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terça-feira, março 17, 2009

o futuro do Liberalismo

“Na medida em que a decadência cresce nas sociedades, a linguagem cai também na decadência. As palavras são utilizadas para distinguir, não para iluminar as acções: “destrói-se uma cidade para a libertar”. As palavras usam-se para confundir; e então em tempo de eleições o povo solenemente vota contra os seus próprios interesses”
Gore Vidal, inImperial America, 2004

“Esta é apenas uma mera Crise Bancária que não porá termo ao liberalismo, muito menos ao capitalismo” – este tipo de bitaites de fulanos conceituados porque sim, ninguém saberá bem porquê, são frases que falam por si, comunicam como os índios por sinais de fumo, “vêm aí bisontes”, “pró mês que vem vai chover”, “o Pulido Valente disse-me que fulano tal iria prever isso, tá a ver HR (...)” – enfim, são verdades preventivas (como as guerras do outro) que não carecem de fundamentação científica - aliás, este tipo de almas progonosticadoras, longe da inserção em corpus tansos, são nebulosas comunicadoras inteligentíssimas que (falam com os bancos emissores que porão termo à “crise bancária”) aliás, com as Bruxas do Além, mas que apesar das heresias nunca ficarão com a pele tostada em caramelo, estaladiça, como as que produzia o Orwell dos Leitões na sua famosa quinta.
Façamos o contraponto da supracitada previsão com aquilo que a história nos repetiu (embora a forma de representação da farsa possa ser diferente) como com Tatcher e Reagan no advento do neoliberalismo (em 1980 o Capital em circulação era igual ao PIB mundial, em 1990 passou ao dobro, em 2006 o capital emitido era já 5 vezes mais que o PIB mundial). >>>>flash back>>>>

o futuro, mesmo para os actores em palco é quase sempre imprevisível.
Só uma ínfima minoria de decisores qualificados, mais ou menos secretos,
conhece as medidas deterministas que instrumentalizam a vontade geral


Por volta de 1934 (cinco anos depois do início da Grande Depressão) o fornecimento de papel moeda pelas entidades emissoras tinha crescido muito mais rapidamente do que as reservas de ouro (tanto nos EUA com a FED como nas outras nações dos centros capitalistas); e então para prevenir que as reservas de ouro caissem em desvalorização, os Estados Unidos decidiram desvalorizar o dólar em 41 por cento. Antes de 1934, uma onça de ouro podia ser adquirida por apenas US$20,67, porém depois daquela revisão o governo norte americano apenas disponibilizava a mesma onça de ouro por troca com 35 dólares. Em termos de reservas financeiras, quem dispunha de poupanças amealhadas em contas em dólares perdeu 41 por cento do seu valor de um dia para o outro.
Mesmo pensando-se que a desvalorização da moeda em 1934 traiu a confiança da população no dólar, o que é certo é que outros cinco anos depois, a entrada da economia dos EUA e os investimentos na 2ªGrande Guerra trouxeram ao dólar um novo estatuto: a confiança no dólar como moeda de reserva global. Por altura do fim da guerra, os representantes das nações de topo capitalista reuniram-se concordando na criação de um novo sistema monetário internacional, depois conhecido por Acordo de Bretton Woods. Nesta reunião, as nações saídas da guerra mundial, todas virtualmente falidas, foram obrigadas a acatar a decisão de que a economia dos Estados Unidos se tinha colocado numa posição de domínio global – isto porque entretanto os EUA tinham passado a deter 80 por cento das reservas de ouro mundiais; e por isso estavam em condições de impôr a obrigatoriedade de anexação de todas as outras moedas ao dólar, as quais entretanto passaram a ser obrigadas a dar garantias pelo preço do ouro a 35 dólares cada onça. >>>>flash ahead>>>>
Cerca de 30 anos depois de Friedman, Reagan e Tatcher, como estarão as entidades emissoras de moeda e os prestadores de crédito do centro capitalista a pensar sair da crise? a falência do neoliberalismo continua a constatar-se pelo gráfico em baixo.

“As crises económicas são fabricadas por nós para extorquir os goyim utilizando o método de retirar o dinheiro de circulação” dizia-se nos “Protocolos de Sião”, mas como todos mais ou menos sabemos, tirar fora não é um método seguro para não emprenhar.

o capitalismo na fase neoliberal faz o seu caminho:
"crise bancária" e depressão seguida de deflacção na economia real

tenta desenvolver a retoma económica imprimindo e lançando "mais dinheiro no mercado" - leia-se: criando uma situação de hiperflação (como em 1929) ao mesmo tempo que prepara o golpe financeiro por forma a que seja o resto do mundo a pagar a crise

o orçamento geral do Estado prepara "a política dos grandes investimentos". Torneando um pequeno truque (as despesas militares com o Pentágono/Nato são desanexadas das "contas civis" do OGE) podemos tentar adivinhar como: mais uma vez através do "keynesianismo militar", ou de um novo New Deal que prepara novo conflito, como mostra o gráfico das verbas aplicadas. O financiamento do Pentágono já ultrapassa metade do OGE - uma imoralidade, quando comparado com as irrisórias dotações para a Educação, Saúde e Habitação ("os direitos humanos"). E nas economias aliadas, subsidiárias e dependentes a proporção dos "investimentos no negócio de segurança, paz e democracia" (que prepara a insegurança das economias rebeldes a nivel global), não andará muito longe da casa mãe capitalista. A sociedade ocidental e muitos dos seus arautos estão obesos; e adoram dinheiro ficticio, o material de que se constrói o (neo)liberalismo armado.

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