Uma simples mistificação dos economistas da escola neoliberal norte-americana, fazendo tábua rasa da distinção entre o Valor de Uso e o Valor de Troca das mercadorias de Karl Marx em “O Capital” moldou o mundo do pós-guerra tal e qual o conhecemos. Neste sentido, só o Presente é nosso, não o momento passado nem aquele que aguardamos, porque um está destruido, e do outro, se não lutarmos, não sabemos se existirá.
A decadência do capitalismo não é resultado desta ou daquela medida aplicada por um ou outro governo ou administração. As leis da economia politica decorrem do próprio sistema de acumulação capitalista. Por meados dos anos 70 a regra da queda tendencial da taxa de lucro face aos investimentos necessários para "fazer crescer" a economia (1) estava esgotada nos paises mais desenvolvidos (Estados Unidos, Alemanha e França, Grã Bretanha e Japão). O fim da paridade do dólar com o ouro e a desregulamentação e a abertura para a especulação que se seguiram inauguraram a era da financeirização. Assim, ao contrário do que muitos pensam, o desmantelamento efectivo do Estado de Bem-Estar (Welfare State) erguido a partir do final da 2ª GGuerra para fazer face ao modelo socialista soviético, não começou propriamente com o lançamento do esplendor-decadente neoliberal de Reagan e Tatcher, começou muito antes e consolidou-se algum tempo depois (2) com outros actores – a “Lei da Reforma Social” (Federal Welfare Reform Act) que precipitou a uniformização do modelo para todo o Ocidente foi promulgada por Bill Clinton a 22 de Agosto de 1996 – sendo uma clara derrota da justiça social e o tiro de partida para implementar as relações mercantis em todos os cantos da vida social.
No dia 25 de Abril de 1999 vários lideres do centro-esquerda europeu levaram a efeito uma reunião em Washington (3) a fim de discutirem a Terceira Via (para o socialismo, uma vez que viram a social-democracia falhada e rejeitavam de todo o marxismo), por entre a auto-satisfação e felicitações mútuas pelo papel desempenhado no desencadeamento da guerra da Nato no desmantelamento da Jugoslávia. O “socialista” Massimo d`Alema disse que não se devia ter medo da palavra “socialismo”, o que parece ter causado uma explosão de riso por parte de Bill Clinton, rapidamente acompanhado por Blair e Schroeder. O mesmo grupo tentou persuadir a II Internacional (na época presidida por António Guterres) a mudar o seu nome para “Internacional de Centro-Esquerda” por forma a permitir a adesão do Partido Democrata de Clinton e Al Gore. Face ao fracasso da intenção , pretendiam continuar a servir-se da palavra, mas modificando-a, introduzindo-lhe um hífen – para social-ismo (4).
Ao mesmo tempo, na Grã-Bretanha, o partido que tinha inventado a “Terceira Via” (teorizada por Anthony Giddens) - o New Labour - rejeitava a crítica socialista do capitalismo aderindo à filosofia do mercado: “nunca mais deveremos voltar a ser vistos como anti-sucesso, anti-competição, anti-lucro, anti-mercado” declarava o então ministro das Finanças Gordon Brown. Em Junho de 1999 no Caesar Park Hotel Penha Longa em Sintra reunia-se o Grupo Bilderberg onde estiveram presentes Ricardo Salgado e Jorge Sampaio
Novembro de 1999. Manifestações em Seattle (5) marcam o inicio de uma vaga de protestos anti-capitalistas. A contestação dirige-se contra a incessante mercantilização de todas as coisas. A classe média dos países de capitalismo avançado reconheceram de imediato que a implementação da Organização Mundial de Comércio era o principio do desarmamento da democracia no Estado Social.
Continua a saga governativa de distribuir impostos para cobrar à população as ajudas que estão a ser entregues aos bancos para os salvar da falência. Todos os dias jorram mais uns quantos:
estudantes que porventura não tenham integralmente pago as propinas à escola ou ao banco ficam sem o canudo da licenciatura; jovens licenciados com bolsas de estudo passam a pagar IRS sobre as miseráveis quantias que auferem. Superficies comerciais com mais de 2000 m2 passam a pagar 8 euros por cada m2 por ano de taxa alimentar. "Taxa" diz a ministra, quando de facto é um novo imposto, cujas consequências irão recair integralmente sobre os produtos à venda nesses espaços.
Para quem ainda não reparou, em Portugal existe uma bolha imobiliária assente sobre centros comerciais e grandes superficies de supermercados. Esta construção exagerada erigida sobre um poder de consumo inexistente será a próxima a desmoronar-se. Olhando com atenção para a alta de preços que se tem vindo a registar, actualmente ninguém está já a compreender muito bem como é que tantas delas ainda subsistem entregues como estão às moscas - 1 quilo de cenouras no Pingo Doce custava ontem 49 cêntimos, nas mercearias Chinesas ou de Indianos que abrem de minuto a minuto por tudo o que é canto nos nossos bairros igual quantidade do mesmo produto custa 24 cêntimos. Menos de metade.
Uma cenoura é uma cenoura. As diferenças de preços nos restantes produtos são equivalentes. Torna-se portanto óbvia qual será a escolha entre os "consumidores" e os "fregueses". E assim paulatinamente Lisboa vai adquirindo um ar de 3º Mundo que até lhe fica giro. Desde que sirva para destruir e levar à falência os belmiros azevedos e soares dos santos que têm patrocinado (pago favores a) politicos da laia dos que temos tido nos governos
a livre circulação de capitais sem qualquer controlo foi patrocinada pela revogação do Glass-Seagall Act durante a administração Clinton (1999), o que veio permitir a junção dos bancos comerciais com os bancos de investimento, uma associação nefasta que tinha sido proibida desde 1933 com o New Deal como medida de retoma da Grande Depressão. Esta situação voltou, agora a uma outra muito escala maior, a dar origem aos grandes conglomerados financeiros.
