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terça-feira, abril 17, 2012

um processo que está a destruir o progresso civilizacional de séculos

É muito pouco provável que haja muita gente comum que esteja a ver bem o filme completo, ou seja, a extraordinária dimensão dos valores especulativos que circulam no mundo, do modo como esses valores ficiticios afogam a economia e da pretensão neoliberal de que possam vir a ser absorvidos na vida quotidiana da população global. A dimensão da catástrofe mede-se em dólares


o PIB mundial é de 62 triliões 
o "valor" estimado de produtos financeiros derivados 
sobre lucros no futuro é de 720 triliões (1)
75 triliões é o valor de património das familias 
o valor total de produtos reais transaccionados é de 15 triliões
a capitalização bolsista mundial é de 58 triliões
6 triliões estão depositados em paraísos fiscais
entre 1 a 1,5 triliões provêm de actividades criminosas

(1) o termo "especulação" apareceu em Keynes (1939) mas tem definição clássica por Nicholas Kaldor (1908-1986): “é a compra ou venda de bens com a intenção de revenda (ou recompra) em data posterior, quando esse acto é motivado pela esperança de uma alteração do preço em vigor e não pela vantagem ligada ao uso do bem” – ou seja, a diferença entre a especulação e o investimento distingue-se entre o valor de uso e o valor de troca. Definido por Marx, o Valor é determinado no âmbito da Produção (para troca) e não da circulação (para um uso que pode ser desnecessário, tendo em vista apenas o lucro por si). É o trabalho (e não o desejo de luxo) que serve de medida para igualar todas as mercadorias (4). A utilidade (o valor de uso) não pode ser quantificada, mas o tempo dispendido na fabricação do bem pode ser quantificado. Assim, especulação é a criação de mais-valia sem contrapartida directa na esfera real da economia. Porque a única finalidade no valor de uso é acrescentar, no circuito de consumo, um valor criado artificialmente sobre os bens produzidos.
(2) o gráfico é extraido da revista "Manière de Voir", nº 122 Abril/Maio 2012
(3) "A solução para as crises capitalistas, como a da praga neoliberal que actualmente nos assola, não está noutro qualquer programa presidencial de reformas, estímulos e orçamentos que contenham défices. Tudo isso já foi feito... (Richard D. Wolff, na Monthly Review

(4) Paulo Morais: Quem trabalha é tão penalizado em impostos que mais parece que o Trabalho actualmente é Crime

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