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sábado, dezembro 31, 2005

2006 - votos de que não nos salpiquem com o sangue dos Messias

E pronto. Lá passámos por mais um ano, e esta coisa, o xatoo.blog lá cumpriu o seu primeiro aniversário, sem que nem sequer eu quase tenha dado por isso. Esta coisa nasceu da necessidade de barafustar quando vimos a porta aberta de São Bento ser invadida por Santana Lopes. Apesar das voltas que a vida dá, passado um ano não se pense contudo que o lopismo acabou. Muito ao contrário, o “lopismo sem Lopes” veio para ficar. Ainda agora, esta semana, um dos seus ministros de proa, António Mexia foi nomeado para aquilo que interessa – a gestão de uma empresa de topo na Energia, um ramo fundamental para a economia do país - o Poder económico determina o Poder politico, já sabemos isso desde Marx. Curiosamente a Ideia-Chave, associação de palavras que serviu de base a um famoso artigo do Cavaco para correr com o Lopes, é a de que o Sistema se possa regenerar, alimentando-se, queimando e reciclando opiniões individuais sem que a grande maioria dos que não somos actores se consigam sequer aperceber daquilo que realmente se passa, viciados que estamos na competição dialética entre duas solicitações fundamentais sempre presentes: o Bem e o Mal, a Oriente chamam-lhe o yin e o yan. Pese embora que ninguem é cem por cento composto por um, tampouco seja isento a cem por cento do outro. Já vimos matar invocando o Mal e queimar-se gente em nome do Bem. Cada individuo é uma janela aberta para o mundo, em que só entra a quantidade de informação e a visão desse mesmo mundo e dos respectivos valores que cada um se mostre disponivel para receber. Por isso é no interior de cada um que tudo se não resolve, na forma como devolvemos pela indiferença o voto que delega noutros a possibilidade de resolução do contrário daquilo em que no momento pensamos acreditar. A estória do que fica construído(destruído) para trás, é uma longa História atamancada pelos Biggus Dickus das televisões. Parece complicado, mas nem por isso o é. Trata-se apenas do caos. Na imprevisibilidade desta infinitude de comportamentos de uma complexidade que nos deixa perplexos – bombardeados pelas certezas dos outros, pagos uns, ou que aspiram a sê-lo outros, para nos lançarem na incerteza submissa, ninguem parece saber realmente qual o caminho a escolher para que se apazigue cada instinto particular de sobrevivência. Por mim, apenas sei que as incertezas quânticas, os romancistas chamam-lhe liberdade, que são invocadas para que apenas 20 por cento da Humanidade caminhe para um objectivo perfeitamente definido, para a restante grande mole humana,,, murros no estômago, bastonadas no focinho ou tiros nos cornos, continuam a ser industrialmente distribuidos à boa maneira descoberta pelo velho Newton.

Por isso, porque sou descendente das vítimas milenares da injustiça, sou um sacana sarcástico, (ss) mas de esquerda, ( nada a ver com a sonsa loira da Rua 48, conservadora que guarda garrafas de raposeira do tempo em que custavam 10 escudos) que por estas épocas em que se costumam invocar açucaradas futilidades, gozo que nem um perdido ao revisitar o episódio monty-pythiano da “Vida de Brian” onde no mar de desgraças que era então a colónia da Galileia, surge repentinamente uma nave espacial que raptando literalmente o atarantado Brian o leva a dar um passeio no espaço interestelar e, descendo num repente, o larga um pouco mais à frente, completamente zonzo, sem que se recordasse de nada do que lhe foi dado ver. Esta foi, em minha opinião, a melhor comédia de sempre – a ascenção da Alma e a Ressureição na Terra.
Porque me habituei a fazer o mesmo com a Mente, a autoenviá-la lá para cima a ver se tópo alguma novidade é no mesmo estado de espírito, de quem acabou de aterrar, que me preparo para entrar no novo ano. Daquilo que vi, e de que já não me lembro, não desejo nem mais nem menos do que aquilo que toda a gente se deseja uns aos outros. Voltando novamente ao DVD dos Monty Phyton quem não partirá a moca a rir ao som do coro dos Crucificados entoando o “Always look on the bright side of life?,,, portanto, a mensagem é obscura e lúgrube: divirtam-se! Como se acaba de constatar, à boa maneira dos filósofos panfletários fora de moda, tambem sou perfeitamente capaz de produzir uma valente discursata sem ter dito nada.Ou disse? Mas é natural que amanhã, depois da ressaca, volte outra vez a atinar,,,

1 comentário:

Anónimo disse...
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