E pronto. Lá passámos por mais um ano, e esta coisa, o xatoo.blog lá cumpriu o seu primeiro aniversário, sem que nem sequer eu quase tenha dado por isso. Esta coisa nasceu da necessidade de barafustar quando vimos a porta aberta de São Bento ser invadida por Santana Lopes. Apesar das voltas que a vida dá, passado um ano não se pense contudo que o lopismo acabou. Muito ao contrário, o “lopismo sem Lopes” veio para ficar. Ainda agora, esta semana, um dos seus ministros de proa, António Mexia foi nomeado para aquilo que interessa – a gestão de uma empresa de topo na Energia, um ramo fundamental para a economia do país - o Poder económico determina o Poder politico, já sabemos isso desde Marx. Curiosamente a Ideia-Chave, associação de palavras que serviu de base a um famoso artigo do Cavaco para correr com o Lopes, é a de que o Sistema se possa regenerar, alimentando-se, queimando e reciclando opiniões individuais sem que a grande maioria dos que não somos actores se consigam sequer aperceber daquilo que realmente se passa, viciados que estamos na competição dialética entre duas solicitações fundamentais sempre presentes: o Bem e o Mal, a Oriente chamam-lhe o yin e o yan. Pese embora que ninguem é cem por cento composto por um, tampouco seja isento a cem por cento do outro. Já vimos matar invocando o Mal e queimar-se gente em nome do Bem. Cada individuo é uma janela aberta para o mundo, em que só entra a quantidade de informação e a visão desse mesmo mundo e dos respectivos valores que cada um se mostre disponivel para receber. Por isso é no interior de cada um que tudo se não resolve, na forma como devolvemos pela indiferença o voto que delega noutros a possibilidade de resolução do contrário daquilo em que no momento pensamos acreditar. A estória do que fica construído(destruído) para trás, é uma longa História atamancada pelos Biggus Dickus das televisões. Parece complicado, mas nem por isso o é. Trata-se apenas do caos. Na imprevisibilidade desta infinitude de comportamentos de uma complexidade que nos deixa perplexos – bombardeados pelas certezas dos outros, pagos uns, ou que aspiram a sê-lo outros, para nos lançarem na incerteza submissa, ninguem parece saber realmente qual o caminho a escolher para que se apazigue cada instinto particular de sobrevivência. Por mim, apenas sei que as incertezas quânticas, os romancistas chamam-lhe liberdade, que são invocadas para que apenas 20 por cento da Humanidade caminhe para um objectivo perfeitamente definido, para a restante grande mole humana,,, murros no estômago, bastonadas no focinho ou tiros nos cornos, continuam a ser industrialmente distribuidos à boa maneira descoberta pelo velho Newton.
Por isso, porque sou descendente das vítimas milenares da injustiça, sou um sacana sarcástico, (ss) mas de esquerda, ( nada a ver com a sonsa loira da Rua 48, conservadora que guarda garrafas de raposeira do tempo em que custavam 10 escudos) que por estas épocas em que se costumam invocar açucaradas futilidades, gozo que nem um perdido ao revisitar o episódio monty-pythiano da “Vida de Brian” onde no mar de desgraças que era então a colónia da Galileia, surge repentinamente uma nave espacial que raptando literalmente o atarantado Brian o leva a dar um passeio no espaço interestelar e, descendo num repente, o larga um pouco mais à frente, completamente zonzo, sem que se recordasse de nada do que lhe foi dado ver. Esta foi, em minha opinião, a melhor comédia de sempre – a ascenção da Alma e a Ressureição na Terra.
Porque me habituei a fazer o mesmo com a Mente, a autoenviá-la lá para cima a ver se tópo alguma novidade é no mesmo estado de espírito, de quem acabou de aterrar, que me preparo para entrar no novo ano. Daquilo que vi, e de que já não me lembro, não desejo nem mais nem menos do que aquilo que toda a gente se deseja uns aos outros. Voltando novamente ao DVD dos Monty Phyton quem não partirá a moca a rir ao som do coro dos Crucificados entoando o “Always look on the bright side of life”?,,, portanto, a mensagem é obscura e lúgrube: divirtam-se! Como se acaba de constatar, à boa maneira dos filósofos panfletários fora de moda, tambem sou perfeitamente capaz de produzir uma valente discursata sem ter dito nada.Ou disse? Mas é natural que amanhã, depois da ressaca, volte outra vez a atinar,,,
Uma simples mistificação dos economistas da escola neoliberal norte-americana, fazendo tábua rasa da distinção entre o Valor de Uso e o Valor de Troca das mercadorias de Karl Marx em “O Capital” moldou o mundo do pós-guerra tal e qual o conhecemos. Neste sentido, só o Presente é nosso, não o momento passado nem aquele que aguardamos, porque um está destruido, e do outro, se não lutarmos, não sabemos se existirá.
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sábado, dezembro 31, 2005
O “Desenho Inteligente da Vida” e as suas consequências, segundo Noam Chomsky
“A fim de que toda a gente possa ter uma ideia sobre a índole do debate, o presidente George W. Bush é partidário do ensino nas escolas tanto da Teoria da Evolução como do “Desenho Inteligente”
Para aqueles que a propõem, a teoria do Desenho Inteligente baseia-se na noção de que o Universo é demasiado complexo para se ter criado sozinho sem ajuda de um poder superior à evolução ou à selecção natural.
Para os seus detractores, o desenho inteligente é o “Criacionismo”, a interpretação literal do livro do Génesis, numa forma levemente distinta, ou simplesmente vaga, algo tão interessante como o “não conheço”, que sempre foi a verdade da Ciência, antes que dela se obtivesse o conhecimento. Por consequência, não pode haver “debate”.
O ensino da teoria da evolução foi durante muito tempo muito dificil nos Estados Unidos. Agora surgiu um movimento que promove nas escolas a teoria do desenho inteligente. O assunto veio a lume numa sala de um tribunal de Dover na Pensilvânia, onde o conselho directivo duma escola exige aos seus alunos que aprendam num curso de biologia as hipóteses sobre o desenho inteligente. Os encarregados de educação, pais dos alunos, conscientes da separação constitucional da Igreja e do Estado tinham levado a juizo o Conselho Directivo.
A fim de serem imparciais, talvez as pessoas que escrevem os discursos do Presidente, devam ser levadas a sério quando o põem a dizer que as escolas necessitam ter uma “mente ampla” e considerem ensinar todos os pontos de vista. Por agora, os curriculos escolares ainda não consideraram um ponto de vista óbvio: “o desenho maldoso”. A diferença para o desenho inteligente, para o qual a evidência é zero, o “desenho maldoso ou maligno” tem toneladas de evidência empírica, em muito maior quantidade do que a evolução darwiniana. Este modelo baseia-se na crueldade do mundo. Seja como for, o pano de fundo da actual controvérsia evolução-desenho inteligente constitui o abate generalizado da Ciência, fenómeno com raizes profundas na história dos Estados Unidos e que tem sido cínicamente explorado para obter mesquinhos ganhos politicos durante o último quarto de século.
A teoria do desenho inteligente suscita a pergunta sobre se será inteligente esconder as evidências científicas acerca de assuntos de suprema importância para a nação e para o mundo, como é o aquecimento global.
Um conservador com formação à moda antiga, crê no valor dos ideais do iluminismo: racionalidade, análise crítica, liberdade da palavra, liberdade de investigação e trata de os adaptar à sociedade moderna. Os pais fundadores dos Estados Unidos, filhos do iluminismo, defenderam esses ideais e dedicaram grandes esforços a criar uma Constituição que apoiasse a liberdade religiosa, e ao mesmo tempo garantisse a separação entre as Igrejas e o Estado. Os EUA apesar de alguns messianismos ocasionais dos seus lideres, não é uma Teocracia.
Nos tempos que correm, a hostilidade da administração Bush à informação científica está a pôr o mundo sob o risco de uma catástrofe ambiental. Sem que para isso seja relevante se cada um pensa que o mundo se desenvolveu sómente desde o Génesis, ou desde há milhões de anos – isso é algo demasiado sério para que possa ser ignorado. Em meados deste ano, durante a preparação da Cimeira do G8, academias científicas de todas as nações integrantes dessa Organização (incluindo a Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos), acompanhadas pelas da China, India e Brasil, pediram aos lideres das nações ricas que tomem medidas urgentes a fim de impedir o aquecimento global da atmosfera.
“O conhecimento científico das alterações climáticas é agora bastante claro para justificar uma acção imediata” dizia a Declaração. “Ë vital que todas as nações dêem passos que possam ser dados agora, que contribuam para uma reducção substancial e a longo prazo dos gases que causam o efeito de estufa”
Em editorial, o Financial Times concordou com estas posições, e com uma chamada de atenção observava: “Existe, sem dúvida, alguem que se mantém na negativa, e esse alguem lamentávelmente encontra-se na Casa Branca: George W.Bush insiste em dizer que não sabemos o suficiente sobre este fenómeno de mudança climática à escala mundial”.
Desmentir a evidência científica em matéria de sobrevivência é algo rotineiro para Bush. Há poucos meses, na reunião anual da “American Association for the Advancement of Science”, destacados investigadores do clima nos EUA deram a conhecer “a evidência mais convincente até agora” de que as actividades humanas são responsáveis pelo aquecimento global, segundo o Financial Times.
Eles predizem efeitos climáticos graves que incluem reduções severas nas reservas de água nas regiões que dependem dos rios alimentados pela neve derretida dos glaciares. Na mesma reunião, outros investigadores importantes constatam que o derretimento dos mantos de gelo no Ártico e na Gronelândia está a causar mudanças nos níveis de salinidade que ameaçam “acabar com as cinturas das correntes oceânicas” que se encarregam de transportar e transferir calor desde os trópicos até às regiões polares mediante correntes como as do Golfo do México. “Estas mudanças podem trazer alterações significativas para a Europa do Norte, assinala o relatório.
Como na Declaração das Academias Nacionais do G8, a publicação da “evidência mais convincente até agora” teve escassa difusão nos Estados Unidos, pese embora a atenção que se prestou no mesmo periodo à implementação dos Protocolos de Quioto, nos quais o mais importante governo se recusou fazer parte.
É importante enfatizar a expressão “o Governo”. A informação-standart de que os EUA é quase o único país a recusar os Protocolos de Quioto só é correcta se a expressão “Estados Unidos” considerar excluida a sua população, a qual subscreveria por grande maioria programa de redução de emissões previsto no pacto de Quioto (73 por cento, segundo uma sondagem do Program on International Policy Attitudes).
Talvez só as palavras “Maldoso” ou “Maligno” possam descrever o fracasso em reconhecer, e menos ainda em confrontar ideias no assunto absolutamente científico das alterações climáticas. Será assim, através desta “clarividência moral” do governo de Bush que se fará alastrar a sua displicente atitude até atingir o destino dos nossos netos”.
Texto publicado no “La Jornada” em 27 de Novembro de 2005
links: xatoo
Para aqueles que a propõem, a teoria do Desenho Inteligente baseia-se na noção de que o Universo é demasiado complexo para se ter criado sozinho sem ajuda de um poder superior à evolução ou à selecção natural.
Para os seus detractores, o desenho inteligente é o “Criacionismo”, a interpretação literal do livro do Génesis, numa forma levemente distinta, ou simplesmente vaga, algo tão interessante como o “não conheço”, que sempre foi a verdade da Ciência, antes que dela se obtivesse o conhecimento. Por consequência, não pode haver “debate”.
O ensino da teoria da evolução foi durante muito tempo muito dificil nos Estados Unidos. Agora surgiu um movimento que promove nas escolas a teoria do desenho inteligente. O assunto veio a lume numa sala de um tribunal de Dover na Pensilvânia, onde o conselho directivo duma escola exige aos seus alunos que aprendam num curso de biologia as hipóteses sobre o desenho inteligente. Os encarregados de educação, pais dos alunos, conscientes da separação constitucional da Igreja e do Estado tinham levado a juizo o Conselho Directivo.
A fim de serem imparciais, talvez as pessoas que escrevem os discursos do Presidente, devam ser levadas a sério quando o põem a dizer que as escolas necessitam ter uma “mente ampla” e considerem ensinar todos os pontos de vista. Por agora, os curriculos escolares ainda não consideraram um ponto de vista óbvio: “o desenho maldoso”. A diferença para o desenho inteligente, para o qual a evidência é zero, o “desenho maldoso ou maligno” tem toneladas de evidência empírica, em muito maior quantidade do que a evolução darwiniana. Este modelo baseia-se na crueldade do mundo. Seja como for, o pano de fundo da actual controvérsia evolução-desenho inteligente constitui o abate generalizado da Ciência, fenómeno com raizes profundas na história dos Estados Unidos e que tem sido cínicamente explorado para obter mesquinhos ganhos politicos durante o último quarto de século.
A teoria do desenho inteligente suscita a pergunta sobre se será inteligente esconder as evidências científicas acerca de assuntos de suprema importância para a nação e para o mundo, como é o aquecimento global.
Um conservador com formação à moda antiga, crê no valor dos ideais do iluminismo: racionalidade, análise crítica, liberdade da palavra, liberdade de investigação e trata de os adaptar à sociedade moderna. Os pais fundadores dos Estados Unidos, filhos do iluminismo, defenderam esses ideais e dedicaram grandes esforços a criar uma Constituição que apoiasse a liberdade religiosa, e ao mesmo tempo garantisse a separação entre as Igrejas e o Estado. Os EUA apesar de alguns messianismos ocasionais dos seus lideres, não é uma Teocracia.
Nos tempos que correm, a hostilidade da administração Bush à informação científica está a pôr o mundo sob o risco de uma catástrofe ambiental. Sem que para isso seja relevante se cada um pensa que o mundo se desenvolveu sómente desde o Génesis, ou desde há milhões de anos – isso é algo demasiado sério para que possa ser ignorado. Em meados deste ano, durante a preparação da Cimeira do G8, academias científicas de todas as nações integrantes dessa Organização (incluindo a Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos), acompanhadas pelas da China, India e Brasil, pediram aos lideres das nações ricas que tomem medidas urgentes a fim de impedir o aquecimento global da atmosfera.
“O conhecimento científico das alterações climáticas é agora bastante claro para justificar uma acção imediata” dizia a Declaração. “Ë vital que todas as nações dêem passos que possam ser dados agora, que contribuam para uma reducção substancial e a longo prazo dos gases que causam o efeito de estufa”
Em editorial, o Financial Times concordou com estas posições, e com uma chamada de atenção observava: “Existe, sem dúvida, alguem que se mantém na negativa, e esse alguem lamentávelmente encontra-se na Casa Branca: George W.Bush insiste em dizer que não sabemos o suficiente sobre este fenómeno de mudança climática à escala mundial”.
Desmentir a evidência científica em matéria de sobrevivência é algo rotineiro para Bush. Há poucos meses, na reunião anual da “American Association for the Advancement of Science”, destacados investigadores do clima nos EUA deram a conhecer “a evidência mais convincente até agora” de que as actividades humanas são responsáveis pelo aquecimento global, segundo o Financial Times.
Eles predizem efeitos climáticos graves que incluem reduções severas nas reservas de água nas regiões que dependem dos rios alimentados pela neve derretida dos glaciares. Na mesma reunião, outros investigadores importantes constatam que o derretimento dos mantos de gelo no Ártico e na Gronelândia está a causar mudanças nos níveis de salinidade que ameaçam “acabar com as cinturas das correntes oceânicas” que se encarregam de transportar e transferir calor desde os trópicos até às regiões polares mediante correntes como as do Golfo do México. “Estas mudanças podem trazer alterações significativas para a Europa do Norte, assinala o relatório.
