Há certas diatribes, como esta no blogue do Mickey Miranda, que são um espanto, tanto podiam ser escrevinhadas ontem, como há uma semana, ou como há um século - a idiotice é um dom intemporal. Contudo, apesar disso, e como qualquer cara para se sentir realizado precisa sempre duma côroa, aqui está o respectivo contra-idiota útil de serviço (ao mercado, porque coincidem ambos no consentimento à primazia dos valores de mercado. Impossiveis hoje de qualquer regulamentação, como não será dificil de averiguar junto de Bush ou Clinton, Greenspan ou Bernanke). Mas existem outros jogos, a outros níveis, que efectivamente nos devem preocupar.
Como a conversa comparativa deste post, àcerca duma pretensa gaffe de Jerónimo de Sousa sobre a Revolução de Outubro (um pouco forçada convenhamos) é igual à do 25 de Abril - toda a gente das diversas famílias galaró insistem em comemorar efusivamente o evento esquecendo-se, muito frequentemente, aliás, que o que ficou para a história concreta foi o 25 de Novembro! (embora mantendo o nosso kerenskysmo mediático, apoiado na patranha "socialista" soarista, como bandeira original)
O que o tio Jerónimo, obviamente, deve ter querido dizer (e aí também não sabemos como o transcreveu o jornalista do Público - olha que meninos!) foi que a Revolução de Outubro acabou de vez com a tentativa de manter intactas as estruturas sociais do czarismo. Tal e qual como se pretendeu fazer no nosso caso, mantendo uma espécie de neofascismo liofilizado pelo Spinolismo (“evolução na continuidade” caetanista que falhou, justamente por pressão das massas populares – como em Petrogrado, com destinos diferentes, mas que agora se juntaram, caindo ambas às mãos do neoliberalismo)
A sério: A rapaziada do Spectrum (um blogue que até é simpático) acredita mesmo que uma pessoa como o Jerónimo de Sousa não sabe a história da Revolução Russa? eheheh - e o autor do post? qual é a “história de revolução” que tem para nos contar?, será pessoal e intransmissivel?
Naquelas amenas cavaqueiras pelas mesas do Avante, quando confrontado com o facto de não ser militante, sobre os muitos milhares de pessoas bem intencionadas que se dedicam de corpo e alma ao PCP (não entendendo que com a sua acção reformista o Partido apenas adia as lutas efectivas envolvendo as massas na ilusão do voto para um parlamentarismo burguês completamente desacreditado), costumo dizer-lhes: “para mim, vocês são aliados das nossas classes desfavorecidas, operários,etc, até ao dia em que sejam incumbidos de funções governativas – aí passam a ser nossos adversários”
Através da obra de culto de Sergei Eisenstein – “Outubro”, sobre cujas imagens e mensagens explicitas é possivel revisitarmos a luta de classes à época – talvez até trazê-las à actualidade - perante a necessidade de armar a classe operária (no conceito de Exército Popular Revolucionário, legível num fotograma famoso quando um operário desembaínha uma espada gravada onde se lê “Deus está Connosco”), pergunta-se: quem é que, no contexto actual está armado? Os trabalhadores sem pátria que, no conceito marxista, continuam a dispôr como sua única propriedade a venda da sua força de trabalho? (imigrando ou emigrando); ou a burguesia transnacional que entretanto se (trans)formou à sombra do complexo-político militar do Império?
Na resposta fica implícita a razão porque o PC não poderá nunca, nas actuais condições, ser erigido em alvo principal nas lutas que se avizinham. O nosso inimigo é outro.
“O ataque aos direitos sociais, sempre foram, em todas as épocas, acompanhados de fortes ataques anticomunistas”
Jerómino de Sousa, ontem na Festa do Avante
Vamos então deixar de hostilizar o PCP; até pela simples razão de que a direcção e os militantes com responsabilidades no partido não são comunistas.
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