No final do Verão o jornalista italiano Enrico Piovesana do Peace Repórter veio a público com um artigo intitulado “Cosa si nasconde dietro la guerra in Afghanistan?” o qual mereceu aqui uma tradução resumida e acrescentada com alguns links neste post. A ideia central, conjugada com algumas outras, era a de que os EUA não fazem nada contra a produção de droga no Afeganistão porque ela lhes proporciona, pelo menos, 50 mil milhões de dólares por ano e esse dinheiro estaria a ser investido para colmatar as brechas abertas pela falência do sistema bancário internacional.
uma aparatosa mobilização civilizacional
tendo como leit-motiv apenas uns poucos milhões
de perigosas criaturas, rudimentares, que sobrevivem
perto de niveis que roçam a indigência?
tendo como leit-motiv apenas uns poucos milhões
de perigosas criaturas, rudimentares, que sobrevivem
perto de niveis que roçam a indigência?
Tanto quanto se vai sabendo os narco-dólares foram o único dinheiro vivo a dar entrada no circuito legal sendo utilizados para salvar os bancos em crise, e claro, os Estados Unidos não se opõem ao narcotráfico afegão para não pôr em causa a estabilidade de um governo apoiado pelos principais traficantes de droga no país, começando pelo irmão de Hamid Karzai (…) O que sucedeu no passado na Indochina e na América Central indica que a CIA está implicada no tráfico de drogas afegãs numa medida ainda maior do que a que já sabíamos. Em ambos os casos, os aviões da CIA transportavam drogas para o estrangeiro em nome dos seus aliados locais, e o mesmo pode estar a ocorrer no Afeganistão. Quando a história desta guerra estiver escrita, a sórdida participação de Washington no tráfico de droga afegã será um dos capítulos mais vergonhosos.
Mais uma série de teorias de conspirações saídas das mentes esquerdistas do costume, dir-se-ia. Porém, passados três meses, concretamente hoje no jornal “I”, um alto responsável da ONU vem admitir que os “cerca de 240 mil milhões de euros em dinheiro sujo evitaram um colapso ainda maior do sistema financeiro e económico global” - (também publicado no Guardian)
Não dá para acreditar; mas quem passou pela guerra colonial sabe muito bem qual é o clima emocional que se vive ao vaguear quotidianamente pelo meio da generalidade de populações abandonadas e miseráveis onde vale tudo para se tentar sobreviver. E o que vão mais 30 mil soldados do Obama fazer para o Afeganistão nestas circunstâncias? É por causa deste deambular sem nexo que alguns deles vão morrer? Não é de certeza. A realidade no terreno mostra que existem outras razões “para o combate”. Que espécie de psicopatas fardados ditos civilizados se dispõem a morrer enlameados em condições degradantes como as que se vêem aqui? e em nome dos lucros de quem?
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