Como na Declaração das Academias Nacionais do G8, a publicação da “evidência mais convincente até agora” teve escassa difusão nos Estados Unidos, pese embora a atenção que se prestou no mesmo periodo à implementação dos Protocolos de Quioto, nos quais o mais importante governo se recusou fazer parte.
É importante enfatizar a expressão “o Governo”. A informação-standart de que os EUA é quase o único país a recusar os Protocolos de Quioto só é correcta se a expressão “Estados Unidos” considerar excluida a sua população, a qual subscreveria por grande maioria programa de redução de emissões previsto no pacto de Quioto (73 por cento, segundo uma sondagem do Program on International Policy Attitudes).
Talvez só as palavras “Maldoso” ou “Maligno” possam descrever o fracasso em reconhecer, e menos ainda em confrontar ideias no assunto absolutamente científico das alterações climáticas. Será assim, através desta “clarividência moral” do governo de Bush que se fará alastrar a sua displicente atitude até atingir o destino dos nossos netos”.
Texto publicado no “La Jornada” em 27 de Novembro de 2005
links: xatoo
quinta-feira, dezembro 29, 2005
aai Timor,,,
O primeiro-ministro timorense Mari Alkatiri procura em Cuba aquilo que as afinidades com a lingua do antigo país colonizador e o seu comprometimento com as forças imperialistas não lhe pode dar: parcerias desinteressadas em termos de igualdade para a ultrapassagem da situação de ser de facto um dos paises mais pobres do mundo.
Porem, Timor-Leste dispõe de recursos que podiam transformar o país, constituído por uma pequena etnia católica (alienada por via da colonização), num pequeno paraíso.
Que se passou, então?
“Determinar as causas da riqueza e da pobreza das nações é o grande objectivo de todas as investigações em economia politica”
carta de Malthus a Ricardo (1817)
Depois dos acontecimentos de 1998, depois da “prestimosa ajuda” das Forças Armadas da Austrália na garantia de Independência o território transformou-se num protectorado Ocidental administrado pela ONU.
Em 1972 a Austrália e a Indonésia como potência ocupante tinham acordado, por troca com a concordância tácita na anexação da antiga colónia portuguesa, numa fronteira maritima entre as duas nações que não passava a meio da zona de águas territoriais conforme é normal no direito maritimo internacional. A razão de tão obstruso acordo foi a de que tinham sido descobertas importantes jazidas petrolíferas na zona, que se contam entre as vinte maiores do mundo. Assim, era dado á parte australiana a porção maior dos recursos. A depois chamada Zona Conjunta de Exploração Petrolifera (JPDA) deixa as maiores jazidas, Sunrise e Troubadour, nas águas australianas e apenas inclui a de Bayu Undan, da qual foi prometido, finalmente, em 2001 que Dili receberia 90 por cento das receitas. Vem sendo dito que a Indonésia "assegurou" o silêncio de determinados países oferecendo algo em troca , algo que pudesse interessar tanto militar como economicamente, a esses mesmos países. Objectivamente, no dia 11 de Dezembro de 1989 , foi assinado entre a Indonésia e a Austrália , o chamado "Timor Gap Zone of Cooperation Treaty" (o Tratado de Cooperação para o Intervalo da Fronteira Marítima de Timor ainda não Determinada) Nele ficou referido que assim se removeria "uma fonte potencial de conflito bilateral ou regional". Portugal contestou junto do Tribunal Internacional de Justiça, sem qualquer efeito prático. O facto é que a Austrália concordara em reconhecer a anexação de Timor-Leste de maneira a poder haver negócio conjunto, australiano-indonésio, na exploração das reservas petrolíferas do Mar de Timor. O povo timorense não entrou nas cogitações dos governantes dos dois países,,,
Depois da Independência, Timor Leste quis redesenhar a fronteira para um ponto equidistante a meio dos 500 quilómetros de mar entre as duas nações, o que lhe daria a maior parte nos lucros da exploração, porem, perante a previsão de que a disputa se eternizasse, (a Austrália como os paises de raiz anglo-saxónica não reconhece a jurisdição do Tribunal Internacional de Justiça) acabou por aceitar este mês um acordo em que recebe 50% da JPDA e 10% de uma infima parte da jazida Greater Sunrise.
“Que pouca vergonha!” havia desabafado Xanana Gusmão, durante o arrastar das negociações conduzidas de má-fé pela Austrália (Abril de 2004) pondo em causa a genuinidade dos propósitos do envio da Interfet, a Força da ONU para Dili em 1999. De nada serviram os gritos contra a usurpação das reservas petroliferas do Mar de Timor. “Tratou-se de uma luta desigual com uma táctica baseada no estado de necessidade dos timorenses” diria Mari Alkatiri. Por cada dia que passava em disputa a Nação Timorense perdia 1 milhão de dólares.
“Roubam-nos o petróleo e depois fazem conferências sobre transparência” concluiria Xanana durante o seu discurso na Aula Magna em Lisboa na sessão de lançamento do seu livro “Construção da Nação Timorense – Desafios e Oportunidades”
Resumidamente pode-se considerar que o ponto de vista do governo australiano demonstra uma interpretação do direito internacional segundo a qual os actos de agressão podem ser ignorados e que os violadores do direito internacional podem tornar-se os legítimos titulares do território de que se apoderaram.
É assim que se constroem as nações pobres.
Porem, Timor-Leste dispõe de recursos que podiam transformar o país, constituído por uma pequena etnia católica (alienada por via da colonização), num pequeno paraíso.
Que se passou, então?
“Determinar as causas da riqueza e da pobreza das nações é o grande objectivo de todas as investigações em economia politica”
carta de Malthus a Ricardo (1817)
Depois dos acontecimentos de 1998, depois da “prestimosa ajuda” das Forças Armadas da Austrália na garantia de Independência o território transformou-se num protectorado Ocidental administrado pela ONU.
Em 1972 a Austrália e a Indonésia como potência ocupante tinham acordado, por troca com a concordância tácita na anexação da antiga colónia portuguesa, numa fronteira maritima entre as duas nações que não passava a meio da zona de águas territoriais conforme é normal no direito maritimo internacional. A razão de tão obstruso acordo foi a de que tinham sido descobertas importantes jazidas petrolíferas na zona, que se contam entre as vinte maiores do mundo. Assim, era dado á parte australiana a porção maior dos recursos. A depois chamada Zona Conjunta de Exploração Petrolifera (JPDA) deixa as maiores jazidas, Sunrise e Troubadour, nas águas australianas e apenas inclui a de Bayu Undan, da qual foi prometido, finalmente, em 2001 que Dili receberia 90 por cento das receitas. Vem sendo dito que a Indonésia "assegurou" o silêncio de determinados países oferecendo algo em troca , algo que pudesse interessar tanto militar como economicamente, a esses mesmos países. Objectivamente, no dia 11 de Dezembro de 1989 , foi assinado entre a Indonésia e a Austrália , o chamado "Timor Gap Zone of Cooperation Treaty" (o Tratado de Cooperação para o Intervalo da Fronteira Marítima de Timor ainda não Determinada) Nele ficou referido que assim se removeria "uma fonte potencial de conflito bilateral ou regional". Portugal contestou junto do Tribunal Internacional de Justiça, sem qualquer efeito prático. O facto é que a Austrália concordara em reconhecer a anexação de Timor-Leste de maneira a poder haver negócio conjunto, australiano-indonésio, na exploração das reservas petrolíferas do Mar de Timor. O povo timorense não entrou nas cogitações dos governantes dos dois países,,,
Depois da Independência, Timor Leste quis redesenhar a fronteira para um ponto equidistante a meio dos 500 quilómetros de mar entre as duas nações, o que lhe daria a maior parte nos lucros da exploração, porem, perante a previsão de que a disputa se eternizasse, (a Austrália como os paises de raiz anglo-saxónica não reconhece a jurisdição do Tribunal Internacional de Justiça) acabou por aceitar este mês um acordo em que recebe 50% da JPDA e 10% de uma infima parte da jazida Greater Sunrise.
“Que pouca vergonha!” havia desabafado Xanana Gusmão, durante o arrastar das negociações conduzidas de má-fé pela Austrália (Abril de 2004) pondo em causa a genuinidade dos propósitos do envio da Interfet, a Força da ONU para Dili em 1999. De nada serviram os gritos contra a usurpação das reservas petroliferas do Mar de Timor. “Tratou-se de uma luta desigual com uma táctica baseada no estado de necessidade dos timorenses” diria Mari Alkatiri. Por cada dia que passava em disputa a Nação Timorense perdia 1 milhão de dólares.
“Roubam-nos o petróleo e depois fazem conferências sobre transparência” concluiria Xanana durante o seu discurso na Aula Magna em Lisboa na sessão de lançamento do seu livro “Construção da Nação Timorense – Desafios e Oportunidades”
Resumidamente pode-se considerar que o ponto de vista do governo australiano demonstra uma interpretação do direito internacional segundo a qual os actos de agressão podem ser ignorados e que os violadores do direito internacional podem tornar-se os legítimos titulares do território de que se apoderaram.
É assim que se constroem as nações pobres.
quarta-feira, dezembro 28, 2005
Com a ocupação americana do Iraque, muitas das parcerias económicas do núcleo duro França-Alemanha com o Médio Oriente, já foram ou estão em vias de ser alteradas - nomeadamente as transacções do petróleo em euros. Todos os dias nos chegam noticias de novos alinhamentos da "velha Europa" com a velha (e falida) Rússia. A união fará a força, e o nóvel Projecto Galileu (civil) é um excelente pronúncio,,, contudo é ainda cedo - sem que se resolva a questão do Iraque, para antever o que acontecerá à União Europeia e aos "submarinos" pró-americanos nela infiltrados. Se a falência definitiva da superpotência e a emergência da Europa Democrática das Regiões livremente associadas,,, se a sinistra continuação da tentativa de implantação de um Império de cariz Penitenciário. Boa altura, portanto, e como sempre, para um passeio pelos boulevards, meditando, melancólicamente,,,
"Avec le christianisme et par lui s'introduisait dans l'esprit des peuples un sentiment qui est, plus que la gravité et moins que la tristesse, la mélancolie".
Victor Hugo, "Préface de Cromwell", 1827
no Grande Palais
"Mélancolie, Génie et Folie en Occident"
Uma magnifica exposição sobre as imagens e os simbolos da melancolia nas obras que representam afinal o longo declinio do Ocidente.
(expo. tambem citada no "Arte Moderna") um blogue excepcional com diversas ligações a Museus, sítios de Arte e Arquitectura, bancos de dados, etc. Muito bom!
* De França vai chegar uma alternativa Europeia ao Google americano - chama-se QUAERO
* Tambem em Paris, faz agora 110 anos, nascia o Cinema com a projecção pela primeira vez no "Grand Café" do "L`Arrivé d`un Train en Gare de la Ciotat"
"Avec le christianisme et par lui s'introduisait dans l'esprit des peuples un sentiment qui est, plus que la gravité et moins que la tristesse, la mélancolie".
Victor Hugo, "Préface de Cromwell", 1827
no Grande Palais
"Mélancolie, Génie et Folie en Occident"
Uma magnifica exposição sobre as imagens e os simbolos da melancolia nas obras que representam afinal o longo declinio do Ocidente.
(expo. tambem citada no "Arte Moderna") um blogue excepcional com diversas ligações a Museus, sítios de Arte e Arquitectura, bancos de dados, etc. Muito bom!
* De França vai chegar uma alternativa Europeia ao Google americano - chama-se QUAERO
* Tambem em Paris, faz agora 110 anos, nascia o Cinema com a projecção pela primeira vez no "Grand Café" do "L`Arrivé d`un Train en Gare de la Ciotat"
terça-feira, dezembro 27, 2005
"Rio Frio: o novo aeroporto, em Lisboa"
"Gestão é decidir como é que o conhecimento existente pode ser melhor aplicado de forma a obter resultados"
Peter Drucker - in "Post-Capitalist Society" (1993)
(com as suas tiradas bombásticas, despidas de ideologias de classe, os teóricos pós-modernos escamoteiam a questão de se saber que resultados se pretendem e a favor de quem)
Grande polémica se tem gerado em torno da decisão governamental, nem deus sabe apoiado em que interesses, de se construir o novo aeroporto na Ota. O autor deste estudo, publicado no último fim de semana, muito bem fundamentado técnicamente porque apoiado noutros estudos anteriores, é (ou foi?) membro do Conselho Nacional do PSD, mas não é nessa qualidade que assina o texto. Despido de conotações partidárias, e porque as boas resoluções dos problemas terão de passar cada vez mais pela ausência dos interesses dos lobies corporativos dos Partidos , como o artigo não está disponivel online, aqui fica a transcrição, esperando que a sua divulgação geral contribua para um boicote activo á construção do erro da Ota:
S. Pompeu Santos
Engenheiro Civil, Vice-Presidente da Associação Internacional de Pontes e Engenharia de Estruturas (IABSE)
"Um aspecto marcante no processo de decisão da construção do aeroporto da Ota é, sem dúvida, sua rejeição pela opinião pública portuguesa, bem evidenciada em várias sondagens realizadas. Ainda recentemente, no Barómetro organizado por este jornal (Público s/link), com a pergunta: “Concorda com o aeroporto da Ota?”, a percentagem do “não” foi de 73 por cento.
Porquê esta reacção? Não é porque as pessoas morram de amores pelo Aeroporto da Portela. Sobretudo os que viajam de avião (e hoje em dia já são muitos) sabem que o Aeroporto da Portela está longe de responder aos padrões de serviço de um bom aeroporto. É acanhado, desconfortável, confuso; uma autêntica manta de retalhos.
Alem disso, as pessoas vão tomando consciência de que a Portela não é, nos tempos que correm, sítio para um aeroporto. A poluição sonora, o cheiro quando o vento sopra em certas direcções e o risco pelo contínuo sobrevoo da cidade pelos aviões são inaceitáveis. Felizmente nunca houve ali um acidente grave. Depois há o problema de estar limitado na sua capacidade, que, apesar das obras já anunciadas, ficará esgotada no máximo em dez anos. É certo que a Portela tem os seus defensores, mas isto não acontece, fundamentalmente, porque não estão satisfeitos com a opção da Ota.
Então, o que é que se passa? A resposta é fácil: um aeroporto na Ota tem defeitos graves, e a generalidade das pessoas já se apercebeu.
A Ota fica fora da Área Metropolitana de Lisboa, a mais de 50 km do centro da cidade. É uma distância fora do razoável, até porque é uma cidade média, à escala europeia. Na Europa, com raras excepções, os aeroportos encontram-se a distâncias da ordem dos 15-25 Km do centro das cidades. É claro que Lisboa vai perder competividade no contexto internacional, sobretudo, no turismo.
Alem disso, com a deslocação para norte, o aeroporto de Lisboa vai prejudicar o aeroporto do Porto, como se vêm queixando, com grande fervor, as gentes do Norte.
E os problemas não se ficam por aqui. A zona de implantação do aeroporto é muito húmida (um autêntico charco no Inverno), pelo que a sua construção obriga a construir um enorme dique e a aterrar uma ribeira. Além disso, o terreno é muito irregular (tem desníveis de quase 60 metros), obrigando a escavar quase 50 milhões de metros cúbicos de terras (uma monstruosidade) e a construir um aterro com mais de 10 metros de altura, grande parte sobre lodos. Tudo isto se vai reflectir em elevados custos e graves prejuizos ambientais. Mesmo assim, o local é acanhado e não permite uma futura expansão.
