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segunda-feira, outubro 04, 2010

"(...) Portugal oferece-nos o exemplo de uma forma um pouco diferente da dependência financeira e diplomática com independência política. Portugal é um Estado soberano e independente mas, de facto, há já mais de duzentos anos, desde a guerra de sucessão de Espanha (1701-1714), encontra-se sob protectorado britânico" (Lénine, in "O Imperialismo, Estádio Supremo do Capitalismo" (Junho de 1916)

Após um período inicial de apoio popular, com a entrada de Portugal na Primeira Grande Guerra, a instâncias da Inglaterra que invoca a "velha aliança" para exigir o bloqueio dos portos aos navios alemães, à qual o Partido "Democrático" acede, agravaram-se extraordinariamente as condições de vida do povo dependente do trabalho assalariado, que começam a pôr em causa a legitimidade do regime saído da Revolução de 1910. A divida contraída para sustentar a guerra seria a causa próxima para o descalabro que justificou a implantação do regime fascista de Salazar - em nome da normalização das Finanças

Enfim, entre a implantação da República com a euforia dos cidadãos a vitoriarem a nova situação e o 25 de Abril, exceptuando o longo interregno do Estado Novo em que andaram a pé, o que mudou realmente foi a marca das viaturas onde a malta se empoleirou...

"A indústria portuguesa em que predominavam as pequenas e muito pequenas unidades, conservava processos produtivos obsoletos e mantinha uma vocação dependente dos mercados coloniais. Para fugir à miséria, grandes massas de assalariados migravam, porque a debilidade do tecido industrial era incapaz de absorver a mão de obra excedente. As degradantes condições de vida dos trabalhadores e do povo - salários baixos, ausência de politicas sociais, longos horários de trabalho, elevados niveis de analfabetismo - faziam realçar a decadência e parasitismo do regime monárquico. Aesar da existência de constrangimentos vários, de entre os quais avulta a dependência face ao capital estrangeiro, Portugal conheceu nos anos que antecederam a implantação da República um significativo processo de desenvolvimento industrial com a criação de novos ramos, elevação do nivel tecnológico, aumento do número de unidades e da sua dimensão, acompanhando o desenvolvimento urbano nos grandes centros como Lisboa e Porto e consequente crescimento da pequena e média burguesia ligada ao sector dos serviços, também eles em expansão e que viam na Monarquia um obstáculo à sua afirmação"
(extracto da descrição das condições de luta do povo português no folheto comemorativo do PCP nos 100 anos da República)

Saudosismo: "O único consolo dos Monárquicos é que o último Rei foi um homem decente, que podia ter sido Rei de uma Monarquia Decente, se ainda fôssemos a tempo disso, e não fomos" (Pedro Mexia, Público 2/10).

Ainda assim ficaria por explicar que justificação existiria para Portugal ter um representante de Deus na terra, num ínicio de século onde, com Darwin, se começava a constatar cientificamente que afinal Deus não existia. Assim, num país crente e profundamente alienado pela religião, revolucionária foi a proposta de Afonso Costa:
"O Partido Republicano tem a obrigação de defender o povo mesmo contra a vontade do próprio povo" - a que se seguiu uma politica de confiscação da maior parte do património nacional que se encontrava sob a alçada da Igreja.

"A ideia de uma República só para republicanos fez brotar nos católicos uma consciência mais definida da opção religiosa, uma resistência na defesa dos valores e uma necessidade de formação dos crentes para a restauração do país" (bispo Don Manuel Clemente, Janeiro de 2010)
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1 comentário:

Anónimo disse...

¿Te parece bien o mal la Vieja Alianza con la Poderosa Albion?