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terça-feira, dezembro 01, 2009

"tudo o que é (imobiliário) sólido se dissolve no ar...

... tudo o que era sagrado é profanado, e as pessoas são finalmente forçadas a encarar com serenidade a sua posição social e as suas relações recíprocas"
(do Manifesto Comunista, 1848)

Jogaram e perderam!. O apagão da esplendorosa bolha imobiliária no Emirato do Dubai deixa a banca europeia de interruptor desligado e à beira do desespero. O Credit Suisse estima que as entidades financeiras que cobre, referentes ao pedido de adiamento de pagamentos da Nakheel, a divisão imobiliária da holding Dubai World, têm uma exposição de 13.000 milhões de dólares. Os analistas consideram que as perdas nesses fundos poderão ascender a 50% dessa cifra total. O pânico acontece quando a Nakheel tem um compromisso de 4.000 milhões de dólares para pagar até 14 de Dezembro e, efeito surpresa!, confessa que não tem dinheiro para pagar; quando as obrigações derivadas da sua dívida já atingem os 80.000 milhões de dólares. Entretanto a holding Dubai World anunciou uma reestruturação.

O que significa o mesmo que aconteceu aos depositantes do BPN e BPP - a quem investiu em depósitos nesses fundos a Nakheel dirá da impossibilidade de pagar e mandam-nos falar com a Dubai World que dirá que não é nada com ela, uma vez que já não possui o controlo da Nakheel. Esta jogada é recorrente e é o tipo de prática onde está fundado o desejo da retoma capitalista ponzi-neocon. Mais dia menos dia acontecerá o mesmo com as dívidas do emirato de Abu Dhabi, da Arábia Saudita, do Barhein e do Qatar. Prenderam "um Madoff" como exemplo, mas ele bem se fartou de bramar que não era o único. Esse tipo de prática funciona por todo o lado. "Lamento que não tenha sido preso uns meses mais cedo", lamentou-se Bernie Madoff: "Tive azar, nessa altura teria saído limpo". Como saíram os fundos do Cavaco Silva investidos no BPN; cliente normal que veio atrás que vá falar com a SLN.

Então qual terá sido o problema? A verdadeira história acerca do Dubai! - lado a lado com o capital fictício e a megalomania dos maiores luxos do mundo, coexistia a fraude, dinheiro fácil e outros vícios de velhos standarts: neo-escravatura, trabalhadores importados pagos a 1 dólar por hora com alojamentos em barracões no meio do nada, passaportes apreendidos por empreiteiros e intermediários como garantia contra fugas; e ausência de direitos a protestos sobre condições de emprego. E quem o diz, não são os habituais suspeitos de conspirações anti-capitalistas, é a insuspeita ABC News em reportagem feita há dois anos atrás:



adenda: Exposição da banca internacional. Credores:
United Arab Emirates (originados via Credit Suisse via Bank for International Settlements):

United Kingdom: $50.2 billion
France: $11.3 billion
Germany: $10.6 billion
United States: $10.6 billion
Japan: $ 9.0 billion
Switzerland: $ 4.6 billion
Netherlands: $ 4.5 billion

United Arab Emirates (titulados pelo Credit Suisse, via Emirates Bank Association):

HSBC Bank Middle East Limited: $17.0 billion
Standard Chartered Bank: $ 7.8 billion
Barlays Bank Plc: $ 3.6 billion
ABN-Amro (RBS): $ 2.1 billion
Arab Bank Plc: $ 2.1 billion
Citibank: $ 1.9 billion
Bank of Baroda: $ 1.8 billion
Bank Saderat Iran: $ 1.7 billion
BNP Parabas: $ 1.7 billion
Lloyds: $ 1.6 billion

(fonte: Global Research)
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