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“Se não existissem estes activistas anti-globalização
como é que nós sabíamos quem são os nossos verdadeiros patrões?” (p/e o Grupo Bilberberg para onde foram convidados nestes últimos anos José Sócrates, Santana Lopes, António Costa, Rui Rio, Ferreira Leite e Aguiar Branco) – esta pode ser uma frase (de Manolo Herédia num post anterior) que de certo maneira desvirtua os movimentos de
contestação à (des)ordem estabelecida pela globalização neoliberal. Tem razão, porque de certo modo, a maior parte destes activistas apenas contribuem, trabalhadas que são as suas acções pelo Poder, para incutir nas opiniões públicas a repulsa por aqueles que pretender subverter ainda mais a ordem que já foi subvertida. Existem casos de indivíduos ou grupos que são até contratados para provocar acções violentas com a finalidade de legitimar as medidas adversas que o Poder pretende tomar – e isto conduz-nos à necessidade de cada individuo constituinte da maioria com interesses comuns se inscrever num sindicato de activistas anti globalização neoliberal, não fosse a compreensão desses interesses da sociedade estar inquinada – o que nos coloca perante o problema universal colocado na Cacânia de “o Homem sem Qualidades” de
Robert Edler von Musil, um louco consciente que imaginou toda a plenitude filosófica do século XX,
para lá do nazismo:
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“Hoje são tudo ruínas! tudo se encontra dissolvido, em ponto morto. Um abismo sem fundo da inteligência. Ninguém sabe o que é o poder de uma alma inteira, aquilo a que Goethe chama “
a personalidade”: “este belo conceito de poder e de limite, de arbitrário e de lei, de liberdade e de medida, de ordem móbil” (…) os indivíduos prisioneiros da sua parca compreensão não percebem que “hoje nada é estável. Tudo está sujeito a mudança, tudo é apenas um conjunto, estes
fazendo parte de um superconjunto acerca do qual, no entanto, ninguém sabe nada. De modo que cada uma das suas respostas é apenas um fragmento de resposta, cada um dos sentimentos de cada indivíduo é apenas um ponto de vista, e o que lhe importa para ele numa coisa não é aquilo que ela é, mas sim a sua maneira de ser, que
é acessória,
uma adição qualquer”
.
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