e das viagens dos seus beneméritos que legam lustrosos
elefantes aos incrédulos súbditos do reino
elefantes aos incrédulos súbditos do reino
«É de esperar que, cada vez mais, os nossos homens de negócios bem sucedidos dêem exemplos visíveis de partilha, de solidariedade, contribuindo pessoalmente para que as novas gerações beneficiem de um Portugal mais justo, coeso e progressivo»
Cavaco Silva em 2006
O presidente da república falava em presença do "Grupo de Empresários pela Inclusão". Na assistência estavam os destinatários do discurso, entre outros, os banqueiros Paulo Teixeira Pinto e Jorge Jardim Gonçalves (Millenium BCP), entretanto destituidos por falência, José Oliveira e Costa do Banco Português de Negócios entretanto preso implicando um conselheiro de Estado no escândalo, e João Rendeiro do Banco Privado Português. Este último, como benemérito do partido das causas nobres, tomou a seu cargo o pelouro da Pobreza, uma vez que que já tinha estado em Nova Iorque em Setembro de 2005 tendo em vista a formação de um “grupo de trabalho” no âmbito da Clinton Global Initiative, (um dos negócios de que Clinton teve agora de prescindir para a mulher poder desempenhar o cargo de secretária de Estado) um projecto lançado pelo ex-presidente Bill Clinton que dispunha de 100 milhões de dólares sabe-se lá deus vindos de onde – de sítio similar, com certeza o erário público, onde o banqueiro Rendeiro esperaria decerto desencantar mais uns trocos. Entretanto a pobreza, pelo menos entre nós, como é sabido, agravou-se. Nada que impedisse recentemente Cavaco Silva de elogiar publicamente a pessoa do presidente do Banco Privado Português que lidera a Associação de Empresários pela Inclusão.
O equívocado elogio afinal parece ficar a dever-se ao facto de a pobreza em causa ser deslocalizada, a iniciativa do benemérito Clinton referia-se à dinamização das relações luso-brasileiras e João Rendeiro tinha criado com interesses sociais e cívicos a Fundação Ellipse, a coberto da qual, para maximizar o dinheiro a investir na “inclusão social” e no “apoio a paises em desenvolvimento” resolveu comprar uma prestimosa colecção de obras de arte.
O BPP em 2006 apresentou lucros de 18,2 milhões de euros e em 2007 de 24,4 milhões; os lucros do Banco Privado Português deram a ganhar cerca de 30 milhões de euros em dividendos pagos nos últimos três anos aos seus accionistas. Embora o BPP tenha caído para uma situação de insolvência e os bancos nacionais tenham 350 milhões reféns da instituição; bancos que, (negócios do Banco de Portugal oblige), não têm agora outro remédio senão salvar o BPP com o aval do Estado no valor dos activos de 672 milhões avaliados segundo o balanço de 2007 entretanto desvalorizados em cerca de 40 por cento. Prevendo o futuro da crise, não será difícil imaginar que o valor dos activos do Banco vão continuar a cair, mantendo-se a obrigação dentro de meia dúzia de meses o Estado ter de cobrir o aval pelo valor inicial de 672 milhões mais juros – “Afinal ainda há amigos que nas dificuldades não fogem, mas estão para nos apoiar a vencer" como dizia no fim de semana Pinto Balsemão, o principal accionista do banco e omnipresente representante do Grupo Bilderberg com reconhecida influência na gestão dos governos em Portugal.
O banqueiro-empresário- de- sucesso, autor do best-seller ‘João Rendeiro – Testemunho de um Banqueiro’ que vendeu o total dos exemplares à familia Cavaco Silva e vizinhos, minimiza a sua contribuição para a bancarrota quando se vencer a dívida aos prestamistas judeus da J.P.Morgan, e entretanto vai salvaguardando a sua situação pessoal:
"Iniciei a actividade sob o meu vínculo à Função Pública, que, aliás, ainda hoje se mantém – apenas pedi uma licença sem vencimento por prazo indeterminado"
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