à luz da (ou relativamente à) tendência ilimitada do capitalismo para o desenvolvimento das forças produtivas. Que essa causa última decorre do desenvolvimento paradoxal das forças produtivas, o qual, fundado na produção de mais valia, choca de modo contraditório com o próprio meio que utiliza para aumentá-la: os ganhos de produtividade obtidos pela substituição de trabalho vivo por trabalho morto, as máquinas cada vez mais automatizadas.
Em suma, o termo “causa última” remete-nos ao mesmo tempo para a sobreprodução de meios de produção e para o subconsumo final que inevitavelmente o acompanha. Remete-nos, pois, para a relação de apropriação de mais-valia, para o modo de existência do capital, de cada capital em particular, como sendo a corrida para a acumulação que tal relação implica. O escândalo reside nesse subconsumo porque, contrariamente aos periodos precedentes, ele não tem estritamente nada de natural; ao contrário, cresce ao mesmo tempo que a produção de riquezas e a facilidade em as produzir. Assim, a crise deve suscitar, não a codenação do desenvolvimento da produção resultante do rogresso cientifico e tecnológico, mas sim a do subconsumo, porque este é uma criação puramente artificial. Por isso Marx lhe dá o relevo que dá. Porque, embora relacionado com a sobreprodução, é o subconsumo que condena o capitalismo no plano moral – e sobretudo, na prática, ao alimentar a luta do proletariado. Ao passo que, pelo contrário, o desenvolvimento das forças produtivas, da ciência e das suas aplicações tecnológicas é o seu lado positivo (2) – uma condição potencialmente realizada para abolir o subconsumo, ou seja, para abolir a relação de apropriação privada que está na origem de tudo isto, e desta contradição produção-consumo em particular.
Notas:
(1) “Tautologia” – Redundância, ou pleonasmo, ou a mesma ideia expressa por palavras diferentes.
(2) Em toda esta passagem, o desenvolvimento das forças produtivas só é examinado na generalidade. Escusado será dizer que o desenvolvimento tem de ser posto em causa, tanto nas suas orientações e aplicações, muitas vezes nefastas, como nas suas modalidades sociais – a alienação do trabalho de execução perante, em particular, os poderes intelectuais
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quinta-feira, agosto 23, 2007
Madame Butterfly
Decorrem os primeiros anos do século XX . Um jovem oficial americano, de seu nome Pinkerton, cumprindo serviço militar no Japão, à luz dos costumes locais compra uma casa, em cujo preço se inclui, para seu uso pessoal, uma jovem rapariga, que toma como noiva. Passado pouco tempo Pinkerton, por obrigação do ofício, regressa aos Estados Unidos, após o que, Cio-Cio-San, de seu nome diminuitivo “Borboleta”, dá à luz uma criança e, paciente e devotadamente, espera que o seu marido volte. Finalmente Pinkerton regressa – com a sua nova mulher americana. Vem buscar o menino para viver com a sua nova família.
Esta pequena parábola dramática, que deu nome a uma ópera famosa, "Madame Butterfly", (encenada e adaptada anos mais tarde a outros dramas mais contemporâneos no West End londrino como “Miss Saigão”), dá total razão à teoria do Caos: quando uma borboleta bate as asas no Oriente os efeitos fazem-se sentir no hemisfério oposto – e é o retrato fiel e a prova chapada de que, primeiro o colonialismo e depois o imperialismo, a que agora se usa chamar globalização, afinal existem – quanto mais não seja nos teatros de ópera, para consumo das élites. Concluindo, quem não tem estatuto para frequentar a cultura das élites, regra geral nega a pés juntos que o imperialismo ainda exista. Excepção feita , como é evidente, se o americano quando se dirige a qualquer lado para adquirir casa, levar uma espingarda a tiracolo; ou melhor ainda, se encomendar a aquisição do imobiliário a militares estrangeiros usando os lucros extorquidos às próprias populações locais – que por ausência de representantes politicos legítimos estão privadas de tomar conhecimento daquilo que é melhor para elas.
McDolar, música pelos Ska-P
dedicado aos McShiters, os consumidores desta merda
Decorrem os primeiros anos do século XX . Um jovem oficial americano, de seu nome Pinkerton, cumprindo serviço militar no Japão, à luz dos costumes locais compra uma casa, em cujo preço se inclui, para seu uso pessoal, uma jovem rapariga, que toma como noiva. Passado pouco tempo Pinkerton, por obrigação do ofício, regressa aos Estados Unidos, após o que, Cio-Cio-San, de seu nome diminuitivo “Borboleta”, dá à luz uma criança e, paciente e devotadamente, espera que o seu marido volte. Finalmente Pinkerton regressa – com a sua nova mulher americana. Vem buscar o menino para viver com a sua nova família.
Esta pequena parábola dramática, que deu nome a uma ópera famosa, "Madame Butterfly", (encenada e adaptada anos mais tarde a outros dramas mais contemporâneos no West End londrino como “Miss Saigão”), dá total razão à teoria do Caos: quando uma borboleta bate as asas no Oriente os efeitos fazem-se sentir no hemisfério oposto – e é o retrato fiel e a prova chapada de que, primeiro o colonialismo e depois o imperialismo, a que agora se usa chamar globalização, afinal existem – quanto mais não seja nos teatros de ópera, para consumo das élites. Concluindo, quem não tem estatuto para frequentar a cultura das élites, regra geral nega a pés juntos que o imperialismo ainda exista. Excepção feita , como é evidente, se o americano quando se dirige a qualquer lado para adquirir casa, levar uma espingarda a tiracolo; ou melhor ainda, se encomendar a aquisição do imobiliário a militares estrangeiros usando os lucros extorquidos às próprias populações locais – que por ausência de representantes politicos legítimos estão privadas de tomar conhecimento daquilo que é melhor para elas.
McDolar, música pelos Ska-P
dedicado aos McShiters, os consumidores desta merda
quarta-feira, agosto 22, 2007
allgaraviada transgénica
A União Europeia legislou no sentido de servir os interesses das empresas multinacionais, (a maioria das quais, como a Monsanto, são de origem norte- americana, país que produz metade do milho mundial), admitindo a plantação de OGM`s, limpando-os com um parecer comprado à Organização Mundial de Saúde. O Estado Português adoptou essa legislação ao arrepio de qualquer debate sonegando informação à população. Actualmente já existem 4 mil hectares dessas culturas, pese que “a lei” de 2005 que autoriza o cultivo de cereais transgénicos em Portugal não delimita regras de segurança efectivas para evitar contaminações pela separação clara de outras culturas. Existe toda a legitimidade para pensar que o processo de implementação deste tipo de culturas é ilegal porque foi levado a cabo à revelia da vontade dos cidadãos nacionais, que para todos os efeitos não foram ouvidos nem achados para nada. Estávamos nisto, quando um pacóvio de Silves concluiu abruptamente que tinha sido enganado pelo fornecedor quando o aliciou a plantar aquele tipo de porcaria. A destruição de milho transgénico levada a cabo pelos voluntariosos jovens da Ecotopia, (Gaia, Acção e Intervenção Ambiental) um grupo oriundo da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa – com o apoio do IPJ, Instituto Português da Juventude, desperta a sociedade para o problema.