12 de Novembro de 1999.
Assinatura do fim da Lei de Separação Bancária.
O segundo a contar da esquerda em primeiro plano é Alain Greenspan,
os outros todos são os verdadeiros detentores do poder, que mandam
"A aceleração do processo de inovação financeira traduziu-se no desenvolvimentos dos mercados de produtos financeiros derivados. Chamam-lhe produtos para criar a ilusão de que resultam de uma qualquer "indústria" (como também se fala da "indústria bancária...) ou de outra actividade produtiva, mas essa é, a todas as luzes, uma designação falsa, enganadora e não inocente (...) Trata-se de produtos virtuais, mas que chamam a si uma parte significativa da riqueza criada pela economia real"
(António Avelãs Nunes, in A Crise do Capitalismo: Capitalismo, Neoliberalismo Globalização)
"Tais produtos são "formas inteiramente novas de instrumentos financeiros que tiveram de ser inventadas ou desenvolvidas - derivativos de crédito, titulos lastreados em activos, titulos sobre lucros no futuro sobre o petróleo, alimentos e outras commodities - que criam condições para o funcionamento muito mais eficiente do sistema de comércio mundial" (Alain Greenspan, director da FED 1987-2006, in "A Era da Turbulência"
Conscientes dos perigos destas politicas, alguns especialistas têm vindo a defender o desmantelamento imediato dos conglomerados financeiros, instituindo de novo a separação rigorosa entre bancos comerciais e bancos de investimento, impedindo claramente a função bancária comercial de exercer outras actividades próprias das seguradoras ou de investimentos em imobiliário, principais fontes de criação de derivados especulativos que são postos em circulação com plena liberdade. Enfim, mas o que está feito, feito está...
Seria previsivel que o QE2 [Quantitative Easing 2 — "Abrandamento Quantitativo", eufemismo tecnocrático moderno para a expressão "imprimir dinheiro"] não seria o último dos programas de maciça impressão de dinheiro para "ajudas e estimulos" (à Banca) criados pela Reserva Federal como forma de exportar a falência do sistema capitalista global que é medida em dólares (...) considerando que os novos dólares criados levam algum tempo até começarem a circular pela economia e a elevar os preços, isso significa que a Reserva Federal nada mais poderá fazer para restringir a política monetária quando a inflação de preços começar a ficar fora de controlo, causando ainda mais descoordenação na economia americana. É a isto que Portugal está atrelado... devemos pagar dívidas que não são nossas?
o documentário de Jorge Costa, descreve cem anos de poder económico monopolizado pela burguesia financeira nacional - "é o Estado que faz a burguesia em Portugal" O filme retrata a protecção do Estado às famílias que dominaram a economia do país, as suas estratégias de conservação de poder e de acumulação de riqueza, enfim, baseado no livro homónimo, é um resumo da história da eterna exploração do Zé Povinho
48min;06seg
Do dominio secular dessas grandes familias resulta uma pulverização de participações na economia de hoje, enchendo muito anafada pança, comprovável pelos currículos de 115 governantes e ex-governantes dos últimos 30 anos na área do PS, PSD e CDS, esquematizada num mapa das ligações tecidas entre grupos económicos onde os seus herdeiros ocupam ou ocuparam funções dirigentes:
Oriundos de basicamente 5 familias, os Orey Pinto Basto (1774), António José Mello (1825), Carlos e Adolfo Lima Mayer (1838), José Henriques Ulrich (1850) e José Maria Espirito Santo Silva (1850) os seus descendentes cruzam-se entre eles mantendo o património através do matrimónio. Um organigrama desse poder geneológico pode ser visto aqui, mas o melhor é mesmoler o livro.
(Edições Afrontamento, Cª das Artes Pavilhão A44 na Feira do Livro) .
Uma coisa é o espirito aguerrido na denúncia a titulo individual que acaba por ficar para a história; outra coisa é a capacidade politica de um grupo se afirmar na análise das causas das situações e não apenas das suas consequências; ali o deputado denuncia a vergonha dos deputados europeus receberem salários e mordomias exorbitantes, lá mais à frente nem por isso:
se lermos o Relatório Podimata que foi aprovado no Parlamento Europeu em Fevereiro de 2011 onde se propõe um imposto sobre as transações financeiras de entre 0,01 a 0,05% (uns quantos amendoins), nas partes não mediatizadas vem lá tudo: nas transacções efectuadas nos chamados over-the-counter derivative markets (negócios fora de Bolsa) esses produtos atingiram 73,5 vezes o PIB mundial. Assim sendo, qual a dificuldade em distribuir uns anafados trocos a estes gajos se eles calam a boca no essencial? .
“É assim que, publicando um conjunto de textos do MRPP, o nosso objectivo não é dar uma visão de conjunto da revolução portuguesa, mas sim apresentar um elemento dessa revolução, um sistema coerente de pontos de referência para uma questão-chave, que põem todos os marxistas europeus: o que é hoje a luta em duas frentes, por um lado contra a burguesia monopolista pró-americana, por outro lado, contra a burguesia burocrática de Estado e a sua expressão politica (o Revisionismo). Nas condições concretas da revolução portuguesa, os textos do MRPP são reveladores porque a questão do Poder está na ordem do dia, desdobram no tempo os elementos de uma tentativa de resposta a essa questão; e podemos avaliar a amplitude do problema, a sua dificuldade própria, a força ou o limite, de tal ou tal resposta à nossa interpretação da História” (Alain Badiou e Sylvain Lazarus, pela Editora Maspéro, 1976)
Nos anos sessenta, um senhor Claude Julien publicou, em França, um livro sobre o imperialismo americano, no qual apresentava a lista das associações que recebiam fundos da C.I.A. O Senado americano tomou posição a propósito dessa lista e confirmou que algumas dessas associações eram realmente financiadas pelos Estados Unidos, mas outras não. Entre as primeiras estava a Associação Europeia para a Liberdade da Cultura, financiada pela Fundação Ford, a mesma que financia a C.I.A. Por sua vez, essa associação financiava a Associação Portuguesa para a Liberdade da Cultura, cuja sede se encontrava em Lisboa, na Livraria Moraes, onde também era editado “O Tempo e o Modo” dessa época, que pertencia igualmente aos mesmos associados. Pertenciam a “O Tempo e o Modo” quase todos os principais dirigentes que vieram a participar no 1º Governo pós 25 de Abril, à excepção de Cunhal.