E quanto às acessibilidades?
Um aeroporto na Ota vai provocar um aumento drástico do tráfego na auto-estrada A1, no já saturado troço Lisboa-Carregado. Muita gente vai perder o avião! Fala-se agora em construir uma nova auto-estrada entre a A1 e a CREL, mas uma obra dessas será caríssima e terá graves graves problemas ambientais. É incrível como se decide a localização de um aeroporto e só depois se pensa nos acessos. Fala-se também em estabelecer uma ligação ferroviária tipo “vai-vem” através da linha do Norte. Mas um “vai-vem” precisa de vias dedicadas e já não cabem mais vias entre Alverca e V. Franca; só com muitos quilómetros de túneis. Também não existe ainda uma ideia clara quanto à ligação do aeroporto à futura rede de alta velocidade (TGV).
Assim sendo, parece que o único argumento a favor da Ota é o facto de não haver alternativas. Mas não é verdade, existe uma alternativa e muito mais favorável: Rio Frio.
Rio Frio fica dentro da Área Metropolitana de Lisboa, na margem Sul do Tejo, junto à auto-estrada A12, a pouco mais de 20 Km de Lisboa pela futura ponte Chelas-Barreiro. Além disso, Rio Frio é uma zona ampla, plana e de fácil aceso a todo o país. Os terrenos são bons para a construção e o aeroporto terá facilidade de expansão. Na ponte Chelas-Barreiro seria também instalado o TGV para Madrid e para o Porto, fazendo-se a bifurcação da linha em Rio Frio, debaixo do aeroporto, onde haveria uma estação. Nessa linha circularia ainda o “vai-vem” para Lisba que faria a viagem em 10 minutos. Além disso, como a deslocação do aeroporto é para leste, não irá prejudicar os aeroportos do Porto e Faro. E será atraente para os espanhóis!
Mas, talvez se lembrem do que aconteceu em 1999. Através de um despacho conjunto dos ministros do Ambiente e da Obras Públicas de 5 de Julho, o Governo de então vetou a construção do aeroporto em Rio Frio, invocando que iria criar aí graves prejuizos ambientais. Então, e na Ota, não são graves?
É de notar que em todos os estudos até agora realizados com vista à escolha do local do novo aeroporto (cinco estudos, desde 1970), Rio Frio ficou sempre em prieiro lugar. O último data de Agosto de 1999, apenas um mês após a decisão do Governo de vetar Rio Frio, e foi elaborado pelo conceituado consultor internacional ADP-Aeroports de Paris, a pedido da NAER, empresa estatal que está encarregue do novo aeroporto. O relatório só agora foi tronado público, fazendo parte do pacote de relatórios incluidos nos CD distribuidos pelo Governo no mês passado.
De acordo com esse relatório, foram analizadas duas localizações: Ota e Rio Frio. O estudo é muito completo (o relatório tem mais de 180 páginas), e teve por base uma análise multicritério, em que foram considerados todos os aspectos relevantes para a sustentabilidade de um grande projecto: aspectos económicos, sociais e ambientais.Os aspectos ambientais tiveram por base o Estudo Preliminar de Impacto Ambiental dos dois locais, o mesmo que serviu de base ao veto do Governo. No caso de Rio Frio foram estudadas duas opções de orientação das pistas: sul/norte (S/N) e oeste/leste (W/E).
Apesar de já existir o veto do Governo, o estudo considera as três hipóteses viáveis e chega à seguinte classificação:1º, Rio Frio W/E, 718 pontos; 2º Rio Frio N/S, 675 pontos; e 3º Ota 616 pontos. Tambem no que se refere aos custos de construção (para as duas fases previstas) o resultado do estudo é claro: Rio Frio W/E, 1600 milhões de euros; Rio Frio S/N, 1900 milhões de euros; e Ota, 2000 milhões de euros, portanto mais 25 po cento do custo de Rio Frio W/E.
Contudo, com as dificuldades do local, os custos de construção do aeroporto da Ota vão disparar. As últimas estimativas apontam já para custos superiores a 3000 milhões de euros. E não se diga que isso não tem importância, lá porque o Estado só vai pagar 10 por cento. É claro que os privados não vão fazer caridade e nós, como utilizadores, iremos pagar tanto mais quanto mais caro ficar.
Aos custos de construção do aeroporto haverá ainda que somar os custos das novas acessibilidades, as tais que não estão ainda resolvidas. Não será exagero dizer que, só em custos directos, a opção Ota va custar mais de 2000 milhões de euros a mais que a opção Rio Frio. E, claro, o que se gastar a mais com o aeroporto vai faltar para outras coisas. Mas os custos para a economia geral do país serão ainda bem mais gravosos.
É incompreeensivel que num país com escassos recursos, como o nosso, haja um veto político a impedir que seja adoptada a melhor solução. Ainda há tempo para emendar o erro. É o nosso futuro e o dos vindouros que está em causa".
Do mesmo autor, publicado noutro local, e porque relacionado transcreve-se:
"Quanto à rede de TGV, a linha Porto-Lisboa deverá atravessar o Tejo na zona da Azambuja (uma travessia relativamente curta), percorrer a Margem Sul e entrar em Lisboa pela ponte Chelas-Barreiro, após entroncar com a linha Madrid-Lisboa em Rio Frio, no local do novo aeroporto.
E porque não aproveitar para instalar na nova travessia do Tejo, para além do comboio normal de bitola ibérica - como o instalado na Ponte 25 de Abril - e do trânsito rodoviário, também o TGV?"
O artigo completo, publicado este fim de semana no Expresso, pode ser lido na íntegra, aqui.
Peter Drucker - in "Post-Capitalist Society" (1993)
(com as suas tiradas bombásticas, despidas de ideologias de classe, os teóricos pós-modernos escamoteiam a questão de se saber que resultados se pretendem e a favor de quem)
Grande polémica se tem gerado em torno da decisão governamental, nem deus sabe apoiado em que interesses, de se construir o novo aeroporto na Ota. O autor deste estudo, publicado no último fim de semana, muito bem fundamentado técnicamente porque apoiado noutros estudos anteriores, é (ou foi?) membro do Conselho Nacional do PSD, mas não é nessa qualidade que assina o texto. Despido de conotações partidárias, e porque as boas resoluções dos problemas terão de passar cada vez mais pela ausência dos interesses dos lobies corporativos dos Partidos , como o artigo não está disponivel online, aqui fica a transcrição, esperando que a sua divulgação geral contribua para um boicote activo á construção do erro da Ota:
S. Pompeu Santos
Engenheiro Civil, Vice-Presidente da Associação Internacional de Pontes e Engenharia de Estruturas (IABSE)
"Um aspecto marcante no processo de decisão da construção do aeroporto da Ota é, sem dúvida, sua rejeição pela opinião pública portuguesa, bem evidenciada em várias sondagens realizadas. Ainda recentemente, no Barómetro organizado por este jornal (Público s/link), com a pergunta: “Concorda com o aeroporto da Ota?”, a percentagem do “não” foi de 73 por cento.
Porquê esta reacção? Não é porque as pessoas morram de amores pelo Aeroporto da Portela. Sobretudo os que viajam de avião (e hoje em dia já são muitos) sabem que o Aeroporto da Portela está longe de responder aos padrões de serviço de um bom aeroporto. É acanhado, desconfortável, confuso; uma autêntica manta de retalhos.
Alem disso, as pessoas vão tomando consciência de que a Portela não é, nos tempos que correm, sítio para um aeroporto. A poluição sonora, o cheiro quando o vento sopra em certas direcções e o risco pelo contínuo sobrevoo da cidade pelos aviões são inaceitáveis. Felizmente nunca houve ali um acidente grave. Depois há o problema de estar limitado na sua capacidade, que, apesar das obras já anunciadas, ficará esgotada no máximo em dez anos. É certo que a Portela tem os seus defensores, mas isto não acontece, fundamentalmente, porque não estão satisfeitos com a opção da Ota.
Então, o que é que se passa? A resposta é fácil: um aeroporto na Ota tem defeitos graves, e a generalidade das pessoas já se apercebeu.
A Ota fica fora da Área Metropolitana de Lisboa, a mais de 50 km do centro da cidade. É uma distância fora do razoável, até porque é uma cidade média, à escala europeia. Na Europa, com raras excepções, os aeroportos encontram-se a distâncias da ordem dos 15-25 Km do centro das cidades. É claro que Lisboa vai perder competividade no contexto internacional, sobretudo, no turismo.
Alem disso, com a deslocação para norte, o aeroporto de Lisboa vai prejudicar o aeroporto do Porto, como se vêm queixando, com grande fervor, as gentes do Norte.
E os problemas não se ficam por aqui. A zona de implantação do aeroporto é muito húmida (um autêntico charco no Inverno), pelo que a sua construção obriga a construir um enorme dique e a aterrar uma ribeira. Além disso, o terreno é muito irregular (tem desníveis de quase 60 metros), obrigando a escavar quase 50 milhões de metros cúbicos de terras (uma monstruosidade) e a construir um aterro com mais de 10 metros de altura, grande parte sobre lodos. Tudo isto se vai reflectir em elevados custos e graves prejuizos ambientais. Mesmo assim, o local é acanhado e não permite uma futura expansão.
E quanto às acessibilidades?
Um aeroporto na Ota vai provocar um aumento drástico do tráfego na auto-estrada A1, no já saturado troço Lisboa-Carregado. Muita gente vai perder o avião! Fala-se agora em construir uma nova auto-estrada entre a A1 e a CREL, mas uma obra dessas será caríssima e terá graves graves problemas ambientais. É incrível como se decide a localização de um aeroporto e só depois se pensa nos acessos. Fala-se também em estabelecer uma ligação ferroviária tipo “vai-vem” através da linha do Norte. Mas um “vai-vem” precisa de vias dedicadas e já não cabem mais vias entre Alverca e V. Franca; só com muitos quilómetros de túneis. Também não existe ainda uma ideia clara quanto à ligação do aeroporto à futura rede de alta velocidade (TGV).
Assim sendo, parece que o único argumento a favor da Ota é o facto de não haver alternativas. Mas não é verdade, existe uma alternativa e muito mais favorável: Rio Frio.
Rio Frio fica dentro da Área Metropolitana de Lisboa, na margem Sul do Tejo, junto à auto-estrada A12, a pouco mais de 20 Km de Lisboa pela futura ponte Chelas-Barreiro. Além disso, Rio Frio é uma zona ampla, plana e de fácil aceso a todo o país. Os terrenos são bons para a construção e o aeroporto terá facilidade de expansão. Na ponte Chelas-Barreiro seria também instalado o TGV para Madrid e para o Porto, fazendo-se a bifurcação da linha em Rio Frio, debaixo do aeroporto, onde haveria uma estação. Nessa linha circularia ainda o “vai-vem” para Lisba que faria a viagem em 10 minutos. Além disso, como a deslocação do aeroporto é para leste, não irá prejudicar os aeroportos do Porto e Faro. E será atraente para os espanhóis!
Mas, talvez se lembrem do que aconteceu em 1999. Através de um despacho conjunto dos ministros do Ambiente e da Obras Públicas de 5 de Julho, o Governo de então vetou a construção do aeroporto em Rio Frio, invocando que iria criar aí graves prejuizos ambientais. Então, e na Ota, não são graves?
É de notar que em todos os estudos até agora realizados com vista à escolha do local do novo aeroporto (cinco estudos, desde 1970), Rio Frio ficou sempre em prieiro lugar. O último data de Agosto de 1999, apenas um mês após a decisão do Governo de vetar Rio Frio, e foi elaborado pelo conceituado consultor internacional ADP-Aeroports de Paris, a pedido da NAER, empresa estatal que está encarregue do novo aeroporto. O relatório só agora foi tronado público, fazendo parte do pacote de relatórios incluidos nos CD distribuidos pelo Governo no mês passado.
De acordo com esse relatório, foram analizadas duas localizações: Ota e Rio Frio. O estudo é muito completo (o relatório tem mais de 180 páginas), e teve por base uma análise multicritério, em que foram considerados todos os aspectos relevantes para a sustentabilidade de um grande projecto: aspectos económicos, sociais e ambientais.Os aspectos ambientais tiveram por base o Estudo Preliminar de Impacto Ambiental dos dois locais, o mesmo que serviu de base ao veto do Governo. No caso de Rio Frio foram estudadas duas opções de orientação das pistas: sul/norte (S/N) e oeste/leste (W/E).
Apesar de já existir o veto do Governo, o estudo considera as três hipóteses viáveis e chega à seguinte classificação:1º, Rio Frio W/E, 718 pontos; 2º Rio Frio N/S, 675 pontos; e 3º Ota 616 pontos. Tambem no que se refere aos custos de construção (para as duas fases previstas) o resultado do estudo é claro: Rio Frio W/E, 1600 milhões de euros; Rio Frio S/N, 1900 milhões de euros; e Ota, 2000 milhões de euros, portanto mais 25 po cento do custo de Rio Frio W/E.
Contudo, com as dificuldades do local, os custos de construção do aeroporto da Ota vão disparar. As últimas estimativas apontam já para custos superiores a 3000 milhões de euros. E não se diga que isso não tem importância, lá porque o Estado só vai pagar 10 por cento. É claro que os privados não vão fazer caridade e nós, como utilizadores, iremos pagar tanto mais quanto mais caro ficar.
Aos custos de construção do aeroporto haverá ainda que somar os custos das novas acessibilidades, as tais que não estão ainda resolvidas. Não será exagero dizer que, só em custos directos, a opção Ota va custar mais de 2000 milhões de euros a mais que a opção Rio Frio. E, claro, o que se gastar a mais com o aeroporto vai faltar para outras coisas. Mas os custos para a economia geral do país serão ainda bem mais gravosos.
É incompreeensivel que num país com escassos recursos, como o nosso, haja um veto político a impedir que seja adoptada a melhor solução. Ainda há tempo para emendar o erro. É o nosso futuro e o dos vindouros que está em causa".
Do mesmo autor, publicado noutro local, e porque relacionado transcreve-se:
"Quanto à rede de TGV, a linha Porto-Lisboa deverá atravessar o Tejo na zona da Azambuja (uma travessia relativamente curta), percorrer a Margem Sul e entrar em Lisboa pela ponte Chelas-Barreiro, após entroncar com a linha Madrid-Lisboa em Rio Frio, no local do novo aeroporto.
E porque não aproveitar para instalar na nova travessia do Tejo, para além do comboio normal de bitola ibérica - como o instalado na Ponte 25 de Abril - e do trânsito rodoviário, também o TGV?"
O artigo completo, publicado este fim de semana no Expresso, pode ser lido na íntegra, aqui.
O ridículo presidente (!) que os portugueses (a acreditar nas sondagens) se preparam para eleger.
"Contem comigo" - disse ele aos seus apoiantes da FLAD, associação que é a testa de ferro dos interesses norte-americanos neste pequeno protectorado chamado Portugal, cuja “amizade” é fruto de um outro interesse,bem mais consistente,,, na exploração incondicional da Base das Lajes nos Azores.
“Poucos episódios da campanha presidencial terão sido tão esclarecedores quanto a intervenção de Cavaco Silva perante os membros das câmaras de comércio luso-britânica, luso-holandesa, luso-sul-africana e luso-alemã e da Associação de Amizade Portugal-EUA” observa certeiro Ruben de Carvalho aqui.
