

“O planeamento estratégico do território e o urbanismo são indispensáveis para garantir um Desenvolvimento Sustentável, hoje entendido como a gestão prudente do espaço comum, que é um recurso crítico, de oferta limitada e com procura crescente nos locais onde se concentra a civilização.” in Concelho Europeu de Urbanistas, “A Nova Carta de Atenas 2003 – a Visão do Concelho Europeu de Urbanistas sobre as Cidades do Séc.XXI.
O que vier a ser feito no Parque Mayer não deve ser dissociável de um projecto global para a cidade; se é que ele existe. De qualque modo, o Parque Mayer não poderá ser outra coisa senão a porta nobre de entrada para o Jardim Botânico (livre de silos para automóveis e outras alucinações que já chegaram a ser equacionadas). Eis alguns tópicos para a definição das linhas sócio-culturais que deviam presidir à tomada de decisões neste tipo de caso.

2. O Museu da Cidade, no Campo Grande, está instalado no Palácio Pimenta em condições obsoletas. Deveria constituir o pólo central de atracção justamente do novo Parque Mayer, tendo como ponto de partida o edifício degradado do Teatro Capitólio, um dos ícones do nosso movimento modernista. Em redor deste polo cultural gravitariam espaços comerciais temáticos sobre as tradições locais e regionais, esplanadas e tabernas com fado vadio, um anfiteatro ao ar livre para a realização de espectáculos de rua, etc. (enfim, um ar de feira da nossa cultura com as mesmas barraquinhas à imagem do antigo recinto e não apenas “teatros de revista” com mensagens popularuchas, imbecis e retrógadas). Um sitio que apele igualmente na criação de uma massa de visitantes, tanto de turistas de classe média alta, quanto solicite o desejo de regresso à vivência na cidade da imensa população das classes médias "desterradas" nos subúrbios.
3. Agora que se fala na instalação permanente de uma secção do Museu Hermitage em Lisboa, ele seria construído em redor dessas instalações devolutas no Campo Grande em articulação com o projecto para a nova urbanização do Sporting, num projecto de conjunto que, criando uma nova e moderna centralidade, reconvertesse aquela zona completamente incaracterística, que funciona sem vida própria apenas como placa giratória de utentes em trânsito para os transportes.
Claro que existem outras decisões a outros níveis sobre a cidade que não cabem aqui agora equacionar:
4. É absolutamente retrógrado que não exista uma Entidade Metropolitana Central de Transportes. Que não seja aproveitada a ideia do arquitecto João Tudela da criação de um interface ligando a linha de Sintra à rede do Metro no Largo do Rato. Que a localização do novo aeroporto não seja definida em função do aproveitamento das instalações da base aérea do Montijo. Que se façam novas pontes para automóveis. Que se pense o TGV para além da ligação imediata Lisboa-Madrid
.
Sem comentários:
Enviar um comentário