Quando o livro de Claude Julien denunciou essas ligações da C.I.A. com diversas associações culturais, tudo o que havia de bom em “O Tempo e o Modo” empreendeu uma luta exemplar para expulsar os indivíduos suspeitos de terem recebido fundos da Associação Portuguesa para a Liberdade da Cultura. Entre os que tinham podido “beneficiar” da ajuda da C.I.A. encontravam-se alguns personagens interessantes, por exemplo o escritor José Cardoso Pires, sub director do Diário de Lisboa; Fernando Lopes Graça pelos discos que tinha feito em comum com Giacometi; e toda uma série de outras personalidades (Alçada Baptista, Bénard da Costa) que, com pleno conhecimento ou não, eram assim financiados. A parte sã dos redactores de “O Tempo e o Modo” expulsou imediatamente a camarilha revisionista, que tinha até então recebido fundos dessa natureza, e tomou a direcção da revista. E qual não foi o seu espanto quando viram posteriormante o jornal “Avante”, cujos militantes tinham aproveitado durante tanto tempo aqueles subsídios, acusar “O Tempo e o Modo” de ser financiado pela C.I.A.
(in “O Compasso do Tempo, o MRPP” de Judith Balso, 1976) .
(sim, leu bem: "Antifascista", porque da outra merda
há por aí aos quintais)
Todos os anos na semana que é recordada como a da instauração da liberdade politica em Portugal a velhinha "Livraria Ler" (ali na esquina do Jardim da Parada com a Almeida e Sousa em Campo de Ourique) faz uma exposição dos livros apreendidos pela PIDE e dos respectivos autos. Entre as obras encarceradas constam titulos tão loquazes como "A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado" de Engels, "Trotsky, da Noruega ao México", a novela anti-colonialista "Luuanda", o estudo académico de politica económica "O Capital" de Karl Marx e o circunspecto "Crimes de Guerra no Vietname" de Bertrand Russel, prémio Nóbel em 1950. Sem desprimor para os Marxistas, este último seria sem dúvida o mais perigoso, uma vez que trata da maior devastação de sempre em paises do 3º Mundo, no caso os da Indochina pelos Estados Unidos, crimes que ficaram completamente impunes, numa época em que as "intervenções humanitárias da comunidade internacional" ainda não se tinham convertido em teoria de direito a dar para o torto...
que fiquem os reaccionários dos mais diversos matizes descansados que as contas para a 2ª volta estão fáceis de fazer e não dependem da "extrema esquerda" nem de Hollande que nem de esquerda é:
Sarkozy+Extrema Direita+Bayrou - 52,62% François Hollande+J.C.Melenchon - 39,89%
portanto
tudo o que esta lumináriaterá que fazer é incluir umas fotos da Carla Bruni meio descascada lá no pasquim Correio da Manha e o neoliberalismo continuará a sua gloriosa carreira. O que poderá acontecer é que se estejam a esquecer do Povo, que tem outros meios para fazer uma 2ª Revolução Francesa que não seja meter papeletas em caixinhas .
"Cinco dos candidatos às eleições presidenciais não aceitaram os resultados da 1ª volta como limpos" (do blogue "Ditadura do Consenso)
Em Lisboa a diáspora guineense manifestou-se ontem no Rossio. Lá a confusão impera, cá a desorientação, até na ordem de inicio do desfile é total. Mas de um modo geral a pequena-burguesia concorda que a situação anterior, dita democrática, deve ser reposta.
o Coronel Daba Na Walna (do Comando Militar golpista diz que “não há uma situação de guerra e, se forem enviadas tropas estrangeiras a Guiné Bissau defenderá a sua integridade territorial (…) Custa-me a acreditar que o governo português vá a reboque de Angola por causa dos petrodólares (…) Portugal tem intenções neocoloniais”
Kumba Yalá: “ninguém vai aceitar a imposição de uma força externa, até porque o golpe teve na sua origem o contingente angolano para aqui destacado que estava a transformar-se numa força de ocupação: “nestas circunstâncias a participação do ex-presidente que chamou os angolanos na 2ª volta das eleições não é possível” afirmam os sectores politicos lesados que defendem a soberania guineense. A Guiné-Bissau está isolada e falta combustível para que a economia possa funcionar, porque a empresa distribuidora pertence ao 1º ministro deposto, cujo partido, o PAIGC, se auto-excluiu do acordo com os militares revoltosos. O Governo deposto, liderado por Carlos Gomes Jr., embora dividido em facções internas, entrou em rota de colisão com os militares por nos discursos eleitoraisafirmar que ia “tentar limitar os negócios de tráfico de droga” (1). Pergunta: se os traficantes de droga proveniente da América Latina e em trânsito para a Europa já floresce há uma década, e nesse período o negócio triplicou (2) porquê só agora o governo se afirmou disposto a tomar medidas?
