Cresce a "franja de doentes não diagnosticados". Três milhões de utentes não foram a qualquer centro de saúde no último ano. "Depois da razia feita sobre o Serviço Nacional de Saúde" é bom que os nossos governantes vejam a reportagem da Ana Leal, que foi exibida por um canal de televisão (e viram). À partida estais-vos na tintas: são hospitais públicos, os privados florescem, é coisa para pobres. Mas há um detalhe, ó filhosdaputa. São serviços de urgência.
"Haja mais doentes! O descalabro na saúde pública, que se acentua de dia para dia, não levanta apenas a questão dos cortes orçamentais em resultado da politica de austeridade (por vezes grotesca). Levanta de forma gritante a necessidade de nacionalização de todos os cuidados de saúde, como uma exigência social que não pode estar sujeita a interesses privados. É isso que mostram as mortes nas Urgências por falta de assistência, as mortes por falta de medicamentos (como no caso da hepatiteC (2), o excesso de óbitos no inverno devido ao frio, a inoperância dos serviços por falta de médicos e enfermeiros, o encerramento dos serviços de proximidade, etc. Tudo isto vai a par de um crescente investimento privado no sector da Saúde, precisamente porque os capitalistas sabem que não lhes faltarão clientes – tanto por diminuir a eficácia dos serviços públicos, como pelo facto de a crise social se encarregar de produzir cada vez mais doentes, que são a matéria do negócio” (jornal Mudar de Vida)
“Da vida coube-lhes este quinhão amargo: o cansaço, a fome e por fim a humilhação” (Raul Brandão, in “Os Pobres”, 1906)
(1) É conhecido, as grandes Multinacionais Farmacêuticas, lideres do "Mercado" e poder negocial, conseguem pôr o dinheiro do erário público a financiar a sua expansão como empresas privadas. (em Espanha estas cresceram 52 por cento nos últimos 10 anos). Em Portugal não será muito diferente.
(2) O recente escândalo de pessoas com hepatiteC a morrer por limitações orçamentais impostas pelo Ministério da Doença, só acabou quando um activista conseguiu uma notável acção mediática que encostou o ministro às portas da morgue politica e o obrigou a negociar com a multinacional do famoso bushista Ronald Rumsfeld, o tal que pôs uma medalha ao peito do Paulo Portas. É isto:
(3) "Os hospitais devem hoje cerca de 700 milhões de euros à indústria farmacêutica e cerca de 600 milhões às empresas privadas que vendem dispositivos médicos, tornando a gestão do quotidiano uma permanente operação de relações públicas com os credores" (Correia de Campos, ex-ministro da Saúde do PS)
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