Uma das mais antigas organizações que contestam a cultura de OGM em Portugal, a “Plataforma Transgénicos Fora do Prato” disse a propósito: “não nos revemos nos métodos mas compreendemos os motivos. Há anos que nós contestamos os OGM com razoabilidade e nunca conseguimos nada parecido com este mediatismo”. E por a´abaixo. A zelosa Quercus demarcou-se do grupo que atacou o campo de milho marado considerando que foi uma “acção excessiva”; e o côro dos coiotes do regime, com o eurodeputado VGMoura à cabeça, invectivaram o movimento “Verde Eufêmia” de abutres para cima. Afinal parece que o grande problema é a propriedade privada – nem mais, Portugal inteirinho transformou-se numa imensa propriedade privada daqueles poucos que decidem quais são as leis e a favor de quem elas se aplicam. Aliás, segundo um dito popular que por aí corre, “se as eleições resolvessem alguma coisa já tinham de há muito sido proibidas”. Instado pelo sururu das bases o Presidente da República mandou, pessoalmente, o recado ao Governo: “A violação da propriedade privada é uma violação da lei (...) e não podem restar quaisquer dúvidas de que a lei é para ser cumprida (...) quem tem o poder para a fazer cumprir não pode deixar de utilizá-lo”
Só para que se entenda aquilo a que se faz referência quando se fala dos governos dos politicos ao serviço dos interesses económicos das multinacionais, saiba-se que Sua Excelência é, ele próprio, um dos primeiros produtos transgénicos nacionais, um hibrido com origens paternas no homem da bomba de gasolina, alma mater do nóvel austrolopiteco automobilis, cruzado com a revolução cinzenta do betão dos anos 60 que destruiu de vez a cultura algarvia como algo identificável na paisagem. Parece-nos relevante que o tipo de funcionários do capitalismo internacional, como “o nosso” Presidente, quando homenageia os Autarcas de Albufeira – mostrem claramente a predisposição generalizada para se aceitar todos os investimentos que surgem sem olhar a custos ambientais desde que lhes deixe algum. Azar dos portugueses, que residem na coutada
.
Uma das mais antigas organizações que contestam a cultura de OGM em Portugal, a “Plataforma Transgénicos Fora do Prato” disse a propósito: “não nos revemos nos métodos mas compreendemos os motivos. Há anos que nós contestamos os OGM com razoabilidade e nunca conseguimos nada parecido com este mediatismo”. E por a´abaixo. A zelosa Quercus demarcou-se do grupo que atacou o campo de milho marado considerando que foi uma “acção excessiva”; e o côro dos coiotes do regime, com o eurodeputado VGMoura à cabeça, invectivaram o movimento “Verde Eufêmia” de abutres para cima. Afinal parece que o grande problema é a propriedade privada – nem mais, Portugal inteirinho transformou-se numa imensa propriedade privada daqueles poucos que decidem quais são as leis e a favor de quem elas se aplicam. Aliás, segundo um dito popular que por aí corre, “se as eleições resolvessem alguma coisa já tinham de há muito sido proibidas”. Instado pelo sururu das bases o Presidente da República mandou, pessoalmente, o recado ao Governo: “A violação da propriedade privada é uma violação da lei (...) e não podem restar quaisquer dúvidas de que a lei é para ser cumprida (...) quem tem o poder para a fazer cumprir não pode deixar de utilizá-lo”
Só para que se entenda aquilo a que se faz referência quando se fala dos governos dos politicos ao serviço dos interesses económicos das multinacionais, saiba-se que Sua Excelência é, ele próprio, um dos primeiros produtos transgénicos nacionais, um hibrido com origens paternas no homem da bomba de gasolina, alma mater do nóvel austrolopiteco automobilis, cruzado com a revolução cinzenta do betão dos anos 60 que destruiu de vez a cultura algarvia como algo identificável na paisagem. Parece-nos relevante que o tipo de funcionários do capitalismo internacional, como “o nosso” Presidente, quando homenageia os Autarcas de Albufeira – mostrem claramente a predisposição generalizada para se aceitar todos os investimentos que surgem sem olhar a custos ambientais desde que lhes deixe algum. Azar dos portugueses, que residem na coutada
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terça-feira, agosto 21, 2007
à prova da morte (II)
(imagem do Kaos) fresquinha e acabadinha de sair do correio da manhã:
Depois de uma vida inteira como editora em emprego fixo faxinando a difusão de jet-sépticos calhamaços na livraria MacBertrand, Zita Seabra ganha finalmente independência desse mundo sórdido e gorduroso. Tão belo naco mediático merece um altar de destaque: funda a "editora Aletheia" cujo principal mentor e sócio investidor é o barão do psd Dias Loureiro! - antes disso, já ninguém se recorda, mas andou por aqui:
realmente Zita saíu para com um objectivo para o mundo, nisso não pode persistir dúvida, mas estatelou-se pelo buraco abaixo do esgoto num mundo sórdido,,,
Depois de uma vida inteira como editora em emprego fixo faxinando a difusão de jet-sépticos calhamaços na livraria MacBertrand, Zita Seabra ganha finalmente independência desse mundo sórdido e gorduroso. Tão belo naco mediático merece um altar de destaque: funda a "editora Aletheia" cujo principal mentor e sócio investidor é o barão do psd Dias Loureiro! - antes disso, já ninguém se recorda, mas andou por aqui:
realmente Zita saíu para com um objectivo para o mundo, nisso não pode persistir dúvida, mas estatelou-se pelo buraco abaixo do esgoto num mundo sórdido,,,
"Tropa Macaca"
"Um Ano de Ilustração Portuguesa", em exibição na "Bedeteca de Lisboa"
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domingo, agosto 19, 2007
expliquem lá isto, óh cães danados do Império
Amanhã 20 de Agosto terá lugar em Atlanta uma nova audição sobre o apelo no caso dos Cinco Antiterroristas Cubanos colaboradores do departamento de Segurança Nacional de Cuba, presos “por espionagem” há vários anos nos Estados Unidos. O chefe da equipa de advogados encarregue do caso pelo Estado de Cuba, Leonard Weinglass esclarece as condições legais em que pode actuar: “Temos 30 minutos para resumir 20.000 páginas de provas!”