Desde então o governo dos Estados Unidos e os seus aliados já declararam (3) alguns chefes militares da Guiné-Bissau como verdadeiros barões internacionais da droga, concretamente o General chefe do Estado-maior da Força Aérea Ibraima Papa Camará e o contra-Almirante Bubo Na Tchuto, ex-chefe da Armada. Chamados a depor os acusados disponibilizaram-se a colaborar, porém os acusadores não apresentaram provas e o processo foi arquivado (4). Portugal exige “democracia e a libertação dos responsáveis ilegalmente detidos” (para que continuem a fazer aquilo que antes estava a ser feito (5). Bastou ouvir o ministro dos negócios estrangeiros Paulo Portas a defender esta posição para se perceber por que bico corre a água: “ou a Guiné-Bissau se transforma num Estado-falhado baseado no poder do tráfico de drogas ou… num Estado institucional assente na legitimidade obtida nas urnas” - “a posição de Angola (dentro da CPLP) expressa pelo ministro Georges Chicoti vai no mesmo sentido” – uma democracia onde o tráfico continue na obscuridade.
Quanto a conclusões o Washington Post não tem dúvidas: “o 1º ministro Carlos Gomes foi preso por ajudar os comerciantes de droga” (Guinea-Bissau coup: Prime minister arrested for helping drug trade)
notas:
(1) Carlos Gomes Jr. run afoul by promising to end a lucrative arrangement between the military and drug traffickers (fonte)
(2) Guinea-Bissau over the last decade European consumption of cocaine to have tripled (wikipedia)
(3) United Nations Report (2008)
(4) Nunca julgues uma pessoa injustamente (fonte)
(5) Coup in Guinea-Bissau shines a light on powerful West African drug trade (fonte)
(6) Time Magazine: Guinea-Bissau 1º Narco-Estado mundial no negócio da Cocaina (fonte) .
"110% do PIB é o valor que o rácio da dívida pública portuguesa"
Culpar os “mercados” (uma coisa que ninguém sabe muito bem o que é, mas não é dificil perceber que é composto pelos accionistas privados das grandes corporações transnacionais) é acusar uma entidade impessoal, é ficarmos pela rama do problema. A causa dos males dos paises endividados, até aqui os do Terceiro Mundo, agora os da periferia da Europa, é a estrutura bancária privada que no actual paradigma capitalista agravado pelo neoliberalismo supervisiona de forma anti-democrática toda a vida das populações pela manipulação das concessões de crédito: vejamos, se a taxa de juro for igual à do crescimento, a dívida permanece igual por tempo indeterminado, logo não desce (ou antes, só desce se se empobrecer); Se a taxa de juro for superior à do crescimento, a dívida é impossível de pagar. Possibilidades de remédio social para tratamento da doença:
1) Eliminar os banqueiros privados (o seu papel é redundante na intermediação entre os Bancos Centrais e o público
2) Tudo aquilo que é Público e as entidades eleitas que o representa devem recorrer directamente aos Bancos Centrais
3) Todas as formas de empréstimo concedidas ao Estado devem ser eliminadas. O Estado deverá ter apenas os impostos como única forma de financiamento
“A caridade é amor”/Proclama Dona Abastança,/Esposa de um comendador,/Senhor da alta finança" (Zeca Afonso)
O senhor presidente da república vem patrocinar uma campanha contra o desperdicio alimentar e, num acto de misericórdia para com os pobres que crescem a cada dia que passa, vem aconselhar que supermercados e restaurantes ofereçam os restos de comida não consumida a quem tem fome. Enfim, uma coisa "muito digna" vinda da parte do mais alto representante dos filhos da puta que puseram o país no estado em que está, ao qual um amontoado de artistas da nossa praça tidos como gente de esquerda veio de imediato dar o seu apoio. De facto uma campanha de publicidade desenvolvida pela JWT .
Isabel Jonet, do Banco Alimentar contra a Fome, veio de imediato dizer que era contra porque esta proposta é inviável: o catering de assistência aos pobres com restos de comida de restaurantes não é exequivel, pelas condições e custos de transportes e serviços na hora, que teria ademais de cumprir com um enorme investimento em viaturas próprias e cumprir todas as regras e leis vigentes sobre higiene de transporte de produtos alimentares. Finalmente, o misericordioso e neo-feudal programa de Cavaco Silva tenderá a degenerar numa substituição de alimentos fisicos por incentivos ao negócio de restauração, transformando esses restos em tickets a ser gastos nos estabelecimentos. O programa Zero Desperdicio é uma vergonha e um disparate. Tudo nasceu dos excedentes não vendidos das grandes superficies, as quais, para angariar boa imagem de marketing, querem fazer esquecer que Belmiro de Azevedo (Sonae-Continente) e Alexandre Soares dos Santos (Pingo Doce), são de facto os dois principais apoiantes dos partidos no Poder (um de José Sócrates, outro de Cavaco Silva). Esta campanha é mais uma fraude bem ao estilo das caras desavergonhadas que nos desgovernam - estes dois responsáveis pela delapidação da cadeia de produção nacional na qualidade dos dois maiores importadores de bens alimentares do estrangeiro, já têm campanhas de distribuição de alimentos prestes a atingir o limite de validade e frescos enxovalhados pelo menos desde 2010. Desde então que o Pingo Doce faz doacção desses alimentos a 350 Instituições e o Continente a 496 outras entidades activistas da caridade. (jornal Público, Novembro de 2010)
Como é que um país com fama de europeu chegou a este estado de descivilização? a desculpa é que Portugal contraiu uma dívida que é obrigado a pagar, "por uma questão de honra". Entretanto e com esse pretexto, para cúmulo da hipocrisia, a campanha de desonra e lançamento da classe média na pobreza não conhece tréguas. Acabam-se com as indemnizações por despedimento e, zás!, passamos a "país desenvolvido"
Paralelamente, a mina de ouro dos altos funcionários europeus continua funcionar em pleno. Usufruem de reformas de 9000 euros aos 50 anos, apenas com 15 anos de poleiro, ainda que nunca tenham feito qualquer desconto (LePoint). Ao mesmo tempo que se pensa dispensar milhares de trabalhadores de empresas como a CP, Carris, REFER, Metro ou EMEF sem reformas antecipadas e se gastam 8 milhões de euros para a Guimarães Capital europeia da Cultura com o chorudo "salário" de Jorge Sampaio à cabeça .
