O sonso embaixador israelita em Lisboa confessa-se surpreendido (diz ele: "é dificil não especular sobre os motivos desta notícia"), e claro que especulamos, com a geminação das cidades de Lisboa e Gaza aprovada esta semana na Assembleia Municipal de maioria social democrata (que se abstiveram em conjunto com os "socialistas") sendo a moção aprovada com os votos do "PCP", do "BE" e de "os Verdes" - É o negócio da moda, é preciso destruir para se poder reconstruir - e nele colaboram de vivo entusiasmo todas as forças com assento parlamentar em representação de ninguém, desde as tropas do Tsahal até aos pressurosos militares portugueses que em breve se mostrarão interessados em enviar forças para o terreno com intuitos humanitários. A prática não é tão humanitária assim, uma vez que existe, tanto um compromisso prévio como depois os factos consumados:
- Cerca de 1300 mortos, entre eles 417 crianças e 107 mulheres, número que continua a aumentar na medida em que se vão descobrindo novas vítimas entre os escombros. 13 paramédicos mortos. Existe o perigo de se declararem epidemias.
- Pelo menos 5.300 palestinianos feridos, incluindo 1.900 crianças e 800 mulheres.
- o governo do Hamas deposto em Gaza estima que mais de 5.000 edifícios foram completamente destruídos, e outros 20.000 sofreram danos ou foram parcialmente destruídos.
- 4.100 são casas familiares; cerca de 1500 fábricas ou pequenas oficinas; 20 mesquitas, e 31 complexos de forças de segurança
- 100.000 habitantes forçados a abandonar as suas casas pelo perigo de ruirem, ou desalojados sem abrigo por causa da destruição
- Meio milhão de pessoas estão sem água potável. As principais linhas de condutas e 10 depósitos de água foram inutilizados.
- só é possivel o fornecimento de electricidade durante menos de metade do dia, devido à destruição das infraestruturas.
- Os prejuizos estão estimados em 1,9 biliões de dólares – que serão pagos com “ajuda financeira” da Arábia Saudita em troca de um “governo de união nacional” que traga de volta a Fatah e o habitual clima de corrupção. A própria imprensa israelita evoca o envolvimento prévio de certos regimes árabes no apoio a Israel.
«uma devastação chocante, levada a cabo de forma alarmante» ; foi nestes termos que o secretário geral da ONU se referiu ao que viu na visita de anteontem a Gaza. Como se suspeitava (segundo Donatella Rovera da AI) existem evidências «prima facies» de crimes de guerra perpretados por Israel, concretamente no uso de bombas de fósforo branco, tungsténio e urânio empobrecido – armas proibidas pela Convenção de Genebra, sobre cujo uso diversas organizações de direitos humanos, entre elas a Aministia Internacional, tratam de tentar levar a tribunal os responsáveis. Estas acções não terão contudo quaisquer efeitos práticos, uma vez que o TPI (Tribunal Internacional de Haia) não é reconhecido por Israel, nem pelos seus aliados incondicionais, os Estados Unidos.
Ban Ki-moon apareceu com ar triste e consternado na cerimónia no incendiado quartel da ONU na cidade de Gaza, observou um minuto de silêncio em memória dos cerca de 40 jovens palestianos assassinados no bombardeamento da escola anexa e exigiu a Israel uma investigação rigorosa para apuramento de responsabilidades naquilo que considerou ser um ultrage. Mas de seguida viajou ao sul de Israel à cidade de Sderot onde (a ONU) se deixou instrumentalizar para a comunicação de propaganda sionista tendo como pano de fundo uma espécie de exposição-museu de sucata de foguetes Qassam que ou não explodiram, ou causaram estragos insignificantes.
A luta continua por uma Palestina livre e independente! Uma nova Manifestação terá lugar em Lisboa, no Largo Camões, amanhã dia 24 de Janeiro, às 15 horas, apelando-se a todos os homens e mulheres de paz que unam as suas vozes em solidariedade com o povo palestiniano que resiste:
Pelo Fim dos massacres do Povo Palestiniano. Pelo Fim ao Bloqueio a Gaza. Pelo Fim à Ocupação da Palestina. Por uma Paz Justa e duradoura no Médio Oriente
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Uma simples mistificação dos economistas da escola neoliberal norte-americana, fazendo tábua rasa da distinção entre o Valor de Uso e o Valor de Troca das mercadorias de Karl Marx em “O Capital” moldou o mundo do pós-guerra tal e qual o conhecemos. Neste sentido, só o Presente é nosso, não o momento passado nem aquele que aguardamos, porque um está destruido, e do outro, se não lutarmos, não sabemos se existirá.
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