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quinta-feira, janeiro 22, 2015

American Sniper

É uma obra de propaganda tão boa, tão boa, que uma multidão de palermas se dispõe a dar dinheiro para engolir o embuste. O filme, do realizador republicano e bushista Clint Easwood, é dedicado à vida de Chris Kyle, o marine dos SEAL considerado como o melhor franco-atirador da história do exército norte-americano, com 160 mortes confirmadas. É uma elegia à cultura da guerra. E como nestas coisas rir é o melhor remédio, a cena mais marcante é aquela onde, devido à não comparência do fornecedor de bebés para decors, Eastwood usou um bebé falso que se tornou um elemento inadvertido de comédia. Diz quem viu que é impossível não rir a bom rir com o primarismo da cena, o quem sido amplamente glosado pelo show-bizz americano:

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Baseado num livro autobiográfico escrito pelo próprio Chris Kyle, o filme pouco ou nada tem a ver com a obra original. Com um argumento completamente adulterado 'American Sniper' é uma obra historicamente desonesta, a fazer lembrar os montes de filmes de propaganda da era Bush na medida em que atira areia para os olhos sobre os factos. Chris Kyle, musculoso, arrogante, mal-encarado e letal, gostava de contar histórias. Antes da sua morte em 2013 aos 38 anos, o chamado franco-atirador mais letal da história americana alimentou narrativas de histórias em quadradinhos, ao estilo dos "verdadeiros mauzões americanos" de botas tipo Texas. Com 160 cruzes no cinturão e uma bela família para trás, tornou-se uma lenda militar e o livro tornou-se um best-seller. Ergueram-se estátuas, fizeram-se milhões. A família de Chris Kyle fez saber que ele doou os lucros do livro aos Veteranos de Guerra, mas a The National Review desmascarou a afirmação: cerca de 2 por cento - 52.000 dólares - foram para os Veteranos, enquanto o autor embolsou 3 milhões de dólares. Enfim é uma estória construída por um conjunto de meias-verdades, mitos e puras mentiras que Hollywood sempre se dispõe a perpetuar. Eis algumas das mentiras em concreto:

O filme sugere que a Guerra do Iraque foi desencadeada como resposta ao 11 de Setembro. Uma maneira de angariar público a apoiar inequivocamente as acções de Kyle - acreditar que ele entrou em acção para vingar os ataques terroristas do 11 de Setembro. E inventa um Sniper Terrorista que trabalha para várias facções opostas, o antagonista principal de Kyle no filme é um atirador de elite chamado Mustafá. Ora, Mustafá é mencionado num único parágrafo no livro de Kyle, mas o filme eleva-o à figura de um sírio vencedor da medalha olímpica que luta por ambos os lados, contra os sunitas em Fallujah e contra os xiitas do exército de Madhi. O filme retrata Chris Kyle como atormentado pelas suas ações: várias cenas retratam Kyle como obsecado pelo seu trabalho - encenado para mostrar o "tormento emocional de tantos homens e mulheres militares que voltam da guerra ao serviço da pátria". Mas esse tormento está completamente ausente do livro. Kyle refere-se a todos contra quem ele lutou como "selvagens e despreziveis – escrevendo: "só tenho pena de não ter matado mais", acrescentando "eu adorava o que fazia. E voltaria a fazer, se as circunstâncias fossem diferentes e se a minha família não precisasse de mim - eu voltaria num abrir e fechar de olhos. Eu não estou a mentir ou a exagerar quando digo que foi divertido. Como SEAL tive o melhor momento da minha vida".

Numa aparição no show de Conan O'Brien Kyle ri sobre ter disparado acidentalmente contra um insurgente iraquiano. Os meus superiores tinham-me dito para não atirar sobre pessoas do Corão, eles gostariam que assim fosse, mas eu não". O verdadeiro Chris Kyle inventou uma história alegando que matou 30 pessoas no caos de Nova Orleans, uma história considerada pelo escritor Jarvis DeBerry como absurda. Pretende mostrar o tipo de mentalidade traumatizada dos que voltam da guerra. Mas o episódio não aparece no filme. O verdadeiro Chris Kyle fabricou uma história sobre a morte de dois homens que supostamente o tentaram assaltar por carjacking no Texas. Diversos repórteres de mexericos tentaram repetidamente comprovar essa afirmação, mas não encontraram nenhuma prova. Kyle acusou o ex-governador do Minnesota, Jesse Ventura ele próprio um ex-SEAL, por ter difamado os Navy SEALs envolvendo-se numa briga com ele num bar local. Ventura processou Kyle por difamação em passagens do livro e o tribunal condenou Kyle a pagar 1.845.000 dólares. Na senda do livro, o filme é um sucesso de bilheteira, havendo no entanto uma crescente reacção contra o seu retrato simplista da guerra e takes enganosos sobre o personagem Kyle. Mas essa reacção está ser evitada entre os membros da “Academia de Cinema Artes e Ciências”, o que poderia ameaçar o objectivo do filme na acumulação de Óscars.

1 comentário:

Bate n-avó disse...

Careca descoberta! Mais uma amerdicanice.
BOA!