"a própria palavra "secreto" em si é repugnante numa sociedade aberta e livre e somos um povo intrinseca e historicamente avesso às sociedades secretas, juramentos secretos e procedimentos secretos. Decidimos há muito que os perigos do excessivo e injustificado encobrimento de factos relevantes é mais grave do que os perigos que são citados para o justificar (...)
É raro quem não conheça o discurso de John F. Kennedy, pronunciado a 27 de Abril de 1961 perante as Associações de Jornalistas em New York, no qual o presidente denuncia as sociedades secretas. Porém, os registos gravados que proliferam por aí são extractos avulso do discurso completo. Kennedy pensava ter a chave para a resolução do Capitalismo como coisa de bem. Como sabemos a coisa é ruim e o mal venceu, logo que JFK manifestou a intenção de pôr cobro ao monopólio sob o qual, desde 1913, as associações de banqueiros privados dispunham (e continuam a dispor) de plena liberdade para a emissão de dólares no seu interesse corporativo exclusivo, enquanto os interesses da maioria do povo da nação eram remetidos para as guerras imperialistas. Não pondo isso em causa, Kennedy na sua ingenuidade tinha uma solução claramente exposta nos primeiros parágrafos desse famoso discurso:
Kennedy sobre os limites salariais do Capitalismo, o individualismo como determinismo, a roda da História que não parou e que é com dinheiro que se manipulam exemplarmente os Media.
“Vocês podem lembrar-se que em 1851 o New York Herald Tribune, sob o patrocínio e supervisão do editor Horace Greeley, empregava como seu correspondente em Londres um obscuro jornalista que dava pelo nome de Karl Marx. Dizem-nos que o correspondente estrangeiro Marx, debilitado e com uma família doente e desnutrida, sempre apelou para Greeley e para o editor-chefe Charles Dana por um aumento no seu pouco generoso salário de 5 dólares por peça, um salário que ele e Engels ingratamente classificavam como “uma indecorosa batota pequeno burguesa”. Mas quando todos os seus apelos financeiros foram recusados, Marx olhou em volta para outros meios de sustento e fama, acabando por terminar a sua relação com o Tribune e dedicar o seu talento a tempo inteiro à causa que iria legar ao mundo as sementes do leninismo, o estalinismo, a revolução e a guerra fria. Se apenas este jornal capitalista de New York tivesse tratado mais gentilmente Marx como correspondente estrangeiro, a história poderia ter sido diferente
E eu espero que todos os editores tenham esta lição em mente na próxima vez que receberem um apelo para um pequeno aumento na conta das despesas de um pobre jornalista num obscuro jornal. Escolhi como título dos meus comentários desta noite "O Presidente e a Imprensa", etc, etc. segue o discurso:
Passados 51 anos é útil recordar alguns outros extractos das premonições de Kennedy ao denunciar as sociedades secretas, o seu controlo dos Media e compará-las com o que acontece na actualidade.
(...) Porque estamos confrontados em todo o mundo por uma conspiração monolítica e cruel que se apoia principalmente em acções encobertas para expandir a sua esfera de influência, em infiltração em vez de invasão, em subversão em vez de eleições, em intimidação em vez da livre escolha, em guerrilha a coberto da noite em vez de exércitos à luz do dia.
(…) Este é um sistema que tem recrutado vastos recursos humanos e materiais para a construção de uma máquina coesa, altamente eficiente que combina opções militares, diplomáticas, de informação e espionagem, operações económicas, científicas e políticas. Os preparativos são escondidas, não são anunciados. Os seus erros são encobertos, não fazem manchetes. As vozes dissidentes são silenciadas, não elogiadas. Nenhum custo é questionado, nenhum rumor é impresso, nenhum segredo é revelado.
Sem debate, sem crítica, nenhuma administração de nenhum país pode ser bem sucedida - e nenhuma República pode sobreviver. É por isso que o legislador ateniense Sólon decretou que constitui crime para qualquer cidadão colocar-se de fora das controvérsias. E é por isso que a nossa imprensa foi protegida pela Primeira Emenda (enfatizado) – o único negócio na América especificamente protegido pela Constituição - não principalmente nos campos do divertimento e entretenimento, não para enfatizar o trivial e o sentimental, não para simplesmente "dar ao público aquilo que ele quer"-, mas para informar, para despertar, para reflectir, para expor os perigos que corremos e as nossas oportunidades, para assinalar as nossas crises e as nossas escolhas, para liderar, educar e moldar, por vezes até mesmo com raiva a opinião pública”
Hoje o paradigma é de guerra total contra o jornalismo à moda antiga e contra as fontes de delação de ilegalidades
o presidente do partido italiano similar ao CDS-PP foi obrigado a demitir-se após a opinião pública ter tomado conhecimento que o tesoureiro da Liga Norte tinha autorizado o uso de dinheiro do partido de forma ilegal. O presidente do CDS-PP não se demitiu por o tesoureiro ter obtido dinheiro (ganhar dinheiro é um objectivo honesto no capitalismo) para o financiamento do partido de forma ilegal, o que envolve fraude e corrupção. A diferença? está entre o ganhare o gastar
Esta noticia já não é de hoje, nem sequer é nossa,mas o título dá um certo jeito para explicar o inexplicável, vinda de quem tem experiência comprovada no assunto...
Portugal declarado paraiso judicial?
Coisas estranhas se passaram recentemente por detrás das fachadas dos tribunais portugueses. Alguém que esteja dentro do esquema pode botar um pouco a boca no trombone para que se perceba?
1. Na Grécia o ex-ministro da Defesa responsável pelo recebimento de luvas na compra dos submarinos à mesma empresa a que Paulo Portas os comprou... foi preso!. Na Alemanha os dois quadros superiores dessa empresa, a Ferrostaal, foram julgados e condenados por terem pago subornos a governantes da Grécia... e de Portugal. Possivel veredicto do tribunal: o dinheiro saiu de lá, mas aqui não há provas de que tenha entrado...
