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O segundo homem estava submetido a essa autoridade, mas isso não o incomodava – isto é, na aparência, somente; o seu à-vontade era um esforço que fazia para salvar o ego, já prejudicado por uma estatura reduzida e um não-sei-quê de insignificante. Numa voz arrastada, para não parecer nervoso ou ansioso, disse:
- Bem, isso é verdade, objectivamente. Mas, mais cedo que tarde, o puto vai desconfiar. Se é que não desconfia já. É impossível manter tanto tempo uma operação como esta sem que…
o mocho próspero atalhou:
- Só é impossível se alguém fizer asneira.
- Justamente!, exclamou o outro. – E quando as coisas se prolongam, alguém acaba por fazer uma asneira qualquer. É dos livros.
Abanando a cabeça sabiamente o mocho retorquiu:
- Dos seus livros, talvez, mas não dos meus" (…)
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* ler recensão no Jornal de Letras
* excerto do livro, as primeiras quinze páginas aqui
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