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terça-feira, dezembro 13, 2005

Guerra, não são meia-dúzia de linhas dissimuladas em páginas interiores de jornais,,,
Guerra é, p/e esta criança atingida num bombardeamento de fósforo branco

E uma manhã tudo estava ardendo
e uma manhã as fogueiras
saíam da terra
devorando seres,
e desde então fogo,
pólvora desde então,
e desde então sangue.
Bandidos com aviões e com mouros,
bandidos com alianças e duquesas,
bandidos com frades negros abençoando
vinham pelo céu a matar crianças,
e pelas ruas o sangue das crianças
corria simplesmente, como sangue de crianças

Chacais que o chacal recusaria,
pedras que o cardo seco morderia cuspindo,
víboras que as víboras odiariam!

Pablo Neruda, citado por Harold Pinter, na obra notável que é Discurso de Aceitação do Prémio Nobel de Literatura de 2005
cuja tradução pode ser lida integralmente, aqui.
"Cito Neruda porque em nenhum outro lugar da lírica contemporânea li uma descrição tão visceral e poderosa do bombardeamento de civis"

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