o blogue Arrastão, uma coisa supostamente "de esquerda", entranha-se no sistema e insere publicidade paga na divulgação (com ligação) a uma iniciativa sobre a crise levada a cabo por notáveis conservadores do regime (Menezes Leitão, Passos Coelho, Vasco Rato, Assunção Esteves,etc), os quais seria suposto a esquerda combater, em vez de publicitar
para os cépticos que se recusam a aceitar a influência da revolução soviética na construção do que foi o capitalismo europeu é muito importante levar em conta a análise de um marxista de uma linha autónoma estritamente europeia, e as considerações sobre a situação que nessa mesma época, em 1919, lhe eram pertinentes. Como se poderá constatar, a visão de Gramsci era a visão de um génio, por isso foi encarcerado e lentamente assassinado na prisão. O crime é a praxis da burguesia. Mas hoje "a oposição" prefere frequentar chás canasta com ela. Como se chegou aqui?
(…) “estuda, na história tanto as forças económicas como as espirituais, estuda-as nas interferências recíprocas, na dialéctica que se desprende dos embates inevitáveis entre a classe capitalista, essencailmente económica, e a classe proletária, essencialmente espiritual, entre a conservação e a revolução. A demagogia, a ilusão, a mentira, a corrupção da sociedade capitalista não são acidentes secundários da sua estrutura; são inerentes à desordem, ao desencadeamento de paixões brutais, à feroz concorrência na qual e pela qual vive a sociedade capitalista… As pregações, os incitamentos, as razões morais, os raciocínios, a ciência, os “ses” são inúteis e ridículos. A propriedade privada capitalista dissolve qualquer relação de interesse geral, torna as consciências cegas e turvas. O simples lucro acaba sempre por prevalecer sobre todos os bons propósitos, sobre todos os idealismos superiores, sobre todos os programas morais; para se ganharem cem mil patacos condena-se à fome uma cidade; para se ganhar um milhão de milhões destroem-se vinte milhões de vidas humanas e dois mil milhões de milhões de riqueza. A vida dos homens, as conquistas da civilização, o presente, o futuro estão permanente- mente em perigo”
(…) “e pode-se até mesmo afirmar que, enquanto todo o sistema da filosofia da praxis se poderá tornar caduco num mundo unificado, muitas concepções idealistas, ou pelo menos alguns dos seus aspectos, que são utópicos durante o reino da necessidade, poderão vir a tornar-se “verdade”. A própria filosofia da praxis pode tender a tornar-se uma ideologia acrítica e ceder às necessidades exteriores e pedantes da arquitectura do sistema e limitar-se a idiossincrasias individuais”
(in Cadernos do Cárcere, publicado em 1975)
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