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quinta-feira, julho 02, 2009

o Estado da Nação

O pano de fundo do drama decorre entre as duas famiglias que se digladiam sobre duas questões de Honra, uma tem o affaire Freeport, a outra o BPN de Dias Loureiro (1). Longe das circunstâncias de Dostoiévski no “Crime e Castigo”, ainda estamos a meio da história, mas já se adivinha saber se a personagem principal, ou o seu duplo (2) vai ou não sucumbir ao peso do crime.

Manuela Ferreira Leite, enquanto nº2 e ministra das Finanças do governo Barroso privatizou, ou vendeu como soe melhor dizer-se, a rede fixa da Portugal Telecom, que era propriedade do Estado, por 365 milhões de euros. Nesse mesmo ano de 2002 o último relatório de contas da PT a mesma rede fixa valia 2.300 milhões. É sem dúvida um negócio ruinoso para o Estado, que para além disso perdeu o rendimento do aluguer da Rede no valor de 18 milhões de euros anuais. Mas a lider do PSD tentou descartar a questão remetendo-a para o partido “compagnon de route” desde o 25 de Novembro (os amigos são para as ocasiões) e desmentiu ela própria o presidente da administração da PT: “a venda foi negociada pelo governo “socialista” de Guterres” – é mentira!, claro, Ferreira Leite aprovou mesmo a venda da rede fixa à PT, uma empresa cotada na bolsa de New York

e, vindo cair aqui, sendo a Bolsa (ou a Vida) o Alfa e o Ómega do descalabro do sistema vigente, vem sempre a propósito relembrar outra famosa venda: a dos activos a receber pelo Estado ao banco norte americano Citigroup (3), um dos promitentes beneficiários da crise que se sabia já estar em gestação. Isto é um acto de esperteza saloia, de uma sumidade agora encartada pelo grupo Bilderberg, que remeteu os prejuizos de gestão danosa para o governo seguinte, tendo o Estado já liquidado mais que o valor emprestado (os valores incobráveis) e juros caninos sobre o capital adiantado. Mas é esta mesma senhora, que nas legislativas que levaram Durão ao governo, ficou célebre pelo "discurso da tanga" que deu lugar à "obsessão do défice" – é ela mesmo, Manuela Ferreira Leite de seu nome, que de novo, sete anos depois, quer repetir a receita da causa pela qual se celebrizou, agitando o espantalho do endividamento num país que nunca conheceu tempos de prosperidade baseado em trabalho e capacidade de produção própria... significa isto na prática que os funcionários investidos pelo Grupo Bilderberg, seja a lider do PSD ou Sócrates, António Costa ou Rui Rio, qualquer um em funções de controlo do saque dos bens públicos nos seus respectivos países não precisa de mais que uma inteligência medíocre


(1) actualização: a direita politico-bancária abusa, "Afinal havia, ou já há outro!"

(2) "José Sócrates decidiu, agora, consultar os 'magos' que ajudaram Barack Obama a conquistar o poder. [...] Atingimos a era do desequilíbrio e da alucinação. O Estado é entendido como uma empresa, não como a configuração de um corpo político, social e administrativo". Baptista-Bastos, escritor, no "Diário de Notícias"

(3) xico-espertismo de banksters - o Citigroup, numa acção que decerto fará bancoprudência aumentou esta semana as taxas de juro aplicadas a 15 milhões de cartões de crédito que gere nos Estados Unidos, antes que entrassem em vigor novas regras para o sector que visam precisamente proteger os interesses dos clientes deste tipo de produtos. A notícia, avançada pelo jornal Financial Times, promete reacender o debate sobre a regulação do sistema financeiro e, em especial, sobre o comportamento dos bancos, como o Citigroup, que receberam astronómicas injecções de capital público.
Com este aumento e a imposição do limite de crédito, sabe-se de fonte estatística segura que no mínimo 10 por cento dos detentores destes cartões não pagarão as suas contas – o próximo degrau da crise a rebentar será a bolha dos cartões de crédito; se hoje em dia já são cada vez menos os locais de comércio que os aceita,, devido ao pagamento de elevadas comissões, um belo dia a generalidade dos cartões de crédito serão pura e simplesmente cancelados e barrados nas caixas multibanco, sem qualquer aviso prévio. (fonte)
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