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domingo, outubro 10, 2010

9º aniversário da primeira consequência prática do 11 de Setembro

Passam agora 9 anos da invasão e guerra contra o Afeganistão, que com a administração Obama alastrou ao Paquistão. (6 em cada 10 paquistaneses vêem os norte-americanos como inimigos). Quem sustenta a agressão? - dizem os jornais que os Talibans estão a vencer... mas não se debruçam sobre o mais importante...

O melhor do calhamaço de Robert Fisk é mesmo o mapa do Desfiladeiro de Khyber, fundamental para o acesso de abastecimentos à região a partir dos portos marítimos do Paquistão, mas a ideia apreendida inicialmente de que seria uma "guerra pela civilização" está hoje desmascarada pela evidência do gigantesco negócio que a sustenta



A situação no terreno tem vindo a agravar-se ultimamente com os ataques a entrepostos de mercadorias e às centenas de comboios de camiões que diariamente rumam para abastecer as tropas da Nato. Vieram agora a lume indícios de que são os próprios fornecedores locais dos abastecimentos às tropas que colocam bombas nos camiões, os incendeiam e apresentam as contas, cobertas pelos seguros dos contratos, às autoridades americanas que gerem as operações militares – que as pagam. Por sua vez esse dinheiro serve para pagar novas acções do género aos “talibans” e assim sucessivamente. Este cenário não é novo, foi recorrente durante a “nossa guerra do Ultramar” onde qualquer insignificante sargento enriquecia com a encenação de “destruição de abastecimentos pelo inimigo”, enquanto eram vendidos a civis pela porta do cavalo. Posto isto, obviamente, na medida em que o negócio evolui até aos mais altos níveis, ninguém das autoridades militares estará interessado em acabar com a guerra.

Segundo a BBC, estes inúmeros casos tornaram-se suspeitos. Dost Mohammad, um das centenas de donos de depósitos de gasóleo, afirma ter provas que são os transportadores contratados pela Nato que colocam as bombas. Isto aconteceu por exemplo em Paiyee, quando ao mesmo tempo que a bomba rebentou alguns homens começaram a disparar sobre a escolta militar e sobre os tanques, incendiando-os. Mohammad afirma que o transportador tinha retirado previamente a maior parte dos 50.000 litros de combustível, deixando apenas 2000 litros para dar cobertura ao “crime económico”. Como diria o Scolari, esta é uma situação de ganha-ganha para os fornecedores, melhor quando conluiados com as “autoridades”. Mas é uma situação de perde-perde para os contribuintes dos países da Nato. Seguramente, este negócio estende-se ao imenso mundo das empresas privadas de segurança. Manifestamente o actual terrorismo é satisfatório e dá muito prazer aos governantes dos Estados Unidos e aos seus sub-empreiteiros da guerra. Tasneem Ahmed o ministro do Interior do governo fantoche do Afeganistão afirmou à BCC não ter informações sob contratos da Nato e nenhum desses casos foi trazido ao meu conhecimento.

Fontes: Nato contractors 'attacking own vehicles' in Pakistan e Afghan contractors 'fund Taliban

As vias de comunicação da corrupção. O estratégico Desfiladeiro de Khyber

- Mais de 80% dos fornecimentos da Nato, material militar e abastecimentos, vêm do Paquistão
- A maioria percorre de camião 1900 quilómetros desde o porto de Carachi para Cabul através desse desfiladeiro
- Mais de 1000 contentores e atrelados viajam por ali diariamente a caminho de Cabul
- O Desfiladeiro de Khyber tem 53 quilómetros de comprimento entre montanhas que ultrapassam os 1000 metros de altitude
- Cerca de 150 camiões por dia percorrem a via entre Chamam a caminho de Kandahar


Coitadinho...

“Dói-me o coração... não quero que o meu filho Mirwais… os vossos filhos, sejam amanhã também refugiados e se tornem estrangeiros” - No dia internacional que pretendeu comemorar a literacia na zona verde libertada pelas tropas norte americanas, o presidente-fantoche Karzai desatou a chorar durante o discurso. Comentário de um ex-diplomata: “os afegãos que votaram neste gajo, não votaram no irmão, no sobrinho dele nem na sua tribo; aqui toda a gente com o apelido Karzai pode ter uma forte posição no poder, esta é que é a questão importante. Até quando teremos de gramar actividades criminosas aos mais altos níveis e deixar andar?” (fonte)
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