Cuba, que quando se trata da defesa dos seus cidadãos não poupa em meios (como se viu no caso do sequestro em Miami do menino Elian González) criou uma importante comissão estatal, o “Comité Nacional por la Liberación de los Cinco” coordenada pela activista Gloria La Riva que tem trazido o caso ao conhecimento da opinião públlica internacional, criando-se de imediato e ao longo do tempo e por todo o lado uma grande onda de solidariedade. Em entrevista a Weinglass ficam esclarecidos os três precedentes na justiça americana determinados pela fúria persecutória contra o povo de Cuba:
“Esta é a primeira vez na história em que um indivíduo (António Guerrero) foi responsabilizado por uma acção de um Estado soberano em defesa do seu próprio espaço aéreo”
“Um juiz não pode fazer alegações finais que não estão sustentadas em evidências ou provas. Mas o juiz que condenou os cinco cubanos foi ainda mais além dos seus limites: afirmou que “o objectivo dos Cinco era destruir os Estados Unidos”
“ Três dos Cinco foram acusados de “conspiração por praticar espionagem” e foram condenados a prisão perpétua, sem que tivesse sido apresentado nenhum documento classificado de algum departamento de Segurança Nacional. É a primeira vez que isso acontece na história dos EUA”
Ao contrário, o cubano americano Luís Posada Carriles, velho colaborador da CIA, envolvido em crimes de terrorismo em acções comprovadas contra Cuba (o derrube à bomba de um avião causou 74 mortos e vários outros atentados) que já esteve preso na Venezuela de onde conseguiu fugir em 2002, foi ilibado por um tribunal ao abrigo de um pedido de asilo, e circula livremente por território americano. Estreou recentemente um documentário sobre o caso: “Terrorism Made in USA”
Cuba, que quando se trata da defesa dos seus cidadãos não poupa em meios (como se viu no caso do sequestro em Miami do menino Elian González) criou uma importante comissão estatal, o “Comité Nacional por la Liberación de los Cinco” coordenada pela activista Gloria La Riva que tem trazido o caso ao conhecimento da opinião públlica internacional, criando-se de imediato e ao longo do tempo e por todo o lado uma grande onda de solidariedade. Em entrevista a Weinglass ficam esclarecidos os três precedentes na justiça americana determinados pela fúria persecutória contra o povo de Cuba:
“Esta é a primeira vez na história em que um indivíduo (António Guerrero) foi responsabilizado por uma acção de um Estado soberano em defesa do seu próprio espaço aéreo”
“Um juiz não pode fazer alegações finais que não estão sustentadas em evidências ou provas. Mas o juiz que condenou os cinco cubanos foi ainda mais além dos seus limites: afirmou que “o objectivo dos Cinco era destruir os Estados Unidos”
“ Três dos Cinco foram acusados de “conspiração por praticar espionagem” e foram condenados a prisão perpétua, sem que tivesse sido apresentado nenhum documento classificado de algum departamento de Segurança Nacional. É a primeira vez que isso acontece na história dos EUA”
Ao contrário, o cubano americano Luís Posada Carriles, velho colaborador da CIA, envolvido em crimes de terrorismo em acções comprovadas contra Cuba (o derrube à bomba de um avião causou 74 mortos e vários outros atentados) que já esteve preso na Venezuela de onde conseguiu fugir em 2002, foi ilibado por um tribunal ao abrigo de um pedido de asilo, e circula livremente por território americano. Estreou recentemente um documentário sobre o caso: “Terrorism Made in USA”
quarta-feira, agosto 15, 2007
Estado, Propaganda e Terror
este post dava um filme
de “Barry Lyndon” passando por “Nascido para Matar” - até ao novo filme que está em rodagem: à nova idade negra de Inquisição nas Cidades-Estado dos novos principes que protegem os crentes consumidores-contribuintes. Para lá dos"blade runners" de "The Milion Dollars Hotel",
O nacionalismo e “O Mito das Nações”
1. os “Estados-nações de base étnica dos dias de hoje foram descritos como ‘comunidades imaginadas’, geradas pelos esforços criativos dos intelectuais e políticos do século XIX, que transformaram antigas tradições românticas e nacionalistas em programas políticos.” (Patrick Geary)
A nacionalidade e o nacionalismo, portanto, não são dados naturais. São fenómenos culturais e, como tal, construídos com um determinado propósito e sempre em benefício de alguém. A quem beneficiou a construção do nacionalismo?
“O processo específico pelo qual o nacionalismo emergiu como uma forte ideologia política variou de acordo com a região, tanto na Europa como em outras partes do mundo. Em regiões carentes de organização política, como na Alemanha, o nacionalismo estabeleceu uma ideologia com o fim de criar e intensificar o poder do Estado. Em Estados fortes, como França e Grã-Bretanha, governos e ideólogos suprimiram impiedosamente línguas minoritárias, tradições culturais e memórias variantes do passado em prol de uma história nacional unificada e língua e cultura homogéneas, que supostamente se estendiam a um passado longínquo. Em impérios multiétnicos, como o dos otomanos ou o dos Habsburgo, indivíduos que se identificavam como membros de minorias oprimidas lançavam mão do nacionalismo para reivindicar o direito não apenas à independência cultural, mas também, como consequência, à autonomia política.”
(ler mais)
2. "Lamentavelmente não é possivel guardar qualquer dúvida a respeito da crescente escalada da barbárie. No começo do século XX a tortura foi eliminada oficialmente em toda a Europa ocidental, porém desde 1945 acostumámo-nos a ela de novo, sem sentir uma repulsa excessiva - à sua utilização pelo menos numa terça parte dos Estados membros das Nações Unidas, entre eles alguns dos mais antigos e mais civilizados.
Uma razão de peso seria a estranha democratização da guerra. As guerras totais converteram-se em “guerras do povo”, tanto porque a população e a vida civil passou a ser o palco lógico da estratégia, quanto porque nas guerras democráticas, como na politica democrática, se demoniza naturalmente o adversário para fazer dele um ser odioso, pelo menos desprezivel.
Os profissionais da politica e da diplomacia, quando não estão pressionados nem pelos votos nem pela imprensa, podem declarar a guerra ou negociar a paz sem experimentar sentimentos de ódio relativamente ao lado inimigo, como os boxeurs se apertam as mãos antes de começar a peleja e juntos vão confraternizar e beber depois dela terminada. Porém as guerras totais do nosso século já não se confinam em absoluto ao modelo bismarckiano ou oitocentista. Uma guerra em que se mobilizam os sentimentos nacionais das massas não pode ser limitada, como o foram as guerras aristocráticas”.
(Eric Hobsbawm, 'Historia do Século XX', 1994).
3. “Persistindo nesta Guerra contra o terrorismo, sabemos que nunca a poderemos ganhar. Podemos porém persistir em continuar a falar em retirar liberdades ao povo. Os Média podem convencer toda a gente que essa guerra é real. O objectivo é trazer toda a gente que integra este mundo de alienados que acredita nessa realidade a (deixarem-se inventariar consentindo para sua própria protecção em) usar um chip RFID. Todo aquele que protestar contra nós verá o seu chip desligado” – depois de ouvirmos Nicholas Rockefeller dizer isto podemos concluir: isto é, deixa de fazer parte do mundo livre que luta contra o terrorismo inventado, ou seja, deixa de ter direito à protecção do Estado governado pelos novos inquisidores neoliberais.
Da redução das cabeças passando pela alteração dos corpos transformados pela biopolitica, até aos implantes cibernéticos, estamos em presença de uma velha aspiração filosófica – o Homem Novo – desta feita do homem tecnologicamente modificado pela economia de mercado, conforme o definiu Dany-Robert Dufour em artigo publicado no « Le Monde Diplomatique em Abril de 2005 (ver aqui).
Nicholas é neto de David Rockefeller, um dos principais fundadores do Grupo Bilderberg. Para quem pense que poderá haver algum exagero no que se possa extrapolar desta frase, a dúvida desvanece-se quanto vemos Henry Kissinger, outro fundador do Bilderberg e notório lobyista Judaico, assumir e citar como suas as declarações de Rockefeller no recente número 16 de Abril/2007 da publicação de propriedade judaica Time Magazine (repare-se na frase integralmente transcrita por Kissinger na parte que diz respeito à impossibilidade de vencer a guerra; o restante programa não é para divulgar):
O novo paradigma civilizacional das ilhas de prosperidade, como se vai tornando evidente, consiste numa sociedade de carneiros que por via do auto-controlo individual podem ascender a certos privilégios – o direito ao consumo de energias que se vão tornando cada vez mais escassas, protecção de emergência contra catástrofes, acesso ao emprego improdutivo, a possibilidade de uma educação não alienada, meios para pagar a saúde e subsistência desafogada nas familias integrantes das elites, etc. De fora ficam muitos milhões de novos escravos. Os que fornecem terroristas ao sistema. (Chomsky, outro judeu, desta feita de “esquerda”, para credibilizar a “direita” explica-o em “Hegemonia ou Sobrevivência”)
De tal modo isto é tácitamente assumido, que Nicholas Rockefeller em amena cavaqueira com o entrevistador Aaron Russo (outro judeu) reconhece cruamente a verdade sobre o grande tema que serviu de pretexto à construção deste mundo novo: “Todos nós sabemos que o 11 de Setembro foi uma fraude, um “trabalho feito a partir de dentro”
Rockefeller admite "micro-chipar" a população mundial:
de “Barry Lyndon” passando por “Nascido para Matar” - até ao novo filme que está em rodagem: à nova idade negra de Inquisição nas Cidades-Estado dos novos principes que protegem os crentes consumidores-contribuintes. Para lá dos"blade runners" de "The Milion Dollars Hotel",
O nacionalismo e “O Mito das Nações”
1. os “Estados-nações de base étnica dos dias de hoje foram descritos como ‘comunidades imaginadas’, geradas pelos esforços criativos dos intelectuais e políticos do século XIX, que transformaram antigas tradições românticas e nacionalistas em programas políticos.” (Patrick Geary)
A nacionalidade e o nacionalismo, portanto, não são dados naturais. São fenómenos culturais e, como tal, construídos com um determinado propósito e sempre em benefício de alguém. A quem beneficiou a construção do nacionalismo?