“Em poucas circunstâncias Cavaco Silva poderia reunir uma audiência ideologicamente tão próxima dele, das suas ideias, dos seus pontos de vista. São os homens de negócios - mas não homens de negócios quaisquer. Não é membro jantante de qualquer daquelas agremiações o pequeno industrial de serralharia, o médio agricultor a braços com a calibragem comunitária das suas tangerinas estamos face aos "exportadores", aos "empresários dinâmicos", os que "têm acesso aos fundos comunitários", os que "fazem negócios" porque "inovam". Os que "têm crédito na banca", casa em Marbella, iate numa qualquer marina, BMW na garagem”
E que diz o língua-de-pau Cavaco Silva o pretenso social-democrata a esta audiência?
Quando numa sociedade distorcida em que a maioria é constituida por intermediários improdutivos e parasitas, muitos deles sem sequer qualquer vínculo ou ligação ideológica à classe a que pertencem, é natural que essa mesma maioria ganhe e as desgraças construidas pela LUSA aconteçam. E pensará esta gente que o saque e a pilhagem dos paises periféricos em cuja ideia os actuais detentores do Poder se apoiam, durará para sempre?
PARE! PENSE!! E MUDE !!!
Vem aí a gente do Cavaco – que junta com os ACCIONISTAS! do poder económico é uma mistura explosiva,,, O verdadeiro retrato do perigo Cavaco.
Na verdade, “trata-se de caminhar para uma prática política da Presidência da República "justificada" por motivos económicos, mas efectivamente serventuária de interesses económicos. A criação de um espaço político concreto na estrutura do poder ao serviço desses interesses económicos”
Sobre as bases de apoio:
“Quando o líder do PSD compara a propaganda política do Governo português com a Coreia do Norte ou o líder (ih,ih,ih) do CDS atribui à esquerda o monopólio histórico do terrorismo (qualificando sumariamente Che Guevara de "assassino"), a caricatura mata o candidato a caricaturista porque o converte em objecto da sua própria caricatura. Essa é, aliás, uma das razões que explicam o descrédito da política”.
Vicente Jorge Silva, disse-o aqui.
Como se não bastasse, que dizer desta gente que ataca pela calada das ideias (que não têm!) - apoiantes velados de Cavaco - que quando se apanham nos poleiros públicos decidem microfilmar e fotocopiar documentos confidenciais do Estado e os levam para casa para uso futuro em proveito próprio?
----
os Mass-media distorcem a realidade da queda gradual de Cavaco nas sondagens - na SIC/Impresa propriedade de Pinto Balsemão um dos principais veículos de manipulação ao serviço do grande capital, apesar da queda contínua de Cavaco no período pós-debates, em que foi obrigado a proferir uns monossílabos – os resultados mantêm-se quase na mesma: 52,5% em 12 de Novembro; 55,5% em 17 de Dezembro; 52,5% em 23 de Dezembro.
Nas sondagens do DN/TSF nas mesmas datas os resultados foram de: 49% - 44% e 41 %
,,,tarda em chegar,,, mas vem aí a onda anti-cavaco,,,
“Poucos episódios da campanha presidencial terão sido tão esclarecedores quanto a intervenção de Cavaco Silva perante os membros das câmaras de comércio luso-britânica, luso-holandesa, luso-sul-africana e luso-alemã e da Associação de Amizade Portugal-EUA” observa certeiro Ruben de Carvalho aqui.
“Em poucas circunstâncias Cavaco Silva poderia reunir uma audiência ideologicamente tão próxima dele, das suas ideias, dos seus pontos de vista. São os homens de negócios - mas não homens de negócios quaisquer. Não é membro jantante de qualquer daquelas agremiações o pequeno industrial de serralharia, o médio agricultor a braços com a calibragem comunitária das suas tangerinas estamos face aos "exportadores", aos "empresários dinâmicos", os que "têm acesso aos fundos comunitários", os que "fazem negócios" porque "inovam". Os que "têm crédito na banca", casa em Marbella, iate numa qualquer marina, BMW na garagem”
E que diz o língua-de-pau Cavaco Silva o pretenso social-democrata a esta audiência?
Quando numa sociedade distorcida em que a maioria é constituida por intermediários improdutivos e parasitas, muitos deles sem sequer qualquer vínculo ou ligação ideológica à classe a que pertencem, é natural que essa mesma maioria ganhe e as desgraças construidas pela LUSA aconteçam. E pensará esta gente que o saque e a pilhagem dos paises periféricos em cuja ideia os actuais detentores do Poder se apoiam, durará para sempre?
PARE! PENSE!! E MUDE !!!
Vem aí a gente do Cavaco – que junta com os ACCIONISTAS! do poder económico é uma mistura explosiva,,, O verdadeiro retrato do perigo Cavaco.
Na verdade, “trata-se de caminhar para uma prática política da Presidência da República "justificada" por motivos económicos, mas efectivamente serventuária de interesses económicos. A criação de um espaço político concreto na estrutura do poder ao serviço desses interesses económicos”
Sobre as bases de apoio:
“Quando o líder do PSD compara a propaganda política do Governo português com a Coreia do Norte ou o líder (ih,ih,ih) do CDS atribui à esquerda o monopólio histórico do terrorismo (qualificando sumariamente Che Guevara de "assassino"), a caricatura mata o candidato a caricaturista porque o converte em objecto da sua própria caricatura. Essa é, aliás, uma das razões que explicam o descrédito da política”.
Vicente Jorge Silva, disse-o aqui.
Como se não bastasse, que dizer desta gente que ataca pela calada das ideias (que não têm!) - apoiantes velados de Cavaco - que quando se apanham nos poleiros públicos decidem microfilmar e fotocopiar documentos confidenciais do Estado e os levam para casa para uso futuro em proveito próprio?
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os Mass-media distorcem a realidade da queda gradual de Cavaco nas sondagens - na SIC/Impresa propriedade de Pinto Balsemão um dos principais veículos de manipulação ao serviço do grande capital, apesar da queda contínua de Cavaco no período pós-debates, em que foi obrigado a proferir uns monossílabos – os resultados mantêm-se quase na mesma: 52,5% em 12 de Novembro; 55,5% em 17 de Dezembro; 52,5% em 23 de Dezembro.
Nas sondagens do DN/TSF nas mesmas datas os resultados foram de: 49% - 44% e 41 %
,,,tarda em chegar,,, mas vem aí a onda anti-cavaco,,,
segunda-feira, dezembro 26, 2005
"Um país torna-se decadente quando já não reconhece os seus males, nem aceita os seus remédios." - Victor Hugo
A pretensa lógica comercial que leva à deslocalização e ao fecho das fábricas é a mesma que está no origem do encerramento das esquadras de Policia – trata-se de tudo reduzir e submeter às meras questões economicistas.
Como em tudo o resto (*) o fenómeno não é exclusivo português, mas apenas o resultado de pressões para aplicação de medidas que são estranhas aos nossos problemas nacionais ou regionais.
No dizer crítico de um antigo funcionário da Comissão Europeia, José Pereira da Costa, “o problema central é que Portugal e a Europa não produzem o suficiente para manter o modelo social europeu e, portanto, há que abandonar as pessoas à sua sorte e deixar o número de pobres crescer como cogumelos, como acontece nos Estados Unidos, bem ilustrado recentemente na Luisiana e no Mississipi”
Num livro agora traduzido entre nós – “Alta Policia, Baixa Politica” Hélene L`Heuillet interroga-se:
Como é que a Policia é utilizada pelo Poder? Qual a sua função? Deve a Policia ser um instrumento nas mãos da Politica?,,, Estas são questões tão velhas quanto o mundo, já colocadas por Platão ou Proteu inerentes a toda a história social e a que séculos de história ainda não conseguiram responder.
A autora, professora agregada na Universidade X de Nanterre aborda este tema a partir de várias perspectivas. Na primeira parte aborda o problema dos meios auxiliares da politica e da acção das Policias como segredo do Poder. Na segunda parte trata da Ordem na Cidade e da Policia como forma de Autoridade e como geradora de Violência. Finalmente reflecte sobre o olhar que mantem a ordem, a instância de suspeita e o principio da inspecção e da identificação.
Que "Ordem" defende a Policia?
* Enquanto, por exemplo, a General Motors (Industria) encerra dezenas de Fábricas e acaba com milhares de postos de trabalho, a General Motors Investimentos (uma empresa Financeira autónoma) obtem os maiores lucros de sempre.
----
sobre “A Ditadura das Finanças” outro autor, François Chesnay da ATTAC explica como o poder econômico se separou e distanciou do sistema produtivo:
“Houve um processo de acumulação de capital e poder fora do sistema produtivo, desde os anos 1970. Este deu-se pela acumulação por meio de títulos, que é o resultado da esterilização do sistema produtivo. Uma parte dos lucros deixa de se destinar à produção, e é redirecionada para a especulação financeira, onde é remunerada pelos juros. O mecanismo acaba sendo institucionalizado, tamanha é a massa de poupança. O capital é gerado no sistema produtivo, mas acumula-se efectivamente em instituições como fundos mútuos ou de pensão. Os detentores de títulos exigem juros elevados, como no caso dos títulos de dívidas, ou dividendos, se possuem acções. Por meio de um conjunto de mecanismos, o dinheiro, que saiu do sistema produtivo e que se acumulou fora dele, cria e mantém mecanismos de captação de mais dinheiro, proveniente do sistema produtivo”e sobre qual é a função do capital acumulado que não irriga o sistema produtivo diz Chesnay:
“Os efeitos dessa acumulação são todos negativos. Para financiar a produção, há sistemas mais simples, como o crédito bancário, principalmente se a taxa de juros for controlada pelo Estado. Além disso, não é necessário existir mercado financeiro para haver investimento. Durante décadas, nos países europeus, o crédito era garantido por bancos estatais ou pelo sistema bancário privado, em condições em que a taxa de juros era cuidadosamente controlada. Os mercados financeiros não dão retorno para a economia. As suas instituições só são receptivas aos interesses dos accionistas em maximizar os dividendos.
* a ler: “Fábrica encerrada é Fábrica ocupada!”
A pretensa lógica comercial que leva à deslocalização e ao fecho das fábricas é a mesma que está no origem do encerramento das esquadras de Policia – trata-se de tudo reduzir e submeter às meras questões economicistas.
Como em tudo o resto (*) o fenómeno não é exclusivo português, mas apenas o resultado de pressões para aplicação de medidas que são estranhas aos nossos problemas nacionais ou regionais.
No dizer crítico de um antigo funcionário da Comissão Europeia, José Pereira da Costa, “o problema central é que Portugal e a Europa não produzem o suficiente para manter o modelo social europeu e, portanto, há que abandonar as pessoas à sua sorte e deixar o número de pobres crescer como cogumelos, como acontece nos Estados Unidos, bem ilustrado recentemente na Luisiana e no Mississipi”
Num livro agora traduzido entre nós – “Alta Policia, Baixa Politica” Hélene L`Heuillet interroga-se:
Como é que a Policia é utilizada pelo Poder? Qual a sua função? Deve a Policia ser um instrumento nas mãos da Politica?,,, Estas são questões tão velhas quanto o mundo, já colocadas por Platão ou Proteu inerentes a toda a história social e a que séculos de história ainda não conseguiram responder.
A autora, professora agregada na Universidade X de Nanterre aborda este tema a partir de várias perspectivas. Na primeira parte aborda o problema dos meios auxiliares da politica e da acção das Policias como segredo do Poder. Na segunda parte trata da Ordem na Cidade e da Policia como forma de Autoridade e como geradora de Violência. Finalmente reflecte sobre o olhar que mantem a ordem, a instância de suspeita e o principio da inspecção e da identificação.
Que "Ordem" defende a Policia?
* Enquanto, por exemplo, a General Motors (Industria) encerra dezenas de Fábricas e acaba com milhares de postos de trabalho, a General Motors Investimentos (uma empresa Financeira autónoma) obtem os maiores lucros de sempre.
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sobre “A Ditadura das Finanças” outro autor, François Chesnay da ATTAC explica como o poder econômico se separou e distanciou do sistema produtivo:
“Houve um processo de acumulação de capital e poder fora do sistema produtivo, desde os anos 1970. Este deu-se pela acumulação por meio de títulos, que é o resultado da esterilização do sistema produtivo. Uma parte dos lucros deixa de se destinar à produção, e é redirecionada para a especulação financeira, onde é remunerada pelos juros. O mecanismo acaba sendo institucionalizado, tamanha é a massa de poupança. O capital é gerado no sistema produtivo, mas acumula-se efectivamente em instituições como fundos mútuos ou de pensão. Os detentores de títulos exigem juros elevados, como no caso dos títulos de dívidas, ou dividendos, se possuem acções. Por meio de um conjunto de mecanismos, o dinheiro, que saiu do sistema produtivo e que se acumulou fora dele, cria e mantém mecanismos de captação de mais dinheiro, proveniente do sistema produtivo”e sobre qual é a função do capital acumulado que não irriga o sistema produtivo diz Chesnay:
“Os efeitos dessa acumulação são todos negativos. Para financiar a produção, há sistemas mais simples, como o crédito bancário, principalmente se a taxa de juros for controlada pelo Estado. Além disso, não é necessário existir mercado financeiro para haver investimento. Durante décadas, nos países europeus, o crédito era garantido por bancos estatais ou pelo sistema bancário privado, em condições em que a taxa de juros era cuidadosamente controlada. Os mercados financeiros não dão retorno para a economia. As suas instituições só são receptivas aos interesses dos accionistas em maximizar os dividendos.
* a ler: “Fábrica encerrada é Fábrica ocupada!”
domingo, dezembro 25, 2005
a Bolívia de Evo Morales
Socialismo ou Barbárie!
De camponês cocalero a primeiro presidente indio da Bolívia,
num país em que 65% da população é indígena e 15% mestiça, é a primeira vez que se elege um presidente dessa etnia. (!) Com um discurso "anti-imperialista", Evo pretende descriminalizar o cultivo tradicional da folha de coca e defende a nacionalização dos recursos naturais bolivianos, principalmente o petróleo e o gás natural. O líder cocalero espera inclusive recuperar o controle de duas refinarias do país que actualmente são administradas pela Petrobrás, a empresa brasileira que investiu mais de US$ 1 bilião de dólares na Bolívia nos últimos dez anos e gera aproximadamente 20% da arrecadação de impostos do governo boliviano.
Evo Morales, cuja vitória era já previsivel (como se pode fácilmente entender aqui, ou aqui) culminando a longa luta pela emancipação dos Movimentos Sociais regionais, assusta os EUA pela sua declarada afinidade com o cubano Fidel Castro e o venezuelano Hugo Chávez. Depois de votar, exigiu do presidente americano, George W. Bush, que retire as suas tropas do Iraque e desocupe as bases militares do seu país na América Latina. A Bolivia é um dos paises mais pobres do mundo e, segundo os nossos "orgãos de informação", viu contemplada a anulação da sua dívida externa numa recente decisão no âmbito da Iniciativa Multilateral para a Redução da Dívida (MDRI). O que os nossos jornais no entanto, com os seus titulos bombásticos de propaganda neoliberal não dizem, enganados pelo próprio FMI, é que esse valor da "dívida perdoada" de 283,5 milhões de dólares apenas corresponde a cerca de 6 por cento do total da dívida! ,,, Perdoa-se uma ínfima parte da Divida Externa, em troca do previlégio de se poderem livremente continuar a garantir a exploração nos mesmos termos, por isso, o "perdão" é concedido depois das economias serem avaliadas de forma positiva em termos de evolução das politicas económicas. Tal levou já o Governador do Banco Central da Bolivia Juan Antonio Morales a avisar que "estas são as melhores condições macro-económicas que o país tem em dez anos" lembrando que "uma queda nos investimentos externos no sector energético pode alterar este cenário".
