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segunda-feira, fevereiro 11, 2013

um Outro Ciclo

"Apenas chegaram ao hotel, Cândido adoeceu com ligeiro mal estar, motivado pelas fadigas. Como trazia no dedo um enorme diamante, e como tinham notado na sua bagagem um cofre prodigiosamente pesado, logo dois médicos, sem serem chamados, lhe cercaram a cabeceira, vários amigos íntimos não o deixaram mais, e dois beatos encarregaram-se de lhe aquecer os caldos" (Voltaire, in "Candide", 1759)

Depois do terramoto levaram a carcassa de 80 anos do antigo amanuense do Partido dito Comunista em ombros até à Casa do Alentejo, mataram saudades do tempo em que o fedelho do Partido dito Socialista recebeu então o insignificante clérigo dissidente, foram chegando os convivas para o adiado funeral da mentira, pelos vistos podre mas imperecivel. Na hora de soprar nas velas, depois dos caldos assegurados pelas novas tabelas de impostos, todos pressentiram ter um futuro auspicioso, qual deles o mais mumificado, qual deles o mais esperançoso. Como grupo, os amigos íntimos assumiram o descrédito de ficar nomeados nesta história: o dissidente Semedo, Sampaio, Seguro, o Costa, o Alegre, o espirito de Soares, Carvalho da Silva, o espirito do Louçã, Mário "jamé" Lino, Pina Moura, João Proença, o Daniel Oliveira que nega ter lavado o recinto com criolina. Chamaram ao velório "inicio de um outro ciclo" como se alguém acreditasse que não se trata apenas de enterrar a cerimónia fúnebre anterior. Sem grandes danos na consciência, os oportunistas


e assim, pombas e camelos levaram Voltaire até à Broadway onde tiveram grande sucesso 


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