“O processo específico pelo qual o nacionalismo emergiu como uma forte ideologia política variou de acordo com a região, tanto na Europa como em outras partes do mundo. Em regiões carentes de organização política, como na Alemanha, o nacionalismo estabeleceu uma ideologia com o fim de criar e intensificar o poder do Estado. Em Estados fortes, como França e Grã-Bretanha, governos e ideólogos suprimiram impiedosamente línguas minoritárias, tradições culturais e memórias variantes do passado em prol de uma história nacional unificada e língua e cultura homogéneas, que supostamente se estendiam a um passado longínquo. Em impérios multiétnicos, como o dos otomanos ou o dos Habsburgo, indivíduos que se identificavam como membros de minorias oprimidas lançavam mão do nacionalismo para reivindicar o direito não apenas à independência cultural, mas também, como consequência, à autonomia política.”
(ler mais)
2. "Lamentavelmente não é possivel guardar qualquer dúvida a respeito da crescente escalada da barbárie. No começo do século XX a tortura foi eliminada oficialmente em toda a Europa ocidental, porém desde 1945 acostumámo-nos a ela de novo, sem sentir uma repulsa excessiva - à sua utilização pelo menos numa terça parte dos Estados membros das Nações Unidas, entre eles alguns dos mais antigos e mais civilizados.
Uma razão de peso seria a estranha democratização da guerra. As guerras totais converteram-se em “guerras do povo”, tanto porque a população e a vida civil passou a ser o palco lógico da estratégia, quanto porque nas guerras democráticas, como na politica democrática, se demoniza naturalmente o adversário para fazer dele um ser odioso, pelo menos desprezivel.
Os profissionais da politica e da diplomacia, quando não estão pressionados nem pelos votos nem pela imprensa, podem declarar a guerra ou negociar a paz sem experimentar sentimentos de ódio relativamente ao lado inimigo, como os boxeurs se apertam as mãos antes de começar a peleja e juntos vão confraternizar e beber depois dela terminada. Porém as guerras totais do nosso século já não se confinam em absoluto ao modelo bismarckiano ou oitocentista. Uma guerra em que se mobilizam os sentimentos nacionais das massas não pode ser limitada, como o foram as guerras aristocráticas”.
(Eric Hobsbawm, 'Historia do Século XX', 1994).
3. “Persistindo nesta Guerra contra o terrorismo, sabemos que nunca a poderemos ganhar. Podemos porém persistir em continuar a falar em retirar liberdades ao povo. Os Média podem convencer toda a gente que essa guerra é real. O objectivo é trazer toda a gente que integra este mundo de alienados que acredita nessa realidade a (deixarem-se inventariar consentindo para sua própria protecção em) usar um chip RFID. Todo aquele que protestar contra nós verá o seu chip desligado” – depois de ouvirmos Nicholas Rockefeller dizer isto podemos concluir: isto é, deixa de fazer parte do mundo livre que luta contra o terrorismo inventado, ou seja, deixa de ter direito à protecção do Estado governado pelos novos inquisidores neoliberais.
Da redução das cabeças passando pela alteração dos corpos transformados pela biopolitica, até aos implantes cibernéticos, estamos em presença de uma velha aspiração filosófica – o Homem Novo – desta feita do homem tecnologicamente modificado pela economia de mercado, conforme o definiu Dany-Robert Dufour em artigo publicado no « Le Monde Diplomatique em Abril de 2005 (ver aqui).
Nicholas é neto de David Rockefeller, um dos principais fundadores do Grupo Bilderberg. Para quem pense que poderá haver algum exagero no que se possa extrapolar desta frase, a dúvida desvanece-se quanto vemos Henry Kissinger, outro fundador do Bilderberg e notório lobyista Judaico, assumir e citar como suas as declarações de Rockefeller no recente número 16 de Abril/2007 da publicação de propriedade judaica Time Magazine (repare-se na frase integralmente transcrita por Kissinger na parte que diz respeito à impossibilidade de vencer a guerra; o restante programa não é para divulgar):
O novo paradigma civilizacional das ilhas de prosperidade, como se vai tornando evidente, consiste numa sociedade de carneiros que por via do auto-controlo individual podem ascender a certos privilégios – o direito ao consumo de energias que se vão tornando cada vez mais escassas, protecção de emergência contra catástrofes, acesso ao emprego improdutivo, a possibilidade de uma educação não alienada, meios para pagar a saúde e subsistência desafogada nas familias integrantes das elites, etc. De fora ficam muitos milhões de novos escravos. Os que fornecem terroristas ao sistema. (Chomsky, outro judeu, desta feita de “esquerda”, para credibilizar a “direita” explica-o em “Hegemonia ou Sobrevivência”)
De tal modo isto é tácitamente assumido, que Nicholas Rockefeller em amena cavaqueira com o entrevistador Aaron Russo (outro judeu) reconhece cruamente a verdade sobre o grande tema que serviu de pretexto à construção deste mundo novo: “Todos nós sabemos que o 11 de Setembro foi uma fraude, um “trabalho feito a partir de dentro”
Rockefeller admite "micro-chipar" a população mundial:
terça-feira, agosto 14, 2007
efeito quantitativo
A propósito das cerimónias que iniciam o arranque para os Jogos Olímpicos de 2008 em Pequim, sob o título “Chineses Revoltados” uma central de comunicação nacional constrói uma imagem da China relatando que 800 habitantes de Xangai assinaram uma petição em prol de “direitos humanos” não especificados – mas que naturalmente terão a ver com a “democracia de mercado”.
800 pessoas relativamente à China, é mais ou menos mal/acomparado (atendendo à sua população total de 1,3 biliões) como se (aplicando uma regra de três simples) fosse uma parte correspondente a 0,06 de pessoa portuguesa que tentasse influenciar a decisão de construir nos terrenos da frente ribeirinha da cidade de Lisboa. Ainda assim, 0,94 por cento dessa pessoa manter-se-ia imóvel. Quer dizer, se um qualquer fulano piscar o olho ao doutor António Costa irá obter o mesmo efeito emocional da petição chinesa. Com o risco acrescido de, atendendo aos preconceitos cá do burgo, a coisa parecer uma cena de engate gay. Coisa impensável na cosmopolita Xangai, onde duas lésbicas se beijam apaixonadamente sob o olhar complacente de Mao:
800 pessoas relativamente à China, é mais ou menos mal/acomparado (atendendo à sua população total de 1,3 biliões) como se (aplicando uma regra de três simples) fosse uma parte correspondente a 0,06 de pessoa portuguesa que tentasse influenciar a decisão de construir nos terrenos da frente ribeirinha da cidade de Lisboa. Ainda assim, 0,94 por cento dessa pessoa manter-se-ia imóvel. Quer dizer, se um qualquer fulano piscar o olho ao doutor António Costa irá obter o mesmo efeito emocional da petição chinesa. Com o risco acrescido de, atendendo aos preconceitos cá do burgo, a coisa parecer uma cena de engate gay. Coisa impensável na cosmopolita Xangai, onde duas lésbicas se beijam apaixonadamente sob o olhar complacente de Mao:
segunda-feira, agosto 13, 2007
a transição na velha Albion foi pacata. Blair, exausto pelo esgotante trabalho de criminoso de guerra, foi substituido por outro tarefeiro com curriculo aprovado: na sua infância politica em Londres, Gordon Brown foi delator das actividades dos militantes do "Movimento contra o Apartheid" da África do Sul.
Já devíamos todos saber isso.
