esta semana vou andar por aqui
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Segundo a crítica biblica alemã, nomeadamente da Escola de Tubingen, até hoje a única base cientifica do nosso conhecimento da história do cristianismo primitivo, os numerosos relatos mais do que duvidosos do Novo Testamento pretendem impor-nos uma quantidade de lendas de mártires como historicamente autênticas. Quando muito são autênticas quatro das epistolas atribuidas a São Paulo. E destas há apenas um livro do qual se pode fixar, com alguns meses de aproximação, a data da redacção, a qual se situa entre Junho do ano 67 e Janeiro ou Abril de 68. Segundo Bruno Bauer, o cristianismo em si só aparece no reinado de Tito Flávio (39-81 DC) e a literatura do Novo Testamento sob Adriano (76-138) e Marco António. O cristianismo é uma história mística de judeus construida como produto do meio onde nasceu: Roma e Alexandria, na escola do filosofo Filon (25 AC- 50 DC) - e não na Galileia nem em Jerusalem. Era preciso inventar uma religião universal para o povo, como barro unificador do Império, e inventou-se uma lenda que se mantém mesmo à custa da ciência. Quando o imperador Constantino (272-337) elevou o cristianismo à categoria de religião de Estado, tiveram grande participação a escola de Filon, a filosofia vulgar greco-romana e a platónica, em particular a estoica. O cristianismo é um produto autêntico desse mundo e não de lendas messiânicas judaicas completadas por fraudes piedosas e um charlatanismo sem disfarce, onde os milagres, os êxtases, as visões, a adivinhação do porvir, a alquimia, a cabala e outras feitiçarias de ocultismo desempenharam o papel primordial. Não foi por mero acaso que de catacumba em catacumba, como nos lugares subterrâneos do culto à divindade indo-iraniana Mitra, os caldeus, judeus e outros migrantes semitas, segundo Tácito (55-120 DC), foram por duas vezes expulsos de Roma pela prática de vigarices alicerçadas em magias e esoterismos pagãos.
Portanto, eis a Roma onde tudo nasceu, onde à beira do Tibre ainda no século XVIII pontificavam bem definidos na paisagem os dois poderes intemporais: o Castelo de Sant`Angelo como aquartelamento bem terreno das forças policiais da Ordem e a Catedral de São Pietro como simbolo do poder emanado de Deus lá das alturas do Céu... (de onde acaba de chegar mais uma missão da Nasa)
Leitura recomendada:
Friederich Engels, "Contribuição Para a História do Cristianismo Primitivo" (1895)
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