“é Maio das flores, quem versos saiba fazer, experimente comer deles”
José Saramago, in "Levantado do Chão"
Tacanho como é o seu timbre de marca, Cavaco (1) não interrompe as férias que prometeu à familia - “sou um homem que gosto de cumprir o que prometo”, disse – recusando-se a assistir e a representar o Estado português no funeral do prémio Nóbel português, uma personalidade que irá, mais tarde ou mais cedo, para o Panteão nacional, independentemente da polémica que se adivinha, ou do prazo de passagem ao estado de lixo da tralha cavaco-socratista.
já no que respeita à figura do 2º Magistrado mais gorduroso da Nação e Presidente da Assembleia Nacional (ainda provisoriamente republicana), a sua ausência tem de ser equacionada como sendo a do principal avatar dos guerrófilos da NATO em Portugal.
Mas a isso responde facilmente José Saramago através das cinzas que nos legou espalhadas em nós pelo mesmo "Levantados do Chão",
pag. 198:
"António Mau-Tempo, vais ter de aprender no quartel, não quero filhos analfabetos debaixo das minhas bandeiras, e se depois esqueceres o que te mandar ensinar, paciência, não será minha a culpa, tu é que és burro, labrego e saloio, em verdade te digo, estão os meus exércitos cheios de labregos, o que vale é ser por pouco tempo, acabado o serviço militar, voltarás à tua ocupação, porém se quiseres outra tão custosa como essa, também se arranja.
Dissessem as pátrias a verdade e ouviríamos este discurso, mais ponto, menos cifra, mas então haveríamos de sofrer o desgosto de deixar de acreditar nas maviosas histórias da carochinha, as de ontem e de hoje, ora de armadura e guante, ora de dragona e greva, por exemplo aquela do soldadinho que vivia na trincheira saudoso da sua mãe carnal, que a celeste já morreu, olhando enfim o retrato daquela que lhe deu o ser, até que um certo dia uma bala perdida, ou pelo contrário muito bem disparada por atirador especial do inimigo, fez o retrato em estilhas, levou a efígie da doce ansiã e senhora mãe para os quintos, e então o soldadinho, louco de dor, salta o parapeito e corre de arma em riste contra as trincheiras adversárias, mas então não foi longe, caiu-lhe em cima uma rajada que o ceifou, é assim que se diz nestas narrativas de guerra, a qual rajada lhe foi atirada por um soldado alemão que também tem no bolso o retrato de sua e suave ansiã, isto se acrescenta para ficarem mais completas as histórias das mães e das pátrias e de quem morre ou mata por histórias destas"
(1) Inculto, provinciano e bronco, Cavaco Silva confunde "o privilégio de (nunca) ter conhecido Saramago", com o facto de desconhecer de todo o valor universal da sua obra
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4 comentários:
tecnicamente denominados como: CAMBADA DE PELEGOS(ê) !
Ainda bem q o bronco não pôs lá os pés.O gajo não tinha nenhuma razão para lá estar-ele é de outra natureza-a dos parasitas!
Já agora o que o Deco?não será a DECO?Lapso o seu pq defesa é do género feminino.... :)
o Deco é o futebolista que é médio da selecção nacional e tinha barafustado com o treinador por discordar da posição onde foi obrigado a jogar. Arranjou-se-lhe uma "lesão" e não jogou no jogo seguinte. Fez tanta falta como o Cavaco no enterro...
Mas, fora de brincadeiras, o post é sobre a NATO
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