A pobreza da Bolívia não se deve à infertilidade dos seus solos, nem à escassez de recursos naturais, nem tampouco à dolorosa interioridade a que foi condenada. A pobreza boliviana, como aliás a de todos os outros países latino-americanos (e não só),,, é um produto da combinação do saque colonial, da voracidade dos capitais estrangeiros e da submissão da oligarquia nativa, uma odiosa tríade composta pelos proprietários das terras pelo clero e pelo exército, preocupados exclusivamente com a defesa dos seus previlégios.
Um dos mais influentes teoricos bolivianos, Guillermo Francovich (filho de pai europeu e mãe indigena) tentou desconstruir filosoficamente este mito do "destino adverso", mas o que levou às recentes revoltas populares em El Alto e Cochabamba e à eclosão dos movimentos sociais de base na provincia de Santa Cruz foi sem dúvida a obra de Sergio Almaraz Paz sobre a politica nacional dos recursos naturais - "Petróleo: Soberania ou Dependência". Efectivamente o que agora acontece é o produto do lento germinar de processos de contestação que já vêm evoluindo desde há muito. Vale a pena (re)ver o que sempre disseram aqueles que são acusados de "esquerdismo" pelas forças da (des)Ordem. Àqueles que temem a "sectorização e a fragmentação" do novo Executivo que toma posse a 22 de Janeiro, com a entrega de "jobs for the boys" às bases do "Movimiento al Socialismo" (MAS), Evo Morales já avisou: "Governar não consiste em distribuir cargos mas em mudar o País"
relacionado:
* Vale a pena ler "Irradiquem a Coca-Cola"
(...) "a nota, por assim dizer engraçada, foi a negativa de Evo Morales em aceitar que a folha de coca seja reconhecida apenas para a fabricação da coca-cola e proscrita para o uso tradicional pelos cultivadores bolivianos. “Não é possível que a folha de coca seja usada pela Coca-Cola e proibida para nós.” Pensando bem, será que quando nos transmitiu as suas declarações sobre a Bolívia, Condoleezza Rice estava sob efeito da coca-cola?"
* BOLIVIA : ¿INVASIÓN EN MARCHA?
De camponês cocalero a primeiro presidente indio da Bolívia,
num país em que 65% da população é indígena e 15% mestiça, é a primeira vez que se elege um presidente dessa etnia. (!) Com um discurso "anti-imperialista", Evo pretende descriminalizar o cultivo tradicional da folha de coca e defende a nacionalização dos recursos naturais bolivianos, principalmente o petróleo e o gás natural. O líder cocalero espera inclusive recuperar o controle de duas refinarias do país que actualmente são administradas pela Petrobrás, a empresa brasileira que investiu mais de US$ 1 bilião de dólares na Bolívia nos últimos dez anos e gera aproximadamente 20% da arrecadação de impostos do governo boliviano.
Evo Morales, cuja vitória era já previsivel (como se pode fácilmente entender aqui, ou aqui) culminando a longa luta pela emancipação dos Movimentos Sociais regionais, assusta os EUA pela sua declarada afinidade com o cubano Fidel Castro e o venezuelano Hugo Chávez. Depois de votar, exigiu do presidente americano, George W. Bush, que retire as suas tropas do Iraque e desocupe as bases militares do seu país na América Latina. A Bolivia é um dos paises mais pobres do mundo e, segundo os nossos "orgãos de informação", viu contemplada a anulação da sua dívida externa numa recente decisão no âmbito da Iniciativa Multilateral para a Redução da Dívida (MDRI). O que os nossos jornais no entanto, com os seus titulos bombásticos de propaganda neoliberal não dizem, enganados pelo próprio FMI, é que esse valor da "dívida perdoada" de 283,5 milhões de dólares apenas corresponde a cerca de 6 por cento do total da dívida! ,,, Perdoa-se uma ínfima parte da Divida Externa, em troca do previlégio de se poderem livremente continuar a garantir a exploração nos mesmos termos, por isso, o "perdão" é concedido depois das economias serem avaliadas de forma positiva em termos de evolução das politicas económicas. Tal levou já o Governador do Banco Central da Bolivia Juan Antonio Morales a avisar que "estas são as melhores condições macro-económicas que o país tem em dez anos" lembrando que "uma queda nos investimentos externos no sector energético pode alterar este cenário".
A pobreza da Bolívia não se deve à infertilidade dos seus solos, nem à escassez de recursos naturais, nem tampouco à dolorosa interioridade a que foi condenada. A pobreza boliviana, como aliás a de todos os outros países latino-americanos (e não só),,, é um produto da combinação do saque colonial, da voracidade dos capitais estrangeiros e da submissão da oligarquia nativa, uma odiosa tríade composta pelos proprietários das terras pelo clero e pelo exército, preocupados exclusivamente com a defesa dos seus previlégios.
Um dos mais influentes teoricos bolivianos, Guillermo Francovich (filho de pai europeu e mãe indigena) tentou desconstruir filosoficamente este mito do "destino adverso", mas o que levou às recentes revoltas populares em El Alto e Cochabamba e à eclosão dos movimentos sociais de base na provincia de Santa Cruz foi sem dúvida a obra de Sergio Almaraz Paz sobre a politica nacional dos recursos naturais - "Petróleo: Soberania ou Dependência". Efectivamente o que agora acontece é o produto do lento germinar de processos de contestação que já vêm evoluindo desde há muito. Vale a pena (re)ver o que sempre disseram aqueles que são acusados de "esquerdismo" pelas forças da (des)Ordem. Àqueles que temem a "sectorização e a fragmentação" do novo Executivo que toma posse a 22 de Janeiro, com a entrega de "jobs for the boys" às bases do "Movimiento al Socialismo" (MAS), Evo Morales já avisou: "Governar não consiste em distribuir cargos mas em mudar o País"
relacionado:
* Vale a pena ler "Irradiquem a Coca-Cola"
(...) "a nota, por assim dizer engraçada, foi a negativa de Evo Morales em aceitar que a folha de coca seja reconhecida apenas para a fabricação da coca-cola e proscrita para o uso tradicional pelos cultivadores bolivianos. “Não é possível que a folha de coca seja usada pela Coca-Cola e proibida para nós.” Pensando bem, será que quando nos transmitiu as suas declarações sobre a Bolívia, Condoleezza Rice estava sob efeito da coca-cola?"
* BOLIVIA : ¿INVASIÓN EN MARCHA?
sábado, dezembro 24, 2005
estórias de natal - O Velho Testamento
“Hanukkáh”(Consagração) é a Festa Judaica que calha normalmente a meio do mês lunar de “Chislev” (Dezembro), mas cujo início este ano coincide com o dia de Natal dos cristãos. A tambem chamada Festa das Luzes dura 8 dias e celebra a vitória do pequeno exército de Juda Macabeu no ano 165 antes da Era Vulgar (ou Comum) contra os Selêucidas que então ocupavam a Palestina impondo a cultura e a religião Helénica ao povo Hebreu.
Efectivamente o rei Antioco Epifânio passava a vida a grelhar leitões à sombra da estátua de Jupiter e a amandar as gajas que circuncisavam os putos pelas muralhas de Jerusalem afora.
Depois da reconquista do Templo, os Macabeus “consagraram-no” de novo ao culto hebraico. Desejando reacender a chama sagrada do candelabro do templo encontraram contudo apenas uma pequenissima quantidade de azeite num pote que deveria no entanto durar pelo menos um dia. Porém, apesar de pouco, o azeite miraculosamente durou 8 dias. Para comemorar este milagre, hoje em dia, cada família acende em série progressiva um candelabro de 8 braços – a 1ª vela no primeiro dia, duas velas no 2º dia, e assim sucessivamente até à 8ª vela. E acaba a festa,,,
“Rosh ha-shaná” é a Festa de Passagem de Ano. O ano hebreu começa no 1º dia do mês de “Tishvi” o sétimo mês lunar do calendário hebraico que habitualmente se inicia em meados do que corresponde ao nosso mês de Setembro, e recorda a data em que Deus criou Adão. Este ano comemora-se o ano 5766. É tambem chamado o “Dia do Juizo” pois é nesta ocasião que Deus determina o destino de cada indivíduo para o próximo ano que entra. Neste dia sopra-se o “Shofar” (Corno de carneiro), acto que tem o valor simbólico de resgatar os pecadores que pecam em pensamento, devendo-se nestas alturas de tentações, comer Mel – o símbolo da Doçura e da Bondade da Vida.
“Succoth” (o Tabernáculo) inicia-se a 15 de Tishvi e é a Festa associada à celebração do Êxodo dos Judeus do Egipto e agradece a generosidade de Deus, tanto no abrir da águas do Mar Vermelho que permitiu a passagem do povo sem ninguem se magoar, como no posterior confronto com a Natureza. A sua protecção é simbolizada pela frágil subsistência no deserto durante os 40 dias depois da fuga do Egipto. No fim, a “Succoth” comemora a chegada à Terra Prometida e é simbolizada pelo acto de comer Frutos no campo levando mesas a que chamam tabernáculos que transportam para o efeito e das quais esta Festa herdou o nome.
“Pesach” significa Passagem e é a Festa da Libertação dos hebreus da escravatura no Egipto. Dura 8 dias começando na primeira segunda-feira a seguir ao dia 15 do mês lunar de “Nissan” (mês associado à Primavera que se inicia nos fins de Março ou no primeiro dia de Abril). Durante toda a duração da “Pesach” não se pode comer pão levedado, mas come-se “matzá” (um género de panqueca feita de farinha e água sem fermento nem leveduras) em recordação do pão que comiam no Egipto. As duas primeiras Ceias desta festa consiste num ritual em familia chamada “Seder” (Ordem), durante as quais é feita a leitura da “Aggadà”, o conto que descreve a história da libertação do Egipto.
Foi no final duma destas patuscadas que lixaram Jesus Cristo, um produto inovador meio-plagiado da cultura hebraica,,, mas isso já é outra história que ficará lá mais para a Páscoa. De qualquer modo, a ideia que nos fica é a de que esta malta passava (passa) a vida a comer e a beber sem fazer népia. Para manter este status era imperativo que se escrevessem Novos Testamentos para assim ser possivel arregimentar novas plebes de crentes para serem explorados – para construir novas multidões de servos de um novo “Senhor” ou de novos senhores – aparecem sempre bué de voluntários.
,,, e depois?,,, e depois?
relacionado:
"Teria Jesus aceite a Pobreza?"
o Beijo de Judas - Giotto (1304)
Efectivamente o rei Antioco Epifânio passava a vida a grelhar leitões à sombra da estátua de Jupiter e a amandar as gajas que circuncisavam os putos pelas muralhas de Jerusalem afora.
Depois da reconquista do Templo, os Macabeus “consagraram-no” de novo ao culto hebraico. Desejando reacender a chama sagrada do candelabro do templo encontraram contudo apenas uma pequenissima quantidade de azeite num pote que deveria no entanto durar pelo menos um dia. Porém, apesar de pouco, o azeite miraculosamente durou 8 dias. Para comemorar este milagre, hoje em dia, cada família acende em série progressiva um candelabro de 8 braços – a 1ª vela no primeiro dia, duas velas no 2º dia, e assim sucessivamente até à 8ª vela. E acaba a festa,,,
“Rosh ha-shaná” é a Festa de Passagem de Ano. O ano hebreu começa no 1º dia do mês de “Tishvi” o sétimo mês lunar do calendário hebraico que habitualmente se inicia em meados do que corresponde ao nosso mês de Setembro, e recorda a data em que Deus criou Adão. Este ano comemora-se o ano 5766. É tambem chamado o “Dia do Juizo” pois é nesta ocasião que Deus determina o destino de cada indivíduo para o próximo ano que entra. Neste dia sopra-se o “Shofar” (Corno de carneiro), acto que tem o valor simbólico de resgatar os pecadores que pecam em pensamento, devendo-se nestas alturas de tentações, comer Mel – o símbolo da Doçura e da Bondade da Vida.
“Succoth” (o Tabernáculo) inicia-se a 15 de Tishvi e é a Festa associada à celebração do Êxodo dos Judeus do Egipto e agradece a generosidade de Deus, tanto no abrir da águas do Mar Vermelho que permitiu a passagem do povo sem ninguem se magoar, como no posterior confronto com a Natureza. A sua protecção é simbolizada pela frágil subsistência no deserto durante os 40 dias depois da fuga do Egipto. No fim, a “Succoth” comemora a chegada à Terra Prometida e é simbolizada pelo acto de comer Frutos no campo levando mesas a que chamam tabernáculos que transportam para o efeito e das quais esta Festa herdou o nome.
“Pesach” significa Passagem e é a Festa da Libertação dos hebreus da escravatura no Egipto. Dura 8 dias começando na primeira segunda-feira a seguir ao dia 15 do mês lunar de “Nissan” (mês associado à Primavera que se inicia nos fins de Março ou no primeiro dia de Abril). Durante toda a duração da “Pesach” não se pode comer pão levedado, mas come-se “matzá” (um género de panqueca feita de farinha e água sem fermento nem leveduras) em recordação do pão que comiam no Egipto. As duas primeiras Ceias desta festa consiste num ritual em familia chamada “Seder” (Ordem), durante as quais é feita a leitura da “Aggadà”, o conto que descreve a história da libertação do Egipto.
Foi no final duma destas patuscadas que lixaram Jesus Cristo, um produto inovador meio-plagiado da cultura hebraica,,, mas isso já é outra história que ficará lá mais para a Páscoa. De qualquer modo, a ideia que nos fica é a de que esta malta passava (passa) a vida a comer e a beber sem fazer népia. Para manter este status era imperativo que se escrevessem Novos Testamentos para assim ser possivel arregimentar novas plebes de crentes para serem explorados – para construir novas multidões de servos de um novo “Senhor” ou de novos senhores – aparecem sempre bué de voluntários.
,,, e depois?,,, e depois?
relacionado:
"Teria Jesus aceite a Pobreza?"
o Beijo de Judas - Giotto (1304)
sábado, dezembro 17, 2005
"A Música é a Minha Única Religião"
Concerto Comemorativo do 99º Aniversário do nascimento de Fernando Lopes Graça
Sábado 17 de Dezembro – Teatro Municipal de São Luís, Lisboa
Acordai
acordai
homens que dormis
a embalar a dor
dos silêncios vis
vinde no clamor
das almas viris
arrancar a flor
que dorme na raiz
Sábado 17 de Dezembro – Teatro Municipal de São Luís, Lisboa
Acordai
acordai
homens que dormis
a embalar a dor
dos silêncios vis
vinde no clamor
das almas viris
arrancar a flor
que dorme na raiz
“O que temos hoje é um verdadeiro proto-Fascismo, que liquidou a Democracia e a transformou numa mera fachada”
Dr. Garcia Pereira
“Ninguém, ou quase ninguém, se apercebeu como a Justiça, de código em código, de reforma em reforma, foi evoluindo no sentido de ir liquidando a Democracia (como p/e o Código Penal, que tem hoje uma lei pior que o Código do Fascismo de 1929). O sector foi derivando, derivando sucessivamente, até atingirmos o ponto-chave de extrema gravidade que é o chamado processo “Casa Pia”, no qual se cristalizaram, de forma lastimavelmente exemplar, todas as consequências e características do gravíssimo estado de coisas neste campo.
Quando a Procuradoria Geral da República arranja um conjunto de testemunhas que são prostitutos e bandidos e quer fazer delas as crianças enganadas e violentadas, o que é que se procura?