2. Onze arguidos do CDS-PP, cujo lider era e continua a ser Paulo Portas foram acusados de receber pelo menos 1 milhão de euros de financiamento ilegal para o partido em troca de supostos favores governamentais na aprovação do resort Portucale em área ambiental protegida que é gerida pelo Banco Espirito Santo (BES)que passou os cheques. Passados 7 anos 7 foramtodos absolvidos. "Foram 7 anos de humilhações" disse um. Calhando ainda vão pedir alguma indemnização ao Estado por difamação...
3. Na comarca do Barreiro (que abrange Alcochete) estão a ser julgados 2 arguidos acusados de terem intermediado o pagamento de 2 milhões de euros como suborno para a aprovação do complexo comercial Freeport em terrenos de reserva ambiental. Apesar das evidências e dosdepoimentos de testemunhas (entretanto banidas do partido) o responsável pelo Ministério do Ambiente na altura, José Sócrates de seu nome, não será ouvido nem achado judicialmente neste caso. Em compensação os dois arguidos, Charles Smith e Manuel Pedro, enfrentam uma acusação de tentativa de extorsão de 23,3 milhões de euros às autoridades portuguesas cujo representante na gíria british designavam carinhosamente por "Pinóquio". Com a justiça portuguesa não se brinca... .
É muito pouco provável que haja muita gente comum que esteja a ver bem o filme completo, ou seja, a extraordinária dimensão dos valores especulativos que circulam no mundo, do modo como esses valores ficiticios afogam a economia e da pretensão neoliberal de que possam vir a ser absorvidos na vida quotidiana da população global. A dimensão da catástrofe mede-se em dólares
o "valor" estimado de produtos financeiros derivados sobre lucros no futuro é de 720 triliões (1)
75 triliões é o valor de património das familias
o valor total de produtos reais transaccionados é de 15 triliões
a capitalização bolsista mundial é de 58 triliões
6 triliões estão depositados em paraísos fiscais
entre 1 a 1,5 triliões provêm de actividades criminosas
(1) o termo "especulação" apareceu em Keynes (1939) mas tem definição clássica por Nicholas Kaldor (1908-1986): “é a compra ou venda de bens com a intenção de revenda (ou recompra) em data posterior, quando esse acto é motivado pela esperança de uma alteração do preço em vigor e não pela vantagem ligada ao uso do bem” – ou seja, a diferença entre a especulação e o investimento distingue-se entre o valor de uso e o valor de troca. Definido por Marx, o Valor é determinado no âmbito da Produção (para troca) e não da circulação (para um uso que pode ser desnecessário, tendo em vista apenas o lucro por si). É o trabalho (e não o desejo de luxo) que serve de medida para igualar todas as mercadorias (4). A utilidade (o valor de uso) não pode ser quantificada, mas o tempo dispendido na fabricação do bem pode ser quantificado. Assim, especulação é a criação de mais-valia sem contrapartida directa na esfera real da economia. Porque a única finalidade no valor de uso é acrescentar, no circuito de consumo, um valor criado artificialmente sobre os bens produzidos.
(2) o gráfico é extraido da revista "Manière de Voir", nº 122 Abril/Maio 2012
(3) "A solução para as crises capitalistas, como a da praga neoliberal que actualmente nos assola, não está noutro qualquer programa presidencial de reformas, estímulos e orçamentos que contenham défices. Tudo isso já foi feito... (Richard D. Wolff, na Monthly Review)
"Uma decisão democraticamente tomada não pode ser destruida no dia seguinte por uma Agência de rating ou por uma baixa cotação nas Bolsas" (Boaventura Sousa Santos)
Li Wei, "Bullet"
Segundo o Tribunal Penal Internacional, crime contra a Humanidade é "qualquer acto desumano que cause graves sofrimentos ou atente contra a saúde mental ou física de quem os sofre, cometido como parte de um ataque generalizado ou sistemático contra uma população civil".
Os estatutos do Tratado de Roma consideram aqueles crimes como "os mais graves de transcendência para a comunidade internacional no seu conjunto" e que pela sua gravidade e sistematicidade transcendem as vítimas individuais, porque atingem a Humanidade como género. Desde a Segunda Guerra Mundial que adquirimos este conceito e nos familiarizámos com a ideia de que, independentemente de qual tenha sido a sua magnitude, é possivel e obrigatório investigar estes crimes e castigar os culpados"
(Lourdes Beneria e Carmen Sarasúa, in "Crimenes Economicos Contra la Humanidad", 2011)
equiparando os planos de austeridade decretados por governos anti-democraticos, que lançam milhões de vítimas na pobreza, indigência e morte prematura, às ordens de genocidio perpretados pelas mais ferozes ditaduras.
Se Portugal não é a Grécia, a Espanha não é Portugal. As crescentes manifestações das populações contra a austeridade que se vão verificando, apostam decididamente numa mudança radical do regime. "Amanhã seremos de novo Republicanos" é o grito de guerra contra a monarquia corrupta. Centenas de bandeiras da República Espanhola agitam-se sob vento; uma ala mais radical apela inclusivamente à clássica união de operários e estudantes na reivindicação da III República, Socialista!Espanha tem a maior taxa de desemprego do Ocidente; dramas sociais imensos; risco de bancarrota muito próximo; juventude sem horizontes de curto ou médio prazo; milhares e milhares de espanhóis estão em desespero absoluto; E que faz el-Rei D. Juan nestas circunstâncias face à "crise"?