Que o défice astronómico que os EUA devem aos credores em todo o mundo (que lhes vão pagar, se algum dia pagarem, em moeda cada vez mais desvalorizada) não é considerada como dívida deles. É dívida nossa, que lhe devemos os vultosos investimentos guerrófilos na luta contra o terrorismo inventado; o Raio que os Parta.
estou tão cansado desta América!, diz-nos Rufus Wainwright
as imagens que vemos, que acompanham a tristeza da música, expressam perfeitamente aquilo que transmite a muita gente os Estados Unidos de hoje
"Seguíamos por Mergellina, ali onde de repente Nápoles desaparece. A vastidão do mar, a sua agitação apagam-na, basta caminharmos pelo pontão. Na marginal compramos um tarallo com banha e pimenta, o vento rouba-nos o calor, nós recuperámo-lo caminhando depressa, pouca gente se arrisca ao passeio, soldados americanos com os sapatos de borracha passam a correr, o porta aviões no golfo é o único navio que não se move sobre o mar branco rasgado na crista das ondas. Maria olha os soldados americanos diz: "É uma bela raça, mas correm, correm por nada, sem nenhum motivo. Nós para desatarmos a correr é preciso que algum terramoto nos atire para fora de casa, (...)"
Erri di Lucca, in "MonteDeDio"
Já devíamos todos saber isso.
Que o défice astronómico que os EUA devem aos credores em todo o mundo (que lhes vão pagar, se algum dia pagarem, em moeda cada vez mais desvalorizada) não é considerada como dívida deles. É dívida nossa, que lhe devemos os vultosos investimentos guerrófilos na luta contra o terrorismo inventado; o Raio que os Parta.
estou tão cansado desta América!, diz-nos Rufus Wainwright
as imagens que vemos, que acompanham a tristeza da música, expressam perfeitamente aquilo que transmite a muita gente os Estados Unidos de hoje
"Seguíamos por Mergellina, ali onde de repente Nápoles desaparece. A vastidão do mar, a sua agitação apagam-na, basta caminharmos pelo pontão. Na marginal compramos um tarallo com banha e pimenta, o vento rouba-nos o calor, nós recuperámo-lo caminhando depressa, pouca gente se arrisca ao passeio, soldados americanos com os sapatos de borracha passam a correr, o porta aviões no golfo é o único navio que não se move sobre o mar branco rasgado na crista das ondas. Maria olha os soldados americanos diz: "É uma bela raça, mas correm, correm por nada, sem nenhum motivo. Nós para desatarmos a correr é preciso que algum terramoto nos atire para fora de casa, (...)"
Erri di Lucca, in "MonteDeDio"
"sem nenhum motivo"?
domingo, agosto 12, 2007
Heidegger e os Smash Cars
“O comando da PSP de Lisboa deteve terça-feira dia 7 quatro pessoas que realizavam uma “corrida” automóvel pelas ruas de Lisboa, tendo um deles atingido os 234 km/h, sendo detidos na Ponte Vasco da Gama, 11 quilómetros depois de ter iniciado a perseguição”.
Está bem. E depois?, o que faz Tarantino num blogue de inspiração marxista? Venho-lhes dar conta que Tarantino é um cineasta marxista.
Heidegger, explicou no “Ser e o Tempo” (Sein und Zeit) a diferença fundamental entre as duas principais posturas individuais de vida – entre aqueles que são pessoas que se afirmam no mundo com um estilo de vida de intervenção activa na prática (os “Dasein”, o ser-aí) e daqueles outros que se limitam a existir passivamente (o “Seiende”, o ente existente) – como corolário lógico da exploração desenfreada ("livre" e sem mediação) de uma classe pela outra, ficou famoso o discurso de abertura de Heidegger no ano escolar como professor jubilado na Universidade de Friburgo, quando se referiu à “glória e grandeza da revolução alemã de 1933”.
O filósofo Martin Heidegger nasceu filho de campónios alemães perto do lago Constança (1889), seguiu os conselhos dos avós da malta do Insurgente e logo que atinou com a vidinha converteu-se ao sistema que estava a dar, ao Nazismo; e essa apólice segurou-lhe a vida numa época conturbada, garantindo-lhe morrer tardiamente e de boa saúde (em 1976).
Entrando na vida real por “Death Proof” de Quentin Tarantino, o personagem central Stuntman Mike (Kurt Russel) é um “dasein”, curiosamente vivendo no mundo dos duplos que trabalham para segurança dos actores do espectáculo a sério (que nunca aparecem no filme) - a primeira imagem que nos surge é uma carapaça blindada (o carro objecto impressionante como meio de provocar espanto e mediática submissão no engate) dentro da qual ele, que cultiva uma imagem simpática de pureza abstémia) actua satisfazendo os mais inconfessáveis instintos. O mundo cá fora, como todos sabemos é duro e cruel, e perigos ferozes espreitam os desprevenidos “seiend”: Assim, numa violência inaudita a primeira parte acaba com uma catástrofe que destroça literalmente uma mão-cheia de dóceis e frágeis miúdas de Tarantino.
Refeitos do choque, transitando rápido por dois ou três fotogramas a preto e branco, o realizador faz-nos inquirir sobre uma questão premente: porque são sempre maioritariamente as mulheres a pagar as favas mais gravosas da violência do homem com Poder de atingir a sociedade com acções de choque e pavor?
Mas depressa o paradigma muda, e retornamos à cor, desta vez, por contraste, mais colorida e radiante. A moral da história vai já daqui contada, porque esta crónica só faz sentido para quem viu a obra: por muito horroroso e violento que um gajo possa ser, há sempre uma mulher pior ainda. Como veremos. Novo grupo de miúdas ocupa a cena, e por cúmplice coincidência elas são do mesmo mundo do cinema e da publicidade. E aí está novamente Stuntman Mike instintivamente excitado pela alegria e irreverência dos novos alvos.
Mas a perseguição rapidamente o transforma de caçador recolector em chacal ferido e perseguido pelas vítimas. Depois de uma alucinante corrida de smash-cars através das cross-roads norte americanas (citando Kerouac e o Tom Joad de Steinbeck pelo caminho) o vilão acaba humilhantemente filado e enfarda um valentissimo enxerto de porrada dado pelas belas, radiosas e gentis meninas (que afinal, para nossa surpresa eram também elas do mundo “dasein”). Gritinhos, saltos de excitação e contentamento nas cadeiras, vilão com o tacão da bota feminina no pescoço, célere e abrupto cai um fatal “The End” à moda antiga no fotograma. Porreiro. Afinal era um filme – e a pergunta de índole marxista é: mas afinal quem é que paga os danos de chaparia dos automóveis? Tarantino não explica, nem precisa, o espectador adivinha que, na sociedade de consumo as mercadorias são um mero pretexto, depois de sacar o efeito pretendido, quando se tornam imprestáveis vai tudo para a sucata.
E a segunda lição moral a extrair de “À Prova da Morte” é esta:
no dia em que as mulheres verdadeiramente emancipadas possam intervir em condições de verdadeira equidade com o violento mundo masculino, alguma coisa de fundamental na sociedade irá mudar. Força meninas! Dêm-lhes forte; mas atenção, tenham em consideração que a Condooleza Rice e a Manuela Ferreira Leite também são gajos.
sexta-feira, agosto 10, 2007
o holocausto dos pobres
Os Sionistas em Israel, virados para dentro, têm uma maneira diferente de manipular o "holocausto". Virados para fora, o que lhes interessa é perpetuar o negócio da memória d`"a grande tragédia dos 6 milhões de vítimas" solitariamente perdidas entre as muitas dezenas de milhões de mortos provocados durante a segunda grande guerra. Que se analteça como única a ideia do Crime, que se lixem os corpos daqueles que sofreram na pele as vicissitudes efectivas da guerra: em Israel atribui-se às vítimas do Nazismo, agora vulgares pessoas idosas sem préstimo, como pensão de sobrevivência a choruda quantia de 14 euros mensais!