Proteger as crianças que são vítimas ou fazer deste processo uma autêntica farsa que deixa os verdadeiros pedófilos, as suas redes e as suas organizações na completa impunidade?
Quando se inquire uma testemunha, que aliás declara não se lembrar do nome dos próprios pais, e aquela refere, e refere sem quaisquer meios de prova, os nomes de uma série de dirigentes políticos de pelo menos três partidos políticos, e depois o processo só abrange os ligados à direcção do PS, o que é que se está aqui a construir?” – com a nomeação para a pasta da Justiça de Celeste Cardona e de Adelino Salvado para a PJ, o Governo Barroso de duas cajadadas matou um coelho – neutralizou a direcção politica da Oposição e encobriu o envolvimento do Ministro da Defesa Paulo Portas no escândalo de Corrupção da Universidade Moderna – passando à acção com o alinhamento incondicional com as politicas criminosas do secretário de Estado norte-americano Ronald Rumsfeld. Foi isto que teria sido “eleito” em 2001?
“O processo, que só agora se vai conhecendo, mostra afinal e cada vez mais aquilo que há muito tempo muito poucas vozes, mas ainda assim algumas vozes, vinham denunciando, ou seja, um Ministério Público completamente incapaz de perseguir a verdade e apenas obsecado na afirmação e consolidação do seu próprio Poder.
Violações absolutamente cirúrgicas do segredo de Justiça que só podem ser cometidas pela acusação pública (como as que se seguiram p/e , e à guisa de contra ataque, ao Acórdão que ordenou a libertação de Paulo Pedroso); grupos de jornalistas ex-acessores ou futuros acessores do Poder e/ou adstritos a cada uma das forças policiais, que estão hoje claramente comprados por estas forças (mesmo que a gente não os veja a passar recibo) e ao serviço delas. Instituída, praticada e cada vez mais implementada a possibilidade de se lincharem, de forma tão irremediável quanto verdadeiramente impune, cidadãos incómodos – eis o ponto a que nós chegámos neste campo, tudo isto pondo tambem a nu a acção absolutamente lastimável do Presidente.
Este Presidente da República – que promulgou todas e cada uma das fascizantes alterações legislativas do Processo Penal – quando viu que havia um processo judicial que estava a ser utilizado para liquidar o principal líder da oposição deveria ou não ter intervindo imediatamente tomando medidas e demitindo o Procurador Geral da República? É óbvio que deveria!” Obviamente tratou-se de promover a auto-liquidação do cargo de Presidente da República”.(*)
O próximo Presidente a ser “eleito” por métodos americanos de manipulação prévia dos resultados eleitorais – construção de sondagens favoráveis, “debates” depurados, uso sistemático de mensagens subliminares, segregação pelos Media de candidatos exteriores ao Sistema, gestão de silêncios sobre os assuntos que verdadeiramente interessam, etc, - põe termo definitivo ao periodo iniciado pelo 25 de Abril – e irá recolher, se elegermos Cavaco Silva, o à-vontade politico para gerir a seu bel-prazer o alinhamento com as politicas musculadas de dominação global de Washington, via CIA.
É isso que se joga nestas eleições, ainda que ninguém, entre os candidatos do sistema o diga.
(*Condensado e adaptado da comunicação de Garcia Pereira “O 25 de Abril deixou de existir” editado pelo Fórum Culturas em Janeiro de 2005, com prefácio do Prof. Freitas do Amaral)
“Primeiro levaram os comunistas.
Mas não falei por não ser comunista.
Depois, perseguiram os judeus.
Nada disse então, por não ser judeu.
Em seguida, castigaram os sindicalistas.
Decidi não falar, por não ser sindicalista.
Mais tarde, foi a vez dos católicos.
Tambem me calei, por ser protestante
Então, um dia, vieram buscar-me.
Mas, por essa altura, já não restava nenhuma voz
Que, em meu nome, se fizesse ouvir”
Pastor Martin Niemoller
* Nos Estados Unidos, regra geral quando se cita este poema, o primeiro verso, que refere os comunistas, é omitido. A edição do “Fórum Culturas” cai no choradinho da propaganda que empola o holocausto, ao referir em primeiro lugar os judeus, o que não corresponde à versão original – onde os judeus são citados em 4º lugar:
http://en.wikipedia.org/
Dr. Garcia Pereira
“Ninguém, ou quase ninguém, se apercebeu como a Justiça, de código em código, de reforma em reforma, foi evoluindo no sentido de ir liquidando a Democracia (como p/e o Código Penal, que tem hoje uma lei pior que o Código do Fascismo de 1929). O sector foi derivando, derivando sucessivamente, até atingirmos o ponto-chave de extrema gravidade que é o chamado processo “Casa Pia”, no qual se cristalizaram, de forma lastimavelmente exemplar, todas as consequências e características do gravíssimo estado de coisas neste campo.
Quando a Procuradoria Geral da República arranja um conjunto de testemunhas que são prostitutos e bandidos e quer fazer delas as crianças enganadas e violentadas, o que é que se procura?
Proteger as crianças que são vítimas ou fazer deste processo uma autêntica farsa que deixa os verdadeiros pedófilos, as suas redes e as suas organizações na completa impunidade?
Quando se inquire uma testemunha, que aliás declara não se lembrar do nome dos próprios pais, e aquela refere, e refere sem quaisquer meios de prova, os nomes de uma série de dirigentes políticos de pelo menos três partidos políticos, e depois o processo só abrange os ligados à direcção do PS, o que é que se está aqui a construir?” – com a nomeação para a pasta da Justiça de Celeste Cardona e de Adelino Salvado para a PJ, o Governo Barroso de duas cajadadas matou um coelho – neutralizou a direcção politica da Oposição e encobriu o envolvimento do Ministro da Defesa Paulo Portas no escândalo de Corrupção da Universidade Moderna – passando à acção com o alinhamento incondicional com as politicas criminosas do secretário de Estado norte-americano Ronald Rumsfeld. Foi isto que teria sido “eleito” em 2001?
“O processo, que só agora se vai conhecendo, mostra afinal e cada vez mais aquilo que há muito tempo muito poucas vozes, mas ainda assim algumas vozes, vinham denunciando, ou seja, um Ministério Público completamente incapaz de perseguir a verdade e apenas obsecado na afirmação e consolidação do seu próprio Poder.
Violações absolutamente cirúrgicas do segredo de Justiça que só podem ser cometidas pela acusação pública (como as que se seguiram p/e , e à guisa de contra ataque, ao Acórdão que ordenou a libertação de Paulo Pedroso); grupos de jornalistas ex-acessores ou futuros acessores do Poder e/ou adstritos a cada uma das forças policiais, que estão hoje claramente comprados por estas forças (mesmo que a gente não os veja a passar recibo) e ao serviço delas. Instituída, praticada e cada vez mais implementada a possibilidade de se lincharem, de forma tão irremediável quanto verdadeiramente impune, cidadãos incómodos – eis o ponto a que nós chegámos neste campo, tudo isto pondo tambem a nu a acção absolutamente lastimável do Presidente.
Este Presidente da República – que promulgou todas e cada uma das fascizantes alterações legislativas do Processo Penal – quando viu que havia um processo judicial que estava a ser utilizado para liquidar o principal líder da oposição deveria ou não ter intervindo imediatamente tomando medidas e demitindo o Procurador Geral da República? É óbvio que deveria!” Obviamente tratou-se de promover a auto-liquidação do cargo de Presidente da República”.(*)
O próximo Presidente a ser “eleito” por métodos americanos de manipulação prévia dos resultados eleitorais – construção de sondagens favoráveis, “debates” depurados, uso sistemático de mensagens subliminares, segregação pelos Media de candidatos exteriores ao Sistema, gestão de silêncios sobre os assuntos que verdadeiramente interessam, etc, - põe termo definitivo ao periodo iniciado pelo 25 de Abril – e irá recolher, se elegermos Cavaco Silva, o à-vontade politico para gerir a seu bel-prazer o alinhamento com as politicas musculadas de dominação global de Washington, via CIA.
É isso que se joga nestas eleições, ainda que ninguém, entre os candidatos do sistema o diga.
(*Condensado e adaptado da comunicação de Garcia Pereira “O 25 de Abril deixou de existir” editado pelo Fórum Culturas em Janeiro de 2005, com prefácio do Prof. Freitas do Amaral)
“Primeiro levaram os comunistas.
Mas não falei por não ser comunista.
Depois, perseguiram os judeus.
Nada disse então, por não ser judeu.
Em seguida, castigaram os sindicalistas.
Decidi não falar, por não ser sindicalista.
Mais tarde, foi a vez dos católicos.
Tambem me calei, por ser protestante
Então, um dia, vieram buscar-me.
Mas, por essa altura, já não restava nenhuma voz
Que, em meu nome, se fizesse ouvir”
Pastor Martin Niemoller
* Nos Estados Unidos, regra geral quando se cita este poema, o primeiro verso, que refere os comunistas, é omitido. A edição do “Fórum Culturas” cai no choradinho da propaganda que empola o holocausto, ao referir em primeiro lugar os judeus, o que não corresponde à versão original – onde os judeus são citados em 4º lugar:
http://en.wikipedia.org/
quinta-feira, dezembro 15, 2005
As Sondagens
Gonçalo M. Tavares
- Tudo bem –aceitou o Chefe, finalmente. – Se as sondagens querem apelar à participação da população, que assim seja.
- Falam em amostras ao acaso.
- Ao acaso…? Que imprudência!
- Ao acaso, mas não tanto. Há uma certa ordem, apesar de tudo. Com um certo número de mulheres, de homens, etc. Tudo muito cientifico.
- Que se mantenha o cientifico das sondagens, sempre gostei da ciência. Mas que as unidades dessa ciência sejam definidas por mim.
- Como assim, excelência Chefe?
- A proposta que me parece mais justa e equilibrada é a seguinte:
que se alargue a sondagem a uma amostra tanto maior quanto possível: homens, mulheres, jovens, velhos. E ainda outros…
- Até os outros…?
- Até os outros.
- Isto é democracia!
- Viva! – gritou logo o outro auxiliar… e se dê a todos eles o meu número de telefone.
- Como?
- O meu número de telefone. Que cada um dos elementos dessa amostra representativa, escolhida aleatoriamente segundo critérios científicos, me telefone para saber a minha opinião. Assim teremos uma sondagem justa, com uma amostra alargada, e com uma opinião objectiva e ponderada.
- Portanto, a proposta do Chefe é que a amostra da sondagem em vez de dar opinião, telefone ao Chefe para o Chefe dar a sua opinião a todos.
- A um de cada vez.
- Chefe, não nos poderão acusar de viciar os resultados?
- Não me parece. A pergunta será sempre feita por uma pessoa diferente. É aqui que deveremos centrar a atenção. Qualquer elemento do povo poderá perguntar a minha opinião. Como poderão estar viciados os dados se é o próprio povo que me faz as perguntas?
- Tem razão, Chefe.
- E é original.
(in: As Ficções do Senhor Kraus)
- Tudo bem –aceitou o Chefe, finalmente. – Se as sondagens querem apelar à participação da população, que assim seja.
- Falam em amostras ao acaso.
- Ao acaso…? Que imprudência!
- Ao acaso, mas não tanto. Há uma certa ordem, apesar de tudo. Com um certo número de mulheres, de homens, etc. Tudo muito cientifico.
- Que se mantenha o cientifico das sondagens, sempre gostei da ciência. Mas que as unidades dessa ciência sejam definidas por mim.
- Como assim, excelência Chefe?
- A proposta que me parece mais justa e equilibrada é a seguinte:
que se alargue a sondagem a uma amostra tanto maior quanto possível: homens, mulheres, jovens, velhos. E ainda outros…
- Até os outros…?
- Até os outros.
- Isto é democracia!
- Viva! – gritou logo o outro auxiliar… e se dê a todos eles o meu número de telefone.
- Como?
- O meu número de telefone. Que cada um dos elementos dessa amostra representativa, escolhida aleatoriamente segundo critérios científicos, me telefone para saber a minha opinião. Assim teremos uma sondagem justa, com uma amostra alargada, e com uma opinião objectiva e ponderada.
- Portanto, a proposta do Chefe é que a amostra da sondagem em vez de dar opinião, telefone ao Chefe para o Chefe dar a sua opinião a todos.
- A um de cada vez.
- Chefe, não nos poderão acusar de viciar os resultados?
- Não me parece. A pergunta será sempre feita por uma pessoa diferente. É aqui que deveremos centrar a atenção. Qualquer elemento do povo poderá perguntar a minha opinião. Como poderão estar viciados os dados se é o próprio povo que me faz as perguntas?
- Tem razão, Chefe.
- E é original.
(in: As Ficções do Senhor Kraus)
terça-feira, dezembro 13, 2005
Guerra, não são meia-dúzia de linhas dissimuladas em páginas interiores de jornais,,,
Guerra é, p/e esta criança atingida num bombardeamento de fósforo branco
E uma manhã tudo estava ardendo
e uma manhã as fogueiras
saíam da terra
devorando seres,
e desde então fogo,
pólvora desde então,
e desde então sangue.
Bandidos com aviões e com mouros,
bandidos com alianças e duquesas,
bandidos com frades negros abençoando
vinham pelo céu a matar crianças,
e pelas ruas o sangue das crianças
corria simplesmente, como sangue de crianças
Chacais que o chacal recusaria,
pedras que o cardo seco morderia cuspindo,
víboras que as víboras odiariam!
Pablo Neruda, citado por Harold Pinter, na obra notável que é Discurso de Aceitação do Prémio Nobel de Literatura de 2005
cuja tradução pode ser lida integralmente, aqui.
"Cito Neruda porque em nenhum outro lugar da lírica contemporânea li uma descrição tão visceral e poderosa do bombardeamento de civis"
Guerra é, p/e esta criança atingida num bombardeamento de fósforo branco
E uma manhã tudo estava ardendo
e uma manhã as fogueiras
saíam da terra
devorando seres,
e desde então fogo,
pólvora desde então,
e desde então sangue.
Bandidos com aviões e com mouros,
bandidos com alianças e duquesas,
bandidos com frades negros abençoando
vinham pelo céu a matar crianças,
e pelas ruas o sangue das crianças
corria simplesmente, como sangue de crianças
Chacais que o chacal recusaria,
pedras que o cardo seco morderia cuspindo,
víboras que as víboras odiariam!
Pablo Neruda, citado por Harold Pinter, na obra notável que é Discurso de Aceitação do Prémio Nobel de Literatura de 2005
cuja tradução pode ser lida integralmente, aqui.
"Cito Neruda porque em nenhum outro lugar da lírica contemporânea li uma descrição tão visceral e poderosa do bombardeamento de civis"
segunda-feira, dezembro 12, 2005
Mensagens subliminares
Mensagem subliminar é uma informação que nos é enviada de modo oculto e dissimulado, abaixo dos limites da nossa percepção consciente.
As mensagens subliminares influenciam as nossas atitudes, porque são exibidas de modo a não permitir que o nosso consciente as perceba e as critique. Entram directamente pelas portas do subconsciente. São vastamente utilizadas nos meios de comunicação na forma de propaganda subliminar na tv, rádio, jornais e revistas.
Símbolos de significados importantes são expostos em propagandas de modo a não podermos conscientemente perceber todas as consequências daquela exposição . O nosso subconsciente, no entanto, capta os seus significados e os associa ao que estamos vendo. A associação é uma arma poderosa nas mãos de publicitários. E claro, cada vez mais, no marketing politico. Normalmente, quem se oferece como alvo de mensagens subliminares, acaba "comprando" soluções viciadas, alheias aos seus próprios interesses.