Don Juan Carlos de Bourbon declara um corte de 170 mil euros
no orçamento da Casa Real e vai à caça do Elefante para o Botswana
pela módica quantia de30.000 euros, excepto aviões
Entretanto, enquanto os paises de lingua castelhana na América Latina, por pressão dos Estados Unidos, continuam a vetar a participação de Cuba na Cimeira das Américas(parece que este ano pela última vez), 12 agentes dos serviços secretos que acompanham Obama nesta Cimeira realizada na estância turística de Cartagena na Colômbia foram apanhados com prostitutas nos hotéis. A Reuters "informa" que foram apenas 5 os agentes secretos que usufruiram das orgias sexuais low cost, que o presidente Obama lhes mantém total confiança, e apelida o comportamento escandaloso de "má conduta", recusando-se o porta-voz oficial a especificar detalhes sobre o que teria sido essa "má-conduta". Tão puritanos que eles são... (Reuters) .
a Islândia é uma pequena ilha com 320 mil habitantes, apenas um pouco maior que a Madeira (que tardiamente nos veio brindar com uma dívida encoberta de 5.000 milhões de euros, ou seja, cerca de 20.600 por cada um dos seus 242 mil habitantes)
Ao contrário, em 2007 a Islândia tinha um dos maiores produtos internos brutos per capita do mundo! e indicadores de grande prosperidade: o quarto país nos indices de produtividade e forte capacidade de atracção de investimento financeiro. Em 2008 a dívida soberana da país era de 28% do PIB e tinha um superavit orçamental de 6%. Era o Oásis de que falava o Cavaco sem nunca o ter visto...
A falência dos três maiores bancos islandeses em 2008 (que tinham sido privatizados cinco anos antes) com dívidas acumuladas iguais a seis vezes o produto interno, provocou um custo imediato superior a 75% do PIB, uma queda de capitalização bolsista de 90%, uma desvalorização de cerca de 50% em relação ao Euro e uma inflação de 14%. O banco Icesave, uma filial online do maior banco islandês, o Landsbanki, devia aos seus depositantes, a maioria especuladores estrangeiros, ingleses e holandeses, o equivalente a 3,9 biliões de euros. Em 2010 cerca de 93% da população disse em referendo que essa divida devia ser repudiada e imediatamente anulada. Como o governo é democrático assim se fez, acrescentando-lhe uma auditoria que acabou por determinar a incriminação dos responsáveis politicos e bancários pelos crimes de especulação e corrupção cometidos. Exemplar. A Islândia voltou a crescer a um ritmo elevado, a sua soberania está preservada
(os dados estatisticos foram extraídos do livro "A Dividadura" pp 160) .
A submissão ao Império transforma em ruminante qualquer cavaleiro andante
Aconteceu ontem no lançamento de “a Crise da Esquerda Europeia” de Alfredo Barroso, "um livro de combate" segundo o prefácio assinado por Manuel Alegre, o candidato que recentemente se deu graças por não ter sido eleito presidente, pois “jamais seria capaz de de negociar com a troica” que o seu partido chamou. Alguma contradição? Mas há mais, ali se perguntou “onde pára a Internacional Socialista” (aquela que chegou a admitir a hipótese de integrar os “democratas” de Bill Clinton?) “onde pára a Social Democracia” (qual? aquela que se arvorou em bandeira com Tony Blair em parceria com Bush na conquista do Iraque?), enfim, ali se inquiriu do que é feito do “socialismo em liberdade” - aliás, o livro era para ser titulado de "a Crise da Social Democracia Europeia"(segundo o artigo homónimo publicado no Le Monde Diplomatique), mas depois o mau-senso fez o autor apelar para mais um diagnóstico populista alargado do “neoliberalismo” como gaveta onde o seu partido desde sempre se enfiou.
Alfredo Barroso anda um bocado chateado porque parece que o tio (Mário Soares) o limpou da fotografia nas Memórias que anda a publicar. Algum nicolau santos que explique a estas alminhas social empenadas que não existe Socialismo fora de um contexto de luta anti-capitalista. Ou o que disse o último grande mentor da social democracia na Europa, Anthony Giddens o filósofo económico de Tony Blair (do mesmo modo que Gordon Brown falava ainda à pouco do “Labour como partido da Empresa”), escrevendo aos críticos da 3ª Via que “a Esquerda hoje admite confortavelmente os Mercados, o papel dos negócios na criação de riqueza e (sic) o facto de o capital privado ser essencial para o investimento social”. É preciso mão mais visível?
É social-genético, Alfredo Barroso a páginas 40 segue-lhe as pisadas:
“Este livro é um texto político que apela a novas soluções, como o abandono da terceira via”, diz Alegre (algumas décadas depois), “face à gravíssima crise em que a Europa está mergulhada desde 2008 é preocupante constatar a incapacidade dos partidos “socialistas”, preocupa-se Barroso na sua sanha anti-PSD o qual “nunca foi um partido social democrata”. No mínimo o autor e o prefaciador deviam antes atender ao que diz Jurgen Habermas no seu recente “Ensaio sobre a Constituição da Europa”: “Olhem primeiro para os ditames dos grandes bancos e agências de notaçãoe não para o desfalque legitimatório perante as suas próprias populações”. Mas, imobilizando-se pela guerrinha eleitoral sobre os efeitos do saque, por aí é que tanto o PS como o PSD não vão.
Em Espanha elegeram-se os agentes da austeridade que põem os cobradores do FMI à porta... e numa procissão em Múrcia dão-se graças ao Michel Teló e à música do grupo de forró Cangaia de Jegue dançando o "Ai se eu te Pego!" (Jesus Cristo ressuscitado)
a Visão traz numa página interior de cusquices o número garrafal 6380 milhões atribuindo-o à fortuna dos 3 homens mais ricos de Portugal,fortuna que cresceu 1,4 mil milhões de euros em 2010 apesar da crise. Ou seja, como se lembra aqui no Castendo "a fortuna acumulada de Américo Amorim, Belmiro de Azevedo e Alexandre Soares dos Santos é o equivalente a 3,6% do produto interno bruto nacional!
isto é, 3,6% do trabalho durante um ano inteiro de todos os 10 milhões de portugueses
Como é que estes 3 tipos não hão-de ser unha com carne com o regime neoliberal comandado peloCavaco?