Claro que os tempos estão maus; é preciso investir em formidáveis equipamentos militares para sermos hoje os carrascos, bem apetrechados e competentes, vítimas nunca mais. Até aí compreendemos.
Mais difícil é entender o porquê dos Sionistas (sim, os judeus americanos são os mesmos) investirem fortunas fabulosas em extraordinários meios de propaganda como o "United States Holocaust Museum" em Washington (para já não mencionar o fantástico cabotinismo do "Museu Judaico de Berlim" a que chamam abusivamente "museu da cidade") - Estes são actores mediáticos de filmes principescamente pagos, enquanto aqueles, os verdadeiros figurantes da tragédia, os deixam morrer à míngua.
Sempre foi assim, ele há judeus e Judeus. Os judeus milionários da grande indústria e da Banca financeira puseram-se a salvo para os Estados Unidos, acabando no final por controlar o próprio sistema politico do país, os outros, os pobres sofreram dramaticamente na pele os horrores do anti-semitismo - estes são os mexilhões do holocausto.
"I think we are in rats' alley
Where the dead men lost their bones"
T.S.Eliot
relacionado:
* "Eles escaparam da Shoah, mas não se escapam dos cortes orçamentais", Michele Giorgio
* a excelente colectânea de posts sobre o "holocausto"
que vem sendo desenvolvida pelo blogue "Um Homem das Cidades":
* Conversa com Lutz do «Quase em Português»
* Quem financiou Adolf Hitler?
* Não existiam campos de extermínio em solo alemão
* O dilema dos Judeus de Auschwitz - Liberdade ou Extermínio?
.
Claro que os tempos estão maus; é preciso investir em formidáveis equipamentos militares para sermos hoje os carrascos, bem apetrechados e competentes, vítimas nunca mais. Até aí compreendemos.
Mais difícil é entender o porquê dos Sionistas (sim, os judeus americanos são os mesmos) investirem fortunas fabulosas em extraordinários meios de propaganda como o "United States Holocaust Museum" em Washington (para já não mencionar o fantástico cabotinismo do "Museu Judaico de Berlim" a que chamam abusivamente "museu da cidade") - Estes são actores mediáticos de filmes principescamente pagos, enquanto aqueles, os verdadeiros figurantes da tragédia, os deixam morrer à míngua.
Sempre foi assim, ele há judeus e Judeus. Os judeus milionários da grande indústria e da Banca financeira puseram-se a salvo para os Estados Unidos, acabando no final por controlar o próprio sistema politico do país, os outros, os pobres sofreram dramaticamente na pele os horrores do anti-semitismo - estes são os mexilhões do holocausto.
"I think we are in rats' alley
Where the dead men lost their bones"
T.S.Eliot
relacionado:
* "Eles escaparam da Shoah, mas não se escapam dos cortes orçamentais", Michele Giorgio
* a excelente colectânea de posts sobre o "holocausto"
que vem sendo desenvolvida pelo blogue "Um Homem das Cidades":
* Conversa com Lutz do «Quase em Português»
* Quem financiou Adolf Hitler?
* Não existiam campos de extermínio em solo alemão
* O dilema dos Judeus de Auschwitz - Liberdade ou Extermínio?
.
quinta-feira, agosto 09, 2007
Francisco Martins Rodrigues:
"O sistema capitalista não vai evoluir, nem vai desaparecer por si, nem vai entregar o poder, a única perspectiva que existe é o seu derrubamento pela força"
Causou viva perplexidade o aparecimento de um ilustre desconhecido (foi, por exemplo o tradutor de “A Teia” de Harold Pinter) numa caixa de página de entrada do Público de quarta feira dia 7 (ler aqui) – nem mais, Francisco Martins Rodrigues, (um dos intervenientes da famosa fuga de Peniche, cuidadosamente ocultado dos meios de comunicação social durante 40 anos) era entrevistado nada mais nada menos do que sobre uma extenção à critica ao acordo PS-BE na Câmara de Lisboa – antes, no número 110 (Maio/Junho, 2007) da revista “Politica Operária” de que FMR é director, se tinha feito a análise ao congresso de Junho do “Bloco de Esquerda”. Nestes termos:
“A mensagem forte que saiu da convenção do BE, foi a do empenhamento do partido na causa ecológica. Seria uma boa opção se não houvesse outras bandeiras a pedir urgentemente para ser levantadas. O Bloco podia, por exemplo, ter proclamado como sua tarefa central a luta para travar o terrorismo dos EUA. Ou o direito à indignação dos dois milhões de pobres deste país. Ou simplesmente “Sócrates para a Rua!”. Ou o fecho dasd Lages e o regresso das tropas portuguesas do Afeganistão e do Líbano. Ou a resistência popular à Europa do capital. Ou a solidariedade com a Palestina…
Mas não. Escolheu a bandeira do Ambiente como tarefa central do partido. (Um género de consultores de AlGore de trazer cá por casa*). Esta opção, todos o entendem, tem um valor simbólico. É uma mensagem enviada à “sociedade”. Já vimos como, por esse mundo fora, a atracção pelo “ambientalismo” cresce à medida que um partido se afasta dos choques agudos da luta de classes. Compreende-se. Com um respeitável grupo parlamentar, com mais uma batalha autárquica em perspectiva, com um lugar a defender no “Partido da Esquerda Europeia”, o BE não se pode dar ao luxo de apelos à transformação da sociedade. Assume-se como partidos de “causas”, isto é, especializado em propor remendos decorativos sobre as chagas da sociedade. (…) Queremos desde já assinalar que esta convenção marca, provavelmente, a entrada do BE na idade adulta, como partido do sistema, perna esquerda da social-democracia. É bom que o PS comece a olhar com mais atenção para este “irmão mais novo”, com vista a futuros arranjos de governo”.
Escrito em Junho, 2007.Antes das eleições em Lisboa. Premonitório.
FMR foi um dos primeiros dissidentes do PCP (em 1964) mas o sistema obviamente apostou no Reformismo (com Álvaro Cunhal) para vedeta. Demorou esse tempo todo a desarmar a classe operária, mas conseguiram-no. Ao Xico Martins Rodrigues, neste tempo todo, nunca ninguém da CS deu voz no nosso país. A ponto de quase toda a sua obra teórica ser feita a partir do sítio Internet “Primeira Linha” sediado na Galiza. (ver um resumo aqui).
Compreende-se. O regime, principalmente depois de Cavaco, precisa de tentar extirpar a imagem neoconservadora agindo activamente sobre o “imbecil colectivo”. Nada como as agências de comunicação, numa politica bem consertada, começarem a dar voz a opiniões de “extrema esquerda” – com o objectivo bem determinado da extrema direita no Poder parecer que se situa ao Centro. E pelo caminho, a pequena burguesia urbana arranja uns tachos governativos. No final, estamos cada vez mais lixados, porque o espectro alastra.