Muitas pessoas ainda acreditam que as suas vidas são como são por conta de factores externos como as suas origens, o ambiente em que vive, educação, família, economia, a sorte ou o azar. Contudo, não são estas circunstâncias externas que dão a última palavra sobre se seremos felizes e bem sucedidos de um lado, ou frustrados e infelizes de outro.
São de facto as crenças, pensamentos, atitudes e comportamentos enraizados nos níveis mais profundos de nossas mentes, bem como nossos pensamentos conscientes que fazem a nossa vida ser o que ela é hoje.
Veja mais, aqui.
domingo, dezembro 11, 2005
Direitos Humanos,,,
O relatório da Anistia Internacional (AI) sobre os direitos humanos no Brasil, um texto de 85 páginas realça a violência urbana, com especial destaque para a situação da população negra. Entre os inúmeros dados salientados pelo documento, está o facto de que a maioria das pessoas assassinadas no Brasil são homens, jovens, negros e de baixo rendimento. É possível comparar os números divulgados no relatório com os dados da violência em regiões de conflito ou de guerra civil no mundo. Segundo a Unesco, na última década as mortes por armas de fogo registadas no Brasil superaram o número de vítimas de 23 conflitos armados no mundo, perdendo apenas para as guerras civis de Angola e da Guatemala. Nesse período morreram no Brasil 325.551 pessoas, em média 32.555 mortes por ano, o que pode ser considerado um autêntico extermínio dos pobres.
A AI estabelece como tópicos para discussão a desigualdade social no Brasil como estímulo à criminalidade e os assassinatos registados nas zonas pobres dos subúrbios. O documento lembra que, de 1999 a 2004, as forças políciais do Rio de Janeiro e de São Paulo mataram mais de 9800 pessoas, a maioria jovens sem cadastro, em práticas que apontam para a simples criminalização da pobreza. "Existe uma relação directa entre exclusão social, homicídios e cor da pele", afirma Dawid Bartelt um dos responsáveis da AI - "É preciso que as instâncias governamentais brasileiras se aproximem para discutir a questão e que se implemente o Plano Nacional de Direitos Humanos, que não saiu do papel" afirma.
Quantos anos tem já o governo de Lula? - (Ler mais, aqui)
Porque são as coisas assim?
,,, e Direitos Desumanos.
O Brasil é uma colónia económica norte-americana. Isso acontece, tendo apenas como causa a necessidade de sustentar a ínfima minoria Burguesa brasileira detentora dos grandes rendimentos que dependem justamente dos negócios com o exterior - que prosseguem cada vez mais de vento em popa, sem ou com "governos de esquerda" - como é fácilmente visivel no escandaloso desmatamento da Amazónia. Depois da época áurea da colonização, nomeadamente pelos investimentos massivos de Nelson Rockefeller na época do pós-guerra, e desse outro investimento de colonização cultural que foram as "Selecções do Readers Digest" em português do Brasil (cujos conceitos e historial se explicam exemplarmente p/e, aqui),,, os investimentos empresariais, com a globalização, diversificam-se por outros centros subsidiários capitalistas, como p/e a Alemanha, cuja retoma económica, marionetada por Washington, depende da aplicação de capitais intensivos de exploração no exterior; o IFC (Internacional Finance Corporation), que administra os créditos privados do Banco Mundial, viabilizou mais um financiamento de US$ 230 milhões ao grupo Amaggi. O dinheiro foi disponibilizado por um consórcio de bancos liderado pelo Rabobank, da Holanda. Os outros bancos participantes são o WestLB AG, o ING Bank (Holanda), HSBC (Reino Unido), BNP Paribas (França), Crédit Suisse First Boston (Suíça), UFJ Bank (Japão), Fotis Bank (Holanda/Bélgica), HSB Nord Bank (Suécia), Bradesco e Itaú. Além disso, segundo a Rios Vivos, em maio de 2001 a DEG (Deutsche Investions- und Entwicklungsgesellschaft) já havia concedido um crédito de US$ 24 milhões à Amaggi, o grupo do maior sojicultor do mundo, propriedade de Blairo Maggi que é ao mesmo tempo o Governador do Estado de Mato Grosso. Para os ambientalistas, entre outros os da Greenpeace, este empresário é o "campeão do desmatamento" da floresta tropical no Brasil; para os Consórcios Bancários dos centros capitalistas ocidentais, o "Rei da Soja" é um sojicultor exemplar.
Este incremento da exploração capitalista tem a menor reflexão na situação social dos pobres?Não!,,,
Não há outro método,,, para acabar com a pobreza no Brasil, é preciso primeiro acabar com esta gente - a começar pelo embuste que é Lula da Silva e a sua pleiade de governantes corruptos, primeiro os centrais que admitem este estado de coisas, depois os caciques locais herdeiros dos tradicionais coroneis. (ou vice-versa)
A AI estabelece como tópicos para discussão a desigualdade social no Brasil como estímulo à criminalidade e os assassinatos registados nas zonas pobres dos subúrbios. O documento lembra que, de 1999 a 2004, as forças políciais do Rio de Janeiro e de São Paulo mataram mais de 9800 pessoas, a maioria jovens sem cadastro, em práticas que apontam para a simples criminalização da pobreza. "Existe uma relação directa entre exclusão social, homicídios e cor da pele", afirma Dawid Bartelt um dos responsáveis da AI - "É preciso que as instâncias governamentais brasileiras se aproximem para discutir a questão e que se implemente o Plano Nacional de Direitos Humanos, que não saiu do papel" afirma.
Quantos anos tem já o governo de Lula? - (Ler mais, aqui)
Porque são as coisas assim?
,,, e Direitos Desumanos.
O Brasil é uma colónia económica norte-americana. Isso acontece, tendo apenas como causa a necessidade de sustentar a ínfima minoria Burguesa brasileira detentora dos grandes rendimentos que dependem justamente dos negócios com o exterior - que prosseguem cada vez mais de vento em popa, sem ou com "governos de esquerda" - como é fácilmente visivel no escandaloso desmatamento da Amazónia. Depois da época áurea da colonização, nomeadamente pelos investimentos massivos de Nelson Rockefeller na época do pós-guerra, e desse outro investimento de colonização cultural que foram as "Selecções do Readers Digest" em português do Brasil (cujos conceitos e historial se explicam exemplarmente p/e, aqui),,, os investimentos empresariais, com a globalização, diversificam-se por outros centros subsidiários capitalistas, como p/e a Alemanha, cuja retoma económica, marionetada por Washington, depende da aplicação de capitais intensivos de exploração no exterior; o IFC (Internacional Finance Corporation), que administra os créditos privados do Banco Mundial, viabilizou mais um financiamento de US$ 230 milhões ao grupo Amaggi. O dinheiro foi disponibilizado por um consórcio de bancos liderado pelo Rabobank, da Holanda. Os outros bancos participantes são o WestLB AG, o ING Bank (Holanda), HSBC (Reino Unido), BNP Paribas (França), Crédit Suisse First Boston (Suíça), UFJ Bank (Japão), Fotis Bank (Holanda/Bélgica), HSB Nord Bank (Suécia), Bradesco e Itaú. Além disso, segundo a Rios Vivos, em maio de 2001 a DEG (Deutsche Investions- und Entwicklungsgesellschaft) já havia concedido um crédito de US$ 24 milhões à Amaggi, o grupo do maior sojicultor do mundo, propriedade de Blairo Maggi que é ao mesmo tempo o Governador do Estado de Mato Grosso. Para os ambientalistas, entre outros os da Greenpeace, este empresário é o "campeão do desmatamento" da floresta tropical no Brasil; para os Consórcios Bancários dos centros capitalistas ocidentais, o "Rei da Soja" é um sojicultor exemplar.
Este incremento da exploração capitalista tem a menor reflexão na situação social dos pobres?Não!,,,
Não há outro método,,, para acabar com a pobreza no Brasil, é preciso primeiro acabar com esta gente - a começar pelo embuste que é Lula da Silva e a sua pleiade de governantes corruptos, primeiro os centrais que admitem este estado de coisas, depois os caciques locais herdeiros dos tradicionais coroneis. (ou vice-versa)
sexta-feira, dezembro 09, 2005
“O espectáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediatizada por imagens”
Guy Debord
o Frango, o Pato, o Pavão, a Codorniz, e o Faisão foram convocados e deslocaram-se para a Reunião.
o Cozinheiro do Imperador deu-lhes as boas vindas:
- Chamei-os aqui - explicou- para que me digam com que tempero quereis ser comidos.
E uma das aves atreveu-se a replicar:
-Eu, não quero ser comido de nenhuma maneira!!
E o Cozinheiro pôs as coisas no seu lugar:
-Essa pretensão está fora de questão.
(adaptado de um conto de Eduardo Galeano)
Guy Debord
o Frango, o Pato, o Pavão, a Codorniz, e o Faisão foram convocados e deslocaram-se para a Reunião.
o Cozinheiro do Imperador deu-lhes as boas vindas:
- Chamei-os aqui - explicou- para que me digam com que tempero quereis ser comidos.
E uma das aves atreveu-se a replicar:
-Eu, não quero ser comido de nenhuma maneira!!
E o Cozinheiro pôs as coisas no seu lugar:
-Essa pretensão está fora de questão.
(adaptado de um conto de Eduardo Galeano)
quinta-feira, dezembro 08, 2005
Em busca do Crescimento Económico Eterno,,
“A sociedade de consumo consiste num modelo de sociedade em que o consumo é manipulado pelas empresas, despertando necessidades artificiais, incitando à aquisição excessiva , fomentando o desperdício e originando desequilíbrios económicos e sociais.
A crescente concentração das empresas, e a emergência de grandes organizações nas sociedades contemporâneas, conferem aos vendedores de bens de consumo um grande poder económico e influência social, assim como uma posição contratual determinante (…)
in: “Breve Sociologia do Consumo” – para ler o restante, aqui.
----
“As grandes firmas de relações públicas, de publicidade, de artes gráficas, de cinema, de televisão ... têm, antes de mais, a função de controlar os espíritos. É necessário criar "necessidades artificiais" e fazer com que as pessoas se dediquem à sua busca, cada um por si, isolados uns dos outros. Os dirigentes dessas empresas têm uma abordagem muito pragmática: "É preciso orientar as pessoas para as coisa superficiais da vida, como o consumo." É preciso criar muros artificias, aprisionar as pessoas, isolá-las umas das outras”.
Noam Chomsky in: "Duas Horas de Lucidez", a ler no artigo "Consumo Nosso de Cada Dia,,,”
continua a valer tudo para vender,,, embora,
A critica da Sociedade de Consumo, assim como a do Marketing ou a do Espectáculo que lhes estão associadas, sejam antigas. Aqui ficam as ligações para os vídeos de Guy Debord, realizados na década de 70:
In-Girum-Imus-Nocte-Et-Consumimur-Igni_1978_Part-1.mpg
In-Girum-Imus-Nocte-Et-Consumimur-Igni_1978_Part-2.mpg
Refutation-of-All-the-Judgments_1975.mpg
Society-of-the-Spectacle_1973_Part-1.mpg
Society-of-the-Spectacle_1973_Part-2.mpg
A crescente concentração das empresas, e a emergência de grandes organizações nas sociedades contemporâneas, conferem aos vendedores de bens de consumo um grande poder económico e influência social, assim como uma posição contratual determinante (…)
in: “Breve Sociologia do Consumo” – para ler o restante, aqui.
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“As grandes firmas de relações públicas, de publicidade, de artes gráficas, de cinema, de televisão ... têm, antes de mais, a função de controlar os espíritos. É necessário criar "necessidades artificiais" e fazer com que as pessoas se dediquem à sua busca, cada um por si, isolados uns dos outros. Os dirigentes dessas empresas têm uma abordagem muito pragmática: "É preciso orientar as pessoas para as coisa superficiais da vida, como o consumo." É preciso criar muros artificias, aprisionar as pessoas, isolá-las umas das outras”.
Noam Chomsky in: "Duas Horas de Lucidez", a ler no artigo "Consumo Nosso de Cada Dia,,,”
continua a valer tudo para vender,,, embora,
A critica da Sociedade de Consumo, assim como a do Marketing ou a do Espectáculo que lhes estão associadas, sejam antigas. Aqui ficam as ligações para os vídeos de Guy Debord, realizados na década de 70:
In-Girum-Imus-Nocte-Et-Consumimur-Igni_1978_Part-1.mpg
In-Girum-Imus-Nocte-Et-Consumimur-Igni_1978_Part-2.mpg
Refutation-of-All-the-Judgments_1975.mpg
Society-of-the-Spectacle_1973_Part-1.mpg
Society-of-the-Spectacle_1973_Part-2.mpg
quarta-feira, dezembro 07, 2005
o poster de Richard Serra Stop Bush, 2004
faz o anuncio oficial da abertura da próxima Bienal 2006 do Whitney Museum de New York
sabido como é, que a Vida imita a Arte - dentro em breve o facínora terá os dias contados,,,
o mundo não pode esperar
“A Arte pela arte não existe. O que existe é uma escolha: ou se é responsável ou se faz um trabalho calmo para se ficar bem visto”
diz Helder Costa o encenador do grupo de teatro “A Barraca”. Há quem defenda, sempre houve quem defendesse, fundamentadamente, que a Arte pode mudar o mundo. Os poderes executivos também sabem isso muito bem, e nessa óptica se esforçam por gerir a criação artística por clientelas corporativas dependentes das verbas e subsidios dos ministérios. “Diz-me o que eu quero, dir-te-ei com quem andas e o que queres ganhar com isso”
Nesta linhagem negra, diz João Mário Grilo a propósito da recente visita de Michael Cimino, “ o esmagamento dos autores como individuos livres de criar, foi anunciado pela chegada a Hollywood, que é a medida de todas as coisas, de um novo tipo de Capital ($$$ em larga medida estranho ao negócio do cinema), representado por um novo tipo de executivos e pela instalação de uma lógica tecnocrata que veio purgar ou circunscrever (casos de Lynch, Tarantino, Eastwood, Scorcese ou Oliver Stone) as eventuais pequenas bolsas de resistência artistica, enquanto Hollywood arrecada 85% das receitas geradas nas salas de cinema, no comércio de DVDs e nas licenças de exibição televisiva – em blockbusters de manipulação de massas que são autêntico lixo sofisticado com efeitos especiais psicadélicos – enfim, uma droga nociva e estupidificante como são todas as drogas.
Mas para tudo há remédio e cura e um facto é que há cada vez mais gente saturada da monotonia bacôca e manipuladora americana. A julgar p/e, pelos impressionantes números do último DocLisboa (que apontam para quase 20 mil espectadores numa semana! com sessões literalmente esgotadas),,, ou por esse outro inesperado sucesso entre nós (em Lisboa) que é a reposição em sala do “mais belo filme do mundo” – a obra-prima de Friedrich W.Murnau “Aurora”
-----
A pergunta é legítima: - para quando a exibição comercial do programa de grande sucesso em televisão “A Noite do10” de Diego Maradona?,,, ou do documentário “Comandante” de Oliver Stone? - não são exibidos porque o Poder tem Medo! Medo da verdade!
