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terça-feira, dezembro 02, 2008

o infindável 26 de Novembro (II)

o marxismo foi mais estudado pelos intelectuais burgueses, que o desnaturaram e puseram ao serviço da burguesia,

que pelos revolucionários (...) quer dizer, os filósofos da burguesia chamaram marxismo à constatação que Marx fez dos sistemas que a burguesia adopta, sem necessidade de recorrer a justificações... marxistas na sua luta contra os trabalhadores. E os reformistas, para corrigirem essa interpretação fraudulenta, tornaram-se por seu turno democratas, tornaram-se turiferários de todos os santos des-santificados pelo capitalismo”
Antonio Gramsci

a 25 de Novembro a Direita tinha um plano? – “Há muito que a Direita militar estava em pé de guerra. Entre Outubro e Novembro, aliás, os golpes eram anunciados e desmentidos quase diariamente. Fervilhavam boatos de golpes e contra-golpes, num clima de insegurança que desestabilizava a sociedade civil, mas sobretudo os meios militares incapazes de assimilar tantas contradições.
Mais próximo dos acontecimentos ( uma semana antes), a Base Aérea de Cortegaça foi posta em estado operacional para receber os 123 oficiais de Tancos que abandonaram a base. Bem como os 500 páraquedistas do Coronel Almendra que tinham regressado de Angola, numa acção concertada com o nome de código “Operação Vermelho 8”. Quando os páras saem, a Direita militar já tinha posto em acção um comando operacional centrado fundamentalmente em Jaime Neves e em Pires Veloso”. (fonte)

uma declaração bombástica do fascista reformado ex-comandante da região militar do Norte em 1975 abalou Sua Excelência, a Eminência parda do regime em 2008:
Foi tudo pré fabricado para fazer de Eanes um herói

clique no recorte (Publico 26/11) para ampliar
o golpe que há 33 anos trouxe de volta outro regime fascista com um renovado vigor capitalista teve uma longa gestação. Tudo se passou, à revelia das forças populares, dentro do seio da Aliança Povo-MFA, mas não tanto do “povo”, para quem ao PCP só interessava contar cabeças votantes; enquanto o PS era alimentado financeiramente do exterior pelos americanos, via Fundação Friedrich Ebert, orquestrando acções de rua espectaculares.

Nos confrontos da Estefânia, entre militantes do MRPP e do PCP, Otelo Saraiva de Carvalho, o comandante da Região Militar de Lisboa, mostrou à evidência a natureza de classe do regime saído do putsch militar de Abril; concertado com Mário Soares e Sá Carneiro apostados em destruir de vez a chamada extrema esquerda, Otelo mandou prender em Caxias todos os dirigentes esquerdistas que encontrou. Foram os primeiros presos políticos pós-25 de Abril; que seriam libertados “cirúrgicamente”, sob a condição de se conciliarem com os altos figurões do PS e PSD – cujos directórios começaram a partir daí a canibalizar o léxico dos sectores de esquerda, com a culpa dos intelectuais, que se calaram. Maria José Morgado estava entre os detidos, e o resto da malta também arranjou bons tachos.

Eanes reconhece que “o plano comtemplava a entrega de armas aos civis” confirmando agora que “houve entrega de armas a militantes do PS
Incomodado pela entrevista de Pires Veloso, o Presidente da República Ramalho Eanes (a quem, neste caso, a imprensa por oportuna gaffe ainda confere o tratamento sem o prefixo “ex”) “garantiu que Melo Antunes era marxista e não comunista” mas, os derivativos de Marx, provêm todos de Marx, aquele que redigiu o Manifesto do Partido Comunista. É o oportunismo colado à indiferença dos intelectuais burgueses. E o que fizeram os “comunistas” do partido português? – o General explica a política de caserna às massas: “Otelo percebeu o que estava em jogo e foi para casa” – e o PCP, (comprometido no governo), de quem não se sabe se recebeu armas ou não, conciliou-se com os dirigentes golpistas e mandou os seus militantes fazer o mesmo.
Foi a aplicação prática da política de conciliação de classes importada da extinta III Internacional dominada pela tese de Georgi Dimitrov (“o Socialismo num só país, a "revolução" Nacional interclassista primeiro), e a esperança eterna na famigerada “maioria de esquerda”, a Burguesa, aquela que tem posto os lucros a render nas empresas e bancos TransNacionais.

dos contributos de Gramsci

1. o conceito de “Hegemonia”: Eanes de testa de ferro golpista em 1975 a mandatário de Cavaco Silva em 2006, debaixo da alçada do único partido verdadeiramente organizado da burguesia: a maçonaria europeia
2. o conceito de “Bloco Histórico”: é formado sobre a crença das populações, tendo como pano de fundo a brutalização católica, crendo em homens providenciais como lideres que, como por milagre, sob a aura de uma honestidade fictícia (aparentemente desligados das clientelas partidárias) manipulam a opinião pública e levam a acreditar que vão resolver os problemas de classe do proletariado.

3. sobre a construção do Partido Comunista:
“o erro do Partido foi ter posto em primeiro plano e de modo abstracto o problema da organização do Partido, o que acabou por querer dizer tão só criar um aparelho de funcionários que fossem ortodoxos nos termos da concepção oficial. Acreditava-se e acredita-se ainda que a Revolução depende apenas da existência de um aparelho semelhante e chega-se a acreditar que a sua existência pode determinar a revolução... Não se concebeu o Partido como resultado de um processo dialéctico em que convergem o movimento espontâneo das massas revolucionárias e a vontade da direcção do centro, mas simplesmente como qualquer coisa suspensa no ar, que se desenvolve em si e para si e a que as massas acabarão por chegar quando a situação for propícia e a crista da vaga revolucionária atingir a sua altura máxima, ou quando o centro do Partido considerar que deve dar início a uma ofensiva e desça até à massa para a estimular e a levar à acção... A verdade é que historicamente um partido não é definido e nunca o será. Porque só se definirá quando se tiver transformado no conjunto da população e tiver desse modo desaparecido”

Chegam portanto atrasadas 33 anos e num contexto completamente diferente (numa paisagem desolada)
as declarações do secretário geral do PCP agora que afirma "não fará alianças com a esquerda dentro do PS" de Manuel Alegre que alimenta ilusões enquanto tenta suster a subida dos "comunistas" ... nem com a "indefinição ideológica" do BE no seu "carácter social-democratizante disfarçado por um radicalismo verbal esquerdizante"
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