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segunda-feira, abril 30, 2012

Foi também num dia 25 de Abril que vimos a “esquerda” passear-se por sítios esquisitos, faz agora 13 anos

A decadência do capitalismo não é resultado desta ou daquela medida aplicada por um ou outro governo ou administração. As leis da economia politica decorrem do próprio sistema de acumulação capitalista. Por meados dos anos 70 a regra da queda tendencial da taxa de lucro face aos investimentos necessários para "fazer crescer" a economia (1) estava esgotada nos paises mais desenvolvidos (Estados Unidos, Alemanha e França, Grã Bretanha e Japão). O fim da paridade do dólar com o ouro e a desregulamentação e a abertura para a especulação que se seguiram inauguraram a era da financeirização. Assim, ao contrário do que muitos pensam, o desmantelamento efectivo do Estado de Bem-Estar (Welfare State) erguido a partir do final da 2ª GGuerra para fazer face ao modelo socialista soviético, não começou propriamente com o lançamento do esplendor-decadente neoliberal de Reagan e Tatcher, começou muito antes e consolidou-se algum tempo depois (2) com outros actores – a “Lei da Reforma Social(Federal Welfare Reform Act) que precipitou a uniformização do modelo para todo o Ocidente foi promulgada por Bill Clinton a 22 de Agosto de 1996 – sendo uma clara derrota da justiça social e o tiro de partida para implementar as relações mercantis em todos os cantos da vida social.

No dia 25 de Abril de 1999 vários lideres do centro-esquerda europeu levaram a efeito uma reunião em Washington (3) a fim de discutirem a Terceira Via (para o socialismo, uma vez que viram a social-democracia falhada e rejeitavam de todo o marxismo), por entre a auto-satisfação e felicitações mútuas pelo papel desempenhado no desencadeamento da guerra da Nato no desmantelamento da Jugoslávia. O “socialista” Massimo d`Alema disse que não se devia ter medo da palavra “socialismo”, o que parece ter causado uma explosão de riso por parte de Bill Clinton, rapidamente acompanhado por Blair e Schroeder. O mesmo grupo tentou persuadir a II Internacional (na época presidida por António Guterres) a mudar o seu nome para “Internacional de Centro-Esquerda” por forma a permitir a adesão do Partido Democrata de Clinton e Al Gore. Face ao fracasso da intenção , pretendiam continuar a servir-se da palavra, mas modificando-a, introduzindo-lhe um hífen – para social-ismo (4). Ao mesmo tempo, na Grã-Bretanha, o partido que tinha inventado a “Terceira Via” (teorizada por Anthony Giddens) - o New Labour - rejeitava a crítica socialista do capitalismo aderindo à filosofia do mercado: “nunca mais deveremos voltar a ser vistos como anti-sucesso, anti-competição, anti-lucro, anti-mercado” declarava o então ministro das Finanças Gordon Brown. Em Junho de 1999 no Caesar Park Hotel Penha Longa em Sintra reunia-se o Grupo Bilderberg onde estiveram presentes Ricardo Salgado e Jorge Sampaio

Novembro de 1999. Manifestações em Seattle (5) marcam o inicio de uma vaga de protestos anti-capitalistas. A contestação dirige-se contra a incessante mercantilização de todas as coisas. A classe média dos países de capitalismo avançado reconheceram de imediato que a implementação da Organização Mundial de Comércio era o principio do desarmamento da democracia no Estado Social.

notas:
(1) Compreender as Crises do Capitalismo
(2) É todo um sistema orgânico que esteve, está e irá estando em marcha enquanto o povo permitir (ver a evolução desde o Clube de Roma)
(3) “Democratic Leadership Forum “The Third Way” (www.whitehouse.gov) 
(4) Mas o que é que isso realmente significa? O que é a Terceira Via? 
(5) História da Organização Mundial do Comércio (WTO) 
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