-----
Para um aprofundamento do tema: ler “O que Marx pensava da Arte”, (ensaio publicado aqui).
o Museo das Bellas Artes em Havana, a um dia de semana, ocupado pelas Escolas
uma Escola em Bagdad
faz o anuncio oficial da abertura da próxima Bienal 2006 do Whitney Museum de New York
sabido como é, que a Vida imita a Arte - dentro em breve o facínora terá os dias contados,,,
o mundo não pode esperar
“A Arte pela arte não existe. O que existe é uma escolha: ou se é responsável ou se faz um trabalho calmo para se ficar bem visto”
diz Helder Costa o encenador do grupo de teatro “A Barraca”. Há quem defenda, sempre houve quem defendesse, fundamentadamente, que a Arte pode mudar o mundo. Os poderes executivos também sabem isso muito bem, e nessa óptica se esforçam por gerir a criação artística por clientelas corporativas dependentes das verbas e subsidios dos ministérios. “Diz-me o que eu quero, dir-te-ei com quem andas e o que queres ganhar com isso”
Nesta linhagem negra, diz João Mário Grilo a propósito da recente visita de Michael Cimino, “ o esmagamento dos autores como individuos livres de criar, foi anunciado pela chegada a Hollywood, que é a medida de todas as coisas, de um novo tipo de Capital ($$$ em larga medida estranho ao negócio do cinema), representado por um novo tipo de executivos e pela instalação de uma lógica tecnocrata que veio purgar ou circunscrever (casos de Lynch, Tarantino, Eastwood, Scorcese ou Oliver Stone) as eventuais pequenas bolsas de resistência artistica, enquanto Hollywood arrecada 85% das receitas geradas nas salas de cinema, no comércio de DVDs e nas licenças de exibição televisiva – em blockbusters de manipulação de massas que são autêntico lixo sofisticado com efeitos especiais psicadélicos – enfim, uma droga nociva e estupidificante como são todas as drogas.
Mas para tudo há remédio e cura e um facto é que há cada vez mais gente saturada da monotonia bacôca e manipuladora americana. A julgar p/e, pelos impressionantes números do último DocLisboa (que apontam para quase 20 mil espectadores numa semana! com sessões literalmente esgotadas),,, ou por esse outro inesperado sucesso entre nós (em Lisboa) que é a reposição em sala do “mais belo filme do mundo” – a obra-prima de Friedrich W.Murnau “Aurora”
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A pergunta é legítima: - para quando a exibição comercial do programa de grande sucesso em televisão “A Noite do10” de Diego Maradona?,,, ou do documentário “Comandante” de Oliver Stone? - não são exibidos porque o Poder tem Medo! Medo da verdade!
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Para um aprofundamento do tema: ler “O que Marx pensava da Arte”, (ensaio publicado aqui).
o Museo das Bellas Artes em Havana, a um dia de semana, ocupado pelas Escolas
uma Escola em Bagdad
terça-feira, dezembro 06, 2005
Global Scenario Group II
O mundo actualmente é assim: a China produz e a América consome. Não adianta à Europa estreBushar,,, - para que os trabalhadores chineses se emancipem pelo aumento de produção e para que os previlégios do nicho de civilização de consumo não seja posto em causa na periclitante sociedade existente nos Estados Unidos – a Europa tem forçosamente de aceder a passar a ser uma sociedade de menor consumo e entropia – será forçada a isso, quer queira quer não, pelas directivas do centro financeiro controlado pelos mesmos Estados Unidos, o Banco Mundial (um departamento do FED para a globalização) – p/e o Euro já perde valor diáriamente.
Como é sempre “melhor prevenir do que correr atrás de prejuizos”, e como aí atrás, em post anterior, se expuseram os três paradigmas em confronto – este será o melhor momento para nos equacionarmos sobre a questão da livre assumpção de uma Civilização Auto-Sustentável.
Ainda aqui, duas propostas continuam a estar em confronto:
A) o reformismo Neoliberal apoiado nas resoluções do relatório Bruntland e nas conclusões dos estudos do “Global Scenario Group” (ambos ainda não aceites oficialmente pelos governos, porque limitaria gravemente as economias das minorias previlegiadas, claro!)
B) o Eco-comunalismo de raiz marxista, aplicável por Regiões autónomas, independentes dos Estados, interagindo em rede.
Óbviamente a opção não resolvida A) comporta já em si os elementos em embrião que irão, a prazo, estruturar a hipótese B). – tem-se em consideração nomeadamente os casos de autonomias como a Catalunya, empresas como a Mondragon no País Basco, ou os Landers alemães (Stoiber renunciou a participar no governo central alemão para se manter na sua administração regional). Deve prevalecer a função social das Empresas na organização quer da produção, quer da destribuição e consumo, quer ainda na prestação das necessidades do quotidiano dos trabalhadores, para o quwe será exigivel que estes tenham lugar nas Administrações das Empresas. (a Séde actual da British Airways em Heatrow, é um exemplo de uma mini-cidade com escritórios, banco, supermercado, jardins públicos, galerias de arte, biblioteca, creches, cinema, restaurantes e serviços sociais de apoio em geral – o que dispensa grandes gastos em Transportes e em tempos de deslocação)
Os teóricos (e algumas práticas) deste novo tipo de Sociedade, em defesa de um decrescimento civilizacional regulado que ponha cobro aos desmandos e à selvageria neoliberal são vários e com raizes já antigas e conhecidas, de entre eles citamos Mahatma Gandhi, William Morris,,, e E.F. Schumacher
(continua)
Como é sempre “melhor prevenir do que correr atrás de prejuizos”, e como aí atrás, em post anterior, se expuseram os três paradigmas em confronto – este será o melhor momento para nos equacionarmos sobre a questão da livre assumpção de uma Civilização Auto-Sustentável.
Ainda aqui, duas propostas continuam a estar em confronto:
A) o reformismo Neoliberal apoiado nas resoluções do relatório Bruntland e nas conclusões dos estudos do “Global Scenario Group” (ambos ainda não aceites oficialmente pelos governos, porque limitaria gravemente as economias das minorias previlegiadas, claro!)
B) o Eco-comunalismo de raiz marxista, aplicável por Regiões autónomas, independentes dos Estados, interagindo em rede.
Óbviamente a opção não resolvida A) comporta já em si os elementos em embrião que irão, a prazo, estruturar a hipótese B). – tem-se em consideração nomeadamente os casos de autonomias como a Catalunya, empresas como a Mondragon no País Basco, ou os Landers alemães (Stoiber renunciou a participar no governo central alemão para se manter na sua administração regional). Deve prevalecer a função social das Empresas na organização quer da produção, quer da destribuição e consumo, quer ainda na prestação das necessidades do quotidiano dos trabalhadores, para o quwe será exigivel que estes tenham lugar nas Administrações das Empresas. (a Séde actual da British Airways em Heatrow, é um exemplo de uma mini-cidade com escritórios, banco, supermercado, jardins públicos, galerias de arte, biblioteca, creches, cinema, restaurantes e serviços sociais de apoio em geral – o que dispensa grandes gastos em Transportes e em tempos de deslocação)
Os teóricos (e algumas práticas) deste novo tipo de Sociedade, em defesa de um decrescimento civilizacional regulado que ponha cobro aos desmandos e à selvageria neoliberal são vários e com raizes já antigas e conhecidas, de entre eles citamos Mahatma Gandhi, William Morris,,, e E.F. Schumacher
(continua)
segunda-feira, dezembro 05, 2005
os três pilares da Sociedade: o Politico, o Padre e o Banqueiro
"Madona del Voto"
Siena
Dois campos (com apoios que lhe dão hipóteses de vencer) se digladiam nesta eleição para Presidente da República. De um lado o tradicional Bloco Central de interesses gerido pelas figuras de topo da Maçonaria que nos tem governado como se fosse “de esquerda” - do outro lado o Bloco Central de interesses encabeçado por altas figuras de Direita ligadas ao Regime apoiadas em crescendo pela Opus Dei (uma seita em ascenção dentro da hierarquia da Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR). Que mal haveria num Presidente eleito com base nos valores religiosos da Igreja?,,, aparentemente nenhum, não fôra a hierarquia da ICAR nada ter a ver com os valores cristãos e ser veladamente sustentada por Banqueiros e pela Alta Finança internacional, que procuram através dos seus representantes eleitos eternizar o domínio dos seus negócios em detrimento dos valores da Sociedade, viciando a função do Estado como representante de todos. Como se sabe, mas como também rapidamente foi esquecido, a “Operação Furacão” uma vasta acção da Procuradoria Geral da Republica e da Policia Judiciária levou recentemente a intervenções que incluíram o Banco Comercial Português, o Banco Espírito Santo, o Banco Português de Negócios e o Finibanco, mas apenas porque não puderam ignorar os avisos feitos pelo M15 e pelo NCSI britânicos. Que aconteceria se a Banca e a Alta Finança, a Opus Dei em peso, não tivessem que prestar contas ao Estado? Pois com Cavaco Silva, não terão de certeza!
San Gennaro,o santinho de Nápoles, venerado pela Máfia é o santinho mais rico de Itália - tambem eleito como padroeiro dos gangsters no Novo Mundo.
Pode-se considerar que os valores que a Igreja procura transmitir, embora nada tenham a ver com as práticas das suas hierarquias, como ficou dito, não podem ser desprezíveis porque se trata de toda uma cultura milenária cuja herança não pode ser ignorada. No caso da ICAR as obras de Arte e a iconografia são até um repositório notável da exploração ancestral da pessoa humana pelos Poderosos da Terra. Torna-se cada vez mais urgente desmistificar toda a liturgia que desviou a Igreja das suas funções. Ela própria é hoje refém da promessa de investimentos Financeiros que lhe permita enfrentar com sucesso a Globalização – comercializando, e expandindo a Fé como uma qualquer mercadoria. Essa expansão paga-se. Com Cavaco Silva vamos pagá-la todos nós sem excepção, crentes e não crentes, por via da fusão de interesses entre Estado, Igreja e Grupos Económicos. Na sua ordem de importância, os três pilares da Sociedade estão a caminho de ser re-equacionados: o Banqueiro, o Padre e, finalmente, coitado, o Politico, um mero funcionário mais ou menos bem pago. Quem nos representa?
----
Nas crises mal digeridas que se eternizam, como factor de exploração, notava Antonio Gramsci:"o velho resiste em morrer e o novo não consegue nascer".
O padre Leonard Boff foi excomungado pela ICAR por ter, entre outras, opiniões como esta: (...) "A experiência geradora da democracia radical cristã foi a prática de Jesus: absolutamente anti-discriminatória, anti-hierárquica e de fraternidade universal. São Paulo resumiu tudo dizendo:"Agora já não há judeu nem grego, nem escravo nem livre, nem homem nem mulher, pois todos são um em Cristo Jesus"(Gal 3,28). O resultado foi que escravos, livres, portuários, mercadores, advogados, soldados, independente de sua situação social e de gênero, formavam comunidades fraternais que viviam a "koinonia" (comunhão), palavra para expressar o comunismo radical de "colocar tudo em comum", repartindo os bens materiais "conforme as necessidades de cada um". E como louvor se diz que "não havia pobres entre eles"(At 2 e 3). Essa democracia era radical mesmo pois as decisões eram tomadas com a participação de toda a comunidade. A lei básica era: "o que concerne a todos, deve ser decidido por todos". Isso valia também para a nomeação dos bispos e dos presbíteros. Chamou-se tal comunidade de "ekklesia" em grego, "ecclesia" em latim e "igreja" em português. O sentido original de "ekklesia" não era religioso, mas político: a assembléia popular. Escolheu-se esse nome profano para distinguir a democracia cristã de outras expressões religiosas da época. Essa memória foi perdida na Igreja Católica.
(leia o artigo completo, aqui)
Siena
Dois campos (com apoios que lhe dão hipóteses de vencer) se digladiam nesta eleição para Presidente da República. De um lado o tradicional Bloco Central de interesses gerido pelas figuras de topo da Maçonaria que nos tem governado como se fosse “de esquerda” - do outro lado o Bloco Central de interesses encabeçado por altas figuras de Direita ligadas ao Regime apoiadas em crescendo pela Opus Dei (uma seita em ascenção dentro da hierarquia da Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR). Que mal haveria num Presidente eleito com base nos valores religiosos da Igreja?,,, aparentemente nenhum, não fôra a hierarquia da ICAR nada ter a ver com os valores cristãos e ser veladamente sustentada por Banqueiros e pela Alta Finança internacional, que procuram através dos seus representantes eleitos eternizar o domínio dos seus negócios em detrimento dos valores da Sociedade, viciando a função do Estado como representante de todos. Como se sabe, mas como também rapidamente foi esquecido, a “Operação Furacão” uma vasta acção da Procuradoria Geral da Republica e da Policia Judiciária levou recentemente a intervenções que incluíram o Banco Comercial Português, o Banco Espírito Santo, o Banco Português de Negócios e o Finibanco, mas apenas porque não puderam ignorar os avisos feitos pelo M15 e pelo NCSI britânicos. Que aconteceria se a Banca e a Alta Finança, a Opus Dei em peso, não tivessem que prestar contas ao Estado? Pois com Cavaco Silva, não terão de certeza!
San Gennaro,o santinho de Nápoles, venerado pela Máfia é o santinho mais rico de Itália - tambem eleito como padroeiro dos gangsters no Novo Mundo.
Pode-se considerar que os valores que a Igreja procura transmitir, embora nada tenham a ver com as práticas das suas hierarquias, como ficou dito, não podem ser desprezíveis porque se trata de toda uma cultura milenária cuja herança não pode ser ignorada. No caso da ICAR as obras de Arte e a iconografia são até um repositório notável da exploração ancestral da pessoa humana pelos Poderosos da Terra. Torna-se cada vez mais urgente desmistificar toda a liturgia que desviou a Igreja das suas funções. Ela própria é hoje refém da promessa de investimentos Financeiros que lhe permita enfrentar com sucesso a Globalização – comercializando, e expandindo a Fé como uma qualquer mercadoria. Essa expansão paga-se. Com Cavaco Silva vamos pagá-la todos nós sem excepção, crentes e não crentes, por via da fusão de interesses entre Estado, Igreja e Grupos Económicos. Na sua ordem de importância, os três pilares da Sociedade estão a caminho de ser re-equacionados: o Banqueiro, o Padre e, finalmente, coitado, o Politico, um mero funcionário mais ou menos bem pago. Quem nos representa?
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Nas crises mal digeridas que se eternizam, como factor de exploração, notava Antonio Gramsci:"o velho resiste em morrer e o novo não consegue nascer".
O padre Leonard Boff foi excomungado pela ICAR por ter, entre outras, opiniões como esta: (...) "A experiência geradora da democracia radical cristã foi a prática de Jesus: absolutamente anti-discriminatória, anti-hierárquica e de fraternidade universal. São Paulo resumiu tudo dizendo:"Agora já não há judeu nem grego, nem escravo nem livre, nem homem nem mulher, pois todos são um em Cristo Jesus"(Gal 3,28). O resultado foi que escravos, livres, portuários, mercadores, advogados, soldados, independente de sua situação social e de gênero, formavam comunidades fraternais que viviam a "koinonia" (comunhão), palavra para expressar o comunismo radical de "colocar tudo em comum", repartindo os bens materiais "conforme as necessidades de cada um". E como louvor se diz que "não havia pobres entre eles"(At 2 e 3). Essa democracia era radical mesmo pois as decisões eram tomadas com a participação de toda a comunidade. A lei básica era: "o que concerne a todos, deve ser decidido por todos". Isso valia também para a nomeação dos bispos e dos presbíteros. Chamou-se tal comunidade de "ekklesia" em grego, "ecclesia" em latim e "igreja" em português. O sentido original de "ekklesia" não era religioso, mas político: a assembléia popular. Escolheu-se esse nome profano para distinguir a democracia cristã de outras expressões religiosas da época. Essa memória foi perdida na Igreja Católica.
(leia o artigo completo, aqui)
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