A Lehman possuía centenas de milhares de títulos de dívida em bolsa e meio milhão de pacotes financeiros derivados “tóxicos”, mas ainda assim os credores dispuseram de uma reserva de capital que diminuiu em grande parte o efeito da quebra inicial. E quando essas reservas se esgotaram foram repostas pelas ajudas aos bancos na forma de biliões em “TARP Money” (dólares-papel fabricados de propósito para acudir às perdas em bolsa). Esse dinheiro foi “espalhado”, da mesma forma que os bonds do subprime o tinham sido, pelos bancos centrais de todo o mundo, especialmente pelos da Europa com a concordância dos que a governam. E a especulação prosseguiu.
Como se disse aqui, os países com a percentagem de títulos de divida mais exposta a credores estrangeiros (Grécia, Portugal, Irlanda e agora a Eslovénia) são os mais vulneráveis à especulação e por essa razão é por aí que se desencadeia o ataque ao Euro. Quando existe ameaça de incumprimento (default, bancarrota, inevitável no caso da Grécia afirma o New York Times) os especuladores entram em pânico e tentam vender os títulos que possuem e que correm o risco de desvalorização. Havendo muito papel desse à venda, duvidoso, a moeda que o cobre desvaloriza-se. Mas o Banco Central Europeu trata das dividas públicas e dos bancos privados avalizados pelos Estados como se não existisse risco. È o negócio deles, fundamentalmente na Europa o do sub-imperialismo alemão ao serviço de Wall-Street e da Reserva Federal. Quanto maior é o risco, maior o juro, maior se torna a rentabilidade desses empréstimos. Para bem relembrar uma obscura personalidade do Bloco-PS-PSD-Cavaco, só assim se compreende que o ex-governador do Banco de Portugal Vitor Constâncio tenha deixado um país desregulamentado e à beira da falência e apesar disso tenha sido promovido a vice-presidente do BCE – banco que com o desenrolar da crise para cima da Europa até ele está em vias de necessitar de ser recapitalizado. Quanto mais dinheiro fabricam, maior será a obrigação do povo pagar essas dívidas, mais se agravarão as suas condições de vida. A solução está no levantamento e insurreição dos povos e na recusa ao pagamento de dívidas que não foram contraídas por eles e muito menos em seu benefício.
Face à “crise do Euro” - mais vale pouco que nada - conservadores como Nouriel Roubini defendem a "reestruturação ordenada" da dívida grega. Mas, mais à direita, a “solução” pretendida pelos actuais governantes e activistas ultraliberais é outra, vender a terra em que nascemos em saldo e a pataco às multinacionais: "a Grécia deve privatizar rápidamente 50.000 milhões de euros em activos para que a sua dívida pública a médio e longo prazo seja sustentável, porque neste momento não o é", afirmou o presidente do Eurogrupo Jean-Claude Juncker. Cavalgando a lucrativa crise, os especuladores apropriam-se de novos negócios. Para relançar o capitalismo lançam milhões de pessoas na miséria. Nem o Salazar nem as suas aliadas divisões panzer alemãs de Hitler tiveram engenho e arte para se aventurar a tanto
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