Cavaco actua a nível da macro-politica global. Essa é a politica que lhe interessa, o big-game dos falcões do Pentágono. Para a politica interna ele olha para as câmaras com aquele ar engasgado de totó que não sabe de nada (mas comprometido QB porque sabe que este PS é a sua melhor arma para a execução das reformas neoliberais – afinal os homens até são socialistas, pensou-se à boca calada enquanto não se descobriu o logro). A esse nível ouça-se outra das vozes de Esquerda, Danielle Bleitrach, dissidente do PCF:
“Em vez de se enfrentar o capital e a direita, espalha-se a ideia de que pudemos preservar o nosso nicho continuando a pilhar o terceiro mundo e a odiar os imigrantes porque nos “vêm roubar o pão”. A deriva para a direita continua e corremos o risco de que aumente. A busca de um homem forte capaz de nos defender poderá levar-nos amanhã a descobrir que ele nos mergulha mais ainda na tempestade da mundialização capitalista, a reboque da loucura assassina dos Estados Unidos. Não podemos ser só anti-liberais, temos de ser anti-capitalistas e anti-imperialistas. Temos que lhes responder ao mesmo nível, saber como responder às deslocalizações, à imigração, à guerra”
(* parentesis da responsabilidade do autor do post)
Causou viva perplexidade o aparecimento de um ilustre desconhecido (foi, por exemplo o tradutor de “A Teia” de Harold Pinter) numa caixa de página de entrada do Público de quarta feira dia 7 (ler aqui) – nem mais, Francisco Martins Rodrigues, (um dos intervenientes da famosa fuga de Peniche, cuidadosamente ocultado dos meios de comunicação social durante 40 anos) era entrevistado nada mais nada menos do que sobre uma extenção à critica ao acordo PS-BE na Câmara de Lisboa – antes, no número 110 (Maio/Junho, 2007) da revista “Politica Operária” de que FMR é director, se tinha feito a análise ao congresso de Junho do “Bloco de Esquerda”. Nestes termos:
“A mensagem forte que saiu da convenção do BE, foi a do empenhamento do partido na causa ecológica. Seria uma boa opção se não houvesse outras bandeiras a pedir urgentemente para ser levantadas. O Bloco podia, por exemplo, ter proclamado como sua tarefa central a luta para travar o terrorismo dos EUA. Ou o direito à indignação dos dois milhões de pobres deste país. Ou simplesmente “Sócrates para a Rua!”. Ou o fecho dasd Lages e o regresso das tropas portuguesas do Afeganistão e do Líbano. Ou a resistência popular à Europa do capital. Ou a solidariedade com a Palestina…
Mas não. Escolheu a bandeira do Ambiente como tarefa central do partido. (Um género de consultores de AlGore de trazer cá por casa*). Esta opção, todos o entendem, tem um valor simbólico. É uma mensagem enviada à “sociedade”. Já vimos como, por esse mundo fora, a atracção pelo “ambientalismo” cresce à medida que um partido se afasta dos choques agudos da luta de classes. Compreende-se. Com um respeitável grupo parlamentar, com mais uma batalha autárquica em perspectiva, com um lugar a defender no “Partido da Esquerda Europeia”, o BE não se pode dar ao luxo de apelos à transformação da sociedade. Assume-se como partidos de “causas”, isto é, especializado em propor remendos decorativos sobre as chagas da sociedade. (…) Queremos desde já assinalar que esta convenção marca, provavelmente, a entrada do BE na idade adulta, como partido do sistema, perna esquerda da social-democracia. É bom que o PS comece a olhar com mais atenção para este “irmão mais novo”, com vista a futuros arranjos de governo”.
Escrito em Junho, 2007.Antes das eleições em Lisboa. Premonitório.
FMR foi um dos primeiros dissidentes do PCP (em 1964) mas o sistema obviamente apostou no Reformismo (com Álvaro Cunhal) para vedeta. Demorou esse tempo todo a desarmar a classe operária, mas conseguiram-no. Ao Xico Martins Rodrigues, neste tempo todo, nunca ninguém da CS deu voz no nosso país. A ponto de quase toda a sua obra teórica ser feita a partir do sítio Internet “Primeira Linha” sediado na Galiza. (ver um resumo aqui).
Compreende-se. O regime, principalmente depois de Cavaco, precisa de tentar extirpar a imagem neoconservadora agindo activamente sobre o “imbecil colectivo”. Nada como as agências de comunicação, numa politica bem consertada, começarem a dar voz a opiniões de “extrema esquerda” – com o objectivo bem determinado da extrema direita no Poder parecer que se situa ao Centro. E pelo caminho, a pequena burguesia urbana arranja uns tachos governativos. No final, estamos cada vez mais lixados, porque o espectro alastra.
Cavaco actua a nível da macro-politica global. Essa é a politica que lhe interessa, o big-game dos falcões do Pentágono. Para a politica interna ele olha para as câmaras com aquele ar engasgado de totó que não sabe de nada (mas comprometido QB porque sabe que este PS é a sua melhor arma para a execução das reformas neoliberais – afinal os homens até são socialistas, pensou-se à boca calada enquanto não se descobriu o logro). A esse nível ouça-se outra das vozes de Esquerda, Danielle Bleitrach, dissidente do PCF:
“Em vez de se enfrentar o capital e a direita, espalha-se a ideia de que pudemos preservar o nosso nicho continuando a pilhar o terceiro mundo e a odiar os imigrantes porque nos “vêm roubar o pão”. A deriva para a direita continua e corremos o risco de que aumente. A busca de um homem forte capaz de nos defender poderá levar-nos amanhã a descobrir que ele nos mergulha mais ainda na tempestade da mundialização capitalista, a reboque da loucura assassina dos Estados Unidos. Não podemos ser só anti-liberais, temos de ser anti-capitalistas e anti-imperialistas. Temos que lhes responder ao mesmo nível, saber como responder às deslocalizações, à imigração, à guerra”
(* parentesis da responsabilidade do autor do post)
quarta-feira, agosto 08, 2007
leitura de verão
Para descansar o raciocinio financeiro, pelo menos até dia 27, propomos-lhe uma interessantíssima e alucinante leitura: “Caminho”,
de Jose Mariá Escrivá de Balaguer.
Vamos refrescar a memória com o conteúdo daquele que é um livro estrela na mesa de cabeceira de muitos simpatizantes da Opus Dei, personagens que, apesar da rasquice da leitura com que se formaram, todavia ocupam no nosso país cargos importantes no mundo da economia, da cultura e da política. E estou-me a lembrar com particular enlevo de sua excelência o senhor presidente da república.
Bem hajam! deviam fazer uma edição de 1 milhão de exemplares para distribuir gratuitamente aos utentes dos transportes públicos
e para adensar mais a trama, apareceu uma mão invisivel
(ler mais)
.
de Jose Mariá Escrivá de Balaguer.
Vamos refrescar a memória com o conteúdo daquele que é um livro estrela na mesa de cabeceira de muitos simpatizantes da Opus Dei, personagens que, apesar da rasquice da leitura com que se formaram, todavia ocupam no nosso país cargos importantes no mundo da economia, da cultura e da política. E estou-me a lembrar com particular enlevo de sua excelência o senhor presidente da república.
Bem hajam! deviam fazer uma edição de 1 milhão de exemplares para distribuir gratuitamente aos utentes dos transportes públicos
e para adensar mais a trama, apareceu uma mão invisivel
(ler mais)
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segunda-feira, agosto 06, 2007
O Estado e o Capital - Tom Thomas
"Quem já foi considerado morto está más vivo que nunca. Na sua qualidade de teórico activo e crítico, Karl Marx foi dado já como morto por mais de uma vez, porém sempre tem conseguido escapar à morte histórica e teórica. Tal facto deve-se a um motivo: a teoria marxista só pode morrer em paz junto com o seu objecto, ou seja, com o modo de produção capitalista"
Robert Kurz, in "Marx e o século XXI",
(Artigo cuja leitura é vivamente recomendada)
“Com este ou aquele governo no poder, o Estado desempenha sempre o papel para que foi criado. Esse ‘tremendo corpo parasitário que cobre como uma membrana o corpo da sociedade’, nas palavras de Marx, funciona autonomamente como uma máquina, de modo a assegurar a reprodução da sociedade capitalista. Serão vãs todas as reformas ‘democratizantes’ enquanto não forem subvertidas as relações de apropriação”.
