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sexta-feira, junho 11, 2010

Governar é prever

Nos quatrocentos anos transcorridos desde que se começou a comprar e a vender acções, ocorreu uma sucessão de bolhas financeiras. Vezes sem conta, os preços das acções subiram em flecha, a alturas insustentáveis, para voltarem a despenhar-se. Vezes sem conta, este processo foi acompanhado de trapaça, com os iniciados (bulls) a tentarem lucrar à custa dos ingénuos neófitos (bears). Este padrão é tão familiar que podemos dividi-lo em cinco etapas:
1. Deslocação: Alguma mudança nas circunstâncias económicas cria oportunidades novas e rentáveis para certas companhias.
2. Euforia ou excesso de transacções: instala-se um processo de feedback em que os crescentes lucros esperados conduzem a um rápido crescimento do preço das acções.
3. Mania ou Bolha: A perspectiva de ganhos de capitais fáceis atrai investidores principiantes e vigaristas ansiosos por lhes roubar o dinheiro
4. Aflição: Os iniciados percebem que os lucros não podem, de modo algum, justificar o já exorbitante preço dos valores e começam a realizar lucros através das vendas.
5. Repulsa ou descrédito: Com a queda dos preços dos valores, os iniciados correm selvaticamente para as saídas, fazendo a bolha rebentar totalmente.

Exemplo - A Bolha das Dot.Com que rebentou no ano 2000 trouxe a inauguração do Bushismo e o 11 de Setembro. Em 1999, segundo um artigo publicado na Business Week, na Bolsa o índice Dow tinha fechado a 10.395 o que significava que o preço médio de uma grande empresa norte-americana de novas tecnologias subira doze vezes em apenas vinte anos. O ratio preço-receitas médio em bolsa desde 1871 nos EUA tinha sido de 15,5, mas nesse ano tinha atingido os 32,6. Segundo os consultores James K. Glassman e Kevin A. Hassett em “Dow 36.000: The New Strategy for Profiting From the Coming Rise in Stock Market” o valor de mercado 10.395 era uma pechincha – “um preço perfeitamente razoável para o mercado seria 100 vezes mais - e mereceria bem chegar aos 36.000 nos próximos 3 a 5 anos”. Mas em 2002 o Dow já descera para 7.286 e em 2008 ainda se transacciona por um terço do preço então previsto. Esse artigo foi publicado quatro meses antes do colapso e baseara-se em espectativas exageradas acerca das futuras receitas das empresas.

(1) “No mês seguinte a ter abandonado a Casa Branca, Bill Clinton ganhou tanto dinheiro como havia ganho durante os anteriores cinquenta e três anos de vida. O banco Goldman Sachs pagou-lhe 650.000 dólares por quatro discursos. Um outro proferido em França rendeu-lhe 250.000 dólares pagos pelo Citigroup. No último ano do mandato o casal Clinton havia declarado 357.000 dólares de rendimento; entre 2001 e 2007 totalizou 109 milhões de dólares. Os contactos adquiridos durante uma carreira politica rendem sobretudo depois dessa carreira ter terminado” – governar com mandato popular ao serviço de privados é prever…

(1) Serge Halimi, "o Governo dos Bancos", Le Monde Diplomatique, Junho 2010)
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2 comentários:

Diogo disse...

Já viste o filme Money Masters?

Anónimo disse...

Agora,já mais telenovela por parte do nani(isto não é nome de m'lher?,adiante)q diz q recupera da fratura ao ombro numa semana.Se a equipa levar com ela,já temos desculpas e mais desculpas,enquanto o bpn já leva 9 000 milhões a juntar aà divida pública(????)