O extracto acima referido provém do livro de Santiago Camacho "a Troika e os 40 Ladrões, a Verdade sobre os Interesses que Estão por Detrás desta Crise Económica", pag. 269/270. cuja introdução é feita sob a égide do pensamento do jornalista francês Jean Daniel acerca do "efeito Ponzi" no capitalismo tout court
(mas aí já a "Visão" do Balsemão não chegou):
"O predominio do capital financeiro fez com que a Sociedade inteira se transformasse numa Bolsa de valores que já só pode optar entre um individualismo cínico e um roubo organizado".
Segundo Matt Taibbi este regime é definido como uma Cleptocracia, onde actuam uns quantos milhões de accionistas fabricantes de bolhas especulativas na economia, que se convertem em vampiros financeiros numa era de fraude generalizada global. Quando as bolhas criadas pelo capital inexistente como se fosse material sólido rebentam no ar, os lacaios politicos que essas sanguessugas bancárias possuem a soldoao mais alto nivel nos governos actuam por forma a que os prejuizos decorrentes dos crashs sejam consideradas dívidas que têm de ser pagas por inteiro pela totalidade da população. Por fim, os "credores" intervêm, em conjunto com os organismos internacionais, para impor severos ajustes que espremem as condições sociais para gerar o excedente e poder cobrar. É então que se manifestam claramente as contradições que se foram acumulando, de um lado entre o Estado e as sociedades que representa e, do outro, o capital financeiro que opera à escala global"
A fortuna acumulada de Américo Amorim, à custa das suas parcerias com a máfia governativa angolana, corresponde ao rendimento anual do total da população das Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira. Os supermercados Continente (da Sonae de Belmiro de Azevedo) e o Pingo Doce (do grupo Jerónimo Martins) estão entre os 10 maiores importadores portugueses, ou seja, as 3 maiores fortunas portuguesas construiram-se à custa da exportação de capitais obtidos como lucro sobre o consumo interno em detrimento dos produtores internos, apesar do estafado discurso do interesse nacional.
Voltando à Troika dos 400 Ladrões (ou serão 4000?) "falamos de fortunas de dez algarismos, facto que dificulta muito a sua quantificação, porque a maioria dos portugueses tem um salário médio que oscila entre os mil euros e o salário mínimo (que ascende aos 485 euros). Se à fortuna de Américo Amorim (o homem mais rico de Portugal mas que foi acusado de falsificação de documentos, fraude e desvio de fundos, e a quem a União Europeia exigiu uma indemnização de 77 milhões de euros por uso fraudulento de fundos de formação profissional entre 1985 e 1988) somarmos as fortunas de Alexandre Soares dos Santos e Belmiro de Azevedo, globalmente valorizadas em 6,38 mil milhões de euros, podemos chegar à conclusão que a fortuna dos três multimilionários supera os rendimentos de 3 milhões de portugueses. Estas são as desigualdades sociais existentes num país cujas instituições foram assaltadas pelos grandes grupos económicos. As más acções são exemplificadas através dos casos do BPN, BPP, BCP, nos processos judiciais Furacão, Portucale, Casino de Lisboa, Submarinos, Edificios dos CTT, Face Oculta, entre muitos outros casos" .
A manifestação espontânea que ontem aconteceu em defesa da Maternidade Alfredo da Costa é um sinal promissor de que o povo vai estar na rua; e que o ataque neoliberal ao Serviço Nacional de Saúde será a bandeira decisiva para que a actual situação se possa começar a inverter.
Mas é preciso levar em conta que muita da contestação que anda por aí se deve a adeptos do P”S”, partido (melhor dizendo: associação de amanuenses politico-empresários de baixa qualificação) cuja politica foi exactamente no mesmo sentido que a que agora está a ser executada pelo PSD-CDS… Palavra de ordem necessária: em tudo aquilo que agora acontece é precisodesmascarar o PS.
Por exemplo, o Vital Moreira perdeu o pingo de vergonha que lhe restava na cara, dizendo em entrevista ao i que “Portugal está no bom caminho” e que “reconhece mérito a este executivo”. É preciso fazer implodir esta associação de vendilhões de banha da cobra certificada por assembleias ilegais burguesas. É preciso assegurar que este bando de canalhas não voltem ao poder continuando a repartir a manjedoura com o bando de canalhas que agora lá estão.
É preciso derrubar este governo e eleger um governo democrático que impeça a venda a pataco do que resta dos bens públicos da nossa comunidade
Quem ficatem de se enfrentar com o novo Código Laborale sujeitar-se a medidas discriccionárias que roçam as condições de trabalho no feudalismo,,, quem parte cumpre o programa do Governo e fica à mercê da criminosa falta de escrúpulos do patronato mais arrivista de que há memória. Este exemplo é um dos mais eficazes para se demonstrar a teia que os serventuários da troica Coelho e Portas andam a tecer. A Construtora do Tâmega actualmente é uma empresa fantasma comprada por um testa de ferro de um grupo angolano para servir o tráfico de influências e negócios sujos através do grupo Finertec, bem à medida do Relvase dos quais já se falou aqui. Obviamente, nem tudo pode ser virtual e lucro nesta economia, há sempre uns tarecos, umas maquinarias e uma pessoa ou outra que se tornam obsoletos
"O governo já confirmou as denúncias da existência de 30 trabalhadores da Construtora do Tâmega ao serviço da empresa na Mauritânia com pelo menos três meses de salários em atraso, numa situação que os impede inclusivamente “de regressar a Portugal”. Os trabalhadores em questão, sob anonimato, confirmaram que só teriam acesso ao bilhete de avião de regresso a Portugal se aceitassem a rescisão dos contratos imposta e abdicassem das indemnizações a que tem direito. "Sobre a existência ou não desta ameaça, o Ministério dos Negócios Estrangeiros não avança qualquer dado..."