“O que temos hoje é um verdadeiro proto-Fascismo, que liquidou a Democracia e a transformou numa mera fachada”
Dr. Garcia Pereira
“Ninguém, ou quase ninguém, se apercebeu como a Justiça, de código em código, de reforma em reforma, foi evoluindo no sentido de ir liquidando a Democracia (como p/e o Código Penal, que tem hoje uma lei pior que o Código do Fascismo de 1929). O sector foi derivando, derivando sucessivamente, até atingirmos o ponto-chave de extrema gravidade que é o chamado processo “Casa Pia”, no qual se cristalizaram, de forma lastimavelmente exemplar, todas as consequências e características do gravíssimo estado de coisas neste campo.
Quando a Procuradoria Geral da República arranja um conjunto de testemunhas que são prostitutos e bandidos e quer fazer delas as crianças enganadas e violentadas, o que é que se procura?
Proteger as crianças que são vítimas ou fazer deste processo uma autêntica farsa que deixa os verdadeiros pedófilos, as suas redes e as suas organizações na completa impunidade?
Quando se inquire uma testemunha, que aliás declara não se lembrar do nome dos próprios pais, e aquela refere, e refere sem quaisquer meios de prova, os nomes de uma série de dirigentes políticos de pelo menos três partidos políticos, e depois o processo só abrange os ligados à direcção do PS, o que é que se está aqui a construir?” – com a nomeação para a pasta da Justiça de Celeste Cardona e de Adelino Salvado para a PJ, o Governo Barroso de duas cajadadas matou um coelho – neutralizou a direcção politica da Oposição e encobriu o envolvimento do Ministro da Defesa Paulo Portas no escândalo de Corrupção da Universidade Moderna – passando à acção com o alinhamento incondicional com as politicas criminosas do secretário de Estado norte-americano Ronald Rumsfeld. Foi isto que teria sido “eleito” em 2001?
“O processo, que só agora se vai conhecendo, mostra afinal e cada vez mais aquilo que há muito tempo muito poucas vozes, mas ainda assim algumas vozes, vinham denunciando, ou seja, um Ministério Público completamente incapaz de perseguir a verdade e apenas obsecado na afirmação e consolidação do seu próprio Poder.
Violações absolutamente cirúrgicas do segredo de Justiça que só podem ser cometidas pela acusação pública (como as que se seguiram p/e , e à guisa de contra ataque, ao Acórdão que ordenou a libertação de Paulo Pedroso); grupos de jornalistas ex-acessores ou futuros acessores do Poder e/ou adstritos a cada uma das forças policiais, que estão hoje claramente comprados por estas forças (mesmo que a gente não os veja a passar recibo) e ao serviço delas. Instituída, praticada e cada vez mais implementada a possibilidade de se lincharem, de forma tão irremediável quanto verdadeiramente impune, cidadãos incómodos – eis o ponto a que nós chegámos neste campo, tudo isto pondo tambem a nu a acção absolutamente lastimável do Presidente.
Este Presidente da República – que promulgou todas e cada uma das fascizantes alterações legislativas do Processo Penal – quando viu que havia um processo judicial que estava a ser utilizado para liquidar o principal líder da oposição deveria ou não ter intervindo imediatamente tomando medidas e demitindo o Procurador Geral da República? É óbvio que deveria!” Obviamente tratou-se de promover a auto-liquidação do cargo de Presidente da República”.(*)
O próximo Presidente a ser “eleito” por métodos americanos de manipulação prévia dos resultados eleitorais – construção de sondagens favoráveis, “debates” depurados, uso sistemático de mensagens subliminares, segregação pelos Media de candidatos exteriores ao Sistema, gestão de silêncios sobre os assuntos que verdadeiramente interessam, etc, - põe termo definitivo ao periodo iniciado pelo 25 de Abril – e irá recolher, se elegermos Cavaco Silva, o à-vontade politico para gerir a seu bel-prazer o alinhamento com as politicas musculadas de dominação global de Washington, via CIA.
É isso que se joga nestas eleições, ainda que ninguém, entre os candidatos do sistema o diga.
(*Condensado e adaptado da comunicação de Garcia Pereira “O 25 de Abril deixou de existir” editado pelo Fórum Culturas em Janeiro de 2005, com prefácio do Prof. Freitas do Amaral)
“Primeiro levaram os comunistas.
Mas não falei por não ser comunista.
Depois, perseguiram os judeus.
Nada disse então, por não ser judeu.
Em seguida, castigaram os sindicalistas.
Decidi não falar, por não ser sindicalista.
Mais tarde, foi a vez dos católicos.
Tambem me calei, por ser protestante
Então, um dia, vieram buscar-me.
Mas, por essa altura, já não restava nenhuma voz
Que, em meu nome, se fizesse ouvir”
Pastor Martin Niemoller
* Nos Estados Unidos, regra geral quando se cita este poema, o primeiro verso, que refere os comunistas, é omitido. A edição do “Fórum Culturas” cai no choradinho da propaganda que empola o holocausto, ao referir em primeiro lugar os judeus, o que não corresponde à versão original – onde os judeus são citados em 4º lugar:
http://en.wikipedia.org/
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