Mais de duas centenas de milhar de Palestinianos reuniram-se a semana passada na faixa de Gaza para reiterar o seu apoio sem reservas ao Hamas, o único movimento político que a maioria da população aceita como representante do território – um dos mais flagelados do planeta que, cercado e devastado pela indústria militar de Israel durante quatro décadas, oferece hoje uma paisagem mais lunar que os grandes desertos. A culpa parece ser da Democracia, cujo conceito para efeito de invasão, ocupação e subjugação de outros povos para salvaguardar interesses próprios não admite que a vontade da maioria das vítimas conte. Visto pela lei dos criminosos parece-nos óbvio. E assim Israel continua a bombardear o desfeito ex-futuro Estado da Palestina reconhecido pela ONU em 1947; e Israel ainda exige às opiniões públicas, cujos contribuintes aqui no ocidente pagam ser saber a subsistência deste Estado Facínora, que se lhe reconheça legitimidade aos actos de agressão e assassínio.
“Uma das mais horríveis consequências da guerra, é que toda a propaganda de guerra, toda a gritaria, mentiras e incitamentos ao ódio, provêm invariavelmente de pessoas que não estão a combater”
George Orwell, Homenagem à Catalunha”, 1938
“É necessário incorporarmo-nos no grande exército dos que fazem, deixando de lado essas pequenas patrulhas dos que sómente dizem”
Ernesto “Che” Guevara, 1961
Muros*
o Muro de Berlim era notícia cada dia que passava. Desde manhã à noite líamos, víamos e escutávamos: “o Muro da Vergonha, o “Muro da Infâmia”, a “Cortina de Ferro”... Por fim, esse muro, que merecia cair, caiu. Porém outros muros brotaram, e continuam brotando, pelo mundo fora. E embora estes sejam hoje muito maiores que o de Berlim, deles se fala pouco ou nada.
Pouco se fala do Muro que os Estados Unidos vêm construindo na fronteira Mexicana e pouco se fala nas Cercas patrulhadas de Melilla e Ceuta.
Quase nada se fala do Muro da Cisjordânia, que perpetua a ocupação de terras palestinianas pelos colonos militarizados de Israel – muro que será quinze vezes mais comprido que o Muro de Berlim. E nada, nada de nada, se fala do Muro de Marrocos, que perpetua o roubo da pátria Saharaui pelo reino de Marrocos – e que mede sessenta vezes mais que o Muro de Berlim
¿Porque será que existem muros tão altisonantes e outros muros tão mudos?
* adaptado do livro “Espelhos” de Eduardo Galeano
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