Uma simples mistificação dos economistas da escola neoliberal norte-americana, fazendo tábua rasa da distinção entre o Valor de Uso e o Valor de Troca das mercadorias de Karl Marx em “O Capital” moldou o mundo do pós-guerra tal e qual o conhecemos. Neste sentido, só o Presente é nosso, não o momento passado nem aquele que aguardamos, porque um está destruido, e do outro, se não lutarmos, não sabemos se existirá.
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sábado, setembro 08, 2007
até que nos voltemos a ver
O pai de Pavarotti, padeiro em Modena, iniciou o rebento no côro da igreja local - e, àcerca da relutância deste em acompanhá-lo, costumava dizer: "se este meu rapaz tivesse metade do meu talento ainda haveria de ser um grande artista". Apelidaram-no de "o cantor que popularizou a ópera", terreno fértil onde hoje qualquer vendedor de telemóveis se desenrasca, e bem, incluindo-se os talk-shows televisivos, repletos das americanices mais improváveis. Como em tudo o que abrange o universo neoliberal, a grande Música não se poderia escapar à mercantilização como grande espectáculo de massas - cujo grande "local do crime" paradigmático é a Arena de Verona - um sítio incrível onde cinco mil pessoas tossem e mastigam shuingas desalmadamente enquanto, absolutamente indiferentes ao que se passa no longinquo palco, sussuram alto os seus mais íntimos ressabiamentos sobre últimas modas exibidas pela vizinhança de ocasião. Esta gentinha turística, jamais suspeitará quem foi o cantor de quem Pavarotti mais gostava, e reconhecia como sendo "o maior de todos": Giuseppe di Stefano - opinião que lhe valeu um tabefe do pai, que achava que o posto pertencia ao grande Beniamino Gigli; afinal tudo contradições próprias da herança matricial que é a cultura da canção napolitana. A propósito de reviver Gigli, vale uma visita á Nápoles tradicional, uma cidade (que continua actualmente) ainda não corrompida de todo pelo turismo de massas.
Giuseppe Di Stefano - "Core 'Ngrato" (sem a distracção das imagens)
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