Com esta ideia encerra Tom Thomas o seu livro sobre o papel do Estado, traduzido em português pela Dinossauro. Nesta época de desenfreada ofensiva neoliberal e de entrega ao capital privado de todos os serviços essenciais, tem alastrado a ideia de que a política da esquerda consistiria em procurar ganhar as alavancas do Estado para deste modo limitar os males do capitalismo. Thomas tem uma opinião diferente; tomando como exemplo o caso da França ao longo dos séculos XIX e XX, procura mostrar que não apenas a classe operária nada tem a esperar do reforço do Estado, mas que é do seu interesse traçar uma linha de demarcação nítida entre si própria e os paladinos da estatização.
Para estes, a grande oposição contemporânea não seria entre burguesia e proletariado, capitalismo e comunismo, mas entre capitalismo liberal e capitalismo civilizado e democratizado pelo Estado. Ora, “se entrarmos no concreto das relações sociais, descobriremos que o Estado tem como função reproduzir o capitalismo”. “As sereias de toda essa ‘esquerda plural’ e ‘esquerda da esquerda’, do PCF aos trotskistas, passando pelos Verdes e a Attac, os quais se oferecem para gerir este Estado (jurando, claro, que vão democratizá-lo), ocultam aos olhos do proletariado a única coisa que realmente conta: o Estado deve ser destruído”.
O autor passa então a desmontar os equívocos em que assenta a crença mística num regresso ao Estado Providência. Ela esquece que as leis sociais são menos “conquistas operárias” do que uma integração da classe operária no sistema capitalista, para que a sua luta de classe não vá ao ponto de o pôr em causa, e lhe permita reproduzir-se sem grandes convulsões. Quando o Estado legisla “em defesa dos trabalhadores”, ele apenas utiliza a pressão da luta operária para impor certas reformas aos capitalistas, só preocupados com o seu interesse particular e não com os interesses gerais do sistema.
Por outro lado – e isto é normalmente esquecido neste nosso “primeiro mundo” – sem a escravização das centenas de milhões de “povos de cor”, não teria havido migalhas suficientes para distribuir ao proletariado a fim de persuadi--lo de que o Estado pode tornar-lhe o capitalismo, senão agradável, pelo menos aceitável; não por acaso, esta forma só existe nas metrópoles imperialistas.
E quanto às “garantias democráticas” do Estado moderno, que tanto impressionam os espíritos crédulos, elas significam simplesmente que, nos países imperialistas, a hegemonia do capital é de tal forma esmagadora que as formas eleitorais de designação dos governos podem muito bem conciliar-se com um Estado que se tornou totalitário.
O Estado Providência, defende Thomas, tem sido uma providência, mas para o capitalismo; o seu actual desmantelamento resulta dos problemas acrescidos que o capital encontra para se valorizar e da lenta agonia do sistema. O que significa que o Estado Providência não ressurgirá das cinzas.
Conclusão: pode-se associar as vezes que se quiser as palavras “democracia” e “Estado”, formular todos os programas de reformas do Estado que se quiser, que isso nunca passará necessariamente de um esforço deitado ao vento, enquanto não se puser termo ao processo de extorsão da mais-valia na produção, à divisão do trabalho entre os poderes intelectuais e os simples executantes, isto é, ao sistema capitalista.
Assim, Tom Thomas continua a desenterrar, pedra a pedra, ano após ano, o núcleo da teoria de Marx, oculta e deturpada, não só pelos defensores abertos do capitalismo, mas também pelos inúmeros “marxistas”, que a pretexto de adequar o marxismo às novas condições, o esvaziam do essencial – o seu alvo revolucionário. Um texto denso, decerto nada “fácil”, mas que chama sempre a primeiro plano as tarefas centrais da luta anticapitalista.
(publicado na Politica Operária)
Robert Kurz, in "Marx e o século XXI",
(Artigo cuja leitura é vivamente recomendada)
“Com este ou aquele governo no poder, o Estado desempenha sempre o papel para que foi criado. Esse ‘tremendo corpo parasitário que cobre como uma membrana o corpo da sociedade’, nas palavras de Marx, funciona autonomamente como uma máquina, de modo a assegurar a reprodução da sociedade capitalista. Serão vãs todas as reformas ‘democratizantes’ enquanto não forem subvertidas as relações de apropriação”.
Com esta ideia encerra Tom Thomas o seu livro sobre o papel do Estado, traduzido em português pela Dinossauro. Nesta época de desenfreada ofensiva neoliberal e de entrega ao capital privado de todos os serviços essenciais, tem alastrado a ideia de que a política da esquerda consistiria em procurar ganhar as alavancas do Estado para deste modo limitar os males do capitalismo. Thomas tem uma opinião diferente; tomando como exemplo o caso da França ao longo dos séculos XIX e XX, procura mostrar que não apenas a classe operária nada tem a esperar do reforço do Estado, mas que é do seu interesse traçar uma linha de demarcação nítida entre si própria e os paladinos da estatização.
Para estes, a grande oposição contemporânea não seria entre burguesia e proletariado, capitalismo e comunismo, mas entre capitalismo liberal e capitalismo civilizado e democratizado pelo Estado. Ora, “se entrarmos no concreto das relações sociais, descobriremos que o Estado tem como função reproduzir o capitalismo”. “As sereias de toda essa ‘esquerda plural’ e ‘esquerda da esquerda’, do PCF aos trotskistas, passando pelos Verdes e a Attac, os quais se oferecem para gerir este Estado (jurando, claro, que vão democratizá-lo), ocultam aos olhos do proletariado a única coisa que realmente conta: o Estado deve ser destruído”.
O autor passa então a desmontar os equívocos em que assenta a crença mística num regresso ao Estado Providência. Ela esquece que as leis sociais são menos “conquistas operárias” do que uma integração da classe operária no sistema capitalista, para que a sua luta de classe não vá ao ponto de o pôr em causa, e lhe permita reproduzir-se sem grandes convulsões. Quando o Estado legisla “em defesa dos trabalhadores”, ele apenas utiliza a pressão da luta operária para impor certas reformas aos capitalistas, só preocupados com o seu interesse particular e não com os interesses gerais do sistema.
Por outro lado – e isto é normalmente esquecido neste nosso “primeiro mundo” – sem a escravização das centenas de milhões de “povos de cor”, não teria havido migalhas suficientes para distribuir ao proletariado a fim de persuadi--lo de que o Estado pode tornar-lhe o capitalismo, senão agradável, pelo menos aceitável; não por acaso, esta forma só existe nas metrópoles imperialistas.
E quanto às “garantias democráticas” do Estado moderno, que tanto impressionam os espíritos crédulos, elas significam simplesmente que, nos países imperialistas, a hegemonia do capital é de tal forma esmagadora que as formas eleitorais de designação dos governos podem muito bem conciliar-se com um Estado que se tornou totalitário.
O Estado Providência, defende Thomas, tem sido uma providência, mas para o capitalismo; o seu actual desmantelamento resulta dos problemas acrescidos que o capital encontra para se valorizar e da lenta agonia do sistema. O que significa que o Estado Providência não ressurgirá das cinzas.
Conclusão: pode-se associar as vezes que se quiser as palavras “democracia” e “Estado”, formular todos os programas de reformas do Estado que se quiser, que isso nunca passará necessariamente de um esforço deitado ao vento, enquanto não se puser termo ao processo de extorsão da mais-valia na produção, à divisão do trabalho entre os poderes intelectuais e os simples executantes, isto é, ao sistema capitalista.
Assim, Tom Thomas continua a desenterrar, pedra a pedra, ano após ano, o núcleo da teoria de Marx, oculta e deturpada, não só pelos defensores abertos do capitalismo, mas também pelos inúmeros “marxistas”, que a pretexto de adequar o marxismo às novas condições, o esvaziam do essencial – o seu alvo revolucionário. Um texto denso, decerto nada “fácil”, mas que chama sempre a primeiro plano as tarefas centrais da luta anticapitalista.
(publicado na Politica Operária)
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