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sexta-feira, abril 20, 2012

vamos lá brincar à caridadezinha

“A caridade é amor”/Proclama Dona Abastança,/Esposa de um comendador,/Senhor da alta finança" (Zeca Afonso)

O senhor presidente da república vem patrocinar uma campanha contra o desperdicio alimentar e, num acto de misericórdia para com os pobres que crescem a cada dia que passa, vem aconselhar que supermercados e restaurantes ofereçam os restos de comida não consumida a quem tem fome. Enfim, uma coisa "muito digna" vinda da parte do mais alto representante dos filhos da puta que puseram o país no estado em que está, ao qual um amontoado de artistas da nossa praça tidos como gente de esquerda veio de imediato dar o seu apoio. De facto uma campanha de publicidade desenvolvida pela JWT
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Isabel Jonet, do Banco Alimentar contra a Fome, veio de imediato dizer que era contra porque esta proposta é inviável: o catering de assistência aos pobres com restos de comida de restaurantes não é exequivel, pelas condições e custos de transportes e serviços na hora, que teria ademais de cumprir com um enorme investimento em viaturas próprias e cumprir todas as regras e leis vigentes sobre higiene de transporte de produtos alimentares. Finalmente, o misericordioso e neo-feudal programa de Cavaco Silva tenderá a degenerar numa substituição de alimentos fisicos por incentivos ao negócio de restauração, transformando esses restos em tickets a ser gastos nos estabelecimentos. O programa Zero Desperdicio é uma vergonha e um disparate. Tudo nasceu dos excedentes não vendidos das grandes superficies, as quais, para angariar boa imagem de marketing, querem fazer esquecer que Belmiro de Azevedo (Sonae-Continente) e Alexandre Soares dos Santos (Pingo Doce), são de facto os dois principais apoiantes dos partidos no Poder (um de José Sócrates, outro de Cavaco Silva). Esta campanha é mais uma fraude bem ao estilo das caras desavergonhadas que nos desgovernam - estes dois responsáveis pela delapidação da cadeia de produção nacional na qualidade dos dois maiores importadores de bens alimentares do estrangeiro, já têm campanhas de distribuição de alimentos prestes a atingir o limite de validade e frescos enxovalhados pelo menos desde 2010. Desde então que o Pingo Doce faz doacção desses alimentos a 350 Instituições e o Continente a 496 outras entidades activistas da caridade. (jornal Público, Novembro de 2010


Como é que um país com fama de europeu chegou a este estado de descivilização? a desculpa é que Portugal contraiu uma dívida que é obrigado a pagar, "por uma questão de honra". Entretanto e com esse pretexto, para cúmulo da hipocrisia, a campanha de desonra e lançamento da classe média na pobreza não conhece tréguas. Acabam-se com as indemnizações por despedimento e, zás!, passamos a "país desenvolvido" Paralelamente, a mina de ouro dos altos funcionários europeus continua funcionar em pleno. Usufruem de reformas de 9000 euros aos 50 anos, apenas com 15 anos de poleiro, ainda que nunca tenham feito qualquer desconto (LePoint). Ao mesmo tempo que se pensa dispensar milhares de trabalhadores de empresas como a CP, Carris, REFER, Metro ou EMEF sem reformas antecipadas e se gastam 8 milhões de euros para a Guimarães Capital europeia da Cultura com o chorudo "salário" de Jorge Sampaio à cabeça
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