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quarta-feira, julho 09, 2008

em defesa da Banca


quando se tornou impossivel ocultar a grande crise capitalista em marcha desde Agosto de 2007, os banqueiros centrais do sistema na Reserva Federal dos Estados Unidos, as primeiras medidas que tomaram foi no sentido de uma baixa progressiva das taxas de juro, que se situam hoje próximo dos 2 por cento. Na Europa, condenada a pagar a crise global, o sentido da sucursal financeira do FED, o BCE tem vindo a tomar decisões no sentido inverso: a alta das taxas de juro, que estão hoje nos 4,5 por cento. E o que diz Barroso e a mando de quem?

A propósito da decisão do aumento de juros determinada pelo BCE, Durão Barroso diz que “os politicos não devem interferir nas decisões das instâncias financeiras”; Não se aprende nada. Voltemos a estudar as obras teóricas e as evidências factuais dos dois séculos anteriores:

O sistema-ouro não era neutro, mesmo em relação aos paises do “núcleo central”, que competiam entre si nos campos económicos e colonial, favorecendo em última instância, o poder financeiro da City, a peça essencial da supremacia ou hegemonia britânica. Esta caracteristica foi outra fonte geradora da instabilidade do padrão-ouro, não tendo relação directa com a desigualdade entre classes, mas sim com a distribuição desigual da riqueza entre as nações.
Karl Polanyi faz uma radiografia dessa nova realidade focando o papel cumprido na estabilização europeia pelas redes transnacionais e as suas conexões com ahaute finance”: “uma instituição sui generis peculiar do último terço do século XIX que funcionou nesse periodo como o elo principal entre a organização politica e económica do mundo” Às vezes a Pax Britannica mantinha esse equilibrio através dos canhões dos seus navios; mais frequentemente porém, ela prevalecia puxando os cordelinhos da rede monetária internacional, uma vez que, orçamentos e armamentos, comércio exterior e matérias primas, independência nacional e soberania, eram agora funções da moeda e do crédito”.

A rede de poder da “haute finance adquire um lugar completamente diferente como instrumento do novo capital financeiro, que, segundo Rudolf Hilferding, aprofunda a compulsão expansiva da burguesia e aumenta o seu carácter agressivo ao envolver o poder dos Estados numa competição por novos “territórios económicos”, que transcendem as fronteiras nacionais, sem jamais se transformar “num império universal, apesar de ser este, o ideal sonhado do capital financeiro, segundo Nikolai Bukharin, quando percebeu que essa nova forma de associação entre o capital e o poder politico transformou a competição intercapitalista também numa competição politica entre Estados e simultaneamente transformou o capital inter-estatal numa espécie de mercado ou espaço preferencial de competição capitalista entre os grandes conglomerados económicos:
“Cada uma das “economias nacionais” desenvolvidas, no sentido capitalista da palavra, tranformou-se numa espécie de “trust” nacional de Estado (...) porque esses grupos vão buscar o seu último argumento na força e na potência do Estado, porque a sua capacidade de combate no mercado depende da força e da coesão da nação, dos seus recursos financeiros e militares”

in "Estados e moedas no desenvolvimento das nações"
José Luis Fiori (org.) Edit. Vozes

O livro retoma o tema esquecido e propõe-se o estudo das relações entre Estados, as moedas e o processo de desenvolvimento das nações. Os autores procuram avivar a memória dos interessados no desenvolvimento quanto à centralidade do valor do dinheiro na organização do sistema mundial, e mostram, de forma inequívoca, como, nestas últimas décadas, o poder militar e político do Império

se converteu no verdadeiro avalista em última instância do valor do dinheiro. Os ensaios aqui reunidos permitem reconstruir a chegada ao cenário actual do Império e desvendar o que é novo e o que é uma etapa de um padrão de desenvolvimento mundial que, ao longo dos séculos, não se moveu no sentido de homogeneizar e universalizar a riqueza capitalista e o bem-estar material"

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